Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 17
Parte XVI


Notas iniciais do capítulo

Estamos no capítulo 16 e só estamos na metade, vishe!
Ok, eu estava lendo "A Mala de Hana" novamente, lembrei que foi por causa deste livro que estou escrevendo esta fanfic. Não tem muita coisa a ver, mas foi o livro que me deu a ideia. O livro é bem fininho e de fácil leitura, você termina em poucas horas de ler, mas é muito bom, te prende muito. =D

Ok, boa leitura :)



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O desespero dos escondidos

Duas semanas depois, ainda em 1943, os Krleza levaram um grande susto. Quase foram descobertos, mas por pouco, escaparam.  Mas aquele desespero era diário. Sempre tinha alguma coisa com o que se preocuar, com o que se assustar. Mas aquele tinha sido o maior de todos.

Um dos soldados nazistas que inspecionaram a casa dos Brauer quase descobriu o porão, mas por pouco, não pode achar o seu acesso por trás de um armário na cozinha.

Com aquela, já era uma das incontáveis vezes em que os Brauer recebiam essas "visitas". E nada poderia ser pior, a agonia e o desespero. Mas vendo bem, poderia ser pior, eles poderiam ter sido descobertos.

Mas não, não estavam sendo nem percebidos, ainda bem. Mas o susto ainda dominava a mente dos judeus.

Andrija observava por através daquela janela embassada - o único contado dela com o mundo. -, e ela estava mais embassada do que naturalmente é. Poderia estar nublado, muito úmido. Ia chover daqui a alguns instantes em Belgrado.

Janez estava com os seus livros de medicina. Andrija o observou folheando as páginas; as mãos do mais novo estavam tremendo; aquilo, de certa forma, preocupou Andrija, que teria ido suavemente para o lado dele.

- Janez... Você está bem?

O garoto olhou para ela. Ele juntou as sobrancelhas.

- Eu estou... Só com um pouco de fome.

Andrija levantou uma sobrancelha, curiosa.

- Qual foi a última vez que você comeu? Você está magro demais.

Ele revirou os olhos, tentando pensar em alguma resposta.

- Eu... - E coçou a nuca. - Bem... Acho que foi anteontem. Ontem eu só bebi um pouco de água.

Andrija arregalou os olhos.

- Mas... Você não pode ficar muito tempo sem comer, Janez.

Janez assentiu.

- Eu sei, mas... Eu ultimamente não estou com fome. Mas estou me sentindo um pouco fraco.

- Hoje, você vai comer, entendeu? - E olhou para Elizabeta, que estava sob o cobertor, olhando para a parede úmida, que não tinha um cheiro agradável.

De vez em quando, Elizabeta punha o rosto sob o cobertou, uma tosse nova. Um acesso muito preocupante de tosse e espirros.

Andrija logo tinha ido até ela, perguntou se ela estava se sentindo bem.

- Eu estou... Com dor de cabeça, tosse e espirrando muito, mas tudo bem. - Tosse, de novo. - Deve ser a madeira, eu devo ter alergia.

Andrija levantou uma sobrancelha. Já fazia mais de um ano que estavam ali e Elizabeta só foi sentir essa "alergia" agora. Deve ter a pego durante o tempo que estava lá.

A irmã intermediária olhou para ambos os irmãos. Era a única que tinha que cuidar deles o tempo inteiro.

Escravidão

Olga estava em seu escritório, que ficava ao centro do campo de trabalho forçado. Ajeitava tudo o que tinha que ajeitar e logo lembrou-se daquele judeu iugoslávo. Ah sim, tinha que chamá-lo, para que ele venha até ela.

Ela chamou um dos soldados que trabalhavam lá. E sem cerimônia, lhe disse:

- Você sabe um judeu iugoslavo chamado Scepan Petrovik? - Ela ainda se lembrava do nome dele. - Se ele estiver vivo, traga-o aqui.

O soldado não reclamou, saiu do escritório sem levantar nenhuma exclamação. Se juntou com mais três soldados.

- Bem, bem, bem... - E pôs as mãos na cintura. - Vamos procurar um judeu chamado Scepan Petrovik, a senhorita Olga vai querer ele no escritório dela.

Todos eles sabiam do que se tratava, e foram logo para o local onde o determinado judeu estava.

Era um local de uma fábrica de pólvora. Alí, Scepan tinha que fazer o suporte da pólvora, dia e noite, quase sem nem parar, nem que seja um pouco. Estava cansado demais, magro demais, principalmente triste demais. A sua depressão nervosa já tinha chegado lá.

Até que foi chamado a atenção pelos soldados, que o cercaram.

- Ei, judeu! - Chamou-o. Scepan parou no mesmo minuto. O coração do pobre jovem mais parecia uma bomba. - Vire-se!

Devagar, fez o que lhe foi mandado, olhando para o chão, nunca para os olhos da "raça superior". O soldado continuou.

- Você vem conosco. Senhorita Olga quer falar com você.

Quando se foi dito "Senhorita Olga", todos os judeus próximos pararam o que estavam fazendo e olharam diretamete para Scepan. Um outro soldado suspirou, sem paciência.

- O que estão olhando, seus fodidos? Não têm mais o que fazer? Voltem ao trabalho, ou vão ser fuzilados um por um!

Após a ameaça, todos voltaram ao seu trabalho, com olhares de medo. 

A razão do porque tinha mais três soldados alí, era para o judeu não se debater. Mas Scepan não se debateu muito, e deixaram que dois soldados o arrastassem, segurando fortemente os braços.

Atravessaram o campo, até chegar a residência de Olga - sim, a residência era temporária, mas era dentro do campo. -. Ao chegarem ao escritório, Olga o olhou bem, ele estava bem diferente, como esperava. Sorriu para ele.

- Hoje é o seu dia de sorte, seu rato imundo. - Falou ela. "Sorte"? - Você vai trabalhar exclusivamente para mim a partir de hoje.

Ele a encarou, com um ódio visível em seus olhos castanhos escuros. Bufou. Ela o olhou, agora surpresa.

- Nossa, que medo! Me arrepiei agora! - Ironizou Olga. - Mas não importa, você trabalhará para mim, seu judeu fodido, e nem pense em reclamar, se não quiser um lápis afiado cravado em seu olho.

Aquilo tudo já não assustava mais Scepan, a olhava com o mesmo olhar.

Ela se impressionou mais ainda; ele era realmente diferente de todos os outros.

- Hum... Que estranho... Todos os outros que eu dei esta oportunidade tinham um olhar ridículo de medo. Você está me interessando ainda mais. - Ela riu, ironicamente. - Eu gosto de pessoas desafiadoras, mesmo que esta pessoa for um judeu do inferno.

Scepan melhorou mais a expressão; agora, estava com uma expressão típica de alguém que estava achando o que ela estava falando, a coisa mais ridícula do mundo. Ela tirou o sorriso do rosto, o olhando seriamente.

- Sério mesmo que vai me encarar assim? Não vai falar nada? - Ela se aproximou dele. Até que olhou para os soldados, que estavam ainda ali. - Vocês... Saiam! Eu quero falar com ele a sós.

Mesmo não concordando - afinal, Scepan podia ser mais forte que Olga -, os soldados sairam. Olga continuou:

- Não vai falar nada? - Perguntou novamente. - Hein? Hein? - Já o oportunava. Ela agarrou o rosto dele com violência. As unhas grandes e afiadas dela machucavam o rosto de Scepan. - Perdeu a voz, por acaso?

Mas ele nada falava. Se fosse outro administrador, já teria matado ele por resistência, mas Olga não o fez. Ao contrário, achava aquele comportamente admirador.

- Se fosse qualquer outro judeu, já teria se abaixado aos meus pés. - Ela falava baixinho, enquanto encarava o olhar odioso de Scepan. - Você odeia os nazistas, eu odeio os judeus... Eu entendo muito bem o que você está pensando. - E soltou o rosto dele. Scepan não se importava com as marcas vermelhas que havia deixado. - Sem ironia, você me interessa.

Ele abaixou o olhar, estava pensando em várias coisas. Se não fosse pelos nazistas, ele estaria livre, com os seus pais e com a sua irmã. Mas não, estava escravizado, quase anorexo, olhando para um ser louco que estava falando coisas estranhas.

Ela voltou a sorrir.

- Daqui em diante, você será meu empregado. Fará tudo que eu mando, quietinho assim. Gostei do seu jeito, mas se reagir... - Ela deu uma risadinha. - Eu não irei perdoar.

Até que Scepan se atreveu a falar alguma coisa:

- Por que você faz isso? - Perguntou baixinho.

Ela ergueu as sobrancelhas.

- O que?

- Matar as pessoas... - Estava com a cabeça abaixada.

Ela desfez o sorriso. O olhou seriamente; depois, agarrou a gola da vestimenta judaica.

- Eu tenho permissão para tal... O Führer me deu essa pemissão. - O sorriso voltava. E sempre quando ela falava, ele sentia um cheiro insuportável de tabaco. - Mais alguma pergunta? - Riu de novo. - Você foi o único judeu que teve a coragem de me encarar. - Após isso, suavemente pegou a nuca dele, trazendo-o para si. Deu um leve beijo no pescoço do judeu.

- Ah... - Scepan tinha fechado os olhos. Aquilo tudo era agoniante. Aquela mulher era maluca. Queria sair dali.

Ela se afastou, indo até a janela, que ficava atrás da escrivaninha. Olhou para ele de lado.

- Este escritório não vai se limpar sozinho. Ao trabalho, seu rato imundo. - Ela ordenou friamente.

No que se podia ver um olhar de ódio, agora estava com uma tremenda tristeza confusa. O que ela queria dele? A vida dele já não estava um lixo? Por que piorar?

Mas, por via das dúvidas, teve que seguir as ordens da moça

A relação entre Alexis e Hannelli

Fazia algum tempo em que Alexis tinha dito à Hannelli que os pais dele estavam escondendo judeus. Hana fiicou preocupada, mas confiava nele e na família dele. Naquela hora, estava mais preocupada com uma coisa.

Já fazia um tempo desde o casamento, e não puderam ter ainda a lua de mel, por estarem no meio da guerra. Quando viu Alexis no quarto em que eles dormiam, Hannelli já não podia esconder um desejo.

Ele estava sentado numa cadeira, lendo um livro. A viu se aproximando. Fechou o livro na mesma hora.

- O que foi, Hana? - Ele perguntou, curioso.

Ela engoliu em seco. Sentou-se na cama - ao lado da cadeira. -, como pedir aquilo à ele?

- É que... Já faz um tempo que estamos juntos e... - Estava um pouco envergonhada, mas tinha que perder esta vergonha. - Nós nunca... Bem...

Alexis tirou os seus óculos, erguendo as sobrancelhas para ela. Logo, entendeu o que ela estava querendo dizer. Até deu um meio sorriso, mas pensava antes mesmo de fazer o que ela queria.

Fazer sexo era uma experiência que não era fácilmente acessível antes do casamento naquela época. Ele então se ergueu, fazendo Hannelli se sentir um pouco mais confiante. Até que ele suvemente pôs as mãos nos ombros da sua esposa, que engolia em seco.

- Eu sei do que você está falando. - Ele a deitou na cama, ficando sobre ela, em seguida. - Eu sei... - Ele levantou o queixo dela, fazendo-a olhar para ele.

O rosto dela estava corado, mas os olhos pareciam estar sendo seduzidos. Sentiu os lábios de Alexis sobre os seus; aprofundava o beijo. De início, ela abraçou o pescoço dele, até passar as mãos para frente, desabotuando a camisa dele.

- Alexis... - Ela sussurrou o seu nome, enquanto ele beijava o seu pescoço. Aquilo poderia ficar mais prazeroso.

O pesadelo de Vencelau

Naquela mesma noite, quando Vencelau fechou os olhos, a imagem de Scepan apareceu na sua frente.

Vencelau o via num campo de concentração, com o rosto e o corpo magro, com os olhos incrédulos e grandes, tremendo de frio; ele estava morrendo. Enquanto olhava para o sérvio, repetindo as palavras: "Eu estou sozinho... Vencelau, me ajude... Me ajude! Me tire daqui, Vencelau!"

Naquele mesmo segundo, Vencelau acordou num susto. Sentado-se na cama rápidamente, percebeu que estava apenas tendo um pesadelo.

Mas não tinha nada o que poderia fazer por Scepan, mas isso deixava-o aflito, bem como se os nazistas invadirem a casa dos Brauer e levassem Andrija. Aquilo estava sendo demais para ele.

Pôs as mãos no rosto cansado. Achava que aquilo devia ser alguma ironia do destino, ou algo assim. Quando aquilo tudo irá acabar? Queria tudo do jeito como era, pelo menos, ele não estaria assim tão preocupado.

- Como é que eu vou... Viver assim? - Perguntava baixinho para si mesmo.

Naquela hora, sentia uma vontade grandiosa de ter que falar tudo que pensava sobre qualquer um. Esperava o dia que poderia falar para Andrija que a amava, que a amava mesmo, mais do que um amigo. Pelo menos, isso poderia afastar um pouco a angústia.

De qualquer forma, vamos ver se ele irá conseguir.


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Notas finais do capítulo

Eu sou horrível quando se trata de Hentai, por isso eu não coloquei aqui kkkkkk
Mas enfim, espero que tenham gostado.

Até o próximo :)



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