Não, Eu Não Sou Essa Sua Bianca di Angelo. escrita por Little Owl


Capítulo 20
O destino.


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora
(muitos problemas pessoais)
Espero que gostem.



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– Você não pode. - Jimmy me disse, depois de eu esclarecer as coisas.

– É claro que posso. - Eu disse. - Posso. Você vai viver.

– Não, você tem um destino e eu não estou nele. - Jimmy disse.

– O problema é que eu sou egoísta e o quero comigo. - Eu disse.

– Angelica. Eu te amo. - Ele disse. - Eu não quero te ver sofrer. Acredite, não se tem um final feliz desafiando profecias, e todos sabem que você tem algum destino que impede de me ter ao lado. Se me curar agora, só seria uma questão de tempo para que algum outro deus me mate.

– "E uma vida, a morte escolherá" - Ouvi James sussurrando.

– Sim. E por culpa de vocês se apegarem, a morte escolheu ele. - Esculápio disse. - Ele foi um motivo para que você não entrasse para a caçada. E te incentivou a se negar. Você, pequena filha de Hades, é Bianca di Angelo. E existe uma coisa que você não fez nessa sua última vida que precisa ser terminada. E esse infeliz atrapalhou. E parece que vai continuar atrapalhando, querendo ou não. Ele não está incluso no seu destino, e enquanto ele viver você ainda vai se negar.

– Não. - Sussurrei. - Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não. Não.

– "E o anjo não poderá mais se negar." - James sussurrou mais uma parte da profecia.

– Não. - Eu disse, mesmo sabendo a verdade. - Eu não sou essa sua Bianca di Angelo. Meu nome é Angelica...

– Angelica? - Esculápio, perguntou, caçoando. - Angelica do quê? Você mal tem sobrenome nessa vida.

– Não! Eu sou Angelica! - Uma raiva extrema tomou conta de mim.

E você sente raiva de quem? - uma voz pareceu sussurrar na minha cabeça. - Quem deve pagar pelo seu destino, pelas suas escolhas e seus sentimentos?

E senti raiva do destino, dos deuses, de Esculápio, de Zeus, de Hades, de Afrodite, das moiras, de Nêmesis...

Lembrei das palavras de Nêmesis. E foi tão claro em minha mente que pareceu que ela sussurrou ao meu ouvido novamente: "Bianca di Angelo é você. Por mais que você tente negar, por mais que tente evitar. Não adianta tentar criar esse sentimento de vingança com o destino. Já aconteceu isso algumas vezes, e eles tiveram a mesma reação que você, tentaram fazer diferente do que devia ser, tentaram mudar o destino. Mas algumas coisas precisam ser do jeito que são. Não está muito longe do momento em que o destino vai derrotar seu plano de fugir dele, e nesse momento vai culpá-lo mais do que tudo, vai culpar a mim, aos deuses, vai culpar aquelas velhinhas sem sentimentos que cuidam do fio do destino, e vai culpar até Afrodite. E vou sussurrar no seu ouvido".

Um arrepio passou pela minha espinha.

E ainda, lembrei do que Afrodite me disse: "Tudo já está escrito, sei que você ama ele, mas receio que o destino vai separá-los de qualquer maneira. Odeio dizer isso, mas você precisa ficar ao lado de Ártemis. E terminar o que começou na outra vida."
Ok, talvez devesse ser realmente sério, afinal, quando em todos esses éons Afrodite mandou alguém para a caçada?

– Anjo. - Jimmy disse, me trazendo de volta à realidade. - Angelica. Eu te amo. Mas você precisa aceitar seu destino.

– Não. - Sussurrei. Eu estava chorando.

– Eu vou te esperar no elísio.

– Não. - Sussurrei novamente. - Não quero te perder.

– Não vai me perder. - Ele disse, tentando me convencer. - É filha de Hades, poderá me ver sempre que quiser. E depois poderá viver sua morte por toda a eternidade comigo. Eu vou te esperar.

– Não vá. - Eu disse, me agarrando ainda mais nele. Eu podia senti-lo indo embora. A morte era quase palpável.

– Eu vou te esperar. - Ele me disse. - Eu te amo.

E essas foram suas ultimas palavras. Meu corpo estremeceu e os cabelos da minha nuca se arrepiaram.

– Eu também te amo. - Sussurrei.

Ele ainda me olhava, seus olhos vidrados em mim. Vi sua pele se empalidecendo e esfriando, todo o seu sangue parando de circular. Fechei suas pálpebras delicadamente.
E então o vi se levantar de seu corpo. Não era como nenhum fantasma descrito na tv. Sua alma brilhava levemente, eu pude ver cada detalhe dele (acho que só por eu ser filha de Hades, pois o restante parecia não ver.), mas ele usava uma túnica branca, não usava mais o colar de Afrodite no pescoço, não usava nada ganho na Terra. Ele estava de pé, bem na minha frente. Eu me levantei, cuidadosamente, temendo espantá-lo. E estiquei o braço, hesitante. E quando o toquei, uma sensação fria escorreu da ponta do meu dedo pelo meu braço. Mas era como se eu tivesse tocado a água. Puxei meu braço, temendo que eu desfizesse o fantasma à minha frente. Sua boca se moveu, sem emitir som. As ultimas palavras dele se repetindo. "Eu vou te esperar." e depois de uma pequena pausa, "Eu te amo".

E então ele foi em bora, em direção ao Elísio.

Minha voz mal saiu:

– Precisamos de uma mortalha. - Eu disse ao James, voltando à realidade. Esculápio havia sumido.

– Onde?

– Vou nos levar ao Acampamento Meio-Sangue pelas sombras.

Controlar as sombras foi ainda mais difícil agora que eu estava desestabilizada emocionalmente. Mas tentei me concentrar ao máximos, tentando levar todos a salvo, sem deixar algum dedo para trás. Como fiz pela primeira vez, tentei visualizar nosso destino. Depois de alguns minutos tentando se concentrar no puro breu infinito, consegui uma pequena luz, se aumentando até termos uma pequena janela com vista à colina meio sangue, e então um espaço do tamanho de uma porta. James passou pela porta de luz apressado para sair das sombras, e eu o segui, ainda com lágrimas nos olhos.

Dois pequenos campistas nos recepcionaram alegres, mas logo que perceberam a situação, ficaram horrorizados e correram para chamar Quíron.

James deitou Jimmy na grama.

Olhei para James, ele também estava arrasado com isso. Ele se aproximou e me abraçou. E então caí no choro. E pude sentir suas lágrimas silenciosas caindo nas minhas costas. Meu corpo todo tremia.

Quíron chegou e entendendo a cena, mandou um campista avisar ao Chalé de Hermes para fazer uma mortalha. Levaram o corpo de Jimmy, e Quíron ficou. James contou a história toda. Ele, diferente de mim, prestara atenção ao que Peter disse.

– Eu... eu preciso fazer uma coisa. - Eu disse, depois que Quíron e James tentaram me mandar para meu chalé.

Contei sobre Felipe. Eu o havia deixado com Bill.

E a viagem foi curta, mesmo atravessando o país, foi fácil, pois eu já sabia o que fazer e não estava transportando ninguém junto. Mal precisei trocar alguma palavra com Bill, ele parecia ter entendido com meu olhar. E foi fácil levar Felipe de volta.

E ao pôr do sol estávamos olhando as chamas ardendo na mortalha de Jimmy.

Nico di Angelo estava me abraçando. Ele me disse que sabia o que era perder alguém que ama. Percy e Annabeth também estavam ali. E James estava ao meu lado, abraçado a uma filha de Atena, que se chamava Marie. E o pequeno Felipe estava entre James e eu.

Todos os campistas estavam reunidos em torno da mortalha, Jimmy era querido por todos.

E Thalia Grace também estava ali. Observando, meio distante.

– O que eu faço agora? - Sussurrei.

– O que acha que tem que fazer? - Nico di Angelo me perguntou num sussurro de volta, me apertando um pouquinho no abraço. Eu parecia tão pequena perto dele. E ele parecia tão maduro. Tão diferente da criança que eu via nas lembranças.

– Tenho medo do que eu acho que tenho que fazer. - Respondi, ainda em um sussurro.

– Então se acalme. Não precisa decidir tudo hoje. O mundo pode esperar mais uns dias.

E ficamos olhando as chamas se extinguirem, agora sentados na grama, em silêncio. Poucos campistas restaram. James, Marie, Nico, Percy, Annabeth, Felipe, Mike - Um filho de Hermes muito amigo de Jimmy - e a amiga dele Laura, uma filha de Apolo. E Thalia Grace.

– Bia, está ficando tarde. - Nico disse, mal notando que me chamara de Bia, se levantando.

Observei as ultimas chamas. Já estava noite, não havia nuvens e a lua e as estrelas iluminavam o acampamento.

– Vocês precisam ir para seus chalés. - Annabeth disse para os jovens campistas.
James, Marie, Mike, Laura e eu nos levantamos e seguimos para os chalés. Deixando Percy, Annabeth, Nico e Thalia para conversarem. Nenhum de nós falou durante o caminho. O jantar estava sendo servido no refeitório, mas ninguém estava com fome. Me despedi de todos e entrei no chalé 13.

Estava extremamente solitário. Ele lembrava muito o mundo inferior. Com caveiras, pés de romãs, diamantes, e senas de mortes das mais diversas estampadas nas paredes. Quase tudo era preto, ou com tons escuros.

Me sentei na minha cama, a terceira da fileira. Apenas quatro eram utilizadas.
Me deitei na minha. Estava muito gelada. Parecia feita de pedra. Tentei dormir, mas o sono não vinha.

Pensei no que passei ao lado do Jimmy. Só o conheço a dois meses e parece que já o amo a mais de uma vida.

O que eu faço agora? - Perguntei a mim mesma.

Lágrimas rolavam descontroladamente pelo meu rosto.

Dois pensamentos duelavam na minha mente.

O primeiro era que eu deveria entrar para a caçada e encarar meu destino. Pois Jimmy morreu por isso, para que eu seguisse meu destino.

E o segundo estava me corroendo. O pensamento desesperado de enfiar minha adaga na garganta e me juntar a Jimmy no Elísio.

E acho que esse segundo pensamento estava ganhando.

Esse desesperado pensamento estava tomando conta de mim. Em um momento de loucura, peguei minha adaga e observei o ferro estígio capturar a pouca luz das velas que iluminavam o chalé.

E juro por Zeus, que se não fosse a Caçadora de Ártemis, que entrou nesse momento no chalé 13, eu agora estaria com Jimmy no Elísio.

– Sabe, - Thalia disse, enquanto entrava calmamente. - Eu sei o que você está passando. - Ela falava devagar, como se para não assustar uma caça - Já pensei em fazer isso uma vez, e ficar ao lado de Luke no mundo inferior.

Thalia se aproximou lentamente e muito cuidadosamente retirou das minhas mãos a adaga.

– Mas acredite em mim, suicidas não entram no Elísio. - Ela segurou a adaga como se fosse uma bomba atômica e a colocou cuidadosamente na bainha em cima da mesa.

– Você pode me matar? - Perguntei a ela.

– Não. Você não merece morrer. O que seria do Nico se você morresse?

– Nico... - Eu ainda não tinha parado para pensar em Nico di Angelo.

– Nico não aguentaria perder você novamente. - Ela disse, gentilmente.

Desviei o olhar.

– Sabe. A pessoa que eu mais amei também está me esperando no Elísio. - Thalia disse. - Mas minha hora ainda não cegou. É preciso ser paciente. As parcas ainda tem alguma coisa pra você.

– É parece que sim. - Eu disse, triste.

– Sabe, quando entrei para a caçada descobri que podia ter uma família, um lugar onde que queiram. - Thalia disse. - Mas não se preocupe com isso ainda. Durma. - me deitando gentilmente e me cobrindo com o edredom. - Boa noite.

E dessa vez não resisti. Tentei me acalmar. Ela se inclinou e me deu um beijo na bochecha.

– Espero que um dia nos tornemos amigas.

Depois se levantou e foi em bora.

E eu tentei dormir.


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Notas finais do capítulo

E aí? gostaram?
Confesso que foi muito difícil de escrever esse capítulo, eu acabei me apegando ao Jimmy



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