Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 11
Parte X


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevo demais kkkkk mas aproveitem, porque acho que depois desse feriado, eu não vou poder postar muito.

Enfim, boa leitura :)



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1941

Título autoexplicativo. Este é o ano que marca a invasão da Alemanha na Iugoslávia. E agora? O que será de todos?

Vamos em partes. Vencelau estava em seu apartamento pequeno, ideal para uma só pessoa. Folheava as páginas de Romeu e Julieta, o livro que lembrava a sua infância. E com a infância, veio os pensamentos.

Logo, ele se lembrava de quando ele tinha doze anos. Como uma pessoa que nunca entendeu sobre religião, foi até o seu pai perguntar algo sobre isso.

- Pai. - Vencelau o chamou.

Wagner tinha olhado nos olhos do filho, cheio de vida.

- O que foi, Vencelau?

O garoto tinha engolido em seco.

- O que são judeus?

Wagner olhou para cima, pensando numa resposta para aquela pergunta. E tentou responder da melhor forma:

- Pessoas que seguem o judaísmo. - Grande resposta.

Mas isso não foi o suficiente para aquietar Vencelau.

- O que é judaísmo?

Wagner respirou fundo, o que tinha assustado Vencelau. O garoto tinha tremido um pouco, com medo da provável resposta do pai.

- Por que está perguntando essas coisas, Vencelau?

- É porque... Eu sempre ouvi falar dos judeus e... Eu não sei exatamente o que eles são.

Wagner suspirou.

- Acho que você faz muitas perguntas, Vencelau. - E aquietou-se diante a isso.

Até chegar a uma idade significativa, Vencelau ficara sem resposta. Mas agora sabia o que eles eram, só não sabia o que eles tinham feito para merecerem tanto ódio. Afinal, eram pessoas normais com uma fé levemente diferente. Afinal, estranho era Vencelau, que nem religião tinha, nem sabe o que é ter Deus em seu caminho.

Suspirou, fechando o livro. Massageou os olhos tristonhos. Sempre ouvira isso: "Você faz perguntas demais"; ou então: "Você fala demais". E sempre ri quando Scepan o lembra de quando eles tinham treze anos, a professora falando que se Vencelau ficasse quieto durante uma aula inteira, ela daria alguns pontos para ele. E essas lembranças divertiam Vencelau, ele era realmente um tagarela.

Mas algumas vezes, ele queria ser que nem Alexis; reservado, decidido e admirável. Mas nestes aspectos, Vencelau achava que era completamente o oposto: Tagarela, indeciso e espivitado. Mas no final, ele bem que queria viver a vida, porque sabia que era curta. Não devemos ficar quietos para sempre.

--

Na casa de Alexis, o clima estava completamente o mesmo. Aquele momento em que o búlgaro parava para refletir sobre as coisas.

Apesar de agora ter conseguido o que queria - que era: reconhecimento, admiração e amor. -, algumas vezes, queria ser que nem o seu irmão mais novo, que era bem sociável, ao contrário do mais velho. Alexis sempre fora tímido, mesmo não conseguindo demonstrar ser. Mas claro, ficava honrado por ter tido várias admiradoras, mas nunca teve um amigo de verdade, sem contar com o seu irmão.

Alexis queria saber se não podia ser pelo menos um pouco mais sociável e que qualquer um poderia ir falar com ele, por ser simpático. Mas era exatamente isso que fazia falta nele: simpatia não tinha nada a ver com ele. E era um dos pontos que Vencelau mais atraía.

Mas não é hora de se perder nestes pensamentos, pois Alexis já era um adulto responsável. Sabia o que era certo e o que era errado e o que passou, passou.

--

A empresa estava um caos. Os funcionários judeus estavam desesperados. Isso incluía Franz Krleza, que não parava de andar em círculos na sala de trabalho. Wagner apenas o observava.

- Assim não dá, Wagner... - Repetia Franz, aflito.

- Tenha calma, Franz. - Wagner queria realmente acalmar o amigo, mas como?

- Não, Wagner... Não. - E parou de andar, com as mãos na cabeça. - Os alemães estão chegando... O que eu faço?

Wagner já tinha pensado em tudo, mas nada poderia ter um nível de sanidade grande. Tudo era insado, tudo era perigoso. Mas o que Wagner podia fazer pelo pobre Franz e sua família?

"Se ao menos eu pudesse esconde-lo e a sua família..." Pensava Wagner. Mas que ideia maluca! Mas que, de alguma forma, daria certo. "Ah! Eu e as minhas ideias malucas... Não custa tentar... Mas..." perdeu-se nos próprios pensamentos "...e se me pegarem? Como eu me desculpo?". Mas no final, decidiu-se.

"Ideia maluca, Wagner, ideia maluca." Suspirou.

- Eu acho que eu tenho como resolver o seu problema, Franz. - Levantou-se.

Franz olhou diretamente para ele. Aqueles olhos brilhantes de aleluia encaravam Wagner.

- Tem? Ah! Graças a Deus! Diga-me!

Wagner assentiu. Começou a falar sobre porões, sótãos e esconderijos. Os nazistas nunca iriam pensar em chegar até a família Krleza. Ao terminar, a expressão de Franz deixou de ser aflita e tornou-se preocupada.

- Mas... Wagner... Isso é loucura... - Os olhos verdes judaicos encaravam o chão. Wagner assentiu, e agora, falava baixinho.

- Eu sei que é... Me falei isso antes mesmo de te dizer. Mas veja você: Poderá ser a sua chance. Eu me disponho a ajudá-los. Afinal, você é uma das pessoas que eu mais confio. Irei pedir ajuda a minha esposa e aos meus filhos. Aliás, Vencelau estará bem disposto para isso, principalmente ele. - E sorriu ao pensar no bem estra de Andrija. - Se é que o senhor me entende.

Franz ergueu as sobrancelhas e mordeu os lábios. Não gostava muito da ideia de Andrija e Vencelau juntos, mas assentiu, entendia.

- Mas Wagner... A sua esposa...

Wagner o interrompeu.

- Já conversei com ela sobre esconder judeus, mas nós nunca sabiamos que deveriamos fazer isso. Ela sempre estara disposta a ajudar quem precisa, até mais do que eu.

Franz deu uma risadinha.

- Não é a toa que você fala que ela é maluquinha às vezes.

Wagner sorriu.

- Pois é, pois é... Agora sabe.

Franz abaixou os lábios, agora com mais uma pergunta:

- A fiscalização dos nazistas em todas as casas... O que irá acontecer?

Surpresa! Wagner não tinha pensado nisso. Ele revirou os olhos, coçando o queixo.

- Hum... Eu vou dar um jeito nisto.

E vai dar mesmo...?

Mensageiro de Berlim

Dois dias após a conversa com Franz, Wagner estava vendo os seus trabalhos na mesa da sala de jantar, enquanto Emilie lavava a louça. Eles já tinham conversado sobre a família Krleza e logo chegaram a uma conclusão: Irão fazer isso mesmo. Tanto que Emilie já tinha limpado o sótão e o porão da casa, para ficar mais confortável. Em três dias, o plano ia estar em ação.

Até que a campainha tocou. Quem seria? Wagner ergueu as sobrancelhas, esperou Emilie se juntar a ele. Logo, os dois foram até a porta. Um rapaz alto, forte, cabelos loiros e lisos, olhos azuis; estava aguardando a porta ser aberta. Ele estava com um uniforme de exército.

O problema era que era um uniforme de exército nazista.

- Boa noite, senhor e senhora Brauer.

Os dois se assustaram, já iam perguntar o porque dele estar alí. Mas o rapaz logo os acalmou.

- Calma, calma... Eu não vou fazer nada de mal a vocês. Meu nome é Ludwig, sou do exército alemão. - Esticou a mão para Wagner, que ignorou.

- O que faz aqui, nazista?

Ludwig ergueu as sobrancelhas e abaixou a mão.

- Eu vim ajudar vocês. - Suspirou. - Eu tinha vindo aqui para a Iugoslávia numa missão. E eu tinha que fiscalizar a empresa que você trabalhava.

Wagner revirou os olhos para Emilie, que o olhava desconfiava. Acenou a cabeça para ela e voltou a atenção a Ludwig.

- Continue...

E foi o que o rapaz fez.

- Quando eu ia abrir a porta do seu escritório, eu ouvi você falando com um judeu. E acredite no que eu digo, eu posso ser do exército, mas sou obrigado a isso. Eu estou longe de ser nazista, não tenho nada contra os judeus, até porque fui criado por dois deles. - Wagner o olhava desconfiado, mas mesmo assim, continuou. - Eu gostei da sua ideia e eu queria ajudá-lo.

Wagner novamente olhou para Emilie, que não sabia se acreditava no jovem ou não. Virou o rosto de novo à ele.

- Como eu posso saber que você não está me enganando?

Ludwig sabia que ele iria perguntar isso.

- Eu não tenho como te provar. - Balançou a cabeça negativamente. - Com este uniforme, não. Mas eu posso ser útil a você.

Wagner ainda estava desconfiado.

- Entre... Vamos falar sobre isso. - Falou antes de virar-se, deixando-o entrar.

- Com licença... - Falou para Emilie, que fechou a porta.

Depois daquela noite, estava tudo resolvido. Wagner convenceu-se a acreditar no jovem, já que ele tinha mostrado várias ligações com os judeus e que realmente não tinha sangue frio ao ponto de matar um. E estava no exército alemão por estar. Mas mesmo assim, Wagner não conseguia confiar cem por cento nele.

Mas quem sabe... Tudo irá dar certo.


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Notas finais do capítulo

Taaaaaaaam-daaaaaam xD
O que acharam? Espero que tenham gostado. Porque a história mesmo começa daí.

Até o próximo capítulo :)



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