Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 16
Parte XV


Notas iniciais do capítulo

Devo falar uma coisa: Eu não ia postar hoje porque foi simplesmente um dia horrível. E eu estava sem ânimo, mas agora, eu vou tentar postar.
Avisando novamente sobre o meu teclado: Ele fica engolindo algumas letras sem eu perceber, então é bem provável que eu vá ter alguns discuidos. Ingualmente digo sobre os acentos, tenho que fazer força para que eles saiam.
Algum dia eu vou botar fogo nesta coisa, vocês vão ver. *risos*
E eu decidi por mais um personagem de minha autoria, vocês vão conhece-la agora.

Ok, boa leitura :)



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Mês de fevereiro

Dia 14 de fevereiro de 1943, o aniversário de vinte e três anos de Vencelau. As coisas se passavam rápido demais, que nem ele próprio poderia se lembrar da chegada do seu próprio aniversário.

Quem o lembrou isso foi Alexis, a primeira pessoa que Vencelau se encontrou, de manhã no trabalho.

– Parabéns pelo seu aniversário, Vencelau. - Falou Alexis, com um sorriso no rosto.

– Hein?! - Vencelau parecia não entender. Só depois é que ele percebeu. - Ah, sim... Obrigado. - E sorriu meio amarelado.

Alexis riu.

– Você se esqueceu?

Sim, ele tinha se esquecido. Vencelau corou, abaixou a cabeça e a balançou positivamente.

– O aniversário tinha perdido o sentido depois dos dezoito anos. - E realmente, ele não parava para pensar nisso por muito tempo.

Alexis assentiu.

– Se as coisas não tivessem tão caras...

Vencelau fez que não.

– Não preciso de presentes, eu estou bem. - E revirou os olhos, mais preocupado com os preços que, realmente, estavam muito assustadores.

–-

Depois disso, foram os pais. Após a ida de Vencelau para comprar algumas coisas - cada vez menos, de novo o caso dos preços de guerra - para que possa entregar para eles. Emilie foi a primeira a abraça-lo. Wagner apenas tinha dado os parabéns, mas estava muito preocupado com outras coisas.

Vencelau não se importou. Subiu até o sótão, onde recebeu mais parabéns. A primeira, é claro, foi Andrija. E entregar presentes um para o outro nos dias dos aniversários era mais ou menos uma tradição para Vencelau e Andrija. Todavia, nenhum dos dois poderiam ter feito isso nos últimos anos. Com razão.

– Desculpe-me por não ter de dado nada este ano de novo, Vencelau. - Falou ela, um pouco mal.

Ele sorriu.

– Ter você bem, já é uma alegria para mim.

Ouvir isto fez Andrija ficar contente. Quem não ficaria? Pelo menos tinha alguém que se preocupava com o seu bem estar.

–-

Mas o que Vencelau não sabia, era que ele estava recebendo o pior dos presentes. Um presente de grego - ou até pior - eu diria. Porque naquele mesmo dia, Scepan foi pego pelos nazistas.

Ele foi jogado para dentro de um trem, com vários judeus famintos e anorexos. Ver aquilo desesperou Scepan, não queria ficar do mesmo jeito do que ele.

E a cena, foi exatamente assim:

– Entre aí e não pense em escapar, judeu! - Gritou um dos saldados, empurrando Scepan para dentro do trem.

Ele caiu nos pés de muitos outros homens judeus. Numa mesma cabine, existiam mais de vinte homens, um junto do outro. E por sorte, Scepan tinha ficado próximo à uma pequena janela. Dava para respirar. Enquanto via outros homens, implorando por água. Pondo as mãos para fora do trem, através da pequena janela. Sempre implorando pela mesma coisa:

– Àgua! Água!

Scepan via aquela cena com desespero no olhar. Mal podia acreditar que, daqui a alguns dias, iria estar assim também. Isso é, se ele estiver vivo daqui à alguns dias.

Ele olhou novamente pela pequena janela, por de trás da cabine. Viu cerca de cinco soldados alemães bebendo e rindo dos judeus doentes. Aquilo fez com que Scepan ficasse também, com uma grande fúria.

Até que um dos soldados o percebeu, estava olhando para eles.

– Olhem lá! Um judeu novato! - E começou a rir.

– Por quanto tempo você acha que ele vai aguentar? - Ria o outro.

– Sei lá! Talvez não vá passar nem da primeira semana!

Aqueles risos faziam com que Scepan sentisse uma enorme vontade de tentar destruir aquele trem, só para dar uma surra naqueles caras. Eles pensavam que Scepan era fraco, justamente por ser judeu.

Ele não aguentou:

– Venham aqui ver se eu sou fraco, seus filhos da puta! - Gritou, com uma voz clara.

Por um minutos, os soldados olharam para Scepan. Mas depois de alguns segundos, começaram a rir de novo.

Por que aquele trem não partia logo e deixava Scepan um pouco longe daquelas humilhações. E foi o que o trem fez. Deu a partida, em direção a Bikernau, na Polônia.

Scepan suspirou pesado, encostado na parede. Via os outros judeus o olhando com surpresa. Nenhum deles conseguiria responder aos nazistas daquele modo. Scepan era maluco ou o que?

Uma outra notícia

Ludwig tinha voltado da Rússia, sem nenhum ferimento. Graças a Deus, ele estava bem, estava de pé. Feliciano tinha o acompanhado, e voltava para Belgrado com um olhar tristonho e cabisbaixo. Por vários fatores, um deles estava sendo demonstrada agora, na casa dos Brauer.

– Eu não sei como eu posso dizer isto... - Feliciano desviava o olhar, batendo os dedos um no outro. - Mas eu tenho que dizer algo muito ruim.

A família esperava qualquer coisa. Qualquer notícia. Mas aquela parecia ser grave, o que era?

– Diga Feliciano, o que foi? - Vencelau engoliu em seco. Feliciano fez o mesmo.

– S-Scepan Petrovik...

Ao ouvir este nome, Vencelau arregalou os olhos, erguendo-se do sofá imediatamente.

– O que houve? - Quase gritou.

– Vencelau... - Falou Emilie baixinho, tentando acalmá-lo.

Feliciano assentiu, continuou:

– A irmã dele se salvou, foi para a Inglaterra com sucesso. Mas... Scepan...

Vencelau respirava rápido, querendo apressá-lo.

– E-Ele... Morreu?

Feliciano fez que não, pelo menos um pequeno e inútil alívio.

– Ele está sendo levado agora, para um campo de trabalho forçado na Alemanha.

Alemanha? Céus, por que Alemanha? Foi o que Vencelau pensou. Sentou-se no sofá novamente, incrédulo. Com as mãos na cabeça, incrédulo demais até para escorrer uma lágrima.

– Desculpe-me... - Feliciano falou baixinho

– Vencelau... - Emilie pegava nas mãos no filho, segurando-as com força. - Se acalme... Por favor...

Ele engolia em seco.

– E-Está tudo bem... Não é? - Perguntava baixinho.

Não, não estava tudo bem.

Da Polônia à Alemanha

Depois da sua passada por Bikernau, onde teve o seu braço tatuado com um número. A dor era enorme, pois não existia anestesia para judeus. E teve que ser obrigado a tirar a roupa para colocar uma vestimenta de presídio para judeus.

Foi posto no mesmo trem, indo para a Alemanha, estava indo à um campo de trabalho forçado chamado Dachau. A tragetória durou três dias, e nessa altura, Scepan já tinha perdido mais de cinco quilos. Não comia, não conseguia, não tinha força para praticamente nada. E tinha que trabalhar como um escravo. Achava que aqueles nazistas tinham razão, ele não passaria da primeira semana em Dachau.

Quando chegou, o mesmo método se seguia, o mesmo de Bikernau. Ele e todos os outros judeus sendo forçados a sair à força do trem. Mantendo-se em fileiras, para uma longa chamada. Dali em diante, eles iriam trabalhar forçadamente.

E naquele campo, existia uma admistradora bem jovem. Ela fizera parte da Juventude Hitlerista e tinha um tremendo e assustador ódio aos judeus. O seu nome? Olga Raag, uma alemã com cabelos castanhos puxados para o loiro e olhos verdes. Era bem magra e jovem até demais. Administrava o campo desde a morte de seu pai, que até então, era o administrador.

Era naquela hora, que ela estava conversando com os soldados.

– Hum... De onde esses aí vieram? - Ela perguntava justamente do grupo em que Scepan tinha vindo.

Um dos soldados olhou para o grupo de judeus "novatos". Naquela hora, a chamada ocorria. Ele voltou o seu olhar para Olga.

– Fugitivos para a Rússia. Tem de tudo aí, iugoslávios, alemães, polôneses, tchecoslováquios, ucrânianos...

Ela deu de ombros.

– São todos judeus, não têm nenhuma qualidade.

Após a chamada, Olga deu uma boa olhada nos prisioneiros novos. Um por um. Aqueles que não a interessavam, passava direto.

Até que ela parou e observou um prisioneiro em especial. O prisioneiro era Scepan.

Esticava o pescoço, vendo o rosto jovem do rapaz judeu. Ele tinha olhos ardentes, de raiva, de medo, de angústia, de tristeza. Era a depressão dele. Aquele olhar chamava a atenção de Olga.

Até que ela decidiu quebrar o silêncio:

– Judeu... Qual o seu nome?

Nada foi respondido. Ela teve que ser mais agressiva:

– Eu perguntei qual é o seu nome, seu rato imundo! - Gritou agressiva. - Responda-me ou serás morto!

Scepan assentiu, captando a mensagem.

– Scepan Petrovik...

Melhor assim.

Olga ergueu as sobrancelhas, dando uma volta em torno dele. Até que chegou à frente dele novamente.

– Scepan... Petrovik, hein? - Ela deu uma risadinha. - E de onde você seria?

Ele engoliu em seco.

– I-Iugoslávia...

Ela tirou o sorriso ironico do rosto, tornando o olhar agora, sério.

– Iugoslávia... Iugoslávia... - Fazia que não com a cabeça. - Este país... - Suspirou. - Já causou vários problemas para o meu glorioso país. Causou problemas para o nosso querido Führer também... - Ela ergueu o rosto dele. - Mas não se preocupe, eu acho que você tem um jeito especial... Para mim, serás útil.

Do que aquela mulher maluca estava falando? Mesmo tendo praticamente a mesma idade de Scepan, ela era muito jovem para administrar um local tão horrível daquele jeito. Olga continuou:

– Está certo, está certo! - E saiu da frente de Scepan, saindo do meio dos judeus. - Podem ir para suas barracas, o trabalho vai começar.

E assim foi feito, todos os judeus foram levados para suas barracas, de lá, começarão o trabalho escravo. Olga acendeu um cigarro, e levava a boca quase todo o segundo.

Um dos soldados chamou a atenção dela:

– Você demorou muito com aquele judeu. O que está pensando, senhorita Olga?

Ela sorriu, ironicamente.

– Acho que ele vai me servir para alguma coisa. - E alongou o sorriso. - Scepan Petrovik... Da Iugoslávia. Bem jovem, parece ser forte, alto... - E deu uma risadinha. - Ele com certeza irá me servir para alguma coisa. - Colocou o cigarro na boca outra vez.

O soldado ergueu as sobrancelhas.

– Engraçado, porque todos os judeus jovens que trabalharam exclusivamente para você, senhorita; todos foram mortos por suas próprias mãos.

Ela olhou para ele, com o sorriso não mais existente.

– Aqueles ratos eram muito fracos. Eu pensava que cada um ia ser diferente... - Bufou. - Como eu sou tola. Um judeu já é inútil demais... Todos são os mesmos ratos imundos.

O soldado assentiu, mesmo não entendendo os desejos da sua chefe.

Scepan se assustou um pouco com o olhar dela, mas depois, logo se esqueceu. Tinha que trabalhar muito depois disto. Via pequenas crianças tendo de fazer o trabalho forçado. Doía o seu coração quando elas caiam no chão, mortas. Aquilo tudo era uma total injustiça.

Afinal, por que aquilo tudo?


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Notas finais do capítulo

Bem... Desculpe-me. Eu escrevi ofensas sobre os judeus. Mas isso é da personagem, não meu. Respeito os judeus, até demais. Gosto da cultura, etc.

Até o próximo capítulo, espero que tenham gostado. :)



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