Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 22
Parte XXI


Notas iniciais do capítulo

Eu vou começar a escrever provavelmente amanhã uma história chamada "As palavras de Mikhail"; também se passa na segunda guerra mundial, porém, na Rússia. Talvez eu vá postar também "O Último Príncipe", que é uma história minha já pronta. Espero que vocês leiam. Ia me fazer muito feliz.

Boa leitura :)



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"Heil Hitler"

Alexis foi enviado à Munique e foi para uma base militar nazista. Lá, estavam os soldados de segundo plano. Ou seja, os soldados que só iriam ser enviados para uma frente de batalha quando o exército principal estiver em falta.

E Alexis desejava que nunca precisasse ir para uma frente de batalha; não por medo, mas sim com consideração à sua família. Com o uniforme já vestido, esperava junto com mais alguns outros soldados algum tipo de palestra. Olhou para o broche que estava fazendo parte de sua vestimenta. Lá tinha o símbolo do nazismo. Mas como, se ele nem era nazista? Mas poderia perceber que muitas das pessoas que lá estavam também não eram.

Prestando mais atenção nas pessoas, era fácilmente percebido de que eram pessoas jovens, assim que nem Alexis. Todas as pessoas com mais de dezoito anos de lá não eram alemães; eram búlgaros, húngaros, finlandeses e austríacos. Já como não eram jovens homens alemães, eles sempre estavam em segundo plano.

Mas tinham pessoas alemães ali, sim!

Aquelas pessoas eram menores de idade; pessoas convocadas às pressas pelo exército nazista. Eram jovens da Juventude Hitlerista. Agora tens uma ideia do quanto os alemães estavam desesperados naquele momento. Desde o Desembarque da Normandia, estavam aflitos.

Até que um soldado superior pôs-se em frente a eles, carregando uns papeis.

Heil Hitler– Fez o homem, falando no microfone. Levantando o braço num ângulo de trinta graus.

Heil Hitler! - Repetiram a maioria deles. O resto que não tinham feito olharam sem entender, um deles foi Alexis.

Alexis olhou para aquela cena. Entendia o que era, mas não queria fezer, não sentia a obrigação de fazer.

O homem que falava no microfone apontou para o meio da "platéia".

– Ei! Vocês que não fizeram a saudação! Façam agora ou irão ser expulsos daqui e serem presos!

Diante daquela situação, todos eles deveriam fazê-lo. Mas quando ia fazer, Alexis levantou o braço de qualquer jeito e falou o "Heil Hitler" bem baixinho. Um homem que estava atrás dele o chamou a atenção:

– Ei cara! Faça direito! Quer ser morto?

Alexis olhou para ele, e sem saber o que dizer, faz o "Heil Hitler" certo.

Muito bem, a palestra já iria começar.

– Em nome do Führer... - Mas os papeis caíram das mãos do soldado. - Mas que merda! - Reclamou, pegando-os do chão.

Risadinhas altas se juntavam em meio da platéia. Alexis não riu, mas fez um sorrisinho de pena e fez um "não" com a cabeça.

– Calem a boca, bando de vermes! - Gritou no microfone, todos os soldados se calaram.

Alexis estranhou, levantou as sobrancelhas.

– Estou realmente num exército? - Perguntou para si mesmo, baixinho.

Era uma pergunta que Alexis imaginava não receber uma resposta. Mas uma voz juvenil o respondeu:

– Acredite, você está. - Falou a voz que surgiria ao lado dele.

Alexis olhou para o seu lado e olhou para baixo. Viu uma pequena pessoa; um garoto. Ele teria uns quinze ou dezesseis anos de idade. Os cabelos dele eram loiros e lisos; os olhos, azuis feito o mar. Uma figura ariana de respeito, segundo Hitler.

– Você não é muito novo para estar aqui? - Perguntou Alexis.

O garoto negou.

Nein... Eu fui realmente convocado. - Ele olhou para Alexis, com um sorriso. - De onde você é?

Alexis olhou para frente, e o garoto também; estava tendo uma palestra agora mesmo, mas ninguém perceberia duas pessoas conversando. Alexis voltou o seu olhar para o garoto novamente.

– Eu sou búlgaro, mas moro na Iugoslávia desde pequeno. - Ele respondeu. - Você é alemão, não é?

O garoto assentiu.

– Isso mesmo, sou de Bremen. Meu nome é Wagner.

Alexis juntou as sobrancelhas, um pouco impressionado. Mordeu o lábio inferior.

– O meu pai se chama Wagner também... - Ele deu um meio sorriso. - Me chamo Alexis.

Wagner sorriu.

– Prazer, Alexis.

Confirmação e conformação

Naquela noite, Feliciano tinha subido ao sótão para verificar a doença de Elizabeta. Feliciano era um enfermeiro do exército, assim como Emilie foi. E ficou a examinar ela durante algum tempo, até suspirar e virar-se para Emilie, que estava ao lado dele.

– A senhora tinha razão. - Ele fechou os olhos. - Tuberculose... - Assentiu.

Emilie suspirou.

– É bem problemático e contagioso. Janez e Andrija podem ficar doentes também.

Ele fez que não.

– Isso tudo tem como solucionar. Ela parece estar com tuberculose há muito tempo e eles dois estão bem. Pode ser que a tuberculose que Elizabeta pegou não seja contagiosa.

Emilie ergueu uma sobrancelha.

– Eu sempre pensei que tuberculose fosse sempre contagiosa.

Feliciano fez que não.

– Até alguns anos atrás, poderia se dizer isto. Mas a ciência já negou esta hipótese.

Elizabeta estava mais aliviada; afinal, não poderia transmitir a doença para os seus irmãos. Talvez Deus só queira levar ela e à mais ninguém. Ela olhou para o teto, pensando na possibilidade dela morrer.

Vencelau e Andrija estavam do outro lado do sótão.

– Aqui faz muito frio... - Falou Vencelau.

Andrija assentiu.

– Já estou acostumada com isso. - E olhou para Elizabeta; suspirou.

Vencelau olhava para Andrija com um olhar sofrido. Logo depois, deu um beijo na cabeça dela.

– Vai ficar tudo bem... - E deitou a cabeça dela no ombro dele, acariciou-lhe o braço.

Passou a mão pelos cabelos dela, enquanto ela se aconchegava ali.

– Vencelau... Eu não sei como eu estaria se fosse você. Acho que eu já estaria perto de enlouquecer. - Ela fechou os olhos. Ele sorriu.

Ao abri-los novamente, olhou para Janez, que estava completamente exausto, dormindo com a cabeça encostada na madeira da parede, com os livros em suas mãos. Estudar e ler eram as únicas coisas que poderiam acalmar Janez.

Andrija suspirou.

– Eu quero sair daqui. - Falou ela. - O mais rápido possivel.

Ele tirou o sorriso do rosto e parou de acariciar os cabelos dela. Suspirou e beijou a testa dela, fazendo-a ficar mais próxima de si.

– Tenha calma... - Pôs o queixo sobre a cabeça dela, deixando-a deitar a cabeça em seu peito. - Isto já está proximo de acabar, eu tenho certeza que está.

Tomando nota de que estavam em maio de 1944. "Pouco tempo" que parecia uma eternidade.

Saudades

Todos os dias, Hannelli observava no seu correio se chegou alguma carta. E semanalmente vinha uma diferente, o que fazia-a alegre até demais.

Ao pegar a carta, a abria. E sempre era uma carta do seu marido, dizendo como estava e sobre o exército. Já fazia um mês que ele tinha partido, e até agora, ele estava bem.

E ela sempre lia "Eu ainda não fui para alguma frente de guerra" e se animara a ler "[...] e parece que eu nem vou para uma.". Pelo menos, estão poupando a vida dele; se pouparem mais um pouco, ele poderia voltar para ela sem nenhum dano.

Constantemente passava a mão na barriga, sem se esquecer daquela criança. Fechava os olhos e imaginava o futuro. Imaginava ela, Alexis e o filho ou filha deles, sendo uma família unida e feliz. Já pensava em como poderiam fazer para cuidar do filho deles até a sua fase adulta. E desejava que ele fosse inteligente assim que nem o pai e dócil assim que nem a mãe.

Já tinha nomes em mente: Sofia, se for menina. Alexis sempre pensou em ter uma filha chamada "Sofia", pois demonstra o amor dele pela filosofia. David, se for menino. Em homenagem ao falecido irmão mais velho de Hannelli.

Ela suspirou e deitou na cama, estava sonhando muito. Tudo poderia acontecer, mas tinha esperanças de que ele voltaria.

E ao deitar naquela cama, conseguia sentir o cheiro de Alexis. Delicadamente, passou a mão pelo cobertor. Alexis estaria pensando nela como ela pensava nele? Depois passava os dedos por cima dos escritos da carta. Quantas saudades sentia, até da letra dele.

Ela iria escrever para ele. Por cartas, eles não perdiam tempo. Afinal, com guerra ou sem guerra, teriam que falar sobre a futura criança. E dessa vez, iria falar com ele sobre o nome que iria dar, para aprofundarem no assunto.

Ela fechou os olhos de novo, abraçando o travesseiro dele, uma lágrima caiu de seus olhos.

– Alexis... - Sussurrava.

Tudo aquilo deveria ser decidido pelo destino.

Uma história nem tão qualquer: Inglaterra

Tatiana recebeu a notícia super atrasada de que seu irmão estava no campo de concentração de Dachau e que ele estava vivo, mas que não estava saudavel, ele não estava bem. E ouviu também que ele estava trabalhando para a administradora do local, Olga Haag.

Ouviu muito a respeito de Olga. Ouviu que ela era um pouco traiçoeira e era muito viciada nas ideias do Führer. Aquilo não era bom; mas pensando num outro lado, se Scepan estava vivo era por causa de Olga. A sua doença mental não estaria disposta a por-se em trabalhos forçados por muito tempo. Centenas de pessoas morriam por dia em Dachau, mas Scepan continuava vivo.

Mas aquilo não era motivo para aliviar-se. Tatiana estava do lado de fora da fazenda, sentada na grama verde e olhando para o céu. Uma tristeza lhe batia, de forma bem forte. Pensava no irmão e do motivo de ele não estar lá.

De vez em quando, um rapaz passava por lá. Ele também era um judeu que estava se escondendo lá. Sentou-se ao lado dela, percebendo a sua tristeza.

– Tudo bem com você? - Ele mal a conhecia, mas era simpático por perguntar.

Tatiana olhou nos olhos dele, eram cor de mel e bem profundos, combinavam com os cabelos negros azulados dele. E parecia ser um pouco mais velho do que Tatiana.

Ela assentiu.

– Eu estou bem, só estou preocupada com o meu irmão.

Ele fez que sim.

– Desculpe-me... - Ele sussurrou.

– Não foi nada.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, até que foi quebrado por ele.

– Você é da Iugoslávia?

Ela assentiu.

– Sim, sou. E você é de onde?

Ele sorriu.

– Tchecoslováquia. - O sorriso dele tinham duas covinhas, uma em cada canto do rosto. Era magro, bem bonito. - Meu nome é Charlie.

Com um sorriso daqueles, Tatiana não pôde não sorrir também.

– Meu nome é Tatiana, prazer em conhece-lo.

– O prazer é meu. - Ele não tirou o sorriso do rosto. - Meus pais eram da Iugoslávia.

– É verdade?... - E começaram a conversar.

Pelo menos, algum modo de distração.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido. Acho que estou enrolando demais, vou ter que acelerar o negócio kkkk

Até o próximo capítulo :)



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