Não, Eu Não Sou Essa Sua Bianca di Angelo. escrita por Little Owl


Capítulo 17
Capítulo 17 - Tomo uma decisão.


Notas iniciais do capítulo

Eu sinto muito pela demora desse capítulo, espero que gostem e que ele compense a demora. A história está chegando no final, e eu quase não tenho mais tempo pra nada.



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Fiquei o resto do caminho quieta. James e Felipe foram dormir e Jimmy ficou lendo, ou pelo menos fingia ler, pois ficava me olhando a cada 5 minutos, sentado na poltrona com o livro na mão. Fiquei sentada no sofá, olhando a paisagem que passava pela janela.

Estava pensando em entrar para a caçada. Thalia tinha mencionado algo sobre Bianca ter começado algo que não terminou, estava curiosa para saber o que era. Mas as caçadoras não namoravam.

Olhei para Jimmy, que abaixou rápido o olhar para o livro, ficando um pouco vermelho. Seu cabelo meio grande estava caído sobre os olhos e tentando esconder-se.

Por que era tão difícil decidir?

– Anjo... - Jimmy disse, depois de um tempo. - Você está mesmo pensando em ir para a caçada?

Sua expressão estava neutra, ele não queria revelar seus sentimentos, mas seus olhos o traíram, ele estava triste.

Suspirei.

– Eu estava pensando. Eu preciso tomar essa decisão, mas tenho medo. - Eu disse.

Ele se levantou da poltrona e veio se sentar ao meu lado no sofá.

– Anjo, não tenha medo. Eu estou aqui. - Ele segurou minha mão. - Eu sempre vou te proteger, mesmo que você escolha a caçada. Sempre vou estar com você.

– Ártemis não permitiria. O destino... o destino nos separaria.

– Não me importo com eles. Os deuses não se importam conosco.

– Os deuses são maus. - Concordei.

– Os deuses são maus. - Ele repetiu.

– Mas algo nos espera, não é? - Eu pensei em voz alta. - Alguma coisa no futuro nos espera. Alguma coisa precisa acontecer, ou precisa ser terminada.

– Como assim? - Jimmy perguntou.

– Não sei, mas sinto como se faltasse alguma coisa.

– É uma grande questão. Digo, essa sobre você, sobre ter voltado e tido uma vida quase igual.

– Quase como seu estivesse aqui para completar alguma coisa. - Continuei seu raciocínio.

– deuses! Eu odeio tudo isso. Por que não podemos ter vidas normais?

– Qual seria a graça? - Perguntei. - É sério, tudo isso é mil vezes melhor do que ficar com uma rotina chata em um orfanato.

Ficamos parados e quietos por mais um tempo.

– Anjo? - Jimmy disse, depois de um tempo.

– oi?

– Eu não quero perder você. Não vá para a caçada. - Seus olhos pareciam muito tristes.

– Eu também não quero te perder. - Meus olhos se encheram de lágrimas.

– Eu te amo Angelica. - Jimmy disse.

– Eu também te amo Jimmy. - Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Coloquei a mão em seu peito e senti os batimentos de seu coração. Estava acelerado.

Ele se inclinou e me beijou. Foi um beijo maravilhoso.

Ficamos ali, abraçados no sofá, quietos, por um bom tempo. E assim tomei minha decisão, não me importava com os deuses e com o maldito destino, ainda temos o livre arbítrio, certo? Escolhi não ser como Bianca di Angelo, não vou para a caçada. Não me importo com o que eu estou jogando fora, não me importo com nada, desde que eu fique junto com Jimmy.

.

.

.

Acho que acabei dormindo, porque só me lembro de ter acordado sozinha no sofá.

O céu estava laranja com o crepúsculo. As poucas árvores passavam, com algumas casas de campo aqui e ali. O som da televisão estava baixo, um jornalista dizia as notícias do dia, a maioria tragédias. Jimmy e James conversavam baixo e não havia sinal de Felipe por aqui.

Me sentei meio grogue, esfregando os olhos.

– A princesa acordou? - James disse, jogando uma fatia de .

– onde estamos? - Perguntei.

– Em algum lugar entre o Arizona e o Colorado.

Me levantei e fui junto a eles. Os dois estavam sentados na mesinha de jantar, comendo biscoitos, roubei dois biscoitos do prato, enquanto brincava com o cabelo do Jimmy, que estava caído pela testa.

– já estamos quase chegando em Las Vegas, vocês tem alguma ideia em onde procurar? - Perguntei.

– Estava esperando algum sinal de Hermes nos meus sonhos, mas ele parece ter me esquecido. - Disse Jimmy, meio triste.

– Acho que se deve haver alguém poderoso com um exercito, não deve ser tão discreto. - James disse.

– Então rezem aos deuses, para que esse exercito seja pequeno e barulhento. - Eu disse.

– Então temos que nos preparar. - Jimmy se levantou e foi até o quarto, voltando com sua mochila. - Temos algumas poucas horas até chegarmos.

Fui até a sala e peguei minha adaga na mesa de centro. Depois peguei meu arco e aljava que estavam no quarto.

Quando voltei para a mesa da cozinha, Jimmy estava procurando alguma coisa na sua mochila. E James prendia uma lâmina de machado na parte de trás de seu martelo de batalha.

– Quero que fiquei com isso. - James tinha nas mão dois amuletos. - Amuletos de proteção. Apolo me presenteou depois que fiz uma missão a ele. Vão curá-los de qualquer machucado pequeno e ajudar a curar também os grandes.

Segurei o meu, tinha o simbolo do sol e parecia gelado. Coloquei no meu pescoço.

– Jimmy, coloque o amuleto de Afrodite. - Eu disse.

– Não, eu quero que fique com você. - Ele estendeu a mão.

– O quê? Não. Você derrotou o ciclope, é seu. - Fechei sua mão com delicadeza.

– Trouxe também facas que servirão se estivermos falando em um exército. É sempre ruim ficar desarmado e algumas reservas não nos farão mal. - Jimmy tirou da sua mochila uma sacola de couro. E tirou da mochila três cintos especiais para guardar facas.

– Nossa quantas tem aí? Duas dúzias? - James abriu a sacola para ver dentro.

– Tem o suficiente.

Peguei um dos cintos e troquei pelo que eu estava usando. Tinha espaço para umas 10 facas. Fui colocando o quanto podia, Jimmy e James faziam o mesmo. As facas pareciam todas iguais, um pouco menores e mais finas do que a minha adaga e eram todas de bronze celestial. E nas costas, prendi a aljava e o arco.

O tempo parece que voou, e quando vi, Bill tinha parado o trailer.

– Aqui estamos. Las Vegas. A cidade do pecado. - Ele anunciou, abrindo a porta do trailer. - Acho que é aqui que nos despedimos. Foi bom conhecer vocês.

– Bill, posso te pedir um ultimo favor? - Eu perguntei.

– Depende, é muito difícil de fazer? - Ele perguntou, coçando a barba ruiva.

– Não, eu ia pedir, se não for abusar demais de você, para cuidar do Felipe, só enquanto lutamos, depois eu venho buscar ele com você. Eu não quero que ele corra nenhum risco, ele ainda é muito novo.

– Claro, Felipe é um bom garoto.

– Muito obrigada. - Agradeci.

E assim nos despedimos.

Saímos do trailer e começamos a andar por Las Vegas. Não foi muito difícil de encontrar um exército de monstros. Quando passamos em frente a um grande cassino, duas figuras saíram de dentro e começaram a caminhas à nossa frente.

Quando James fez menção em atacar, Jimmy colocou o braço na frente e sussurrou:

– Não. Eles podem nos levar até o esconderijo.

Os monstros pareciam não ser nenhum famoso grego, mas parecia bem diferente, quase como uma mistura de alguns. Eles pareciam meio zumbis, eram humanoides com pele escamosa, tinham nas mãos longas garras e o cabelo preso em uma trança e na ponta um ferrão e mais parecia uma cauda de escorpião na cabeça. Eles tinham certa agilidade ao caminharem. Estavam vestidos com roupas humanas e tinham espadas penduradas nos cintos.

Seguimos eles a uma certa distância, para que não percebam que estamos seguindo.

Eles nos levaram para além do centro, para uma parte mais calma da cidade. Eles pararam em frente a um prédio que parecia abandonado, e pararam uns segundos para destrancar as portas, depois entraram discretamente.

– Acha que é aí? Ou só mais uma casa de uma casal de monstros apaixonado? - James disse.

– Eu nunca vi monstros como esses. - Jimmy disse - acho que já está seguro para entrarmos, mas por enquanto sejam discretos, vamos descobrir algumas coisas antes e tentar achar o que Hermes quer.

Jimmy destrancou as portas e entramos em uma pequena sala que parecia uma sala de recepções de um dentista, e estava vazia. Duas portas estavam uma em cada canto da parede paralela à entrada. Uma porta estava se fechando, bem no momento em que entrei e pude ver que era um banheiro, uma luz meio amarela passava por debaixo da porta. A outra porta era de ferro e estava fechada.

Jimmy foi até essa porta e girou com cuidado a maçaneta. Rápido. Ele sussurrou.

E passamos pela porta e meu queixo caiu. E entramos em uma espécie de galpão, estávamos em uma plataforma no alto que serviria para a vigilância ou algo parecido, mas o que me impressionou foi o quanto de monstros estavam lá em baixo. Acho que um terço do número de monstros que tinha ali seria o número de campistas no acampamento. De repente me senti muito pequena ali.

– Deve ser ali a sala do comandante. - Jimmy apontou para uma sala que seguia pela plataforma e que tinha a parede coberta por uma grande janela de vidro liso.

Ao longo da plataforma, várias salas estavam à esquerda e não parecia ter mais ninguém na plataforma. Quando estávamos chagando a uma porta de distância, a maçaneta da sala do comandante girou devagar e antes de pensar algo, fui puxada para dentro de uma sala. Jimmy fechou a porta rapidamente e ficou apoiado nela. A sala estava vazia e escura.

Ficamos quietos e ouvimos a porta da sala ao lado bater e passos pesados passando por nossa porta e seguindo o caminho. Alguns segundos depois outros passos vieram e entraram na sala ao lado.

– Senhor. - A voz era masculina e tinha um certo respeito. Pude ouvir a conversa inteira. - Um homem que se diz ser o dr. Filgen está esperando na recepção, diz conhecer o senhor e que precisa de uma reunião particular urgente.

– Dr. Filgen? - Disse uma voz mais jovem e mais severa. - Mande-o entrar.

Jimmy apontava freneticamente para o teto. Olhei e lá tinha um duto de ventilação. James parecia conversar com Jimmy pelo olhar e parece os dois acabaram se entendendo, pois depois de um tempo gesticulando eles ficaram me medindo de cima a baixo e olhavam de mim para o duto.

Ah não. Balancei a cabeça negativamente, mas já era tarde demais, eu não tinha mais escolha. Eu era a unica que caberia lá dentro. Eles então procuraram alguma coisa para me ajudar a subir e encontraram uma escada dentro de um dos armários da sala. Jimmy então procurou alguma coisa em sua mochila e tirou de lá uma câmera e um tablet.

Suba e grave o que acontecer na sala, eu e o James vamos ver tudo pelo tablet. Jimmy sussurrou no meu ouvido para que ninguém mais ouvisse. Quando entrarmos na sala, você pula pelo duto de ventilação de lá, você é pequena o suficiente para passar sem problemas.

James tirou do bolço uma chave de fendas, subiu na escada e tirou os parafusos, depois me entregou a chave de fendas para que eu abra os parafusos na outra sala.

Tentando fazer o minimo de barulho possível, subi na escada e me arrastei pelo duto de ventilação, foram dois metros até a saída da sala ao lado. Tirei um dos parafusos e afrouxei outro, eu não sairia agora e alguém notaria se a grade caísse no chão. Liguei a câmera e comecei a gravar.

A sala era muito parecida com a outra ao lado, mas tinha uma parede de vidro que dava uma vista privilegiada do pátio lá em baixo. Os dois monstros que nós seguimos estavam parados, um em cada ponta da sala, como seguranças.

– O que pretende fazer com tudo isso? - Perguntou um senhor, com um jaleco de laboratório, ele tinha cabelos grisalhos e estava sentado em uma poltrona.

– Você sabe muito bem o que quero. - Disse um rapaz, sentado em uma poltrona na frente do senhor, com uma mesa separando os dois. - Como derrotar os deuses sem um exército? E pra que usar um exército de semideuses? ou de monstros conhecidos? Semideuses tem defeitos e todos os semideuses sabem o ponto fraco de cada monstro. Mas todos tem medo do desconhecido. Resolvi, então criar uma nova espécie de monstro, que seja um guerreiro sem defeitos, sem um tendão de aquiles, indestrutível.

Esse rapaz parecia estranhamente com Jimmy, tinha cabelo castanho e os mesmos olhos, mas tinha alguma coisa diferente, como se ele estivesse magoado.

– Filho, esse não é...

– NÃO ME CHAME ASSIM! - O rapaz quase gritou. - Você não é o meu pai. Meu pai é um maldito deus egoísta. Todos eles são. Já está na hora de outras pessoas comandarem olimpo, os deuses têm muitos defeitos.

– Rafael, a guerra não é o melhor caminho para resolver. - O dr. Filgen disse, todo paciente.

– Eu não fui o único, nem o primeiro a passar por isso. Houve uma guerra na década passada, alguém tentou mudar tudo isso, Cronos tentou mudar isso, mas não conseguiu. Não conseguiu porque seu exército era defeituoso. Meu exército vai ser de monstros perfeitos.

– E você já conseguiu criar um monstro perfeito? - Perguntou o doutor.

Rafael enrubesceu.

– Não. Mas estou fazendo pesquisas. Tenho os melhores cientistas do mundo para me ajudar, já consegui criar espécies que me servirão muito bem, mesmo não sendo tão perfeita. Viu aquilo na recepção? É só uma das espécies que já tenho. Olhe bem quando for sair, dr.Filgen, lá em baixo estão alguns de meus experimentos, sendo tesados e melhorados.

– E como você faz novas espécies? - Perguntou o senhor.

– Tenho meu segredos. - Rafael sorriu. - Uso também amuletos mágicos. - Ele se levantou e foi até um dos armários, abriu e tirou de lá uma caixa de madeira. - Não tenho todos que preciso ainda, quando pedi que encontrassem os objetos eu ainda usava monstros comuns como criados e logo vi que era uma grande falha, muitos ainda não voltaram com o que pedi. Aqui eu tenho um amuleto que faz parar o tempo, um que tem o veneno mais doloroso já criado, um que te faz mudar de forma, outro que te deixa invisível, outro que faz essas duas coisas, um que tem a coragem de 7 heróis, outros que tem o poder de cada deus, e mais. E isso são apenas ingredientes, imagine alguns deles misturados e procure algum herói capaz de derrotar um monstro desses. Lembrando que ainda vão ser monstros desconhecidos quando eu cair sobre o olimpo e os derrotar.

– Você é louco Rafael. - Dr. Filgen afirmou, depois de um tempo pensando.

– É preciso de um pouco de loucura para mudar o mundo. Mas, lhe pergunto, está comigo ou com os deuses?

– Acho que você ganhou mais um, seria interessante ajudar no criamento dessas novas espécies. - O senhor se levantou e Rafael também. E trocaram um aperto de mãos.

– Meu amigo aqui vai escolta-lo até o laboratório. - Rafael fez um gesto para que um dos monstros saísse do seu posto e viesse até ele. - Proteja o sr. Filgen e o leve ao laboratório do 5º andar, e volte imediatamente, entendido?

O monstro fez um aceno com a cabeça e saiu, levando o dr. Filgen com ele. Deixando Rafael e um único monstro dentro da sala, com a caixa de amuletos em cima da mesa, Rafael voltou à sua cadeira e começou a folhear um caderno.

Quando tudo pareceu calmo, A porta se abriu e James e Jimmy entraram. Jimmy olhou para onde eu estava e pude ver que ele estava pensando o mesmo que eu. Eu te amo.

E o mundo pareceu parar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
eu tenho uma surpresa para o próximo capítulo. Muahaha.



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