Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 30
Parte XXIX


Notas iniciais do capítulo

Hoje eu tô meio que "de mal" com o mundo. rs Mas nada demais. Então, eu não sei se a minha narração vai ficar como antes. Possivelmente, ficará mais ironica. rs
E amanhã eu postarei uma história que se passa anos antes de "Fraternidade", que é "Wagner e Emilie"; uma coisa meio que "Tristão e Isolda", mas tudo de boas. Se quiserem ler...
Mas depois de postar toda esta fanfic, irei postar também "As palavras de Mikhail", que já tem a página no Nyah e o prólogo. Se pudessem ler, eu ficaria muito agredecida. Obrigada.

Boa Leitura :)



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A vergonha de Ludwig

Ludwig não estava assim tão bem, ele não conseguiria parar de pensar no sofrimento que não conseguiu evitar. Ah, pobres pessoas! E ele não poderia fazer nada além de observar aquilo acontecer, e ajudar, nem que seja o mínimo que seja.

Ele se encontrava em uma ponte de um rio de Belgrado, onde olhava para o seu broche com o símbolo nazista, e olhava fixamente. 

Até que alguém o chamou, deixando a sua atenção do broche. 

- Lud! - Gritou Feliciano. - O que está fazendo aí? - Já falava num tom mais baixo, normalmente. 

Ludwig olhou para Feliciano, e suspirou. Voltou a sua atenção para o rio. E o italiano o olhava sem entender. 

- Tudo bem, Ludwig? - Ele perguntou. 

E Ludwig só encontrou coragem para responder cinco minutos depois.

- E pensar que eu poderia ajudá-los... 

Feliciano captou o que ele quis dizer, mordeu os lábios.

- Ainda há tempo, Ludwig. Os aliados estão vencendo. Eu acabei de voltar de Bergen-Belsen. Nós poderiamos pelo menos, ajudá-los.

Ludwig piscou algumas vezes.

- De que adianta?... Se três deles já morreram... 

Feliciano fez que não.

- Eu tenho esperanças em que Janez e Andrija estejam vivos até a liberação dos campos. - Os olhos dele tremeram. 

Ludwig deu uma rápida olhadela para Feliciano, depois para o broche. Observando aquele ato, o italiano comentou:

- Ludwig... Isso é de ouro. - Ele falava do broche. 

O alemão deu de ombros.

- E quem se importa? - E jogou aquele pequeno ouro por de baixo das águas do rio. - Eu não vou precisar mais disso. 

Feliciano entendia... Entendia o porque de toda aquela raiva de Ludwig, agora pelo nazismo. Ludwig, assim como vários outros alemães, foram obrigados a se alistarem no exército em nome de Hitler. 

- Não é o fim... - O italiano ainda dava esperanças.

Ludwig abaixou a cabeça por alguns segundos, depois virou-a para o italiano e deu-lhe um sorriso de canto. Feliciano correspondeu. 

- Vamos, pelo menos, tentar salvá-los... Feliciano. - Ele tinha erguido a cabeça. 

E o italiano, óbviamente, sorriu.

Lágrimas judaicas e consolo alemão

Uma das coisas mais horríveis que já teria visto na vida, Scepan não aguentava ver mais aquilo. Estava sendo obrigado pelos soldados a, pelo menos observar, a queima de corpos mortos. Muitas daquelas pessoas eram inocentes, e por que estavam queimando daquele jeito?

Mas o que o incomodava não era a queima, e sim as risadas que os alemães davam ao verem aquele ato. Imediatamente, Scepan foi levado ao chuveiro, com muitos outros prisioneiros. E deu graças a Deus que o que estaria saindo de lá era água, não gás tóxico. 

Ao voltar para o campo e ir até o seu posto, ouviu barulhos de tiros, vindos de um barracão conhecido. Sim, o barracão que Janez estava. Alguns soldados estavam selecionando alguns jovens judeus para serem fuzilados. E de alguma forma, preocupou-se. 

Mas teve de voltar para o centro de administração do campo, e lá ficou sentado em um dos degraus da escada, em frente a grande porta, esperando os barulhos aterrorizantes passarem. 

E passaram. 

No mesmo instante, suspirou. Será que Janez foi um dos selecionados? Essa dúvida foi morta pela visão do Krleza andando inocentemente sobre o campo. E ao ver aquilo, Scepan imediatamente levantou-se e correu até Janez:

- Janez! 

E o garoto olhou. 

- O-Oi Scepan! - Ficou surpreso, até vê-lo parar na sua frente. 

- Que bom que você está vivo...

Janez não pareceu entender.

- Er... Eu estava limpando os banheiros... Como assim?

Scepan suspirou novamente, alíviado; colocou a mão no peito. 

- Graças a Deus... - E tornou a explicar. - O barracão em que você fica... Os soldados da SS selecionaram algumas pessoas para serem executadas. E ainda bem que você não estava lá na hora. - Falou, observando todos os soldados alemães saírem do barracão citado. 

Janez arregalou os olhos, um pouco perplexo. Seria aquilo sorte? Ou será ação de Deus? Não sabia responder. 

- Meu Deus... O que... 

Scepan assentiu.

- Você teve muita sorte, Janez. 

Janez engoliu em seco, agora com medo de voltar para o barracão. Mas tinha que encarar, logo, os dois se separaram e cada um foi para o seu lugar. 

O que Janez tinha visto ao entrar no barracão era uma pilha de corpos jovens e mortos, e era a grande maioria daquele local. Sobraram-se apenas Janez e mais doze jovens rapazes vivos. E que a sorte esteja sempre com ele, e Deus também. 

-- 

Scepan voltava para o centro de administração, e dessa vez tinha entrado mesmo no local. A vontade de chorar era enorme, depois de ter visto tudo aquilo. Era demais para uma pessoa só, principalmente alguém como Scepan, que tinha problemas com o psicológico. 

Foi chamado para ir até o quarto de Olga, que o esperava, sentada numa cadeira normal de madeira, no escuro, com apenas a luz da lua iluminando o local. Aquele quarto estava mais gélido do que o inverno. Scepan estremeceu. 

Olga iniciou:

- Scepan... Venha aqui... 

E ele sabia o que era, e lentamente encaminhou-se até ao lado de Olga. Seus joelhos estremeceram, até caírem ao lado da cadeira, quase que na frente. Os braços de Scepan dirigiram-se até as pernas de Olga, ficando assim cruzados. Após isso, Scepan deitou a cabeça nos braços cruzados, chorando baixinho nas pernas de Olga. 

E ela nada tinha falado, nenhuma reclamação, e nenhum suspiro de impaciência. Apenas aceitou a ação do judeu. Involuntáriamente passou as mãos pelos cabelos judaicos - que agora estavam levemente lisos e bons, por conta da água do chuveiro. -, sentindo-o. 

- Eu estou te fazendo sofrer, não é? - Ela perguntou, baixinho. 

E ele nada respondia, apenas chorava baixinho. Ela suspirou, olhando pela janela. 

- Quantas vidas devem estar sendo acabadas nesse momento... Por minha causa... Porque eu os prendi... E quantas vidas já se foram, pelos mesmos motivos. 

Ele a olhou, com os olhos vermelhos e soluçando. Ela o olhou, olho no olho.

- Onde está a sua família?

Ele abaixou os olhos, lembrando-se do seu pai e da sua mãe, que ele tanto não gostava. E da sua querida irmã mais nova, que provavelmente está segura. 

- M-Meus pais morreram... Já faz um tempo. - Seus lábios estavam trêmulos. - Minha irmã está na Inglaterra... E eu espero que ela esteja bem... - Sua voz era baixa, rouca.

Olga suspirou, assentindo. Fechou os olhos por alguns segundos, com a cabeça inclinada para cima. Scepan ergueu a cabeça, sem deixar que os braços não estejam nas pernas da moça.

- Se os alemães ganharem a guerra...

Olga logo respondeu, olhando nos olhos dele, tristemente.

- Serei obrigada a matá-lo. Todos os judeus estarão mortos. 

Claro que, naquele momento, era impossível a Alemanha ganhar, mas pelo menos, Olga não tiraria a vida daquele que mudou sua vida por completo. Amava Scepan como nunca teria amado ninguém. Aquele cuja raça antes detestava, estava sendo a pessoa mais importante para ela. 

Scepan abaixou os olhos ao ouvir a resposta, suspirando. Ele não saberia de nada do que estava acontecendo na guerra, por isso, estava preocupado.

Mas Olga continuou:

- Mas se os aliados contra a Alemanha ganharem... - Ela engoliu em seco. - Eu estarei morta... 

Scepan arregalou os olhos, olhando diretamente para ela, não entendendo.

- M-Mas Olga... Por que...

Ela respondeu:

- Sou a dona daqui... Sou uma administradora nazista... Matei vários judeus... - Suspirou. - Se os aliados vencerem, irei ser condenada a morte por crimes contra a humanidade. É isso que vai acontecer. 

As lágrimas voltavam para os olhos de Scepan, sutilmente caindo pelo seu rosto logo em seguida. 

- N-Não... - Sussurrou. - M-Mas você não pode... 

Ela o interrompeu. 

- Scepan, eu não mereço estar aqui, e nem sei porque... Nem sei porque está aceitando ficar aqui comigo. - Ela fechou os olhos, abaixando a cabeça.- Eu sou uma pessoa horrível... Eu não mereço ir para o Paraíso... Eu mereço morrer nas mãos de soviéticos. 

Ele fez que não, erguendo-se, ficando em frente à ela. 

- Isso não! - Ainda assim, baixinho. - Não... Isso não vai acontecer com você. - E pôs a sua mão no rosto dela. 

Ela acariciou a mão do judeu, aquele leve toque que a encantava. 

- Eu te amo, Scepan... - Ela falou, mais baixo do que antes. - Eu não sei porque, ou como, mas eu te amo. Acho que... Eu nunca pensei que me apaixonaria por um judeu. 

Ele a olhava, com um pouco de pena, e não podia dizer que também a amava, ele nem tinha certeza disto. Mas enfim, a abraçou, acariciando os cabelos castanhos-loiros da alemã. 

- Isso não vai acontecer contigo... 

Ela o abraçou, encostando sua cabeça no ombro dele. Logo, os dois se ergueram. De qualquer forma, o término da guerra iria resultar a morte de um dos dois, e eles nunca poderiam ficar juntos. 

Se separaram um pouco, ainda abraçados; olhando um para os olhos do outro. Inevitávelmente, beijaram-se. Era tão bom sentir a proximidade um do outro, e um amor sem preocupações; sem religião e sem ideologia. 

Até que, o rádio estava ligado, e Olga não tinha percebido, nem Scepan. Naquele rádio, estava reproduzindo um dos discursos de Hitler, que justamente falava sobre a opressão aos judeus. E ainda beijando o seu amado judeu, esticou a mão até o botão de "desligar" do rádio, assim, desligando-o. 

Nada mesmo, naquele momento, iria afastá-los.

Um "pequeno" acidente

A base militar de Munique continuava alí, com alguns soldados que nunca se quer iriam para a guerra, dentre eles, crianças e não-alemães. E pensar nisso, fazia Alexis ficar mais calmo, de não poder ir para a guerra. 

Pelo menos, Hitler não precisava de tudo aquilo. Estavam sendo inúteis, mas mesmo assim, isso não importava tanto. Ainda assim, se Alexis voltasse vivo para sua família, nada mais o importava. 

O problema foi um acidente, que não era assim tão fraco. 

Alexis estava conversando com o general Walter. E aquele era o típico local em que os soldados reserva ficavam para relaxarem. E era muito bom saber que já ia voltar para casa, ver sua esposa, sua filha, seus pais e seu irmão. 

Mas o teto começou a tremer, o que assustou as pessoas de lá. 

- O que está havendo?... - Perguntou Alexis.

Walter olhou para cima, temendo o que era. E todos se perguntavam a mesma coisa, até que ouviram algo de muita intensidade vindo, fazendo que eles não vissem o estrago que uma nuvem de poeira, materiais sólidos e radioatividade causou naquela pequena base militar. 

Em menos de segundos, a base estava destruída, e o teto desabou sobre eles. 

Suposta morte

Após esse acontecimento, em março de 1945, Alexis, assim como as outras pessoas que estavam no local, foi dado como morto. E isso chegou até a sua família. 

Primeira a saber, Hannelli. 

Ela já tinha dado a luz ao seu bebê. E só restava esperar o seu marido chegar. E esperava, como usualmente fazia, a carta confortadora em que tanto esperava. 

Mas dessa vez, recebeu uma carta amarela, um telegrama. E quando viu aquilo nas mãos do carteiro, que a olhava com pena, seu coração disparou.

- É... Pra mim? - Perguntou para o carteiro. 

O carteiro assentiu, já conhecendo-a. 

Ela, têmula, pegou o telegrama das mãos do carteiro. Engoliu em seco e o abriu. Ao ler o que estava escrito, desabou no chão, incrédula, chorando desesperadamente. 

Naquele telegrama estava: "Morto em acidente, em Munique, próximo a Dachau".

-- 

- Como assim ele está morto? - Gritou Wagner, erguendo-se do sofá. 

Vencelau e Emilie se encontravam lá também, ao ouvir a notícia de um noticiário local. Emilie não conseguia piscar, e Vencelau olhava incrédulo para a pessoa que entregou a notícia.

- Me desculpem... Uma bomba caiu próxima à base militar onde o filho de vocês estavam. A atividade da bomba foi tão intensa que fez o teto da base desabar sobre quem estava nele. 

Emilie e Vencelau se entreolharam. Vencelau estava completamente pasmo, com os lábios tremendo, igualmente os olhos. Era estranho... Não parecia que Alexis não existia mais. 

- Por favor... - Vencelau iniciou a fala. - Por favor... Refaçam a busca! Procurem algum sobrevivente...

Emilie olhou para Vencelau, já sabendo o que ele estava pensando. Emilie também sentia aquela impressão...

... A impressão de que Alexis estaria vivo. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido, somente isso.
Mas eu tenho o pesar de dizer... Que em poucos capítulos, a fanfic terá o seu final.
~Muitas pessoas vão dizer: ALELUIA SENHOR!, que eu sei. :B~

Até o próximo capítulo. :)



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