Eu corria pelos corredores longos da escola, parecia flutuar, meus olhos ardiam, eu tremia de frio. Olho para trás, paro e avisto uma luz lá no fundo, cerro os olhos e a luz chegava cada vez mais perto de mim. A imensidão branca vai criando forma caminhando devagar em minha direção, um corpo brilhante, asas batia fortemente. Era um anjo! Caio levemente para trás e volto para o mundo real, tudo não passava de um sonho… Acordo com minha mãe me chamando.

— Gabi? Filha acorda! — ela fala sentada do meu lado.

— Oi? O que aconteceu? — não sabia bem o que tava acontecendo, aquele sonho parecia real.

— Você tava gritando, deve ser um pesadelo então achei melhor te acordar.

— Mãe, foi aquele sonho de novo, aquele do anjo. — digo nervosa.

— Calma, volta a dormir. Sonhos não são reais, são apenas sonhos. — ela beija em minha testa, apaga a luz e volta pro seu quarto.

Aquele sonho me deixou curiosa e pensativa, eu tive aquele sonho cinco vezes seguidas aos meus sete anos, sempre do mesmo jeito, da mesma forma.

Depois de tudo aquilo eu não consegui dormir de novo, nem queria ir pra escola, mas eu tinha um trabalho entregar. O jeito era enfrentar Daniel novamente. Resolvi não ir atrás de saber da vida dele, esperei as coisas acontecerem naturalmente.

Eu abri a porta da sala de aula e Daniel me puxa pelo braço e me beija, parecíamos que era um casal de namorados que não se viam a meses. Parecia um beijo de perdão pelo o que havia acontecido no dia anterior.

— Daniel, para! A gente precisa conversar. — eu interrompo o beijo.

— Eu sei. — ele abaixa a cabeça. — Me contaram o que tinha acontecido, eu nem lembrava…

— Contaram o que? E quem contou? Seu pai chegou aqui quase me engolindo viva.

— A Luiza ligou pra mim e contou tudo. — ele acaricia o meu rosto.

— Graças a ela eu consegui me livrar de você. Fiquei com medo de ti.

— Gabi… — ele pausa pra pensar. — Eu tava drogado, eu to com milhares de problemas em casa. A única pessoa que eu sei que ta do meu lado é você. Não desiste de mim, por favor. — e uma lágrima cai sob o seu rosto.

— Eu não vou te abandonar não Dani! — eu o beijo. O meu professor saiu da sala e fala:

— Vão ficar namorando ai ou vão estudar? — era o professor Geórge, não era permitido namorar no colégio, mas como ele gostava de mim não contou nada pra direção. Daniel se despede de mim com um toque de mão e eu entro na sala.

Perto de acabar a primeira aula o diretor Renato interrompe.

— Boa tarde! Bem… Hoje vai entrar um novo aluno aqui na School Fenix. Ele veio de San Francisco, na California. Trate-o bem, o nome dele é Vítor Becker. — meu coração dispara sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Ele entra na sala discretamente. Sim, era Vítor! Ele vem em minha direção.

— Gabi! — ele me puxa pra um abraço.

— Vítor? O que você ta fazendo aqui? — a ficha não havia caído ainda que era ele que tava ali.

— Então, eu já tava querendo voltar pra cá mesmo, daí me apareceu você e a vontade ficou ainda maior. Eu pesquisei sobre você e achei a escola que tu estuda e resolvi me matricular aqui também. — ele dá um sorriso.

— Ah droga! — falo baixo sem ele ouvir. Não queria que nada atrapalhasse eu e Daniel naquele momento.