Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 43
Catarina


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários, eles me animaram muito a escrever.



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Por Edgar

Era noite e Catarina chegaria no dia seguinte. Nós já havíamos planejado o que faríamos com ela, mas eu ainda estava preocupado pensando nesse encontro. Laura acariciava o meu cabelo, me dando uma sensação gostosa, de segurança, era muito bom receber esse carinho depois de nos amarmos:
– Um doce pelos seus pensamentos – falou ela sorrindo, nossa como o seu sorriso era lindo, como sua boca me atraia.

– Humm...- eu ia falar, mas ela me interrompeu

– Não precisa dizer nada, meu amor. É a Catarina, não é? – ela passou a mão em meu rosto

– De certa forma. – falei sincero

– Amanhã nós acabaremos com isso!

– É que tem uma dúvida em minha cabeça, que me dói só de pensar, eu tento afastar, mas ela sempre volta- desabafei

– Fala, eu estou aqui para ajudar em seus anseios – ela falou carinhosa

– Quando eu conheci o Antônio e ele me falou que ele era seu filho, eu não tive dúvidas de que era meu também- eu sorri.

– Ele é tão parecido com você, não é? – ela riu e continuou- Mas onde você quer chegar com isso?

– A Melissa...- disse preocupado

– A Melissa?- ela não havia entendido

– Não consigo ver tantas características minhas nela- falei

– Não são todos os filhos que se parecem assim os pais, Edgar.- ela estava sendo sensata

– Eu sei. Mas não é só isso. A Catarina não é uma mulher muito recatada. Não é agora, nem era na época em que a conheci. E lembro de você me perguntar quando recebemos a carta informando sobre a Melissa, o porquê dela demorar tanto a me contar. Lembra da resposta?

– Que ela não queria te atrapalhar...- ela lembrava

– Isso não parece muito uma atitude da Catarina.

– Concordo.

– Não mesmo. Eu não investiguei as coisas direito na época. Fui logo acreditando nela. Mas agora, gostaria que ela respondesse de maneira coerente- falei chegando ao ponto.

– Mas você tem medo da resposta, não tem? – ela me perguntou

– Muito. –fui direto

– Meu amor, seus sentimentos em relação à Melissa mudarão com a resposta da Catarina, seja qual for? – ela mostrou seu ponto de vista

– Não – respondi direto.

– Então pergunte, é melhor do que ficar com a dúvida eternamente- ela sorriu, estava certa- Vamos dormir? Amanhã teremos que enfrentar uma cobra.

– Sim. – apaguei a vela e me aconcheguei em Laura

– Edgar, quanto ao Toninho e esse bebê – Laura colocou a minha mão em sua barriga- não tenha dúvidas. São seus. – ela sussurrou em meu ouvido

– Eu nunca teria dúvidas de você, meu amor.- falei intenso

– Pois não tenha mesmo. Não quero massagear o seu ego, mas acho que você sabe que eu só fui sua nessa vida! - ela mordeu a minha orelha e a beijei apressado, eu sabia mas ouvir aquilo me deixou muito feliz.

De manhã, telefonei para a casa da Catarina e pedi que ela viesse na minha casa. Eu e Laura a esperávamos no escritório. Até pensei que pelo bebê, Laura não devia estar comigo, mas ela não abriu mão disso:

– Boa tarde, Edgar.. Laura – ela falou quando nos viu

– Vou direto ao ponto, Catarina. Nós sabemos o que você fez com Melissa, que a manipulou para ela brigar com o irmão. – falei

– Isso não tem cabimento, Edgar. É uma mentira, por que eu faria isso? O que Laura está colocando na sua cabeça?- ela se passava por ofendida

– Então agora você chama a sua filha de mentirosa? Eu sei que ela não mentiu, vi a verdade em seus olhos quando me contou. Uma criança não mente assim. – respondi sem delongas

– Fala a verdade , Catarina, pelo menos uma vez na vida. Não deixa a culpa cair na sua filha, tenha dignidade. Seja mãe. – Laura falou irritada

– Tá bom, Edgar –ela disse cínica – Eu fiz pelo bem da Melissa. Você a estava abandonando pela sua nova família. Eu sou mãe, não podia deixar isso acontecer.

– O que você fez, Catarina, foi torpe, foi por inveja. Não coloque o bem da Melissa nisso. Você só queria ver o circo pegar fogo. E para isso brincou com os sentimentos da sua filha de maneira vil. Nunca mais você a verá, nunca mais fará isso. Vai deixar uma carta se despedindo dela e pronto. Vai partir para Portugal. Já comprei a passagem, o navio sai amanhã. Te levarei até o porto para me certificar que você embarcará nele.

– E por que eu faria isso, Edgar? Por que deixaria vocês livres? – ela mostrava todo o seu veneno

– O primeiro motivo é Getúlio Camargo, lembra dele?- ela ficou assustada, eu e Laura rimos- Claro que lembra, ele é o homem que você enganou, prometeu um monte de coisas, depois o roubou e foi para Portugal tentar a vida como cantora.

– Como você sabe disso? – ela estava surpresa

– O Edgar fez a sua pesquisa, Catarina, ou você acha que depois que ele te trouxe ao Brasil, não tentou descobrir melhor quem era mãe da filha? – falou Laura

– É Catarina, eu sabia disso, pensei que fora apenas um desvio de juventude, algo que ficara no passado, e que você não faria mais coisas do tipo. Pensei que não prejudicaria a sua própria filha. Mas estava enganado, para você não há limites nem mesmo com alguém do seu sangue. – continuei decidido

– Edgar... – ela parecia assustada – você não faria nada assim, você não contaria a ele.

– Me tente, Catarina. Foi há vários anos, mas você sabe que para um homem como Coronel Getúlio, a honra, a humilhação não se esvai com o tempo. Você sabe que se eu contasse onde você esta, ele não pensaria duas vezes em te procurar. Mas eu não contarei a ele, se você for embora- falei frio.

– Mas calma, você ainda poderá receber um prêmio... Uma coisa que adora... dinheiro – Laura disse com desprezo

Eu coloquei uma boa quantidade de notas em cima da mesa, e Catarina pareceu se interessar:

– Vejamos, se você responder algumas perguntas de maneira sincera, e Laura e eu concordarmos que a resposta parece verdadeira, ganha esse dinheiro. Se não parecer você não leva nada- falei firme – Laura quer começar?

– Catarina as cartas que o Edgar me enviou de Portugal, você as desviou? – percebia que Laura estava apreensiva, e tentava controlar seus sentimentos.

– Não. O que eu ganharia com isso? – ela se passava por irritada

– Acho que você não entendeu o jogo, Catarina. – falei enquanto balançava algumas notas

– Quer voltar a Portugal com uma mão na frente e outra atrás? – perguntou Laura superior- Se você quiser, fique a vontade.

– Tá bom. Eu desviei as cartas. Conhecia o recepcionista do Hotel. .. Laura, as cartas eram lindas. Uma pena você não as ter recebido. – ela falou hipócrita, e percebi que isso mexeu com Laura, ela trocou um olhar comigo, e depois tentou parecer indiferente.

– Você teve envolvimento na divulgação do nosso divórcio?- Laura fez mais uma pergunta

– Sim, soube que você teve sérios problemas com isso, né, Laura? – ela ria, queria provocar, mas Laura se segurou.

– Catarina, por que você demorou tanto para me avisar da Melissa? Ela é minha filha? –tinha muito medo da resposta, mas minha voz soou firme.

– Edgar, você quer mesmo saber? Então vamos lá. A Melissa nasceu pouco menos de 9 meses após o nosso último encontro. Mas isso não seria tão importante, se ela não tivesse nascido prematura. Um dos motivos dela ter seus problemas respiratórios é porque nasceu após cerca de 7 meses de gestação. Assim se minha gravidez tivesse durado os 9 meses, ela teria nascido quase 11 meses após o nosso último encontro. Então, Edgar ... Melissa não pode ser sua filha.

– Eu sou o pai da Melissa. Eu cuidei dela, eu a criei. Você não me tirará isso de mim- minha vontade era atacá-la, mas apenas me levantei e gritei com ela.

– Bem, se isso é suficiente para você, que bom. Não quer a segunda parte da resposta? – ela me provocava seu com desdém, Laura tocou em meu ombro e eu me acalmei.

– Continue Catarina ... – Laura falou firme

– Bem , eu demorei para te procurar. Pois um dos possíveis pais da Melissa era um português rico, quando ela nasceu doente, e eu não conseguia mais cantar, ele passou a nos sustentar, aliás de maneira muito mais luxuosa que você. Mas então ele descobriu que eu não era exclusiva dele, e que Melissa poderia não ser sua filha. Ele cortou a ajuda, me vi numa situação onde resolvi te procurar, já que você era um jovem de tão bom coração. Sabia que não me faltaria– como ela era vil, eu queria gritar mais uma vez, mas me contive, não queria dar o sabor da vitória a ela.

– Então é isso, Catarina. Vem pegar o seu dinheiro. Você merece - falei com desprezo

Ela o pegou e saia pela porta, mas Laura foi até ela e a impediu:

– Espera, sei que isso não estava na proposta. Mas acho que merece mais isso. Por mim, por Edgar, por Antônio e por Melissa!- ela falou firme e deu um belo tapa na cara de Catarina.

Ela só nos olhou, me posicionei ao Lado de Laura. Ela que tentasse qualquer coisa contra a minha mulher. Catarina saiu de cabeça baixa e Laura me beijou:

– Finalmente, estamos livre, meu amor!- ela disse contente

Eu ainda fiquei mais um tempo abalado com a revelação sobre Melissa. Mas Laura tinha razão, estávamos livres dela e era isso que importava. Eu tinha Laura para me consolar, para amar e admirar e os meus filhos, Antônio, o novo bebê, e Melissa, que apesar da revelação de Catarina continuava sendo minha filha, pois eu a amava e isso nunca mudaria.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Espero que tenham gostado. Agora pelos meus planos, só falta mais um capítulo para terminar a história. Espero que vocês comentem muito e me animem a escrever um belo final.