Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 42
Confissão


Notas iniciais do capítulo

Meninas muita obrigada pelos comentários.



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Por Edgar

Eu estava jantando com Melissa. Mas não conseguia comer, ou fazer outra coisa. Só lembrava de Laura indo embora, da minha discussão com ela, dos arranhões no braço do meu filho. Afinal o que acontecia naquela casa? Será que havia agido de maneira tão errada? Nunca conseguiria ter paz?

Pensava se conhecia os meus filhos. Para mim nenhum deles seria capaz de machucar o outro de maneira cruel. Mas naquela situação um havia feito isso. Não podia esconder de mim.

Laura fora embora. Mas deveríamos ter resolvido isso juntos e não assim. Ela disse que voltaria e quando ela falava uma coisa, podia acreditar. Entretanto, essa constatação não tirava a sensação de abandono que sentia.

Melissa tinha terminado de comer e falei para ela ir ao seu quarto e dormir. Eu não queria puni-la, mas estava sem cabeça para nada, e disse que não conseguiria contar histórias para ela naquele dia. Provavelmente no dia seguinte, com a cabeça fria nós teríamos uma conversa.

Me sentei desolado no sofá. Não conseguia parar de pensar nos problemas. Eu estava tão feliz na noite anterior, porque tinha que ser assim. Será que Laura tinha razão? Que não conseguiria paz comigo? Não, eu tinha que aprender a lidar com meus filhos, eu iria aprender.

De repente, olhei para frente, e vi Melissa, ela me encarava triste. Não queria que ela ficasse assim, era apenas uma menina e pedi que se sentasse comigo. Tentava disfarçar o meu estado de espírito, mas ela falou:

– Papai, você está triste. Não fica assim.

– Sim, querida, estou triste. São problemas de adulto. Eu vou resolver- falei calmo

– Você está com saudade da D. Laura e do Antônio, não é?- ela era esperta

– Sim, florzinha. Mas não se preocupe – disse tristonho

– A culpa é minha, papai.

– Não, não é, é coisa de adulto, filha.

– Não, a culpa é minha. Eu sou uma menina má.

– Não é – falei tentando consolá-la

– Sou sim, sou igual as irmãs da Cinderela. – aquilo me chamou a atenção e percebi que minha menina estava prestes a chorar – Eu sou má, impliquei com o Antônio. Bati nele. Eu menti. Fui eu que comecei e não ele- não podia acreditar no que ouvia

– Melissa, por que você fez isso? – perguntei assustado enquanto Melissa chorava

– A mamãe disse que você ia começar a gostar dele e não gostaria mais de mim, que você deixaria de me ver, de contar histórias para mim, e que eu tinha que fazer algo para você não gostar dele. Papai, você não pode parar de me ver ... é só você que me conta histórias, que me abraça gostoso, a mamãe não. Eu não podia deixar você ir. – ela chorava desconsolada e eu começava a entender as coisas, o que Melissa fizera era errado, mas ela era uma vítima da Catarina.

– Melissa, escute bem, vou te dizer uma coisa. A sua mãe mentiu. Eu não vou deixar de te ver, ou de amar você- fiz ela olhar bem para mim- O coração é algo incrível, você sabe uma coisa bem grande, muito grande mesmo, pois o coração é maior, maior do que tudo, ele tão grande que não tem fim. Assim, o fato de amar Antônio, não faz eu deixar de amar você. No coração de um pai cabe milhares de filhos. E eu amo você, Melissa. Nunca vou deixa de te amar... – a abracei apertado, e ela pareceu se acalmar – Agora o que você fez foi errado, vai ter pedir desculpas para o Antônio, e não pode fazer mais, tá bom?- falei carinhoso

– Sim, papai, me desculpa.- ela estava arrependida

Levei Melissa até o quarto, a beijei e saí. Pedi que Matilde tomasse conta dela e fui atrás de Laura. Eu precisava pedir desculpas ao meu filho, fui tão injusto com ele, precisava resolver as coisas com Laura. Eles faziam parte da minha família. E minha família não poderia ficar longe de mim essa noite. Eu não permitiria isso. Pensava no ato torpe que Catarina havia feito, usar a própria filha assim. Mas depois eu resolveria as coisas com ela.

Isabel atendeu a porta, mas me deixou sozinho com Laura. Ela sabia que precisávamos conversar:

– Laura, eu não vou fazer mais aquilo. Sempre escutarei os meus dois filhos, prometo. Eu agi de cabeça quente. Pensava que nenhum deles era capaz de algo assim. Mas tinha visto Antônio empurrar a Melissa...- ela me abraçou

– Edgar, que bom ouvir isso. Você tem que aprender, tem que conhecer os seus filhos e saber do que são capazes. Só assim faremos funcionar. – nos beijamos

– Eu sei, meu amor– falei depois do beijo – Agora, não fuja mais assim dos nossos problemas. A gente tem resolver as coisas juntos.

– Eu sei... vou tentar, meu amor – ela falou emocionada

– E o Antônio? Quero pedir desculpas a ele. – disse decidido

– Ele está dormindo, Edgar.

– Eu queria tanto falar com ele!

Comecei a contar o que havia acontecido. E Laura escutou atenta. Ela foi muito compreensiva e disse que realmente parecia coisa da Catarina e não de uma criança. Ela queria dormir essa noite na casa da Isabel por causa do nosso filho. Mas eu insisti. Não ficaria sossegado se ela, e meu filho ficassem longe de mim. Então a convenci a levar Antônio dormindo de volta para casa. Ele tinha um sono pesado mesmo. Não iria acordar.

No dia seguinte, meu filho mal havia acordado, ele estava receoso, mas fui falar com ele:

– Antônio, me desculpe. Eu fui injusto com você. Não devia ter feito aquilo. Mas prometo que sempre te escutarei de agora em diante. Filho, eu errei, mas eu te amo. Você me perdoa?– tinha medo de perder o meu filho, dele não confiar mais em mim, estava muito aflito, então ele sorriu.

– Tá certo, Edgar, perdoo.- o abracei emocionado, e não consegui me segurar, comecei a chorar, Laura nos observava satisfeita.

– Não chora, papai. Meninos não devem chorar- ele falou enquanto acariciava o meu rosto e limpava as minhas lágrimas.

E eu não pude acreditar. Aquele menino doce era o meu filho, ele me perdoara e me chamava de papai pela primeira vez. O que senti era indescritível. A emoção tomou conta de mim e por um tempo não consegui parar as minhas lágrimas.

Depois me recompus, pois Antônio já começava a ficar assustado, falei:

– Filho, você vai entender quando ficar mais velho. É que às vezes ficamos tão felizes que não seguramos as lágrimas. A felicidade é tanta, que não conseguimos nos controlar. E você me deixou tão feliz agora!- Antônio e eu rimos, e percebi que Laura nos olhava encantada.

Depois Melissa também pediu desculpas ao irmão. E a situação ficou melhor. Sabia que Laura ficaria mais atenta a eles, eu também. Mas a verdade era que ambos eram crianças, e isso era muito bom, muitas vezes um pedido de desculpa resolvia tudo e eles acabavam esquecendo os mais graves desentendimentos.

A grande culpada da história não era minha filha, mas resolvi dar um castigo duríssimo a ela. Ela ficaria o resto da semana sem comer doces. Quanto a Catarina, ela que me aguardasse...


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Notas finais do capítulo

Estou na maratona para terminar a história, pelos meus planos só haverá mais dois capítulos após esse.
Espero que tenham gostado desse capítulo, que comentem e recomendem, pois isso me anima a escrever.