Alguns instantes antes dos bandidos atacarem o vale, à caminho da cozinha, Víbora perguntou à Dishi como ele sabia sobre o Dragão Guerreiro e ele disse que sua mãe contava sobre as façanhas e o incentivava a ser como o panda. Sabia que ele tinha derrotado Tai Lung e Lord Shen, cada batalha mais impressionante do que a outra, até por conta de sua paz interior.

Confessou que ouvia tudo bem surpreso e se tornou um fã do Dragão Guerreiro.

– Nossa, impressionante! Ele sozinho enfrentou todos aqueles canhões...

– Sim, é verdade - respondeu ela com um sorriso.

À essa altura estavam na cozinha e se sentaram à mesa para esperar o jantar

– Ele é demais! É o maior guerreiro da China. Agora sei que logo a profecia será cumprida, basta o Guerreiro Prometido se juntar a ele.

– E quem é o dono desse título?

– Bem... eu não sei. Pensei que fosse um tigre por causa do costume de dar um pergaminho com revelações, é do nosso clã. Mas havia outros animais no meu antigo lugar então não tenho certeza se isso ficou apenas entre meu povo.

– Hm, costume?

– Sim, os jovens tigres recebem um pergaminho como aquele que mostrei. Ali tem uma mensagem que nos faz compreender nosso passado, todas as coisas ruins e as bençãos que recebemos. Pra então cumprirmos nosso destino sem desistir.

– Entendi... e você tem que encontrar esse tal guerreiro pra que ele possa encontrar seu destino?

– Segundo a lenda, o próprio Oogway contou a meus pais, ele deve vir até o Mestre Po pra se juntar a ele e derrotar meu padrasto - suspirou o tigre olhando para o chão - não sei se minha mãe pode esperar, tenho que encontra-lo e pode haver pistas no pergaminho que foi feito para ele.

– Por que não abre?

– Não se deve abrir o pergaminho do destino dos outros... e também, nem o meu eu abri ainda - disse Dishi com uma leve risada.

Ouviram barulhos e gritos de Macaco e Garça que se aproximavam da ala dos estudantes. Até que estavam bem próximos, não entenderam o que era.

– Víbora, bandidos, atacando o vale e não são bandidos comuns! - Gritou Garça adentrando a cozinha.

– Vamos lá - respondeu a serpente olhando para Dishi.

– Vou lutar também?

– Você está treinado o suficiente pra isso - respondeu Macaco por ela - ah, cadê o Po e a Tigresa?

Saiu disparado para o corredor que dava para os quartos e apenas olhando, procurou vestígio de seus amigos. Não esperou nem um segundo para chamá-los.

– Po! Tigresa! Estão atacando o vale! Cadê vocês? - Macaco começou a abrir as portas dos quartos.

Ouvindo isso, rapidamente os dois saíram do quarto de Tigresa para o corredor. Vendo a saída dos dois do mesmo lugar e como Po estava vermelho, abriu a boca em um sorriso e ia soltar uma piada.

– Nem pense nisso, não é hora - advertiu Tigresa passando por ele à quatro patas e correndo para o vale.

Enquanto a seguiam pelas escadarias, já com seus amigos e o novato, Macaco queria saber o que Po estava fazendo para que ficasse tão vermelho perto dela. Ou ele tentou alguma coisa ou ela o impediu de respirar como castigo de alguma atitude, era só isso em que ele conseguia pensar.

– Já disse... que eu só... queria conversar.

– Então provavelmente você falou alguma coisa que a irritou, não é?

– Fiquem quietos! - Tigresa estava agora concentrada nos bandidos - Garça, como eles eram e onde estão? - Perguntou se aproximando dos cidadãos que corriam descoordenadamente.

– Não preciso dizer, basta olhar - ele os levou cada vez mais próximo de onde se ouviam mais gritos. Era do restaurante do pai de Po.

Ao chegar na porta, os sete guerreiros pararam para procurar quem causava aquela desordem, chegaram na hora de ouvir o interrogatório. À frente do balcão do Sr. Ping, estavam três enormes felinos, um leopardo e dois tigres. Cada um deles segurava alguém em suas patas e na mão do tigre maior estava o pescoço do pobre ganso.

– Pela última vez, cadê o príncipe e o outro tigre com ele, o Guerreiro Prometido? Me diga!

– Mas eu já disse que não sei de nada... - dizia o ganso com certa dificuldade de respirar.

– Eles devem estar junto com o Dragão Guerreiro... - disse olhando para os leopardo e o tigre que o acompanhava - onde ele está? - voltou a perguntar ao ganso, enquanto os outros dois felinos faziam o mesmo com os outros animais que seguravam.

Po limpo a gargante e então se colocou em postura de combate como os outros, inclusive Dishi. Chamando a atenção dos malfeitores que se viraram para encará-los.

– Eu tô aqui!

– E o único tigre que vive com ele sou eu - rosnou Tigresa ficando ao lado do panda.

– Ah, aí está você, junto com sua alteza que me fez isso - disse o leopardo mostrando uma marca onde não havia pelo que ia próximo do olho esquerdo ao queixo - não acredito que o Guerreiro Prometido é uma fêmea, não é possível que uma gatinha tão linda seja tão poderosa.

Apesar da surpresa pela suposição dele de que Tigresa era outro guerreiro lendário de seu povo, ela rosnou e estava preparada para esfregar a cara daquele leopardo idiota no chão, não deixaria passar o fato de ele tê-la chamado de "gatinha". Mas Po reagiu primeiro, tão bravo que surpreendeu quem não conhecia suas intenções.

– Chega! Solta meu pai e os outros e vamos resolver isso! - Esbravejou Po dando alguns passo à frente.

– Espera... seu pai é um ganso? Como isso é possível? - Perguntou o segundo tigre libertando um porco e um coelho.

– Ah, longa história e eu tô afim de lutar... prepare-se para sentir o trovão!

Os felinos soltaram os outros reféns que correram por suas vidas. Nesse instante, Po foi o primeiro à correr na direção deles, fazendo uma finta e acertando um chute em cheio no rosto do leopardo atrevido. Mesmo assim ele segurou sua perna e tentou derrubá-lo, mas o panda apoiou suas patas no chão e com um pequeno movimento de quadril conseguiu chutá-lo no peito, o mandando para dentro da cozinha.

– Minhas panelas! - Gritou Sr. Ping da escada, descendo e batendo na cabeça do leopardo com uma colher de madeira.

– Pai, não fica aqui, vai se machucar.

– Está bem, filho - falou com a voz um pouco mais suave e se deixou ser empurrado escada acima pelo panda - mas esse felino vai ter que pagar os estragos.

Po revirou os olhos, achando graça nas palavras do pai.

Os outros seis guerreiros não demoraram à reagir e enquanto Tigresa ia de encontro à Po para ajudá-lo a render o leopardo, os outros começaram a lutar com os tigres.

Víbora enrolou seu corpo ao redor do pulso do tigre menor e o prendeu enquanto Macaco tentava varrer seus pés para fazê-lo cair, mas ele conseguia se esquivar, e depois parou porque de repente o guerreiro pareceu desistir. Dando um sorriso, o tigre achou que tinha vencido e tentou se libertar, mas quando olhou para Macaco, ele já estava bem próximo com seus pés em direção ao seu estômago. Voou para a porta do restaurante.

O tigre maior recebeu golpes no estômago e rosto de Garça e Dishi e então, Louva-a-Deus o derrubou de barriga para baixo e prendeu a articulação de seus braços e pernas acertando os pontos certos.

– O que vocês estão fazendo aqui? Foi aquele traidor do Hui Nuan que mandou vocês? - Perguntou Dishi agachando para ficar a sua altura.

– Não, eu quis me vingar de você por essa marca e também acabar logo com isso. Nem você, aquele panda balofo, essa tigresa bruta... ninguém, vai derrotar Hui Nuan e o único traidor é você, foi contra seu pai!

– Ele não é meu pai!

– Mas criou como se fosse, depois que seu pai foi assassinado!

– Assassinado... ? - Sussurou Dishi para si mesmo.

– Sim haha e por sinal, você agora é órfão - disse o tigre com um tom debochado fazendo com que os olhos do jovem de arregalassem.

– O que?! Está mentindo!

– Por que faria isso?

Dishi ficou parado ofegante e com um nó na garganta. Não é possível, Hui amava sua mãe, não faria nada mal a ela. Depois de alguns segundos de choque, levantou-se e quando estava para agredir o tigre, foi parado por Macaco, Víbora e Garça. Tigresa e Po colocaram os capangas inconscientes ao lado do tigre imobilizado.

– Dishi, preste atenção em mim - Po chamando a atenção de seu aluno, viu seus olhos vermelhos cheios de ódio como nunca viu antes e falou firmemente sem se intimidar - sei que isso é uma grande perda, uma enorme dor, mas como seu mestre eu peço que se acalme.

Po se aproximou dele para que o tigre mantivesse sua atenção e seu olhar, para acalmá-lo com o que dizia. Parecia que estava funcionando, então continuou com sua sabedoria que vinha de sua paz interior e seus aprendizados:

- Não vale a pena devolver o mal que te fizeram porque eles vão sofrer as consequências e não é você que vai fazer isso e não vai ser por ódio. É o destino pra aprenderem. Você vai tirar o poder de Hui Nuan sim, mas pelos motivos certos e sem cometer injustiças.

Dito isso, o tigre se acalmou, apenas olhando com desprezo para os prisioneiros. Se soltou do agarre dos outros e foi em direção ao Palácio de Jade. Os CInco Furiosos e Po o seguiram levando os prisioneiros que ficariam no calabouço do palácio até que alguém pudesse levá-los à prisão de Chor Gom.

– Alguém deveria consolá-lo - disse Tigresa fazendo com que Po olhasse para ela com a expressão que ela costumava fazer, uma sobrancelha levantada e olhar seco - o que? Quando você descobriu a verdade, estávamos todos juntos, ele não tem mais ninguém.

– Somos amigos dele e vamos ajudá-lo. Ah... por que você não vai?

– Por que ela? - Perguntaram Macaco e Louva-a-Deus.

– Porque ouvi ele dizer que ela é a coisa mais próxima de casa que ele tem, o faz lembrar da mãe.

– Estava ouvindo conversa? - Perguntou Tigresa desconfiada.

– Não, mas quando estava indo conversar com você, ele estava falando e esperei ele sair. Você vai?

– Vou, e depois vamos interrogar esses soldados para entender essa história de Guerreiro Prometido.

– Não vou dizer nada - disse o único tigre acordado.

– Duvido, ela vai fazer você mudar de ideia - Po apontou para a felina que deixou suas garras à mostra e um sorriso que mostrava todos os seus dentes, fazendo correr um arrepio na espinha do "corajoso" tigre vingador.