Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, postei capítulo novo hoje! :) Comentem por favor, AMO saber o que vocês acham ♥



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Cliquei no botão de play com insegurança. O que teria naquele vídeo que mostraria algo tão ruim do Alex? "Só pode ser uma brincadeira", pensava.

Quando o clipe começou, senti algo de familiar naquele ambiente. Já havia visto aquilo, não?

Senti meu coração sair pela boca quando a lembrança veio a tona. Era o vídeo da Amanda. Aquele vídeo. O vídeo que mostrava ela beijando outro rapaz, enquanto deveria estar com seu namorado, agora ex, Rafael.

Por isso mesmo que quando comecei a vê-lo, não entendi o por quê que a Senhorita X mandara ele para mim. Ainda mais porque estava repetindo a mesma cena já vista, dela beijando o menino misterioso. Milésimos depois eu entendi.

Amanda empurrou o menino contra a parede e dali começou a parte não assistida por ninguém. Um zoom foi aplicado bem no rosto dos dois e uma nitidez surpreendente apareceu.

Era o Alex. Com certeza era o meu Alex. Beijando a Amanda. Não um simples beijo, era uma coisa desesperada e sem controle, com direito a mordidas e toques em partes indevidas do corpo. Era um vídeo de trinta segundos que terminava com eles interrompendo o beijo e dando risinhos pervertidos. Assisti aquele vídeo várias e várias vezes, para ter certeza que era ele. Se bem que não havia como duvidar. Parecia que eu só queria me torturar.

Minha mão tremia e suava, mas não sabia ao certo o que estava sentindo.

Comecei uma caçada mental sobre quando devia ter sido aquilo. Lembrei-me, tristemente, que, segundo o post da Senhorita X, havia sido no mesmo dia do meu primeiro encontro com ele.

Depois dessa descoberta, tudo veio como uma bomba para cima de mim: no dia do encontro ele estava usando uma calça jeans desbotada e rasgada perto do joelho, assim como estava no clipe.

- Por isso que ele chegou atrasado - falei sozinha, sentindo-me estupida.

De repente, como um flash, tudo que havia vivido com ele passou rapidamente na minha mente: nosso primeiro beijo, nossa primeira briga, a primeira vez que nos vimos, conversamos... E nosso primeiro encontro - que já era uma memória amarga mas agora era uma lembrança odiada.

E quando vi, estava chorando. Não um chorinho qualquer de "que pena, ele me traiu". Um choro de "eu não acredito que eu dei meu coração para um cara que nunca se importou comigo". Um choro alucinado e que parecia não ter fim.

Ordenei para mim mesma parar.

- Além de cega e burra, - falei, enxarcando minha manga comprida de tanto tentar enxugar as lágrimas - chora por garotos! Era só o que me faltava, chorar por um garoto... E ainda fala sozinha, parabéns Juliana, chegou ao auge de ridicularidade!

Fechei a tela do laptop com brutalidade e pulei na cama. Enfiei meu rosto no travesseiro para silenciar meus gritos de socorro.

Até aquele momento, eu não havia percebido o quanto eu gostava do Alex, que pelo jeito era muito. "Eu amo ele", lamentei mentalmente. E ao pensar nisto, lembrei do que ele falara para mim a noite toda. E me toquei que eram mentiras. Todos aqueles "eu te amo". Aquilo me fez chorar ainda mais.

E quando eu pensei que não poderia ficar pior, o Rodrigo entrou dentro do meu quarto de supetão, cantarolando uma cantiga carnavalesca. Soltou um "E aí Jujuba" e foi direto ligar a televisão, sem nem olhar para mim. Voltei a me esconder atrás do travesseiro e embaixo do cobertor.

Ouvi ele desligar a televisão - provavelmente olhou pra mim - e senti um peso sobre minha cama. Em seguida Rodrigo tentou tirar o travesseiro da frente do meu rosto, delicadamente. Sem sucesso.

- Juliana? O que aconteceu? - disse ele, com um tom de preocupação visível.

- Rô, desculpa, mas eu queria muito que você fosse embora - gritei com a voz trêmula para ele ouvir minha voz através da almofada.

- Não vou a lugar nenhum, Ju - falou ele, tentando mais uma vez tirar da minha mão o objeto - Não até eu ver você.

- Isso não vai acontecer.

- Então eu não vou embora.

Sabia que era uma luta perdida tentar discutir com o Rodrigo. Ele era insistente demais! Então apenas tirei o travesseiro de meu rosto e me sentei, tentando não olhar para ele. Infelismente, olhei para o espelho pendurado na parede: minha aparência estava terrível. Cabelo bagunçado. Maquiagem borrada. E um rosto bem inchado e avermelhado por causa do choro.

- Ju, você andou chorando?

Tentei evitar a nova maré de lágrimas que inundava meus olhos. Eu odiava que alguém me visse chorar. Sentia-me tão vulnerável e fraca.

- Olha pra mim, Ju.

Quando mirei seus olhos azuis cristalinos olhando para mim com um jeito tão apreensivo, foi inevitável. Lágrimas salgadas caiam pesadas e eu voltava a soluçar, deitando novamente.

- Ei, ei - disse ele, enxugando minhas lágrimas - Vem aqui.

Abriu os braços, oferecendo um abraço. Cai em seus braços fortes e sentei-me em seu colo, como um bebê rescém-nascido que precisa de ajuda para se acalmar.

Rodrigo fez cafuné em mim: aquele me conhecia bem. Sabia como me deixar mais traquilizada. E entre os cafunés dizia baixinho "Não chora não, Ju" e "Tudo vai dar certo".

Quando percebeu que eu parara de chorar, encarou-me e deu um beijo na minha testa, demandando uma explicação:

- Ok, agora que você está mais relaxada, pode me explicar o que houve com você?

Tentei explicar mas toda vez que abria minha boca, sentia meus olhos arderem. Decidi mostrar para ele. Abri meu laptop e a pagina do e-mail estava aberta. Falei para ele ler, o que ele fez no mesmo segundo.

Rodrigo parecia bastante concentrado lendo, com seu cenho franzido e olhos semicerrados. Ao ver o vídeo, falou vários palavrões ao ver o Alex e se virou para mim, perplexo.

- Ah. Agora entendi tudo.

- Pois é - falei, desviando o olhar.

- Juliana eu sinto muito.

- É, tanto faz.

- Não - disse ele, sentando ao meu lado - Não é "tanto faz"! Eu sei que você está triste com isso. E tem sentido, mas não vale a pena chorar por um cara tão idiota que nem o Alex!

Quando ele falou o nome dele, senti uma pontada no coração.

- Eu sei que não.

- Não chore mais, ok?

- É só porque... Eu me senti um lixo, sabe? Eu sei que isso aconteceu no começo do nosso namoro mas mesmo assim... Quem sabe ele não me traiu já várias outras vezes?! Sei lá, deu um sentimento tão ruim quando eu vi... Como se eu não fosse boa suficiente - as lágrimas começaram a cair involuntareamente - E se eu nunca for boa suficiente pra ninguém? Não sei, eu me empenhei tanto para ser uma namorada perfeita! Falhei nisso, percebi. Mas, sei lá, Rô...

- Não - voltou a me abraçar - Juliana, isso não é verdade! Você é boa suficiente. Esse é o problema, você é boa demais pra aquele idiota! Nossa, eu tô com tanta raiva, não acredito que ele te deixou assim. Amanhã eu vou dar um soco nele, Ju, eu juro!

Eu ri com o último comentário, mas logo afoguei-me em lágrimas novamente. O pensamento de ser insuficiente me levou a loucura.

- Nunca vou ser bonita suficiente, inteligente o suficiente, engraçada suficiente, perfeita suficiente! - falei gradativamente. Comecei com um sussuro, terminei com um berro. Levantei-me da cama e fiquei andando de um lado pro outro, como uma doente - Nunca, nunca, nunca.

Rodrigo se levantou e sentou me segurar para envolver-me em outro abraço, mas eu estava sem controle, só queria explodir. Lutei contra seu braços enquanto repetia "Nunca" e ele pedia para eu ficar calma. Eu não conseguia nem queria me acalmar. Mas então, no meio do nada, ele pareceu ter a ideia perfeita do melhor calmante.

Rodrigo me beijou. Não um beijo simples, um beijo apaixonado e intenso. Fiquei sem movimento no começo, chocada demais com ele me segurando pelas costas como quem diz "Nunca vou te deixar cair". Rendi-me depois de alguns segundos, deliciada por aquele instante inesperado e maravilhoso. Segurei sua nuca com força quando ele fez carinho em meu rosto. E, sem avisar, ele rompeu o beijo, acordando-me.

Olhei para ele, nós dois com expressão atônita. Só naquele segundo eu me toquei o que tinha acontecido. Fiquei abismada quando me dei conta que havia beijado não só o meu amigo de infância; havia beijado o meu melhor amigo, o cara que eu achava não ter sentimentos complicados nem romanticos.

"Ele gosta de mim ou só tentou parar com o meu descontrole? Mas ele tá namorando a Sarah! Meu Deus, ele tá namorando a Sarah! Eu acabei de virar um Alex da vida? Eu acabei de ajudar alguém a trair? E que coisa foi aquela que eu senti quando ele me beijou? Eu gosto do Rodrigo? Eu GOSTO do Rodrigo?", pensei, ainda naquele mesmo segundo, enquanto nos encarávamos.

- Hm - foi tudo o que saiu da minha boca.

- É, bom eu já vou indo - falou ele, e saiu como um furacão do meu quarto, deixando-me sozinha com as minhas incertezas.

Fechei minha cortinha logo em seguida - não queria vê-lo naquele momento. Sentia-me confusa de mais.

Deitei-me na cama e abracei meu travesseiro. Agora eu não pensava somente no Alex; Rodrigo também visitava minha mente numa cena constante e repetitiva: o momento que ele segurou meu rosto, disse "Você é boa suficiente" e encostou gentilmente seus lábios mornos nos meus.

Passei a madrugada sem conseguir fechar os olhos. Sempre que fechava-os, a imagem de Alex e Amanda se beijando aparecia e me enlouquecia. Se não fosse isso, era do Rodrigo me beijando, o que eu achava até bom, mas logo impedia o sentimento se aflorar "Ele tem namorada, Juliana! Se levar em conta que ele é o seu melhor AMIGO".

Fiquei com medo da manhã seguinte. Era sexta-feira e eu veria as duas novas razões de meu desespero: Alex e Rodrigo.

Não sabia o que faria quanto ao Alex. Mas quanto ao Rodrigo, sabia. Já tinha o discurso todo preparado, pronto para ser colocado em prática.

Tive uma hora e quarenta minutos de descanço. Fui para o colégio parecendo uma zumbi que acabara de tomar energetico. Dormira mal - como todos podiam ver pela minha olheira - mas, surpreendentemente, não me sentia cansada.

Cheguei no colégio um pouco atrasada, precisei pegar autorização para entrada na direção. Entrei na sala meio agoniada. O professor já havia começado a chamada e permitiu eu entrar, ordenando que eu me sentasse logo. Olhei para os lugares vagos. Haviam apenas dois a vista: meu lugar de sempre, que Alex estava sentado ao lado; e um bem atrás do Rodrigo. "Ironias do destino", pensei, sem saber qual me sentaria.

O professor começou a me apressar, disse que eu estava destraindo a turma pois estava bem no centro da sala.

De repente, como uma luz, vi um lugar vago bem no final da sala. Era bem ao lado das patricinhas mas não liguei; só queria me livrar daquela indecisão.

Sentia os olhares da turma me perseguindo, não entendendo pra onde eu estava indo. Os olhares mais apreensivos eram das minhas colegas adoradoras de rosa e unhas compridas, que me olhavam como se eu estivesse insana.

Sentei-me com vergonha. Olhei para a esquerda e Alex estava lá, fazendo cara de cachorro abandonado. Derreti-me instantaneamente, mas logo virei a cabeça, sem expressão.

O professor pigarreou falsamente e altamente, fazendo todos se virarem para ele e esquecerem de mim.

O terceiro horário era de artes visuais. Não suportava aquela professora, voz esganiçada e carregada de sotaque. Além de que ela tinha um estilo metido tão irritante, com aquelas suas pulseiras bregas e barulhentas.

Por isso comecei a desenhar em um papel branco que achara no chão - tudo para não ouvir a mulher.

Uma das garotas que estava a duas fileiras de distancia, começou a conversar com as amigas mais próximas. Foi impossível não ouvir.

- Aí ele me levou no parque de diversões do centro mas a gente não foi em nenhum brinquedo, se é que vocês me entendem - disse ela, criando um coro de risos perfeitos - Ele até comprou um algodão doce para mim, mas eu não comi, claro! Expliquei pra ele sobre minha dieta rigida. Ele foi tão carinhoso!

- Ih, amiga, não se empolga não - disse uma garota ao lado, muito bonita e de pele morena - Ouvi dizer que ele é o maior galinha! Me disseram que ele já pegou pelo menos uma garota de cara sala do terceiro aqui do colégio.

- Ah, - respondeu ela - boatos.

- Eu chequei amiga. Sinto muito mesmo.

Outras garotas começaram a consolar a loira, que apenas mexeu no cabelo e bufou:

- Ai, gente, não é pra tanto né? Nem gostei tanto dele assim. Fico é com pena da namorada dele.

- Nossa, eu também - disseram elas, em uníssono.

Fiquei com pena da tal namorada, e muito curiosa pra saber quem era ela.

Uma garota de cabelo castanho encaracolado, desinformada, perguntou para as outras de quem que elas estavam falando. Apenas uma falou:

- Do Alex, ué.

Tentei me segurar para não explodir naquele momento.

A garota morena virou para trás e falou em seguida:

- Gente, fala baixo, a namorada dele tá bem ali.

- Ah, ela nem tá escutando, tá muito ocupada desenhando sei lá o que - disse a garota loira, em tom de desprezo - Nossa, como ela é esquisita.

Todas concordaram.

- Não sei o que ele vê nela - continuou outra.

Deram risinhos ensaiados e começaram a falar outro assunto. Meu desenho virara um bando de rabiscos abstratos. De repente vi o grafite do papel borrar: havia derramado uma lágrima.

Levantei-me rapidamente e corri até a mesa da professora, tentando esconder meu rosto. Implorei o passe para ir até o banheiro, o que ela deu sem pensar duas vezes. Fui até o banheiro aceleradamente, fazendo de tudo para evitar olhares curiosos. Tranquei-me no cubiculo do banheiro, o mais longe da porta, e sentei-me em cima da tampa do vaso sanitário. Coloquei o meu rosto em minha perna, odiando aquela sensação.

Sei que deveria esperar aquele tipo de coisa vindo do Alex, mas eu preferia ser otimista e iludida. Preferia dizer para mim mesma que aquela foi a única vez que ele havia me traido. Assim quando eu o confrontasse, ele diria as frases clichês "Não significou nada" e "Foi uma única vez, e me arrependo tanto". Agora eu tinha a certeza que ele não teria o direito de fazer aquilo.

E naquele momento eu decidi que iria parar de chorar imediatamente e parar de ser essa garota fraca e chorona que eu não reconhecia.

Liguei para a minha mãe e pedi para ela me buscar. Estranhando o pedido, simplesmente aceitou, já que eu nunca pedia coisa parecida; então deveria ser algo sério.

Tinha um plano bolado já em mente, pronto para por em ação. Faria Alex se arrepender de tudo que ele fizera. Dessa vez eu seria a destruidora de corações, não a com o coração destruido. E eu me sentia bem.


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Notas finais do capítulo

Por favor comentem!!!