Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 34
Parte XXXIII


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo. CHOREM! (ou não)
Enfim... Eu vou tentar ao máximo terminar a fanfic antes da segunda feira. Se eu não conseguir, provavelmente terça eu irei postar. Se não for terça, sexta ou AAAH! Algum dia.

Boa leitura. :)



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Sófia

Alexis foi encaminhado para Sófia, na Bulgária, para que responda que foi para a Alemanha, ser um soldado em nome da Bulgária. E ele com certeza foi aceito. Agora sim, ele poderia voltar para Belgrado.

Assim que pisou na antiga estação de trem, logo tentou reconhece-la. Era bem familiar, mas não pensou nisso, exatamente. 

Enquanto esperava o trem chegar, ele acompanhava as outras pessoas, olhando para os trilhos. Ele suspirou, sabendo que era inútil fazer aquilo; não iria fazer o trem chegar mais rápido. 

De uma forma estranha, quando olhou para o lado, viu uma imagem de um garotinho de seis anos , com o seu irmão mais novo apertando a sua mão. Esses garotos estavam acompanhados de uma senhora visinha. Aquela cena intrigou Alexis, que tentou ver mais de perto aquela situação. 

O fluxo de gente chegou e Alexis não via mais os garotinhos e nem a senhora. Aquilo tinha sido uma ilusão, parece... Ou alguma coisa do tipo. Alexis balançou a cabeça pros lados. 

- Acho que essa guerra me fez ficar maluco. - Ele comentou baixinho para si mesmo.

O trem chegou, e aquele trem velho também era familiar. Ele não mudara nada, e quando Alexis tinha entrado nele pela primeira vez, ele era recém fabricado. Mas ao entrar, sentou-se no sofá de uma cabine. Já como estava muito cansado, apoiou a cabeça no vidro da janela e ficou vendo o fluxo de gente naquela manhã. 

Ah, ele tinha se esquecido completamente como se falava o búlgaro. Mas como sabia desenrolar algumas palavras conhecidas, conseguiu se virar naquela cidade. 

Virou a sua cabeça para o lado oposto, observando através da janela da cabine, conseguindo ver a outra que estava na frente da mesma em que estava. Via dois meninos, sozinhos, e o mais velho cobrindo o corpo do irmão mais novo com o casaco. 

- Mas está muito frio... - Ele falou para si mesmo. Aquele garotinho tinha coragem de tirar o seu próprio casaco para aquecer o irmão mais novo. 

Provavelmente, Alexis estava se lembrando das coisas, e o que o motivou a voltar para sua casa vivo. Ele virou a cabeça para frente de novo, ainda encostado no vidro da janela, e suspirou. 

Em menos de dez minutos após a partida do trem, Alexis já estava dormindo.

--

Alexis acordou, e ficou bastante surpreso quando viu Maxis ao seu lado. Isso o fez se assustar e ficar trêmulo. 

Maxis aparentava ser da mesma idade que Alexis, vinte e nove anos. E eles eram bem parecidos, apesar dos olhos serem diferentes. Maxis o olhava, com um olhar orgulhoso. E Alexis não estava conseguindo entender. 

- Quem é você? - Perguntou logo de imediato. 

Maxis sorriu. 

- Sou o seu pai. 

Alexis se ajeitou no sofá, observando-o mais de perto.

- Maxis?

Maxis assentiu. Alexis piscou algumas vezes, e depois revirando o olhar para o chão.

- Estou sonhando... - Ele falou baixinho para si mesmo.

Maxis assentiu novamente. 

- Sim, você está.

Alexis voltou o seu olhar para o pai, suspirando.

- Você é só uma ilusão minha...

Maxis fez que não.

- Não... Sou muito mais do que isso. 

Alexis mordeu os lábios, aquilo tudo era uma grande loucura. Mas mesmo assim, voltava sempre o seu olhar para o seu pai, logo falando:

- Me desculpe... Eu realmente sempre fui muito infantil em relação a você... Porque eu sempre te odiei e...

Maxis o interrompeu.

- Você tem todo o direito de me odiar, Alexis. Afinal, eu os abandonei. A você e ao seu irmão.

Alexis piscou os olhos novamente.

- Por que te mataram?

Maxis revirou os olhos, tentando achar alguma resposta para aquela pergunta. Voltou o olhar para o filho.

- Porque era preciso...

O filho não entendia o porque de ele ter sido morto assim tão de repente. Só porque ele era comunista? E foi por isso que ele teve que ser morto? Simplesmente não entendia, mas não queria prolongar o assunto.

- Desculpe-me... Ainda vejo Wagner como o meu pai... 

Maxis alongou o sorriso.

- Era isso que eu queria ouvir.

Alexis olhou tímidamente para os olhos do pai, engoliu em seco.

- Desculpe-me... Mesmo... 

Maxis mordeu os lábios, aproximando-se do filho.

- Você se desculpa demais... Parece sua mãe.

Alexis ergueu os olhos. Inevitávelmente, abraçou a visão do seu pai biológico.

- Desculpe-me, pai...

Sentiu algo muito real quando teve o abraço retribuido. 

- Eu sempre vou estar com você, filho... Só quero que nunca me esqueça, tudo bem?

Eles se separaram, e Alexis nada respondeu. Maxis continuou falando.

- Eu adoraria ter conhecido Vencelau... - Mordeu os lábios. 

E Alexis não conseguia responder mais. 

E depois de alguns segundos, acordou. Agora, não estava vendo ninguém ao seu lado, ninguém mesmo. Suspirou, estava realmente ficando maluco.

Voltando à rotina

Scepan e Janez tinham recebido os cuidados médicos necessários antes de estarem agora num trem indo para Belgrado, junto com Ludwig. Scepan se encontrava ainda inconformado. Olga tinha morrido em seus braços e isso o deixava aflito.

Aliás, ele se sentia um idiota por ter deixado aquilo acontecer. Se não fosse por ele, ela poderia estar viva, ao lado dele. Como foi idiota! Por que ele teve que passar pelos soldados alemães para que chegue a Olga? Por que ele não a ajudou antes? 

Era por causa disso que ele estava de cabeça baixa, olhando para o chão da cabine de trem; algumas vezes olhando para o teto, para que contenha as lágrimas. Depois, voltava o seu olhar para o chão. 

Ludwig, vendo aquele transtorno mental do rapaz, decidiu perguntar:

 - Por que está triste?

Scepan olhou para Ludwig, numa olhadela rápida, mas não respondeu. Ludwig tentou sussurrar para Janez o que teria acontecido.

- Eu não entendo... - Sussurrou Ludwig. - Ele está livre; então por que ele está triste?

Janez suspirou, decidindo contar.

- Sabe a administradora do campo? - Sussurrou.

Ludwig assentiu.

- Olga Haag? Eu a conheço. Foi minha colega de sala na Juventude Hitlerista, por que?

- Ela se apaixonou pelo Scepan... E se sacrificou para salvá-lo. 

Ludwig ergueu as sobrancelhas, incrédulo. Mas Olga Haag era uma das Hitleristas mais fiéis que já vira. Como assim se apaixonou por um judeu? 

Mas Ludwig decidiu não perguntar mais sobre isso. Simplesmente seguiu a trilha. Logo chegariam em Belgrado.

Cruz Vermelha

Vencelau e Andrija tinham ido até a casa dos pais dele para que possam falar sobre o que aconteceu. E é claro que Wagner e Emilie ficaram contentes e incrédulos. Emilie chegou a abraçar Andrija de felicidade. Logo, eles se sentaram e começaram a falar sobre o que acontecia nos campos, e o que tinha acontecido com ela.

- Espero que os meus pais e Janez estejam bem... - Ela abaixou a cabeça e suspirou. 

Wagner suspirou também, olhando para o chão. Não sabia ao certo. Não recebia notícias de Franz desde a captura. Estava certo de que o "pai" dos Krleza não sobreviveu. 

Emilie continuou a conversa. 

- Elizabeta não estava com você?

Andrija fez que não, com um olhar tristonho.

- Não... - Lágrimas se juntavam nos olhos da judia. - A Eliza nunca mais vai voltar, Emilie... 

Emilie a olhou com tristeza, entendendo o que se passava.

- Oh... Desculpe-me, Andrija... - Ela pôs a mão no ombro da mais jovem.

Andrija assentiu. 

- Mas eu mal posso esperar para me reencontrar com os meus pais e com Janez. 

Vencelau ouvia aquela conversa, e estava contente por ela estar de volta. Mas estava preocupado com a família dela também. 

--

Após alguns dias, Andrija ainda estava na casa de Vencelau, e tinha que admitir que nunca se sentira tão bem. Estava liberta das mãos dos nazistas e estava com aquele quem ela ama. Imaginava como seria quando ele pedisse a mão dela em casamento. Seria um sonho antigo se realizando. 

Mas depois de duas semanas estando alí. Ela recebeu uma notícia da Cruz Vermelha. 

- Andrija... Acho que tem alguém querendo falar com você. - Falou Vencelau, que tinha acabado de voltar da portaria. 

Andrija ergueu as sobrancelhas e levantou-se do sofá. Pela expressão de Vencelau, não era coisa boa, por isso ficou nervosa. 

Após irem até a portaria, um agente da Cruz Vermelha estava esperando-os na escada do prédio. Isso fez com que Andrija ficasse ainda mais nervosa. 

- O que... - Ela falou, olhando para Vencelau. 

Ele apenas suspirou. Depois disso, foram até a escada, receber o agente, que os olhava com uma expressão triste.

- Você é Andrija Krleza? 

- Sim, sou eu...

O agente revirou os olhos algumas vezes.

- Recebemos a informação de que... Infelizmente o seu pai, Franz Krleza, morreu em Auschwitz, na câmara de gás. 

Aquela notícia fez com que o olhar de Andrija se tornasse incrédulo. Vencelau fechou os olhos e olhou para baixo, passando as mãos pelos olhos. Aquilo fez com que o agente não quisesse completar a notícia, mas era o trabalho dele:

- E de que sua mãe... Evelyn Krleza... Morreu em Ravensbröck, de exaustão.

Andrija abaixou a cabeça e pôs as mãos no rosto, mais uma vez chorava. Mas baixinho... Dessa vez, devia ser forte. O que ela mais temia se tornou realidade. 

- Tem alguma notícia do meu irmão... Janez Krleza? - Ela perguntou, aos soluços.

O agente fez que não.

- Ainda não, senhorita... Mas quando nós o acharmos, vamos te dizer, está bem? 

Andrija tirou as mãos do rosto, e com os olhos ainda fechados, assentiu para ele. 

- Me desculpe... - Ele mordeu os lábios. - Com licença... Tenham um bom dia...

Vencelau suspirou, com tristeza.

- O senhor também... - Respondeu para ele. 

Sendo assim, o agente retribuiu com um aceno com a cabeça e saiu. 

Andrija estava incrédula e desamparada, não queria acreditar que era verdade. Os seus pais... mortos. Nunca mais veria os seus pais novamente. Lembrou-se deles, de todos os momentos que passou com eles. 

E tudo aquilo se fora.

- Por que isso aconteceu? - Perguntou para si mesma.

Vencelau a virou, fazendo-a ficar de frente a ele. Logo depois, segurou o rosto dela, com um olhar de pena.

- Andrija... Eu sei que dói, mas... Não se preocupe... Eles estão bem aonde estão. 

Andrija sabia que Vencelau não era bom em consolo, por isso logo o abraçou forte. Ele retribuiu. Após alguns segundos abraçados, eles se beijaram. 

Por uma noite inteira, Andrija não conseguiu dormir, chorava como nunca havia chorado. E Vencelau não se importou se tinha ou não trabalho no dia seguinte, ele ficou com ela, até que ela caia no sono. 

A chegada

Alexis chegou à Belgrado dias depois. E tinha ido logo para sua casa. Um sentimento de saudades apertava o coração dele quando viu a porta de sua casa. E, devagar, apertou a campainha. E desejava que Hannelli esteja lá.

E ela estava. Por ele, ela sempre estaria. 

Quando abriu a porta, Hannelli não esperava o que via. Via o seu marido bem à sua frente. Ela o olhou com os olhos arregalados, incrédulos. E engoliu em seco. 

Ele sorriu para ela, e nada tinha falado. Sentiu as mãos dela sobre seu rosto machucado. E a viu abrindo um sorriso ao ver o rosto do marido. 

- Hana... Eu estou de volta... - Ele suavemente agarrou os pulsos de sua esposa.

Ela estava com os olhos brilhando e um grande sorriso. Ali estava Alexis, o amor de sua vida, vivo. Depois de alguns segundos, o abraçou, sendo retribuida logo após. 

Ao se afastarem, beijaram-se. Aquele beijo era de saudades, felicidade e alívio. E apenas se separaram quando estavam com falta de ar.

- Alexis... - Acariciava os cabelos da nuca dele. - Você está chorando?...

Sim, pela primeira vez, Alexis estava chorando em frente a alguém. Era de felicidade e esperança. E aquilo a lembrava uma coisa.

Hannelli afastou-se um pouco do corpo de Alexis, segurando-o pelas mãos; puxou-o para dentro da casa logo após. Fechou suavemente a porta. Pegou a mão dele novamente e levou-o até um quarto especial.

Era o quarto de Sofia, e ela estava acordada, quieta, em sua caminha. Hannelli suavemente a pegou nos braços, e Sofia aceitou aquele ato. Hana logo pôde deixar visível a criança para Alexis.

Alexis olhou para aquela criança, incrédulo. Não acreditava que aquela era sua filha.

- É a sua filha... Ela se parece contigo, Alexis... - Hana o entregou a criança.

Ao pegar Sofia nos braços, Alexis olhou diretamente nos olhos da criança.

- Sofia... - Ele falou, trêmulo. - Olá... Sofia... - Ele não conseguia conter as lágrimas. - Como você é linda...

A garotinha o olhou, com aqueles olhos cor de mel, herdados da mãe. Ele passou a mão pelos seus finos cabelos negros. Em seguida, Alexis deu um beijinho na cabeça da criança.

Ele olhou para Hannelli, que sorria para eles. Logo, dirigiu-se até ao lado de seu marido, abraçando o braço dele e deitando a cabeça no ombro do mesmo.

Alexis sorria como um bobo, olhando para aquela criança, e depois, a para Hannelli:

- Eu prometo que nunca mais iremos nos separar assim...

E foi essa a promessa que ele manteu para sempre. 


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Notas finais do capítulo

E fez deste, o penúltimo capítulo.

O próximo já será o último (AMÉM!), espero que tenham gostado.

Até o CAPÍTULO FINAL de "Fraternidade". :)



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