Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 25
Parte XXIV


Notas iniciais do capítulo

Boas novas(!). Eu decidi que, quando eu terminar essa fanfic, eu vou começar uma breve história aprofundando a vida de Wagner e Emilie, o que acham? É que eu achei que ficou tão interessante que é impossível não contar como foi.
Até agora, eu me sinto muito motivada em relação as minhas histórias, obrigada a todos.

Boa leitura :)



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Prisão

Depois de serem jogados a força dentro de um caminhão de guerra alemão, os Krleza ficaram inconformados com a situação e o medo e a insegurança subiram ao seu volume máximo. Depois de terem entrado no veículo, ficaram dez minutos em silêncio, com o medo voando sobre eles. O silêncio foi quebrado por Andrija.

- Isso não pode estar acontecendo conosco. - Ela sussurrou. - Não pode ter sido verdade.

O pai dela - que estava ao lado dela - passou a mão pelos seus ombros. Ele tetava acalma-la, dizendo que ia ficar tudo bem com eles. Bem, certamente, bem eles não irão ficar, de jeito nenhum.

- Eu acredito que, pelo menos, algum de nós sobreviverá. - Falou Franz, olhando para a sua filha mais velha logo em seguida, com um olhar triste. - Espero que seja um de vocês. - Falava dos filhos e da esposa.

Evelyn não tinha dito nada, apenas abraçou o filho mais novo, que tentava consola-la de algum modo.

- Pai, eu não sei porque... - Janez falou. - Eu tenho a impressão de que nem eu e nem o senhor irá sobreviver.

Isso pelo simples fato de eles serem os homens da família. Franz assentiu.

- Talvez poupem a sua vida, Janez, você é bem jovem. - O pai suspirou. - Não pense isso, você não vai morrer.

Janez não conseguia ter esperanças, mas esperava que as palavras do pai se tornem realidade. Esperava mesmo eu sobrevivesse, e sua família também.

Agora, Franz deu uma bela olhada em Elizabeta. Ah, olhar para Elizabeta dava tanta pena quanto tristeza, aquilo era demais. Coitada de Eliza, ela não conseguia nem se mover direito sozinha. E por alguma razão, estava conformada com a morte, mas não com a morte da família. Que ela vá com Deus, mas sua família merecia estar um pouco mais no mundo dos humanos, pelo menos mais um pouco.

- Pai... Não olhe assim pra mim... - Falou Elizabeta, aos tossidos. - Vocês sabem que eu vou morrer, eu também sei. Por que olham assim pra mim toda vez? Pensava que estivessem conformados!

- Eliza... - Falou Evelyn, erguendo a voz. - Você é a minha filha, e você sabe que tanto eu quanto eles... Nós nos preocupamos com você. Mas... Não podemos fazer nada, minha filha. - Evelyn deixava as lágrimas caírem, sabendo que Elizabeta estaria morta daqui a alguns dias.

- Mãe... - Andrija chamou. Evelyn atendeu. - Nós podemos considerar que o fato de sermos judeus já mudou demais a nossa vida. E é esse fato que pode muito bem nos matar. - Ela falava trêmula.

Aquela, definitivamente, foi a última conversa da família Krleza. Após a parada do veículo, eles desceram a força do mesmo. Até que foram levados até uma sala com muitos judeus. Aqueles deviam passar por uma espécie de interrogatório antes de serem levados aos respectivos campos.

Ficaram em pé, na sala de espera, esperando apenas os seus turnos. Passaram vários minutos ouvindo gritos raivosos alemães e gritos de agonia judaicos. Aqueles gritos de dor fizeram com que a família dessem as mãos uns para os outros.

- Aconteça o que acontecer... Estaremos juntos um do outro. - Falou Franz para a sua família, uma das últimas coisas que poderia falar. 

Andrija engoliu em seco e percebeu que estava próximo do amanhecer. Mas que irônico!

Os gritos pararam, e uma mulher alemã saiu da sala com uma prancheta nas mãos, e um lápis. Era uma chamada, em ordem alfabética.

- Andrija Krleza! - Gritou a mulher para os judeus.

Todos da família olharam para Andrija, com os olhos arregalados. A única coisa que Andrija pôde fazer era se levantar e ir até a mulher. Deu uma olhadela em sua família, e apertava as próprias mãos, com medo.

- E-Eu sou Andrija Krleza... - Ela falou, baixinho. A mulher assentiu.

- Entre! - Ordenou, empurrando Andrija para dentro da sala.

Dali, podia-se ver três soldados segurava um pedaço longo de madeira. Aquilo fez com que Andrija trema, e muito. Até que chegou até eles. Observou a mulher fechandoa  porta, deixando-a sozinha com os soldados e alguns judeus presos em celas atrás deles. Todos aquels judeus estavam feridos, em diferentes partes do corpo.

Um dos soldados começou:

- Hum... Mais uma judia refugiada. Nossa Senhora! Faz quanto tempo que você se esconde?

Andrija não respondeu, apenas olhou para ele com um coração bombardeando no peito.

Aquele mesmo soldado suspirou, sem paciência.

- Alguém faz essa puta falar, por favor?

Assim foi feito, outro soldado meteu o a madeira nas costas da judia, que se recusou a gritar, aguentou como uma guerreira. Não queria gritar, porque não queria preocupar os seus familiares que iriam passar por isso logo em seguida.

- Há três anos... - Ela ainda teria ficado de pé, mas com as pernas balançando.

- Bem melhor assim... - Falou o soldado. - Pois bem, eu vou lhe fazer uma série de perguntas, e se você não responder ou mentir, mais disso irá acontecer com você. E se nada disso der certo... - Ele sorriu ironicamente. - Iremos prender o seu namorado e vamos torturá-lo até a morte, e se acha isso pouco, o seu irmão também.

Andrija ficou paralizada, sem reação. O que poderiam fazer com Vencelau e Janez? Por que aquilo? Ela engoliu em seco. Não tinha opção.

- M-Meu namorado e meu irmão? - Perguntou, nervosa. - A-Ah, certo, senhor.

Ele continuou com o sorriso. O engraçado era que a maioria daqueles soldados eram jovens, pareciam ser da mesma idade, ou um pouco mais velhos do que Andrija.

- Um alemão ajudava vocês, certo, disso eu sei. Mas agora me diga, por que ele ajudou vocês?

A moça olhou para os outros soldados, que estavam prontos para torturá-la. Ela olhou novamente por interlocutor e repondeu:

- Ele era colega de trabalho do meu pai.

O interlocutor ergueu as sobrancelhas, assentindo.

- E qual seria o nome desse "colega"?

Ela não resistiu, tinha que mentir.

- Eu não sei...

O interlocutor olhou para o outro soldado e fez um gesto com a cabeça, pedindo para que façam que ela conte a verdade. O soldado captou a mensagem e meteu a madeira novamente nas costas de Andrija, mas dessa ver, era mais forte. Isso fez com que Andrija caísse aos pés do interlocutor, mas não gritou, ainda; mas fez com que cuspisse sangue da boca.

- Não precisamos mais de você, garota. - E a pegou pela nuca, fazendo ela ficar de pé. Dando uma bela olhada nos cabelos dela, deu um novo sorriso ironico. - Nossa! Como o seu cabelo é bonito! Pena que eu terei que fazer isso!

Ele a agarrou pelos cabelos, fazendo ela ficar novamente de joelhos, de costas para ele. Então, outro soldado deu a ele uma tesoura grande, que foi passada pelos longos cabelos de Andrija, até te-los cortado até o pescoço, fazendo-o ficar tão curto quanto de um homem.

E Andrija não tinha levantado uma exclamação se quer. Após isso, ela foi jogada para a cela, junto com mais vinte judeus. Ela se virou e passou a mão pelas costas, agora tinha percebido que ela estava sangrando.

A depressão de Vencelau

Depois daquele dia, teriam levado o seu pai para um interrogatório, em uma base policial nazista. E estava preso na casa de seus pais até que os nazistas o libertem da prisão domiciliar. E até agora, não acreditava no que tinha acontecido dias atrás.

Não se lembrava da última vez que chorou tanto, e nem se quer comia direito. Vencelau já estava mais magro do que realmente era. A vida dele não estava fácil, a vida dele nunca foi fácil, mas agora, estava impossível de aguentar. Depois de tudo aquilo, só um milagre faria tudo voltar ao normal.

Mas o que Vencelau realmente sentia era ódio. Deitado no sofá da sala escura e fria, tentava se distanciar do sótão ou do porão, tudo aquilo lhe dava péssimas lembranças. Era realmente como se o mundo tivesse acabado.

- Não chore... Não chore... Homens não choram... - Repetia para si mesmo, em vão. - Não chore, caramba!

Olhar para aquela cena fazia o coração de Emilie se despedaçar. Estava completamente triste pelos Krleza e muitíssimo preocupada com Wagner. Logo, foi até o filho, ajoelhando-se em sua frente, na frente do sofá. Depois, passou os dedos pelos cabelos castanhos do filho. De certa forma, Vencelau parecia-se com Emilie em termos de aparência, tanto quanto atitudes e bondade. E a sua mãe adotiva era a única pessoa que, naquele momento, Vencelau não era rude.

- Por que isso tinha que acontecer? - Perguntou Vencelau.

Emilie mordeu os lábios.

- A guerra é injusta, meu filho. Quando pensamos que ela está próxima a se acabar, percebemos que ela está apenas começando.

Vencelau ergeu o tronco, pedindo que a mãe se sente ao lado dele. E assim, Emilie o fez. Após isso, Vencelau pôs a cabeça nas pernas de sua mãe.

Ela continuava a passar as mãos pelos cabelos dele, inclinando o tronco e dando um beijo no rosto dele.

- Eu amo você... Assim como eu amo Wagner e Alexis. Não queria que acabasse assim. - Ela teria comaçado a chorar junto com o filho.

Alexis... E como estaria Alexis? Será que ele estava bem? Ah, diga que sim!

- Eu também não... - E uma lágrima secou no vestido de sua mãe.

Ah, como é agoniante ver esta cena!

Base militar em Munique

Até agora, Alexis não iria para frente de guerra alguma. E ele estava feliz por isso, e mal sabia o que estava acontecendo com a sua família. E pelo menos, tinha uma pessoa para conversar. Aquela pessoa era Wagner, o pequeno soldado.

- Eu faltei a todas as palestras da Juventude Hitlerista. - Wagner falava com Alexis, baixinho. - Não foi uma atitude tão inteligente, mas pelo menos, eu não me sentia obrigado a fazer o que eu não queria fazer.

Alexis sorriu, de canto.

- Eu sei como é...

Wagner ergueu as sobrancelhas.

- Alexis, me responda uma coisa, se não for incômodo, é claro. - Falou o alemão. - Como você foi parar na Iugoslávia? Queria saber como é a sua vida.

Alexis suspirou, mas não tinha nenhum problema em contar, mas era uma história longa. Alexis contou sobre o trem, quando ele tinha seis anos; contou sobre Vencelau, o irmão mais novo dele; contou sobre seus pais adotivos e os seus pais biológicos, falando que não sabia de onde vieram ou o que são; falou sobre o seu pai, Wagner, e sobre o que ele e sua mãe tinham feito durante a primeira grande guerra; falou sobre o colégio e o trabalho; falou como decidiu estar ali, como um soldado; por último, falou sobre Hannelli e seu futuro filho, como tinha um motivo para voltar.

Wagner assentiu, atento a todos os detalhes.

- Ah... Mas você vai voltar para a sua família, eu tenho certeza.

Alexis sorriu novamente.

- E você também.

Wagner sorriu.

Logo após, um general parou na frente de Alexis, chamando sua atenção.

- Soldado! - Fez o general. Alexis se virou para ele, com a coluna ereta.

- Sim, senhor?

O general nunca tinha visto Alexis, e quando o viu, achou estranho. Então, o general tirou os óculos, mostrando os olhos azuis e rosto magro, cabelos loiros. Ele lembrava alguém, alguém de muita proximidade a Alexis.

- Maxis?

Alexis ergueu as sobrancelhas.

- Er... Meu nome é Alexis, senhor. Acho que está se confundindo, senhor.

O general balançou a cabeça, deveria estar maluco.

- Alexis de que?

- Alexis Brauer, senhor.

"Brauer"? Aquilo era bem familiar.

- Você tem o mesmo sobrenome que eu. Meu nome é Walter Brauer.

Alexis assentiu; Walter continuou.

- Você provavelmente deve conhecer o meu irmão mais velho, Wagner Brauer.

Alexis deu uma olhadela para o pequeno Wagner, que olhou com o mesmo espanto. Voltou o olhar para Walter.

- Ele é... Bem... - Deu um sorriso amarelo. - Eu o conheço, sim...

Walter assentiu.

- Então, ok... Desculpe-me qualquer coisa, Alexis.

Alexis fez que não.

- Não foi nada, senhor.

Walter negou.

- Eu acho melhor você me chamar de Walter. - E sorriu para Alexis.

Alexis assentiu. Ali estava um de seus tios, mas o rapaz no mínimo pensava que aquilo era só uma coincidência.


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Notas finais do capítulo

A fanfic está muito longa, eu sei, mas não adianta, eu SEMPRE irei fazer fanfics longas, porque eu gosto muito de dar detalhes sobre ela. Eu sinceramente não gosto daquelas histórias PÁ-PUM, terminou de ler. Gosto muito de mergulhar e aventurar-me na história. As menores são One-Shots e olhe lá.
Mas tenho o receio de dizer que daqui a poucos capítulos, a fanfic estará terminada. Depois eu faço agradecimentos.

Até o próximo capítulo :)



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