A Clarividente escrita por Yuka


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é importante. Ele é um pouco menos que os outros, mas resolvi postar ele assim mesmo, com menos informações, mas vou postar; porque esse final de semana não terei tempo pra escrever e postar. Provavelmente só semana que vem agora. De qualquer modo, já postei aqui tudo o que eu já tinha escrito. A partir de agora os capítulos devem demorar um pouco mais, pois ainda preciso escrever.

É muito importante. Espero que gostem!



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            Logo pela manhã, Zahra se preparava para mais aulas com Nirina. Essas aulas seriam mais intensivas, e a aprendiz provavelmente cansaria mais. Vestiu sua túnica roxa de clarividente e saiu de seus aposentos, seguindo para o quarto da aprendiz. Preparava as próximas lições mentalmente e, quando se aproximou do quarto, ouviu pedaços de gelo sendo quebrados.

            Ao abrir a porta repentinamente, curiosa, Nirina estava completamente rodeada por inúmeros estilhaços de gelo. Se ela pudesse contar, diria que eram, no mínimo, quinze. Eles circulavam o corpo de Nirina a seu comando e, assim que ela viu Zahra abrir a porta, sorriu, sem deixar os gelos saírem de seu controle. Quando viu que era hora da aula começar, desejou que o gelo voltasse ao estado líquido e ordenou que a água voasse através da janela.

            — Vejo que as aulas com Selene tem dado um bom resultado — sorriu Zahra, fechando a porta atrás de si. — Como tem passado? Está nervosa? Estamos nos metendo em uma confusão realmente grande.

            — Estou bem, mestra — respondeu, convicta. — Eu vou vingar a morte de Aiko e de todas as pessoas que esse Rezon já conseguiu matar.

            Zahra viu uma grande ferocidade no olhar de Nirina. Se ela sentia ódio por alguém, com certeza era Rezon.

            — Ótimo. Vamos trabalhar para isso e expulsar esse mago negro do nosso país.

            Nirina sorriu e então se distraiu quando ouviu batidas à porta. Ela e Zahra se entreolharam, e quem abriu a porta foi Nirina. Ao contemplar a visita, sorriu com desagrado.

            — Martin. O que o traz aqui? Estou prestes a começar minhas aulas com Zahra.

            — Nirina — ele começou, usando o mesmo tom irritante de sempre. — Por favor, deixe-me entrar. Preciso conversar com você e sua mestra, por isso vim.

            Ela ergueu uma sobrancelha, desconfiada. Desde que havia chegado, Martin nunca havia falado daquele jeito. Ele devia ter um bom motivo.

            — Certo. Entre, Martin.

            Assim que Nirina deu espaço, o mago de água entrou. Saudou Zahra, que o cumprimentou formalmente, e então ele ficou sério.

            — Eu preciso contar algo a vocês.

            Ambas ficaram em silêncio, olhando para Martin.

            — Noite passada... Noite passada, Reno veio falar comigo. Ele disse que alguém me esperava na biblioteca — começou, mantendo a voz firme. — Perguntei do que se tratava e ele disse “Eu não sei. Suriel me passou o recado de alguém que quer te encontrar e eu estou entregando, como ela não pode entrar na Corte”. Então, depois... Uma carta chegou a mim. Uma carta em que seu autor me convidava a ir à biblioteca. Provavelmente quem queria falar comigo. Eu nunca havia ouvido falar em seu nome.

            Nirina e Zahra se olharam. A preocupação em seus rostos era evidente, e Martin continuava falando, imparcial. Inabalável.

            — Seu nome era Rezon.

            As clarividentes suspiraram. Queriam se manifestar de alguma forma, mas esperariam Martin ir embora antes. O coração de Nirina batia depressa, recusando-se a acalmar o ritmo.

            — Eu senti que devia ir para descobrir. Foi ele. Ele é o culpado pelos assassinatos com magia negra dessa cidade, os assassinatos estranhos que vem acontecendo. Eu preciso contar isso a vocês, eu tenho meus motivos, não me perguntem quais são. Ele queria que eu fosse seu aliado. Queria que eu fosse o responsável por levar as novas vítimas a cada três dias. Ele me disse que não leria minha mente no primeiro dia, que era algo que ele firmava no acordo com novos aliados.

            — O que você fez? — perguntou Zahra.

            — Eu disse a ele que aceitava com uma condição.

            — Que era...?

            — Que eu queria sete dias até levar a próxima vítima. É claro, eu não tenho a menor intenção de voltar lá, muito menos de levar a ele novas vítimas. É por isso... Era por querer contar a vocês que eu pedi mais tempo. Vocês precisam agir, rápido. Não acredito que haja mais tempo que isso. Em mais de sete dias ele requisitará suas vítimas. E eu não posso voltar lá antes de sete dias, ou ele lerá a minha mente e saberá que eu as contei. Vocês acreditam em mim?

            Elas ficaram em silêncio por um tempo, então assentiram.

            — Confiamos, Martin — disse Nirina. — Sabemos que sua história é verdade. Só não sei porque você está nos ajudando.

            — Ajudando? Eu não estou ajudando vocês — disse Martin, ríspido como sempre. — Eu tenho meus próprios motivos pra fazer isso. De qualquer modo, se desejarem, podem ler minha mente. Não me importo.

            — Não é necessário — disse Zahra. — Nós sabemos que sua história é verdade. Nós estamos mais a par da situação do que você imagina. E já estamos tomando algumas providências.

            — Ah — um sorriso iluminou o rosto de Martin, um sorriso sincero de alívio, que Nirina jamais havia visto. — Tem mais uma coisa. Pensando em como vocês poderiam ajudar, eu perguntei a ele se ele tinha planos de sair da biblioteca. Ele respondeu “Não. Apenas uma pessoa da Corte sabe do meu paradeiro, mas eu não tenho intenção de me mudar”. Acho que ele falava a verdade.

            — Essa é uma grande confissão, Martin. Se me pedissem pra apostar, eu diria que você concordaria com Rezon — admitiu Nirina.

            — Por que eu faria isso? — disse ele, afinando os olhos. — Eu ainda tenho meu orgulho. Acha que eu me aliaria a um mago negro, só porque ele é poderoso e me prometeu poder? Eu não confio em ninguém. Além disso, eu não gosto da morte, ela não é divertida. Sei que não estou na lista das suas pessoas preferidas, Nirina, mas reveja seus conceitos sobre mim, sei que você é boa nisso.

            — Não posso evitar — respondeu, cruzando os braços, bufando —, já que tivemos um péssimo começo de relacionamento.

            — É — ele prosseguiu. — E não espere melhoras de minha parte.

            — Muito menos da minha.

            Enquanto ele contava sobre Rezon, parecia ter mudado. Agora, parecia que havia voltado a ser o Martin de sempre.

            — Era o que eu tinha para falar. Se não agirem em menos de sete dias, esperem meu corpo jogado pelas ruas nos dias a seguir. Arrisquei minha vida para que vocês possam derrotá-lo. Não me arrependerei se me deixarem morrer, mas queria que fizessem algo.

            Dizendo isso, deu a elas as costas e começou a andar. Antes de abrir a porta, virou-se, como se lembrasse de algo, e disse:

            — Por falar nisso... Dentro de alguns dias, vou tentar conseguir uma nova informação pra vocês e uma nova evidência. Não tenho certeza, por isso não direi nada ainda. Mas devo falar com vocês novamente em pouco tempo. E tem outra coisa: desconfiem de Reno.

            Nirina sentiu o coração acelerar e Zahra não pode esconder a expressão de surpresa. Elas já desconfiavam de Reno, mas agora tinham um motivo ainda maior.

            — Por que, Martin?

            — Talvez você não acredite em mim, Nirina — ele disse, sendo sensato. — Você sabe que eu sempre tive problemas com Reno e pode achar que eu estou querendo envolver ele. Mas sabe que eu não teria motivos pra fazer isso, visto que vocês são duas clarividentes. E é praticamente impossível de se mentir para clarividentes. Ele veio falar comigo, como já mencionei. Ele disse que alguém estaria me esperando na biblioteca na noite anterior. Quando o questionei, ele disse “Eu sou só o parceiro da bibliotecária, portanto, ela apenas me pediu para te avisar”. Já tinha achado estranho, até que... Naquela carta chegou a minhas mãos, não vou dar detalhes a vocês por enquanto; a carta não era endereçada a mim, mas falava sobre mim e tinha uma parte especialmente suspeita. Dizia... “Um de meus aliados é o responsável por entrar em contato com possíveis candidatos”. Essa pessoa que me entregou a carta não pode ser. Em breve lhes direi quem é — Martin fechou e apertou os olhos, indeciso — Mas só pode ser Reno.

            Nirina e Zahra ficaram em silêncio, sem saber direito o que dizer diante de tantas revelações.

            — Bom, por enquanto é só — disse ele. — Espero que estejam preparadas para ver essa nova evidência que trarei.

            Inclinou a cabeça de modo cortês, como um movimento de despedida, abriu a porta e se foi. Olhou para o céu, tentando, a todo custo, parar de pensar em Naama, mas não conseguia. “Espere, Naama...”

            Dentro da sala, Nirina e Zahra se entreolharam.

            — Isso me fez pensar em várias coisas ao mesmo tempo — disse Zahra. — Sabemos que Martin está falando a verdade porque já sabemos de Rezon. Então, é lógico, Nirina!

            Nirina olhou espantada para a mestra, sem reação. Ela mal sabia o que pensar.

            — Lembra-se da espada de Reno em sua visão? A relação com a morte de Aiko... Sven e Rezon eram relacionados, Sven foi morto por Rezon por alguma noção que desconhecemos. Como o Rezon é um mago negro, foi por isso que podemos sentir a presença no corpo do mestre. Aiko provavelmente foi morto porque... — ela levou a mão ao queixo, tentando encaixar as peças. — Ele fez algo que não devia ter feito. E Reno foi responsável por tomar conta disso...

            — Sim... — disse Nirina, quase para si mesma, pensando. — Provavelmente foi isso que aconteceu. Eu só li os pensamentos superficiais de Aiko, se eu tivesse ido mais fundo, provavelmente teria descoberto o que ele fez.

            — Mas você fez bem em não ir. Você ainda não tem total controle da técnica, como eu disse. Mas vamos dar um jeito nisso e hoje mesmo você vai aprender e aprimorar o uso de ataques mentais. Vamos supor que tenhamos que agir em sete dias. Até lá você precisa estar ciente de tudo o que pode fazer.

            — Pode deixar — ela disse, depois pensou em algo: — Lembra que os pensamentos de Aiko sempre tinham a ver com magia negra? Mas eu não cheguei a ver Rezon, provavelmente porque o Aiko nunca viu o Rezon. Será que ele ficou sabendo de alguma coisa, e Sven começou a ameaçá-lo? Porque poucos dias depois de falar com Aiko, ele já não era mais a mesma pessoa. Andava com medo, assustado; e um dia vi os dois conversando. Ele estava extremamente alterado, não era mais o mesmo aprendiz que eu conheci.

            — Nirina, existe algo que precisamos fazer. Amanhã você irá novamente até a cidade e vai conversar com Riana. Troque suas túnicas de clarividente pois andará na cidade sem mim, provavelmente Kevin lhe acompanhará. Riana conhece Ian, não conhece?

            — Sim... Ele a ensinou magia negra.

            — Vá até a casa de Riana e peça para que ela te leve até Ian. Ian precisa saber disso, não podemos deixar Martin à mercê do Rezon. Ele arriscou a própria vida pra nos ajudar, seja qual for o objetivo dele. Por mais que você não goste dele...

            — Eu sei. Não o deixaria morrer, ainda mais pra alguém por quem tenho tanto ódio. Está certo — respondeu a aprendiz. — É um bom plano. Vou até Riana e pedirei para que ela me leve até Ian, então direi a ele que precisamos agir em no máximo sete dias.

            — Muito bem. Agora, vamos tratar de iniciar as aulas?

            — Sim! — disse Nirina, animada.


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