Não, Eu Não Sou Essa Sua Bianca di Angelo. escrita por Little Owl


Capítulo 12
Capítulo 12 - Amor.




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    Depois que Nêmesis foi embora, peguei meu diário e descontei minha raiva nele. Talvez um dia eu junte todas os meus rabiscos daquele diário e escreva um livro. Escrevi por uma hora mais ou menos, depois me lembrei que Jimmy e James estavam caídos de qualquer jeito no chão.

    Guardei meu diário na bolça do Jimmy e peguei três cobertores e uma lona. Estendi a lona no chão imundo e me esforcei para arrastar os garotos para cima da lona, cobri-os com cobertores e improvisei uma grande cama. Me deitei no meio dos dois. James do lado esquerdo e Jimmy do direito.

    Na pequena janela, o céu já estava escuro e as poucas estrelas já começavam a aparecer. A unica luz do vagão vinha de uma lamparina que eu tirei da mochila do Jimmy. Agora que estava completamente silêncio, pude notar que James roncava, bem baixinho, não de um jeito irritante, mas confortador.

    Tentei não dormir. A ultima coisa que eu queria naquele momento era ter mais um sonho relacionado a Bianca.

- Anjo, acorda. - Jimmy me cutucou.

   Abri os olhos, tudo estava tão claro. Jimmy brilhava  com um sorriso travesso no rosto.

- hmmm? - murmurei, ainda cheia de sono.

  Quando meus olhos se acostumaram, percebi que já era dia.

  Me sentei, um cheiro melhor do que de cachorro molhado chegou até mim.

  - Quer um? - James ofereceu um cachorro quente.

- Onde vocÊs arranjaram  um cachorro quente? - perguntei.

- Jimmy e sua mochila mágica. - James respondeu.

Peguei um cachorro quente, tinha tudo que precisava ter um hot-dog.

- já estamos chegando, é melhor sairmos o logo desse vagão, antes que alguém nos ache aqui. - Jimmy apontou para a porta. - vai ser simples de abrir essa tranca. 

- Tudo bem então, - me levantei e comecei a guardar nossa cama improvisada. - James me ajude a arrumar tudo enquanto  Jimmy se vira com a tranca. 

- Angelica, me empresta seu grampo? - Jimmy pediu. 

Tirei o grampo que prendia minha franja e ela escorreu para meu rosto, entreguei o grampo e coloquei minha franja atrás da orelha. 

Dois minutos depois, o vagão estava como o encontramos. Agora que a porta estava aberta, pude ver a paisagem. O céu estava quase sem nuvens e o sol ainda estava baixo, iluminando as poucas casas de fazenda que passavam. 

- Pulamos? - James examinou a estrada de asfalto velho e a grama alta ao lado, passando a 60 k/h. 

- É a unica forma de sairmos daqui. - Jimmy se segurou na porta e colocou a cabeça para fora. - A cidade está a uns 50 quilômetros a frente, algumas casas já começam a aparecer aqui e ali e também umas lojas. Melhor pularmos agora para que ninguém nos veja. 

- Vamos pular a essa velocidade no asfalto? - eu não era muito fã de machucados. 

- não estou vendo nenhuma cama de plumas aí, - James suspirou, parecendo querer uma cama de plumas. - vamos, princesa, temos problemas maiores do que alguns arranhões. 

- Segure minha mão, - Jimmy estendeu sua mão e eu a agarrei, ela era um maior do que a minha. Segurei também a mão do James que era muito maior do que a minha e me fazia parecer uma criancinha. -  temos que pular ao mesmo tempo para não cairmos muito longe um do outro. 

- No três? - James perguntou e começou a contar. - 1. 2. 

- 2, 5. - Enrolei, tentando não pensar em ossos quebrados. 

- 3! - James gritou e pulamos. 

Fechei os olhos e tentei amortecer minha queda dobrando os joelhos e rolando, rolei por uns 10 metros sem consegui parar me agarrei na grama, estava tudo girando. Onde estava o céu? Só consegui parar quando bati a cabeça em alguma coisa. 

- Ta todo mundo vivo? - James perguntou a alguns metros a minha direita. 

- Sai de cima de mim! - Jimmy gritou com a voz engasgada. 

- aiii. - resmunguei, minha cabeça latejava na lateral. 

- Tudo bem aí Angelica? - a voz de James foi chegando perto. 

- Eu bati a cabeça. - disse a ele, que estava ao meu lado, agora. 

- Jimmy, você tem gelo na sua mochila? - James gritou a ele. 

- é pra já! 

- Tem um galo enorme na sua testa, fora isso nada muito grave. 

- Aqui, um gelo. - Jimmy me entregou um saquinho vermelho com alguns gelos dentro. 

- Tem uma loja de conveniências a uns 50 metros, podemos arranjar algum transporte. - James se levantou e limpou a calça cheia de grama.Ele tinha um rasgo no joelho esquerdo. - Ah cara, eu rasguei minha calça nova! 

- Rasgue na cocha e no joelho direito e pronto, parece até que comprou assim. - Jimmy. 

- Para, foi 60 contos essa calça. - Ele pareceu ainda mais irritado olhando em volta. - Estamos no meio do nada, vamos andar até a cidade mesmo? 

- Parece que sim. - Jimmy se levantou e me ajudou a levantar. 

20 minutos depois estávamos na frente de uma loja de ferramentas não muito visitada, a fachada estava pichada, um táxi que aparentava ter uns 50 anos de uso estava estacionado na calçada toda quebrada. 

Um sininho anunciou nossa entrada, algumas prateleiras estavam cheias de comidas de viagem e uma música country tocava em um radio velho. Um senhor de uns 60 anos estava dormindo em uma cadeira atrás do balcão. 

Pigarreei alto. 

- Senhor? - chamei. 

Ele nem se quer suspirou diferente. 

- Seguinte: - Jimmy sussurrou. - Vocês vigiam o velho e eu pego a grana. 

- Não! - eu disse. - hã? senhor? 

- O velho não vai acordar. - James disse. - Você tem um balde de água aí dentro, Jimmy? 

- Quem está aí? - Perguntou uma voz feminina do outro lado da loja. 

Uma mulher de uns 27 anos apareceu no fim do corredor, ela era da minha altura, tinha o cabelo liso na altura da cintura e era magra. Era bem jovem, se não fosse a voz ou o corpo definido podia se passar por uma adolescente de 17.  

Ela vinha cautelosamente, parecendo até com medo. 

- Olá. - Jimmy disse com uma voz gentil, ele notou que ela parecia ter medo e que talvez nós parecíamos assaltantes.

- Olá. Posso ajudá-los? - perguntou a moça. 

 - Aquele táxi ali na frente.. - James apontou. 

- Ah, querem uma carona? O táxi é do meu pai, mas acho que ele não vai acordar tão cedo. - Ela suspirou. - Posso dirigir até a cidade, mas é melhor nenhum policial nos parar. 

 Ela se inclinou e pegou as chaves no bolço do homem. 

- Meu nome é Juliana, vão querer alguma coisa da loja? 

- Ah, não, obrigada. - Agradeci. 

James suspirou olhando as barras de chocolate. 

- Vamos, então? - Ela se virou e saiu da loja. 

Seguimos ela e entramos no carro. Ele tinha cheiro de mofo, tinha dois dados amarelos pendurados do retrovisor. Depois de 3 tentativas, o motor pegou. 

- Como chegaram até aqui? - ela perguntou. 

- hã.. - Olhei para Jimmy. - pegamos uma carona. 

- Com o circo? Eu vi eles passando a um tempo atrás, calma, não fiquem nervosos, eu aprontava muito quando tinha a idade de vocês. 

Ficamos em silêncio o restante do caminho, ela nos deixou na frente de um parque. Pagamos a ela e descemos. 

- Já era hora! - Uma moça de uns 25 anos estava sentada em um banco, no parque. Ela fazia a garota da loja parecer tão sem brilho e beleza. Seu cabelo loiro estava preso em uma trança criativa, sua pele era suave e delicada, suas unhas cuidadosamente pintadas para combinar com o vestido rosa claro na altura dos joelhos e seus saltos altos pretos. Um colar de ouro pendia em seu pescoço, uma pomba detalhada encaixava perfeitamente em seu pescoço, sua maquiagem era discreta e ao mesmo tempo fabulosa. - Achei que nunca chagariam até aqui.  - Sua voz era doce e fazia você ficar bobo. 

E era esse o efeito em James e Jimmy. 

- hã.. o-o-i... - resmungou James tentando dizer alguma coisa. 

- Hmm.. hã.. - Jimmy estava vermelho e parecia ter perdido a fala. 

- Afrodite? - Adivinhei. 

- Isso mesmo. Vamos tomar um chá? - Ela apontou para um café do outro lado da rua. 

- hã.. tudo bem. - Eu disse. 

A cafeteria tinha um cheiro aconchegante, nos sentamos em uma mesa na janela. 

- Primeiro o mais importante: - Disse a deusa. - O que é isso  que você está vestindo, querida? 

Eu usava uma camiseta folgada com a estampa de uma caveira, calças jeans velhas e tênis pretos e estava toda suja de grama e terra. 

 - Parece até que está tentando esconder seu corpo. - Ela franziu a testa, é filha de Hades, não é? ah mas não precisa andar vestida assim. Quer ver? tenho em mente um visual bem melhor. E esse cabelo? seco e bagunçado assim não vai chamar atenção desse aí. - Afrodite apontou com o nariz para Jimmy, que nem pareceu notar, estava quase babando com o o queixo apoiado no braço. 

- Você vai ficar falando de como me visto ou tem algum outro assunto? - perguntei meio nervosa. Que ousadia ficar criticando minha roupa (!). 

- Ah querida, vim lhe contar sobre seu futuro no amor, mas acho que não está interessada. - Ela suspirou e deu uma mordida em seu cupcake. - Ah, sim. Vocês estão procurando meu amuleto que foi roubado de Hermes, tenho que reclamar com ele e sua segurança lamentável. Eu pretendia dar aquele colar a uma filha minha. Para sua sorte, o monstro que roubou o amuleto está nesta cidade, ele se atrasou e não conseguiu chegar a Las Vegas, ele deve estar preso no novo parque de diversão da cidade. Ah o monstro é um ciclope. 

- ok. - Tentei ser rápida para ir embora logo.

- O colar só tem poder em uma pessoa por vez, melhor não se separarem. - Ela bebeu um gole do chá. - Ah, sobre seu futuro, tudo já está escrito, sei que você ama ele, mas receio que o destino vai separá-los de qualquer maneira. Odeio dizer isso,mas você precisa ficar ao lado de Ártemis. Você precisa terminar o que começou na outra vida. 

E esse blá, blá, blá sobre Bianca de novo... 

- Você já está cheia dessa conversa, né? De qualquer madeira eu precisava mesmo ir embora, tenho um encontro agora. - Ela sorriu e mordiscou seu Cupcake. - Olhe no espelho, acho que está bem melhor assim. 

Ela me olhou de um jeito que me deu medo, me levantei e fui até a vitrine espelhada. 

Ah, eu mato aquela mulher! 

Eu minhas roupas sumiram e no lugar apareceram as roupas de uma patricinha. Um vestido preto de alcinhas um pouco acima do joelho, com um decote enorme, a parte da saia era cheia de rendas e a parte de cima era colada ao corpo e aquele vestido tinha mais bojo do que o necessário, ele tinha um cinto vermelho com um lugar para minha adaga. E nos meus pés, sapatilhas pretas cheias de detalhes, um colar de uma caveira pendia no meu pescoço e pulseiras de brilhantes nos braços. Meu cabelo parecia mais vivo e estava preso em uma pequena trança. Uma maquiagem básica disfarçava a careta que eu fazia. 

Não me importo que ela é uma deusa, vou matar aquela mulher! 

Me virei cheia de raiva, mas ela tinha sumido, deixando um James e um Jimmy babando para o nada tentando respirar o perfume de rosas que ainda pairava. 

E naquele momento, minha raiva por Afrodite nasceu. 


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Notas finais do capítulo

ficou bom? o que acharam? comentem!!