Não, Eu Não Sou Essa Sua Bianca di Angelo. escrita por Little Owl
- Angelica, não foi nossa culpa, foi Afrodite. - Jimmy pedia desculpas.
Estávamos sentados em um banco em frente a uma loja de chocolates a 5 quadras de distância da cafeteria. Jimmy e James saíram do transe uns minutos depois de Afrodite ter ido embora, e nesse meio tempo fui até o banheiro da cafeteria para trocar de roupa (tirar essa roupa de patricinha), eu tinha colocado uma camiseta preta e jeans velhos, mas quando voltei estava usando outro vestido preto ainda mais decorado que o anterior. E Jimmy e James se recuperavam sem nenhuma lembrança da conversa. Depois eu saí da cafeteria e ia sem destino pela calçada, com Jimmy e James me seguindo. Depois de umas 4 quadras cansei e me sentei em um banco.
- Pode, por favor, repetir o que Afrodite lhe disse? - James pediu.
Suspirei pesadamente. Sim, eu estava com raiva deles por ficarem babando por Afrodite.
- O monstro que pegou o amuleto dela é um ciclope e está no parque de diversões da cidade. - Respondi. - Ela também disse algo sobre eu terminar o que comecei na outra vida e disse que eu precisava entrar para a caçada.
- Afrodite? - James riu. - Eu jogaria um balde d'água na minha cara pra me tirar do transe só pra ouvir Afrodite mandando alguém para a caçada.
- Mas você não vai para a caçada, não é Anjo? - Jimmy pareceu preocupado.
- Eu não sei Jimmy, Afrodite e Nêmesis me avisaram para eu parar de negar o que sou, e talvez eu esteja destinada a ser uma caçadora, Bianca deve ter feito alguma coisa antes de morrer, alguma coisa que não terminou.
- Tudo bem então.- James disse depois de uma pausa.- Mas você disse que o ciclope ladrão está no parque de diversões. Que parque é esse?
- Eu não sei, Afrodite não detalhou nada. - Respondi. - Mas acho que não haja muitos parques na cidade.
Jimmy tirou a mochila dos ombros e abriu, procurando alguma coisa. Tirou de lá o tablet, ele era de alta tecnologia e era anti o rastreamento de monstros.
- Aqui diz que o parque de diversões de Indianapolis, o playlândia, fica no coração da cidade. Precisamos seguir essa avenida e virar a direita no cruzamento essa aqui com outra bem importante, onde uma pequena praça fica de esquina, até encontrar a praça central, depois vira a esquerda e segue reto até chegar no parque, que fica nessa rua que precisa virar.
O Jimmy tentando explicar ficava tão fofo, porque ele se bagunçava e ele não conseguia explicar.
- Vamos? - Me levantei.
James já estava de pé e Jimmy demorou alguns segundos para guardar o tablet. Seguimos reto pela avenida onde estávamos. Depois de uns 10 minutos andando, chegamos na praça que mostrava no google, ela tinha uma estátua de Zeus bem no meio, árvores pequenas e alguns bancos.
Em um dos bancos estava sentado um mendigo com uma duzia da garrafas de cerveja vazias aos seus pés. Ele tinha o cabelo quase maior que o meu, todo bagunçado, sua barba parecia não ser cortada a meses, seu cheiro parecia cerveja misturado com cigarro, suor e esgoto. Ele parecia meio sonolento, meio bêbado. Quando falou, seu bafo de álcool chegou em mim, e eu estava a 3 metros dele.
- Cliançasss. - Ele chamou, parecia ter um sotaque difícil de entender que puxava bastante o 'S' e um 'L' no lugar de 'R'. - Quelidasss cliançasss. Cheguem maisss pelto. Ouçam o que tenho a lhesss dizel.
Não demos mais nenhum passo em sua direção, pousei a mão em minha adaga e Jimmy segurou o cabo de sua espada.
- Quem é você? Qual seu nome? - Jimmy perguntou.
- Nomesss ssão peligossosss. masss moltal qualquer me julgalia como um velho bêbado falando bessteilasss. - Sua língua parecia pesada e grande demais para sua boca. Ele chutou uma garrafa de cerveja. - Mass vocêsss não ssão moltaisss tolosss, nem eu. Sssou como vocêsss. Um meio-ssaangue.
Ele parecia ter uns 45 anos, já com alguns cabelos brancos. Pareceu difícil de acreditar que ele pudesse ser um semideus.
- Meu pai me deu o dom da visão do futulo. Masss osss deussesss me amaldiçoalam quando fui usá-lo. - Ele se remexeu no banco, o que fez Jimmy apertar um pouco mais o punho de sua espada. - Mass danem-se osss deussesss, eu plecissso utilizal meu dom.
Olhei para o céu meio nervosa, não era muito bom insultar os deuses. Mas o céu estava limpo, sem nenhuma nuvem.
- Clianças, quelidas clianças. Eu plecissso compaltilhal com vocêsss. O futulo é peligossso.
Suspirei. Mais um querendo me avisar do futuro.
- Olha senhor, estou cansada de descobrir sobre meu futuro. - Estava me virando quando ele sorriu, o que era bem estranho com apenas 4 dentes na boca.
- Cliança. Ssseu futulo é intelesssante. Mass não essstou falando de muito longe. Você já sabe o basstante dessse seu futulo, masss quelo lhe falal do que te esspela nesssa misssão.
- Ok. O que nos espera na missão? - James perguntou.
O velho sorriu ainda mais.
- Mass eu tenho um pleço. Pleciso da cliança.
- Quem? - James perguntou.
- Vocêsss ainda não a conhecem, masss quando achalem ela encolhida no canto, deem comida a ela e cuidem dela, se sailem da casa, tlagam ela pla mim e eu lhes digo o que quiselem soble o futulo.
- Uma criança encolhida em um canto. - Jimmy disse. - Onde?
- No palque, no casstelo de monssstlossss. Cuidado com o casstelo. Ele é peligosso, ignolem a palte dos moltais, vão na álea vip. Masss nunca entlem nass poltas da dileita, masss ssemple na ssegunda da essquelda.
- Como assim? - Perguntei, era meio difícil de entender o que ele dizia e ele insistia em dizer todas as palavras que ele não conseguia pronunciar.
- Aquele casstelo é tlaiçoeilo. Ssse entralem na polta elada podem nunca maisss essscapal. Felipe nunca maisss voltou pla mim.
- Felipe? É o nome da criança? - perguntei.
- Meu filho. - Disse ele concordando com a cabeça. - Não me deixalam entlar lá pala buscá-lo. Pleciso que me ajudem.
- Como assim entrar e nunca mais sair? - James perguntou.
- O cassstelo do parque não é apenasss um brinquedo, clalo, tem a palte dos moltaisss, masss eless não deixam ssemideussesss entlalem na palte dosss moltaisss. Meio-sssanguesss entlam na álea vip, onde ficam monssstlos de veldade, e onde a magia deixa o cassstelo mais difícil de sse essscapal. Masss deixam essscapal boatos de que asss poltasss da dileita sssão asss peligosas. Não ssse essqueçam: ssegunda polta a dileira. Semple.
- Segunda porta a direita? - Jimmy perguntou para confirmar.
- Isssso. Cuidado, aquele cassstelo é peligoso, vai testal vocês. Segunda polta da dileita, semple. Muitos ssemideusssessss sse peldelam naquele casstelo, até messsmo monsstlos. Agola vão. Vão! Tlagam meu Felipe pla mim.
- Qual seu nome? - perguntei antes de ir.
- Meu nome? Não ssse pleocupe cliança. Nomesss ssão peligossosss. Ssse achal meu filho, não ssse pleocupe, vou achal vocêsss. Vão.
Olhei bem para ele. Ele me parecia bem familiar.
- Anjo. - Jimmy segurou minha mão. - Vamos?
Apertei sua mão.
- Vamos. - Me virei e junto com Jimmy e James, continuamos nosso caminho.
A rua era cheia de lojas, lojas de flores e doces, perfumes e vinhos, roupas e sapatos, restaurantes e bares.
A rua se estendeu por mais um quilômetro, mais ou menos. Até chegarmos ao fim da avenida, onde o monumento que eu não sei o nome ficava bem no meio da cidade. Eu não sei descrever o monumento, mas era grande e alto, e tinha uma fonte de água. Sem ficar admirando muito, seguimos nosso caminho.
Passamos por duas quadras e já consegui ouvir os gritos das pessoas nos brinquedos.
A fachada meio macabra mostrava o nome do parque, "Playlandia". Um vampiro, um zumbi e um demônio estavam esculpidos em cera para dar a impressão de que agarrariam todos que passassem pelos portões do parque.
Um grande cartaz anunciava que os monstros chegaram na Playlandia. E que ficariam por lá durante quatro meses, de julho a outubro.
Entramos na fila da bilheteria. Um homem vestido de demônio falava sobre as promoções do dia. Suas pernas eram como as de sátiros e seus grandes chifres se curvavam, humanos normais na fila achavam que era só uma fantasia, mas ele era um sátiro.
- Ingressos para o inferno são 20,00 dólares. Meia 10,00, apresentando comprovante escolar. - Anunciou de forma dramática. Depois se aproximou de nós e sussurrou. - Ingressos vip são 50,00 dólares.
Jimmy pegou a carteira da mochila e entregou três notas de 50. O sátiro pegou as notas e tirou do casaco três ingressos dourados.
- Apresentem esses ingressos a qualquer brinquedo e poderão escolher o melhor lugar, - Sussurrou ele. - se quiserem tentar a sorte com o castelo assombrado é só dizer que não são mortais ao zumbi e mostrar esses ingressos.
Ele nos conduziu até o portão de entrada e nós entramos no parque.
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