Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 23
Parte XXII


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora, mas eu tive um desvio mental muito grande. Fiquei um pouco cabisbaixa durante algum tempo e também tive outros problemas, inclusive provas colegiais.
Eu queria pedir algo a vocês: Estou muito feliz por saber que tem gente lendo esta fanfic, quatro leitores. Mas eu quero que vocês me avisem que está lendo, para eu ter certeza. A opinião de vocês é muito importante para mim.
Este capítulo ia ser bem marcante, mas não estou com ispiração suficiente para faze-lo. E eu não tenho ideia em qual capítulo irá terminar, só sei que agora, com esse capítulo de "enrolação", vai ter um a mais do que originalmente seria.

Boa leitura :)



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Sentimentos de culpa e pena

Já se passaram semanas e Olga já não sabia o que estava pensando. Passou a olhar para os judeus de forma diferente, e isso a assustava um pouco.

Estava na sua varanda, olhando para o sol, que estava escondido pelas nuvens carregadas. Suspirou e fechou os olhos, pensativa. Ao abri-los novamente, olhou para as suas próprias mãos, logo depois, para as unhas. Tinha-as cortado recentemente, e sinceramente não tinha saudades nenhuma delas.

Ouviu alguém entrando no quarto; era Scepan. Olga olhou para trás, observando-o arrumar as coisas. Depois de ver aquela abitual cena, suspirou pesado novamente. Olhou para o calendário, Agosto de 1944. Depois voltou o seu olhar para o judeu que ali estava.

– Scepan, vá comer alguma coisa, a sua aparência anorexa está me dando agonia. - Falou ela, não de um jeito brusco, mas suave.

Scepan se impressionou com o timbre de voz dela; depois prestou atenção no que ela disse. Virou-se para a alemã, um pouco confuso. Ela nunca tinha pedido para que ele comesse.

– Tudo bem, Olga?

Ela ergueu as sobrancelhas.

– Eu estou bem, sim. Por que? Porque eu estou te falando para comer alguma coisa? - Ela balançou a cabeça negativamente. - Eu só não quero ficar olhando para um judeu anorexo todos os dias.

Scepan olhou para as mãos dela. Percebeu que as unhas não estavam grandes e afiadas.

– O que houve com as suas unhas?

Ela olhou para elas novamente. Suspirou.

– Eu achei que seria melhor cortar elas, estavam muito grandes e me atrapalhavam constantemente. Respondida a sua pergunta?

Ele assentiu, mesmo não conseguindo entender. De qualquer forma, se atreveu a sair do quarto, e ela aceitou tranquilamente. Antes mesmo de sair, Scepan deu uma olhadela para Olga, depois, sorrindo de canto; um sorriso sincero e de alívio. Talvez Olga estaria mudando.

E Olga estava mudando mesmo, depois de ter a certeza de que tinha se apaixonado por Scepan. Mas não poderia demonstrar isso. Porque isso seria traição ao Führer. Além do mais, Olga estava começando a questionar o seu "amor" pelo líder da Alemanha.

Voltou para a sua varanda, olhando agora para o que acontecia no campo. Observou um menino de doze anos passando por lá, um judeuzinho. Ele olhou para cima, vendo Olga, e parou de andar imediatamente. Os olhos tremendo de medo poderiam ser visíveis de onde Olga estava.

Até que ela acompanhou o olhar dele. Observou-o dando leves passos para frente, e ela pediu para que ele pare, com um sinal com a mão. O garotinho fez assim, tremendo.

– Fique aí. - Gritou Olga, para que ele escutasse. E foi o que o menino fez.

Feito isso, Olga desceu as escadas e saiu do centro de administração do campo. Em passos rápidos, foi até o garotinho, que se encolhia. Poderia estar um pouco aliviado por ela não estar portando nenhum tipo de arma.

– Onde está o seu pai, garoto? - Ela perguntou.

O garoto nada respondeu, olhando para ela trêmulo e morto de medo. Ela ergueu uma sobrancelha e suspirou, que paciência!

– Sua mãe?

Nada

– Onde eles estão, garoto? Consegue me entender?

O garoto assentiu, com medo.

– Ótimo! Você é alemão?

O garotinho abriu a boca, sussurrando algo. Olga encostou as mãos nos ombros dele, fazendo-o estremecer.

– Desculpe-me, eu não ouvi. - Ela falou.

– Sou da Àustria, senhorita... - Ele engoliu em seco.

Ela assentiu. Áustria... Áustria! Assim que nem o Führer era.

– Hum... Agora, lhe perguntarei de novo. - Ela coçou a garganta. - Onde estão os seus pais?

Ele abaixou a cabeça, mordendo os lábios, um olhar tristonho voltou a olhar para Olga.

– Não estão aqui.

Olga revirou os olhos, pensativa.

– E aonde eles estão?

O garotinho olhou para cima, apontando para o céu.

– E-Eu acho que lá... Lá em cima. Onde estão me vendo, nos vendo, senhorita...

Aquilo fez Olga estremecer-se. Ela tirou as mãos dos ombros do garoto e suspirou. O garoto abaixou o braço, um pouco nervoso.

– M-Moça... - As lágrimas do garoto vieram a aparecer. - P-Por favor, não me mate!

Olga arrgalou os olhos ao ouvir aquilo de uma criança desesperada. Após isso, olhou para o céu. Aquele olhar para o céu a fez refletir sobre várias coisas, principalmente pais no céu. Acreditava que o seu pai estava lá também, a mesma sensação daquele garotinho. Agora, veio a calhar, o pensamento de que ela teve o mesmo sentimento de um judeu.

E principalmente, eles eram iguais.

O momento de reflexão tinha acabado com uma gotícula de água que caía do céu no rosto de Olga, que ainda olhava para cima. Depois olhou para o garoto novamente.

– Não vou... - Ela falou, engolindo em seco. O garoto se espantou com as palavras dela. - Não vou te matar. - Ela fechou os olhos. - Sabe... Eu tenho um pai que está lá também. - Voltou a olhar para o céu. - Ou pelo menos, eu acho que ele está lá.

Ele olhou para o céu junto com ela. Novas gotas de água surgiram caíndo do céu, chuviscando. Eles voltaram os seus olhares um para o outro.

– Está chovendo, é melhor você voltar para a sua barraca.

O garoto assentiu, com um pequeno sorriso.

– Obrigado, senhorita. - E começou a correr em direção à sua barraca, que estava a poucos metros dali.

Olhava aquela pequena pessoa judia correndo livremente sobre o campo. O seu olhar estava vidrado apenas nela, e a mais ninguém. Depois, olhou para o céu novamente, onde via as gotas de chuva caindo sobre sua pele.

Suspirou, com um sorriso no rosto.

– É... Eu nunca irei para lá. - Ajoelhou-se. - Depois de tudo que eu fiz... Não tem como Deus me perdoar. - Algumas lágrimas caíam do rosto dela. - Me perdoe, Senhor.

Scepan estava vendo aquela cena pela grande porta aberta do centro de administração. Ele suspirou. Ela estava esquisita, de alguma forma, mas estava bem melhor do que aquela Olga fria e insensivel que conhecia meses atrás.

Após isso, Olga levantou-se e caminhou até a porta, entrando na grande casa. Viu Scepan sorrindo para ela.

– O que você está olhando?

Ele fez um "não" com a cabeça.

– Nada...

Ela suspirou, não estava com raiva, não estava sentindo desprezo. Estava se sentindo culpada e horrível por ela mesma.

– Eu só vou fazer uma observação para os soldados e vou descansar um pouco. - Ela falou baixinho, caminhando até as escadas e subindo até o seu escritório.

Scepan tinha ficado lá, esperando que esta mudança dela ter muitos resultados.

E a "observação" de Olga foi mandar os soldados não matarem ou deixarem as crianças de até treze anos morrerem. "Ajudem-nas se for preciso, elas têm como ainda aceitar a misericórdia".

Desejo

Depois de mais de três anos escondidos naquele local; a doença de Elizabeta tornou-se crônica, sem saber o que fazer. E ela estava aceitando a morte.

Não a sua família, que não estava preparada para ter a morte de um de seus membros. Aquilo doía fortemente no fundo do coração de seus pais e irmãos, que mal estavam afetados pela doença, de uma forma misteriosa.

Andrija olhava pela janela, abraçando as pernas, esperando Vencelau chegar. Aquela vontade tremenda de chorar era enorme, pois não queria perder a irmã. Estavam escondidos lá justamente para salvarem as suas vidas, e não trazer a morte para eles. Aquilo tudo era muito injusto.

A irmã do meio fechou os olhos e pensava enquanto respirava pelas pequenas frestas que a janela solicitava. Abriu os olhos novamente, mordendo os lábios. Olhou para os seus irmãos; Janez não estava tão bem também, ele estava muito cabisbaixo e passava constantemente a mão pelo rosto, secando as lágrimas que insistiam em cair, mesmo ele não querendo. Elizabeta já não conseguia respirar bem, mas precisava ser um pouco mais forte. Pelo menos, era assim que Andrija pensava.

Mas na verdade, Elizabeta aceitava a vinda da morte mesmo sendo cedo demais. Ela queria se encontrar com Roderich, porque tinha certeza que iria para o mesmo lugar que ele. Certamente, ela nunca amou um homem tanto quanto amava Roderich. E agora, estava tudo perdido.

Andrija podia entender os desejos da irmã, mas não poderia entender o porque daquilo ter que ser logo com ela. Porque sua irmã teria muita coisa para viver, e não aceitaria se ela morresse, de jeito nenhum.

Até que alguém entrou no sótão, era Vencelau. Entrou cuidadosamente, sem fazer quase nenhum ruído. E pediu com um gesto com a mão para que ela viesse até ele.

E foi o que ela fez, ele a puxou para mais próximo de si, devagar. Sussurrou no ouvido dela.

– Venha comigo...

Andrija ergueu uma sobrancelha.

– Por que? - Falava num mesmo tom.

Ele deu um sorrisinho.

– Você vai ver.

Ela deu uma última olhadela nos irmãos. E aceitou, como esperado. Virou-se para Janez.

– Fique um pouco com a Elizabeta, eu já volto. - Falou baixinho.

Janez engoliu em seco.

– O que você vai fazer?

Andrija suspirou.

– Está tudo bem, eu já volto.

Janez assentiu, mesmo que com medo. Andrija acompanhou Vencelau até passarem pela casa inteira. Chegaram ao quarto de hóspedes, levemente e sutilmente, ninguém poderia perceber que tinha uma judia ali dentro.

Aquele era o antigo quarto de Alexis e Vencelau, mas ambos tiveram que sair da casa de seus pais quando atingiram a fase adulta. Ele tinha trancado a porta e as janelas, para ninguém suspeitar que eles estavam lá dentro.

– Eu queria... - Ele falou. - Ficar uma noite com você.

Ela arregalou os olhos, surpresa.

– V-Vencelau?...

Ele revirou os olhos, corando.

– Quero dizer... Se você quiser, claro.

Ela assentiu, no segundo seguinte.

– Sim, sim! Eu quero e... - Não poderia falar alto, e já estava alto demais. Ela avergonhou-se e abaixou a cabeça. - Desculpe...

Ele deu uma risadinha baixa.

– Não se desculpe. - Ele falou, acariciando a nuca de Andrija, logo depois, os cabelos.

Vencelau juntou mais os corpos deles, onde as palavras que saiam da boca dele, poderiam ser "sentidas" na pele de Andrija.

– Ah Vencelau... Só você para me fazer feliz. - Ela deitou a cabeça no ombro dele.

Ele sorriu.

– Eu digo o mesmo de você, Andrija.

E ela percebeu o quanto ele estava aflito, e bem mais do que ela. Apesar de "não ser" judeu, ser sérvio era quase que equivalente em vista dos nazistas, sendo assim, Vencelau estava arriscando a sua vida para salvá-la e à família dela. Além disto, seu melhor amigo foi levado e não se sabia aonde ele estava e como ele estava; sem falar de que seu irmão foi para a guerra. Não poderia imaginar tamanha a aflição que estava Vencelau. Com certeza, estava em meio de uma tremenda tristeza e precisava de alguém para acalmá-lo. Ninguém melhor para fazer isso do que Andrija.

Ela se afastou dele e lhe deu um doce beijo nos lábios. E esse beijo tinha se aprofundado segundos depois, tornando-se ainda mais quente. Até que ele a levou para a cama, ficando sobre ela, enquanto beijava os lábios dela e, posteriormente, o pescoço. Ela deu um pequeno gemido.

– V-Vencelau... - Ela gaguejou.

– Hum?... - Ele parou e olhou para ela.

– A minha religião não permite que... - Ela logo olhou para os olhos dele, que necessitavam daquilo. E sinceramente, ela também necessitava daquilo.

– O que?

Ela sorriu.

– Nada...

Mas aquilo não teria sido o suficiente para convencer Vencelau, que sentou-se na cama posteriormente, olhando para a parede, por alguns segundos. Andrija teria se sentido uma idiota depois daquilo, então ela sentou-se ao lado dele.

– Eu falei alguma coisa de errado? - Perguntou ela, num tom rouco de culpa.

Ele fez que não.

– Não, o problema sou eu. - Ele abaixou os olhos. - Eu me esqueci da religião... Provavelmente não me permitiriam na família de vocês e...

Andrija o interrompeu.

– Vencelau... Por favor... - Ele olhou para ela. - Eu te amo de qualquer jeito. E não é porque eu sou judia e você não que eu vou deixar de te amar.

Ele abaixou o olhar novamente, suspirando...

– Andrija...

Ela o interrompeu novamente.

– Mesmo que na minha religião, isso seja proibido... E a prática do amor também... - Ela engoliu em seco. - Não quero que isso sirva de desculpa para nós não nos amarmos.

Vencelau olhou para ela novamente, e esta estava certa. E ficou feliz, de certa forma, que ela poderia muito bem amá-lo mais do que ama a própria religião. E que esta não estava interferindo na relação deles.

– Então... - Aproximou-se o seu rosto do dela, refazendo a ação. E antes mesmo que pudesse tirar a camisa, ele perguntou algo. - Você tem certeza?

Ela assentiu, sorrindo apaixonadamente.

– Absoluta.



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Notas finais do capítulo

Ehe! Pois é, desculpem pela falta de qualidade etc, mas não sou boa com hentai, eu disse. -q

Mas obrigado por lerem mais um capítulo, obrigada pela paciência por terem esperado capítulo novo e desculpem-se a demora, novamente.

Até o próximo capítulo :)



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