Inversamente Opostos escrita por IsaDoraBMS


Capítulo 9
Unhas Sujas e o Lado Real do Meu Medo


Notas iniciais do capítulo

Não gostei muito do que saiu mas foi o que deu pra fazer no tempo :/



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 Eu levantei de manhã, e fui até um tipo de salão, com uma mesa de madeira talhada com desenhos de guerra e cadeiras altas com estofado macio e as costas entalhadas com os mesmos desenhos. Era a única coisa que tinha nesse salão, cada um parecia saber seu lugar, então Alec e eu sobramos, até duas garotas, que não pareciam ter mais de quinze anos, nos levaram aos nossos lugares. Mas mesmo depois que todos já estavam sentados, o lugar continuou vazio.

 Eu fiquei ao lado de Mel, mas todos conversavam alegremente com ela e pareciam simplesmente me ignorar, como se eu não estivesse ali. Ou como se não fosse muito estranho nós sermos idênticas.

 Ovos mexidos, fritos, ou cozidos. Bacon, cereais, leite, derivados, todo tipo de frutas. Era até difícil acreditar que pudessem ter encontrado uma variedade tão grande de comida naquela ilha isolada.

 Depois que a mesa estava praticamente vazia, Tomas me chamou para voltar ao jardim. Eu olhei para Mel, se ela iria ter alguma reação, mas ela conversava animadamente com uma garota realmente familiar.

 Eu me levantei, mas antes de seguir pelo já conhecido caminho, pude ver uma carranca no rosto de Alec, ele tentou disfarçar com um sorriso forçado, mas não me enganou. Eu realmente não queria que ele criasse expectativas em relação à ‘’nós’’ por que eu não conseguia vê-lo como mais que um amigo. Então devolvi um sorriso forçado e segui discretamente, atrás de Tomas.

 Ele precisou de ajuda para abrir a porta, realmente não era muito forte. Acho que à noite devia ter chovido, pois a grama estava levemente mais verde.

 - É estranho como Mel tem se tornado sociável. – falou enquanto procurava as sementes de girassol – ela sempre foi mais quieta, procurava passar a maior parte do tempo com os antigos amigos, mas não era boa para fazer novos.

 - Eu sou assim. – falei – Mas já fui sociável. É como se nossas personalidades estivessem trocadas. – ri.

 Mas ele continuou sério, como se estivesse pensando no assunto.

 - Não… – sussurrou – Isso não faz nenhum sentido, melhor voltar às flores. Do que você gosta? – perguntou.

 - Rosas vermelhas são minhas preferidas, mas tive uma faze em que era encantada por copos de leite, tinha uma parte do jardim de casa apenas dedicada aos meus copos de leite.

 - Antigamente, Mel também era louca por rosas. – falou – Acredite em mim, se eu perguntar para ela suas flores preferidas e ela disser ‘’copo de leite’’ eu caio duro.

 - Triangulo das bermudas. – falei.

 - O quê? – ele perguntou franzindo as sobrancelhas.

 - No mundo todo acreditam em um lugar chamado Triangulo das bermudas, um ponto específico no oceano em que aconteceram coisas que ninguém conseguiu explicar.

 - Que tipo de coisas?

 - Desaparecimentos misteriosos principalmente, mas nada impede que tenha acontecido uma troca de corpos ou algo assim. – nesse ponto eu fazia uma cara macabra, e estava dando certo.

 - Já falei que tenho medo de fantasmas? – perguntou ele.

 - Fique tranquilo. – falei rindo – o triangulo das bermudas fica na América Central, a quantidade de gasolina não dava nem mesmo para chegar ao México.

 - Ah, ok. – falou e eu continuei rindo, era bastante fácil assusta-lo – Flores. Não se esqueça das flores. Vou pegar suas rosas.

 Ele voltou com botões daquela mesma rosa viva, sustentada pela água da janela.

 - Não acredite em tudo que eu digo. – falei – E fantasmas não existem.

 - Por que não? Você mente muito? – perguntou com um tipo de sorriso travesso no rosto – E eu tenho um trauma de infância, por isso acredito em fantasmas.

 - Não, não gosto de mentiras, mas só falei sobre o Triangulo das bermudas para te assustar, eu não acredito que nenhum daqueles desaparecimentos foi por causas sobrenaturais. – respondi – O que te aconteceu? Colocaram um lençol na cabeça e saíram correndo atrás de você? – ri.

 - Se não foi por causas sobrenaturais como ninguém descobriu os motivos? E não, não foi um lençol, eu me lembro de como foi perfeitamente, eu fui abrir a porta e um balde de água fria caiu na minha cabeça. Não tinha ninguém segurando, ele simplesmente caiu. O que tem a dizer?

 - Velho truque. – respondi – se quiser te mostro como fazê-lo, depois. Usamos muito isso para dar banhos frios nas pessoas, nada de fantasmas, apenas lógica.

 - Duvido, foi muito real para mim. – falou.

 - Então vamos lá, eu aposto com você que consigo fazer seu ‘’fantasma’’ reaparecer.

 - Aposta o que? Talvez, se eu ganhar você possa passar a tarde caçando comigo. – estendeu a mão e eu apertei.

 - Feito.

 O trabalho no jardim não havia rendido muito, mas havia terra embaixo das minhas unhas então eu poderia dizer ‘’olhe, eu tenho habilidade com jardinagem’’ ou talvez ‘’me chupa, eu conheço a porta do jardim e você não’’ ou talvez lavar as mãos e ficar calada.

 Chegamos á porta do meu quarto, eu pedi para que ele esperasse de fora, deixei a porta um pouco aberta e coloquei uma caixa redonda que achei em cima da porta.

 - Entra. – ele abriu a porta e como o esperado a caixa caiu e se encaixou perfeitamente na sua cabeça.

 - Como você fez isso? – eu mostrei o antigo truque que todos já devem ter usado um dia e ele pareceu decepcionado – Quer dizer que você não vai caçar comigo?

 - Eu não vou ter o que fazer a tarde toda então adoraria ir com você. – falei e um enorme sorriso se abriu em seu rosto.

 - Tudo bem, às três eu passo aqui, você precisa de uma armadura, sabe empunhar uma espada?

 - Um pouco. Quando era menor, fiz um pouco de esgrima.

 - Já serve, até mais tarde.

-

 - Isso é mesmo necessário? – eram três horas da tarde, eu estava em um tipo de sala de armas ou algo assim. Tomas ajustava a parte de cima de uma armadura em mim.

 - Segurança em primeiro lugar. – respondeu e me entregou um arco e uma aljava de flechas – Tente.

 Eu ri, mas ele falava sério, peguei uma e posicionei no arco. Eu era péssima, mirei em um alvo na parede e acertei em um boneco de testes 20 metros à direita que escorreu areia.

 Ele me tirou o arco e entregou uma espada.

 - Me mostre o que sabe. – falou e empunhou outra.

 Eu o ataquei como aprendi nas minhas aulas de esgrima, a diferença era que eu treinava com florete, e aqui eu segurava uma espada de metal de fio duplo. Ele defendia facilmente, afinal era provável que tivesse anos de treinamento, mas a gota d’água foi um bocejo. Finalmente consegui acertar seu braço esquerdo com a lâmina.

 - Bom. – falou – Fique sempre atrás de mim.

 Seguimos para a floresta, a mesma que ele havia atirado naquele leão, então imaginei que tivessem outros por lá.

 E não demorou muito para que o primeiro aparecesse. Um barulho de passos à nossa esquerda, ele atirou uma flecha, mas era apenas um esquilo.

 Andando um pouco mais, o caminho estava silencioso.

 - Espera um pouco. – falou e seguiu pela direita.

 Já deviam ter passado cinco minutos e ele não havia voltado. Tudo aconteceu muito rápido, eu ouvi o rugido, me virei e dei de cara com o leão, para variar. Ele pulou em cima de mim mostrando as presas, de uma coisa eu tinha certeza, aquilo não era um sorriso de felicidade por me ver. Por instinto, minha espada foi direto para sua barriga, mas ele ainda teve tempo de cravar uma de suas garras no meu ombro direito. A última coisa que me lembrava era de um leão em cima de mim, a lâmina da espada passando por suas costas, um grito de horror de Tomas e sangue, muito sangue, o que me levou à desmaiar.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto de reviews, tá? u.u