Tudo ficou em preto e branco, olhei em volta e eu estava no hotel. Um hotel bem familiar. Ao fundo, tocava uma música clássica, uma sinfonia de Mozart talvez.

Nico me olhou como se tivesse 7 anos novamente, seus olhos brilhavam. Ele acabara de perguntar sobre os nossos pais. Tirei então, de uma das bolças, um baralho de cartas.

– Quando você era pequeno, antes.. antes de tudo mudar, nós jogávamos esse jogo na sala. Mamãe disse que um dia, isso vai responder muitos perguntas.

Tirei mais um saquinho dentre as bolças.

– Aqui estão as pequenas estátuas. - Entreguei a ele um saquinho com estátuas de deuses gregos. - e é assim que se joga.

Ficamos a tarde toda jogando, ensinei a ele como se jogava, ainda faltavam várias estátuas, mas ainda dava pra jogar. Uma das estátuas que faltava era de Hades. Prometi a mim mesma que recuperaria essa estátua. 

Minha cabeça doía tanto, parecia que alguém a batia com pregos.

– Anjo? - escutei a voz de Annie me chamando. - Pode me ouvir.

Abri os olhos, estava deitada na cama do chalé 13. Annie estava sentada na cama, segurando minha mão.

– Mãe? o que aconteceu?

– Queria você está bem? você desmaiou.

– minha cabeça tá doendo.

– Aqui, coma, vai te ajudar. - Ela me estregou um pedaço de barra de chocolate. - é ambrosia sabor chocolate. Vai fazer você ficar melhor.

– Estranho, a cabeça dela dói só de mencionar o nome, quando ele chega, ela desmaia, acho melhor esperar um pouca para chama-lo. Você sabe quem. - olhei pare cima e lá estava Percy.

– Não acho que seja bom para ela o ver.

– É o Nico, não é? - perguntei. Minha cabeça palpitava, ignorei-a. - Se ele acha que sou sua irmã, que venha me ver então, vou tentar ignorar a dor de cabeça, mas se é tão importante pra ele quanto vocês dizem, deixem que me vejam. - dei de ombros.

– Ãn, então eu vou chama-lo então. - Percy se levantou e saiu.

– Anjo querida, tem certeza?

– não disse que essa tal de Bianca era importante para ele? E que eu sou tão parecida com ela? Que ele me veja e mate a saudade de sua irmã. - a dor de cabeça me fazia falar alto, não com aquela voz miúda que eu tenho.

– Tudo bem então.

Abracei forte Annabeth.

– Mãe? eu estou com medo. E se eu for mesmo essa Bianca? - perguntei.

– Então estará tudo bem. As coisas se arrumarão.

– E se eu não for?

– Continuará tudo bem.

Não! não vai estar tudo bem!– quis gritar e sair correndo. - Se eu ser essa Bianca serei uma estranha, é muto estranho o fato de ser uma semideusa, imagina uma semideusa que voltou dos mortos? Mesmo se eu não ser, estarei desapontando um garoto que eu nem conheço, mas que teve esperanças de eu ser sua irmã há tempo perdida.

– Isso é confuso.

– Sempre é. Ser um semideus é difícil.

– Mãe? eu sonhei com esse Nico essa noite.

Ela me tirou de seus braços para que eu pudesse olha-la nos olhos.

– Me diga.

Contei paciente meus sonhos.

– Eu sou mesmo essa Bianca?

– Veremos.

Nesse momento Percy chegou.

– Anjo, acha que se ele entrar você vai ficar bem? - perguntou Percy. Quando assenti com a cabeça, ele se virou para a porta e chamou alguém.

Minha cabeça explodiu de dor, não foi tanto quanto antes, com esforço consegui olha-lo direito.

Ele parecia ter 24 anos, usava uma camiseta preta com a estampa de uma caveira e uma jaqueta de couro, usava calças skinny pretas, e botas pretas. Seu rosto, uma versão mais velha dos meus sonhos de ontem, com os mesmos olhos grandes e castanhos e cabelos negros. Quando olhou para mim parecia ter novamente 8 anos.

– Bia? - ele perdeu a voz. Chegou mais perto.

– Nico. - Percy tentou impedi-lo, mas ele veio mesmo assim.

– Bia? é você mesmo? - perguntou ele com um rosto infantil.

– Eu não sei, ainda não sei se sou sua Bianca di Angelo. - Não, eu não sou essa sua Bianca di Angelo, não tive coragem de dizer.

– Me reconhece? Oh, Bia! Você está como eu me lembro, porquê? porquê? - ele então não falava mais comigo, murmurava palavras ao vento.

Ele então me abraçou, me apertou forte, e com um familiar toque o abracei, de um jeito protetor que nos sonhos eu tinha, eu o protegia. E naquele momento, ele só tinha a mim, e eu só tinha a ele.