Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 34
Seguir em Frente


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários, ele me animaram muito a escrever esse capítulo. Ele é dedicado a todas que comentaram. Espero que gostem.



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Por Edgar

Após eu e Laura arrumarmos uma nova escola para Antônio. Comecei a procurar um colégio menos conservador para Melissa. A madre impôs que Catarina não aparecesse por lá, e Catarina não se importava, enquanto sei o quanto uma situação dessas afetaria Laura (bem, também... ver aquele homem a ofendendo na minha frente me tirou do sério). Mas a verdade é que sabia que minha filha estaria propensa a preconceitos nesse tipo de escola. Não queria que ela passasse pelo o que Antônio havia passado.

Mas era um problema achar um Padre João de saias. A sociedade em que vivíamos não deixava uma mulher ter o tipo de poder que ele tinha. Escolas liberais para meninas eram difíceis de achar. De qualquer forma, eu ia continuar procurando um colégio para minha florzinha.

Havia passado alguns dias desde o último encontro entre Melissa e Antônio, e resolvermos fazer uma nova tentativa. Dessa vez, Laura e eu levamos as crianças ao Jardim Botânico, era uma forma de reavivar a atmosfera do momento em que se conheceram.

E podíamos observá-los de longe. Eles pareciam tão amigos. Tão cúmplices em suas brincadeiras. Foi uma visão do paraíso para mim, meus filhos estavam se entendendo. E isso era mais um passo para resolvermos a situação, em breve, poderíamos contar a eles que eram irmãos. Como eu ansiava por esse momento. Como queria poder chamar Antônio de filho, assim como chamava sua irmã, e quem sabe escutá-lo me chamar de pai.

Certo dia, eu estava em meu escritório, aquela deveria ser uma data especial, mas não estava animado. Pensava em Laura, nesse momento em que vivíamos, até quando ficaríamos assim? Nossas noites de amor quase sem palavras. Nossos dias como pais de Antônio, com poucas demonstrações de afeto. Eu não queria isso, a gente não podia continuar assim.

Eu a amava, e queria tanto ter uma vida normal com ela. Dar uma família de verdade ao nosso filho. Pensar no futuro, mas para isso eu tinha que superar os sentimentos ruins dentro de mim. A gente teria que conversar, mas adiávamos essa conversa.

Laura apareceu de repente, parecia que meus pensamentos a chamaram. Ela se aproximou pensativa, ultimamente eu notara que ela andava assim, pensativa e distraída. Eu queria saber o que a incomodava, mas não conversávamos mais sobre esse tipo de assunto.

– Edgar – ela sorriu e sorri de volta, um sorriso sincero, vê-la me deixava bem.

– Laura ... – ela me encantava, mas tirando isso da cabeça perguntei– O Antônio veio?

– Sim, está com a Matilde. Como combinamos, ele dormirá aqui hoje... Eu queria falar com você por um momento – meu coração ficou acelerado, será que ela falaria da gente? – É para você ... Parabéns! –ela me entregou um envelope, e eu fiquei meio bobo com gesto.

– Obrigado. Você se lembrou – falei enquanto segurava o meu presente

– Como não lembraria, Edgar? Feliz aniversário... – nós ficamos um tempo nos olhando em silêncio, então ela voltou a falar – Não vai abrir?

Sorri e tornei a olhar o envelope. O abri com cuidado, havia uma foto. Laura sentada numa cadeira com um menino no colo, um menino pequeno ... quase um bebê, de cabelos e olhos claros. Reconheci Antônio. Era o meu filho e Laura no tempo que eles viveram longe de mim.

Uma sensação doce foi me contagiando, era uma forma de ver como ele era. Não conseguia recuperar a infância do meu filho, mas era uma maneira de vê-lo em uma etapa da sua vida da qual não participei.Lágrimas começaram a brotar em meus olhos. Eu passei a mão no rosto para contê-las e me voltei para Laura:

– Obrigado. É o melhor presente que poderia ganhar. –ela me olhava emocionada e eu voltei a falar mais animado para aliviar o clima – Uma foto... pelo que me lembro você não gostava de tirar fotos – Laura sorriu um pouco

– Sim, eu não gostava. Eu não gosto. Mas é que fiz para mostrar a você... para você ter uma ideia de como ele era nessa época. Antônio tinha 18 meses. A intenção era tirar uma foto dele sozinho. Mas tivemos certa dificuldade para mantê-lo parado, e o fotógrafo pediu que eu me sentasse com ele.

– Foi melhor assim, é bom ver como você estava naquela época, e também ter uma foto sua, já que não quis tirar uma daquela vez. – falei animado, mas percebi que ela continuava emocionada e começava a chorar.

– Edgar ... eu sempre pensei em te contar sobre o nosso filho, não houve um dia em que não pensasse ... Quando eu descobri que estava grávida ... quando ele nasceu ... e foi crescendo. Mas eram tantos problemas... Achei que estava fazendo o melhor ... Não queria te magoar..

Aquilo atingiu diretamente o meu coração, ela chorava, sofria, e eu não conseguia vê-la assim. Me levantei, toquei em seu rosto para enxugar as lágrimas, depois comecei a beijar sua face, e suas lágrimas, enquanto dizia:

– Eu sei... Não precisa ... – alcancei os seus lábios, e os beijei de forma calma, enquanto sentia o gosto salgado das suas lágrimas até que ela parou de chorar.

Depois nos abraçamos, a confortava. Ela acabou se recuperando e falou mais animada:

– Mas hoje não é dia para tristeza. Não vamos comemorar o seu aniversário?

– Sim, você tem razão – eu havia me animado – Vamos sair. Eu, você e Antônio.

Fomos á confeitaria Colonial e tivemos ótimos momentos. Momentos familiares, carinhosos, e em frente à sociedade. A verdade é que não importávamos com os olhares que lançavam para gente.

Antônio estava animado, mas com o tempo acabou dormindo, sujo de quitutes, é claro. Nós resolvemos ir embora. E enquanto eu o apanhava, Laura foi saindo. Quando olhei para ela novamente, reparei que ela encontrara com alguém difícil, a baronesa. Me aproximei delas. Ela interrogava Laura que tentava fugir das suas perguntas:

– Filha, me diz ao menos, você e Edgar voltaram?

– Não ... mãe

– Mas o que ....

– Dona Constância, nós temos que ir, com licença – falei saindo com Laura e Antônio

Depois disse na rua:

– Escapamos! – eu ri

– É verdade ... – ela parecia aliviada

– Já que o Antônio está dormindo. Quer que eu leve vocês para a casa de Isabel? - perguntei mudando de assunto

– Você quer que a gente vá para a casa de Isabel? –ela me perguntou sugestiva

– Não, quero vocês comigo.

– Hoje é seu a aniversário, você decide. – ela riu

– Então vamos para casa! – falei decidido

Depois de colocarmos Antônio na cama. Laura e eu passamos momentos de amor, carinho e de prazer. E dessa vez, o clima estava mais ameno. As coisas pareciam estar evoluindo, os sentimentos ruins pareciam diminuir de intensidade, enquanto os bons, os que nos uniam, aumentavam seu brilho.

No dia seguinte pela tarde, recebi uma visita que não era tão inesperada, minha sogra apareceu em meu escritório:

– Dona Constância – fui cordial.

– Edgar ... Vim conversar algo sério com você. Eu disse a Laura que não me envolveria. Mas não posso ficar parada depois do que vi ontem. – ela falou direta e autoritária

– Laura tem razão, a senhora não devia se envolver.

– Vocês ficam aí fazendo esse jogo, não contam ao meu neto que você é o pai, mas andam por aí, passeando, se mostrando para a sociedade. Não pensam na ...

– Nós queremos que ele se acostume com a situação.

– Por que Laura e você não voltaram ainda? Não quer dar uma família de verdade ao filho de vocês?

– Isso diz respeito a Laura e a mim! – falei me irritando

– Não, Edgar. Não é simples assim! Você deve estar magoado, Laura escondeu o menino. Mas pense no que está fazendo, isso afeta o seu filho também. Tente entender Laura, a situação que ela estava passando quando decidiu não te contar sobre Antônio. Você não estava com ela quando ela perdeu o primeiro bebê. Você não sabe o que ela sofreu enquanto você estava em Portugal com sua amante e filha bastarda. O que a falta de notícias fez a ela, a pressão a sua volta. Ela de cama lutando para manter o bebê de vocês sem seu apoio. O que devia ser um momento feliz, se tornou de angústia. E quando ela perdeu a criança ... o quanto isso a devastou. Você não sabe... você não estava aqui. Então tente entender o que ela estava passando quando ela decidiu esconder meu neto de você. Não concordo com as ações de Laura. Mas eu conheço a minha filha, ela ainda tinha uma de ferida aberta em seu peito, ela estava com medo, e achou que estava tomando a melhor decisão.

– Baronesa ... Eu se... –ela não me deixou continuar

– Tente superar o que sente. Se você ama Laura, e seu filho ... Compreenda e siga em frente. Vocês são uma família.

– Eu sei! Agora se a senhora não se incomodar, eu preciso trabalhar.

D. Constância foi embora, eu havia sido ríspido com ela e me irritara com sua intromissão. Mas tinha que admitir, ela tinha razão. Olhava a foto que ganhara no dia anterior. Eu amava Laura, eu amava Antônio. Minha relação com Laura estava complicada, mas eu queria e sabia que o certo era formar uma família de verdade com ela. A mágoa ainda existia em meu peito, e eu precisava superar, precisava evoluir ... Tinha que fazer algo para mudar essa situação. Agir de alguma forma. Tinha que abrir o caminho para perdoar Laura. Talvez se ...


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Será que veremos, Laura e Edgar juntos de verdade logo?
Espero que tenham gostado. Então comentem para me animar a escrever mais nessa páscoa, já que é uma data mais difícil de escrever para mim.