Fraternidade escrita por Esther K Hawkeye


Capítulo 10
Parte IX


Notas iniciais do capítulo

E se eu disser que eu só percebi agora que estamos no capítulo nove? kkkkkk
Como eu disse, não se iludam com o nyah. Ele faz com que o capítulo nove seja na verdade o dez.
E olhem... Meu teclado está com um probleminha. Ele está "engolindo" algumas letras, então se faltar alguma, desculpem-me o leso do meu teclado, por favor. *risus*

Boa leitura :)



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Uma rápida conversa entre dois irmãos antes da guerra na Iugoslávia

No dia seguinte a aquele, numa livraria qualquer, Alexis e Vencelau se encontraram no mesmo local.

Vencelau estava voltando de um mercadinho, quando avistou o irmão mais velho olhando para os cadernos na vitrine da papelaria. Ao avistá-lo, logo o cumprimentou:

- Bom dia, Alexis.

Vencelau pensava que o mais velho o cumprimentaria da mesma forma: com uma expressão sem emoção ou coisa do tipo. Mas neste dia, Alexis não conseguia tirar o sorriso do rosto.

- Bom dia, Vencelau!

Aquilo de alguma forma, assustou Vencelau. Não eram todos os dias que encontrava o seu irmão mais velho feliz daquele jeito. Mas ficou feliz, pelo menos ele estava se sentindo bem... Não estava?

- Você parce bem... feliz hoje, Alexis...

Óbviamente, Alexis sabia que o seu irmão mais novo estranharia. Logo deu uma resposta maravilhosa:

- É que eu... Ah, eu não sei porque. - "maravilhosa", eu disse.

Vencelau juntou as sobrancelhas, entendendo aquele assunto. Deu uma risadinha.

- Você saiu com alguém? Com uma cara assim, acho que essa seria a unica coisa que alguém pensaria. 

Ainda com o sorriso, Alexis abaixou o olhar; lentamente, assentiu. Vencelau deu uma risadinha.

- Eu sabia que você não ia ser assim para sempre.

Alexis deixou o sorriso, olhando para o irmão sem entender.

- O que está dizendo?

Vencelau tentou explicar com as palavras certas:

- É que... - Sentiu um aperto no peito ao pensar em falar aquilo para o irmão. - Você é sempre tão quieto, eu pensei que...

Alexis percebeu que o único motivo de Vencelau ter receio de falar essas coisas para ele, é para não machucar o irmão por dentro. Mas que coisa idiota! Alexis não se importava com isso. Então, voltou a sorrir.

- Tudo bem, Vencelau. Eu sempre fui esquisito mesmo... Mas agora... Eu me sinto tão bem...

Vencelau assentiu, sorrindo. Até que tinha que fazer uma pergunta:

- E... Quem é?

Alexis suspirou pesado antes de falar o nome da amada:

- Hannelli... A secretária da empresa.

Vencelau assentiu, com um sorriso mais fraco. Não a conhecia bem, mas não era este o problema. Abaixou a cabeça, com um olhar baixo. Alexis tirou o sorriso do rosto, sem entender.

- O que houve, Vencelau? - Sua voz soava ainda mais baixo, mostrando um pouco de preocupação.

Vencelau ergueu o rosto, o olhando surpreso.

- Nada... É que, bem... - Coçou a nuca. - Eu estou preocupado com a Andrija e com o Scepan.

Alexis revirou os olhos. Sabia que a perseguição dos judeus estava ficando cada vez mais forte por toda a Europa. Vencelau tinha toda a razão de ficar com medo dos nazistas terem que levar os seus melhores amigos para a morte. Suspirou, pousando a mão no ombro do mais novo.

- Não se preocupe... Isso não vai acontecer com eles.

- Como tem certeza?

Alexis não tinha como responder. Respirou pesado e tirou a mão do ombro do outro.

- Eu só quero te tranquilizar.

Vencelau assentiu. Gostava da forma de que Alexis fazia de tudo para não ver o seu irmão preocupado demais e até admirava isso nele. Mas naquele momento, não tinha como tranquilizar. Mas mesmo assim, o mais novo sorriu mais uma vez.

- Não se preocupe... Deve ser apenas um mal pressentimento.

Alexis não tinha sido convencido, Vencelau sabia disto. Mesmo assim, suspirou.

- Eu tenho que ir. - Vencelau finalizou. - Até mais, irmão. - E não deixou Alexis se despedir, queria ir logo para casa.

- Vencelau... - Foi a única coisa que dissera, bem baixinho. Virou-se para ver o seu irmão andando rápidamente para casa. Suspirou. Esperava que essa angústia de guerra acabasse logo.

Pré-guerra na Iugoslávia: Uma linda cena antes dela.

Após a conversa com o irmão, Vencelau saiu de casa e foi até uma praça. A mesma que era cortada pelo pequeno rio, que tinha uma ponte. Ele ficou naquela mesma ponte de cinco anos atrás.

Tinha medo da guerra, mas sabia que não podia impedi-la. Já podia imaginar as bombas vindo para Belgrado. Isso iria deixá-lo muito aflito. Mas tinha que pensar positivo, pensar naquilo não levava a nada.

Suspirou, fechando os olhos; enquanto apoiava os seus cotovelos na madeira da ponte e olhava diretamente para o rio, com um olhar claramente preocupado.

Uma voz feminina, de dezenove anos interrompeu os seus pensamentos.

- Vencelau...? - Era a voz de Andrija. O rapaz virou o rosto, olhando para ela.

Sorriu, de alguma forma, era bom ver como ela estava bem naquele momento.

- Andrija... - Ele logo a abraçou. Ela não entendeu o porque, mas seu rosto ficou avermelhado ao sentir o toque dele.

- Aconteceu alguma coisa? - Era estranho ver Vencelau assim, parecia muito preocupado.

Ele se afastou dela, com um olhar tristonho e medroso. Estava com medo do que estava por vir.

- Andrija... Estou preocupado com você e com o Scepan. - Ele revirou os olhos. - Imagine se a Alemanha...

Ela o interrompeu.

- Não pense nisso. - Fez que não com a cabeça. - É claro que nós, judeus, somos vítimas de várias restrições. Mas eu creio que só irá ficar nisto, não vai acontecer nada mais. Fique tranquilo, isso não vai acontecer. - Sorriu fraco para ele, nem ela poderia ter certeza do que estava falando.

Ele voltou o seu olhar para ela.

- Vocês têm tanta certeza em tudo... Por que?

Andrija revirou os olhos, passando a mão por uma mecha de cabelo, enrolando-os. Pensou logo numa resposta:

- Porque... A fé em Deus é grande.

De novo aquele "Deus" que Vencelau tanto ouviu falar na sua vida. Dizem que ele faz milagres, mas Vencelau nunca tinha o visto. Logo vinham com aquela frase: "Você nunca vai vê-lo, e sim senti-lo.". Mesmo assim, Vencelau nunca o sentiu. E parece que vai ficar por isso mesmo. Aquele rapaz era um infiel dos bons.

- Talvez se eu pudesse senti-lo, ia ser melhor para mim.

Andrija abaixou os lábios, fazendo o sorriso desaparecer.

- Não... Você tem uma visão muito realística das coisas. Acaba não se decepcionado várias vezes.

Vencelau riu, como se o que ela tinha dito fosse uma coisa boba.

- Não... Eu sou tudo, menos realistico. Geralmente, isso acaba gerando um pessimismo muito grande.

Pelo menos, ele agora estava sorrindo. Andrija voltou a sorrir, então.

- Tudo bem, então... Pense o que quiser. - Olhou no relógio de uma igreja por perto. Os sinos bateram, seis horas em ponto. - Eu tenho que ir... Antes que me peguem.

Vencelau deu uma boa olhada no que ela estava vestindo. Aquele casaco não era mais o mesmo, tinha uma estrela de Davi bordada naquele casaco. Estava escrito "Jude", "Judeu". Aquilo não era bom.

Ele suspirou, afinal.

- Pois bem... Eu vou te acompanhar. É melhor assim, não?

Andrija ficou feliz por ele ter feito isso. Afinal, sempre era bom ter alguém que não era judeu acompanhando-a quando tinha passado do limite do horário permitido para os judeus.

Ao chegarem na casa dela, ela o agradeceu, e logo disse:

- Não se preocupe... Nós vamos ficar bem. - Um sorriso confiante surgiu no rosto judaico, o que fez Vencelau ficar um pouco mais esperançoso.

- Eu espero que sim, Andrija... - E por fim, deu um pequeno beijo na testa dela, simbolizando o carinho que sentia por ela.

Aquele pequeno beijo foi demorado, mas teve o seu fim. Sorriram um para o outro aqueles rostos corados.

- Boa noite... - Vencelau falou baixinho antes de virar-se.

Andrija suspirou, enquanto o observava indo embora através do outro lado da porta que segurava.

- Boa noite. - Falou no mesmo tom antes de fechar a porta.

"Desespero"

Algo que não ia bem na casa dos Petrovik: Louis, o pai da família, recebeu uma carta do centro judaico, dizendo para ele ir para um campo de concentração.

Isso era para desesperar a família, mas nem tanto. Ninguém gostava de ninguém lá; ou pelo menos achavam isso. Para Scepan, se sua irmã mais nova estiver bem, nada mais o importava. Não iria se preocupar com alguém que nunca se preocupou com ele.

Mas será mesmo que Scepan não se importa? Nós não sabemos. Mas a única coisa que Scepan tinha realmente medo era que um dia, essa mesma carta retornaria, desta vez, com o nome de Scepan Petrovik.

Por que eles? Por que logo aqueles que tinham uma vida familiar horrível? Será castigo do destino?

Tantas perguntas sem respostas... É melhor deixar assim até que algo se resolva. Mas mal sabia eles era que essa "solução" era péssima para eles.

Aliás, não só para eles; e sim para todos aqueles que tinham, correndo pelas veias, o sangue judaico.


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Notas finais do capítulo

A guerra na Iugoslávia está começando. (yaaay!)
Obrigada por terem lido, esperem até o próximo capítulo.

Espero vocês :)



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