O Verdadeiro Lar escrita por Yui


Capítulo 10
Lições de Consolo e Esperança


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e acabei postando de madrugada.
Me perdoem.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/334436/chapter/10

Chegando ao topo das escadas, Po e os Cinco Furiosos levaram os tigres para celas no subsolo do Palácio de Jade. Assim que estavam lá embaixo, foram colocadas em seus pulsos algemas com oito pontos de pressão, para impedi-los de escapar. Seus tornozelos foram presos com correntes ligadas à parede, isso tudo dentro da cela com barras de ferro. Todos estavam próximos e poderiam andar a menos de um metro da parede, mas dois deles, permaneciam desacordados enquanto o terceiro os chutava tentando fazê-los despertar e reclamava.

– Vocês não sabem com quem estão lidando! Não mexam com nosso lider...

– Chega! Pelos deuses, desde o vale - exclamou Garça interrompendo o tigre, estava visivelmente irritado com ele, assim como os outros.

Os outros quatro guerreiros estavam apenas olhando para a ave um pouco espantados por essa atitude.

– Uh, obrigada - disse Víbora com um forte suspiro.

Tigresa subiu e pediu que ficassem de olho nos tigres ou que pelo menos guardassem a entrada do subsolo. Depois, todos subiram as escadas para treinar no pátio e deixaram os tigres com Po que decidiu ficar para adiantar o interrogatório, ou era o que pensavam.

Dishi estava em seu quarto sentado em sua cama, olhando para o chão. Chorou o quanto conseguiu pelo tempo que pôde, até que seus olhos pareceram não ter mais lágrimas a oferecer. Aproximadamente uma hora depois de chegar a seu quarto, ouviu batidas à sua porta e não disse nada, não queria ver ninguém.

– Dishi, me deixa entrar.

– Entra - respondeu o jovem relutante.

Tigresa entrou e fechou a porta atras de si, recebendo um olhar do príncipe que apontou com a pata para um lugar vago a seu lado. Ela se sentou e deixou que sua pata direita repousasse no ombro esquerdo dele. Sabia como era perder alguém que amava, bem... quase sabia, também não sabia se amava ou o que era, só sabia que era forte. Deixou seu olhar se perder com essa lembrança.

– Eu sei que eu deveria ouvir essa pergunta, mas você está bem? - Dishi olhou para ela com dúvida, estava aqui a pouco tempo, mas notava algumas particularidades de seus colegas e uma das coisas que Tigresa não fazia era deixar que sua respiração se agitasse perceptivelmente como agora.

– Estou sim - respondeu voltando ao presente -, mas a questão não é comigo. Eu não sei o que dizer, nunca passei por isso realmente.

– Como assim nunca passou por isso "realmente"?

– Eu perdi um mestre, mestre Oogway que representou grande parte da minha vida, me deu algumas provas de sua sabedoria e que era um iluminado do destino, era importante pra mim, mas alguém tão próximo assim, nunca.

– Ah, entendi - disse ele ainda com desconfiança, mas deu de ombros. Não estava com vontade de perguntar, não agora. Voltou a encarar o chão.

– Você deveria fazer alguma coisa para extravasar a tristeza e a raiva, se controlar.

– O que?

– Meditar, treinar, praticar um pouco de tai chi, buscar sua paz interior.

– Como posso ter paz se aquele tigre me tirou tudo?! - Ele se exaltou e levantou do lado de Tigresa, tirando bruscamente a pata dela do ombro.

"Será que ele não sabe o perigo que corre fazendo isso? Eu estou tentando ser legal com você", pensava ela soltando um rosnado que o fez encará-la quieto.

Era só questão de tempo para voltar ao Vale da Paz, onde viviam os grandes guerreiros. A urgência da mensagem fez com que o lince abandonasse seus pertences com Jing-Quo que prometeu levá-los para onde fugiriam.

Ele já sabia o motivo do ódio de Hui Nuan para aquele povo, soube tudo pelo imperador deles.

Mal podia acreditar no que ouviu. Foi a coisa mais impiedosa que qualquer um poderia fazer e para que? Por poder que seria tomado, porque foi injusto que Hui se tornasse governante.

– Tenho que correr, ou será o verdadeiro fim dos pandas - sussurou o lince veloz para si mesmo enquanto corria o mais rápido que podia.

– O que você sabe da última batalha do Dragão Guerreiro? - Perguntou Tigresa

Dishi contou o que sabia do panda até um pouco entusiasmado com as histórias. Realmente era fã dessa lenda viva. Visto que ele não sabia o porque Po foi ferido de morte e como alcançou a paz, Tigresa contou a ele a parte da história que apenas ela, o resto dos Cinco e Mestre Shifu conheciam, deixando o príncipe, que pensava saber tudo de seu ídolo, de boca aberta e de volta ao sentimento ruim que estava antes da chegada da mestre.

– Você pode alcançar a paz como ele, tão cedo, tão jovem. Desculpe, mas foi a única maneira de te fazer entender e isso me dói também porque sei como Po ficou com isso - disse ela percebendo a tristeza do novato.

Ela se sentia mal pelo acontecido, mas todos tinham seus problemas e o dos dois, foi perder os pais pelos caprichos de um tirano.

– É... - Dishi só conseguiu dizer isso.

– Enfim, faça tudo, menos comer, isso é coisa do Po fazer quando chateado e triste... se bem que ele diminuiu desde Gongmen - essa última parte saiu como um sussurro, quis fazer o tigre rir e deu certo, mas acabou se dando conta da mudança do panda - ainda está rindo por que?

– Porque Po é engraçado, quem diria que ele passou por tudo isso e ainda é assim. Pensava que o Dragão Guerreiro fosse mais sério, alguém tão sério e sábio que nem se quer sorrisse.

– Pelo contrário. O Dragão Guerreiro deveria ser alguém de bom coração, bondoso e com espírito puro, este é o nosso panda. E ele é mais sábio do que pensa - sorriu ternamente para ele.

O jovem não quis comentar sobre o brilho que percebeu no olhar dela ao falar do panda, não queria ser golpeado, já estava chateado o bastante. E de certa forma, aquile olhar o incomodava. Queria receber atenção por estar num momento delicado, foi um pouco mimado na infância. Agora a queria a seu lado o tempo que ele precisasse e a queria como amiga, pelo menos achava isso. O fazia lembrar de casa e das pessoas que deixou para fugir, as últimas ordens de sua mãe.

Lembrando-se dela, abaixou o corpo para pegar uma caixa debaixo da cama, observado por Tigresa. Assim que a tinha em suas patas a abriu e mostrou a ela os pergaminhos.

A jovem mestre observou-os atentamente se perguntando mentalmente o que seria aquilo e para quem.

– Você conhece a lenda do Guerreiro Prometido?

– Sim - franziu o cenho, sentiu-se de certa forma preocupada com aquilo e não sabia o porquê.

– Quem contou?

– Po, ele soube por Oogway.

– Ah, então... - limpou a garganta - a lenda é real, ou pelo menos vai se tornar real. Apenas preciso achar o guerreiro e entregar este pergaminho - apontou para um deles.

"Então, eu realmente posso ser desse povo tigre", pensou Tigresa animada com a ideia. Olhou para o outro rolo ao lado do primeiro que tinha um selo diferente.

– E esse outro?

– É meu, no meu... quero dizer, nosso povo. Recebemos uma mensagem sobre o nosso passado e uma previsão sobre o futuro, às vezes em desenhos, às vezes em metáforas. Depende de quem for o tigre, do quanto é sábio...

Os olhos dela voltaram a se iluminar. Será que o destino a presenteou e ela poderia enfim saber o que mais queria na vida? Se agitou um pouco, mas se conteve para que o tigre não percebesse e não a enchesse de perguntas.

– E por que isso?

– Para que a gente entenda o que aconteceu e os motivos do destino pra tudo, e depois de compreender, cumprir nosso destino. Você não tem isso aqui?

– Não sei se você lembra, mas eu sou aluna aqui e não tive família - quase cuspiu em tom amargo a palavra "família", por mais que Shifu a tivesse adotado, não mais o considerava pai, apesar de a esperança sutilmente permanecer com ela o tempo inteiro.

Mas ela tinha amigos, que eram como família. Eram tantas as dúvidas e mais essa possibilidade de agora saber de onde veio.

– É, me desculpe hehe.

– Tudo bem - disse suavemente - como consigo um?

– Temos que ir até uma montanha, é próxima do Vale da Paz. Uma senhora faz as previsões, fazia com a ajuda de Oogway, pelo que eu soube, porque todos temos nossa história já escrita, mas ele a ajudava a se concentrar e ver para nos dizer.

– Ela não vivia com seu povo?

– Sim, mas há muitos mais de 5 anos foi embora. Não havia mais tigres da minha idade ou próximo disso.

– Como não? - Tigresa se surpreendeu.

– Minha mãe e Hui me disseram que uma batalha entre os tigres e um outro povo matou vários filhotes e seus pais, que tentavam salvá-los.

– Sinto muito.

– Tudo bem - ele sorriu para ela - você quer tentar receber seu pergaminho?

– Você me levaria?

– Claro, se você tem 25 anos...

– Bom, teoricamente, sim.

– Como teoricamente... ? Esquece - Dishi riu novamente por esquecer tão facilmente uma coisa dolorosa para ela, mas que tinha que ser repetida a todo instante para ele.

– Cheguei ao orfanato, com alguns meses de vida, como a cuidadora contou. Mestre Shifu me trouxe para cá quando eu tinha mais ou menos 4 anos, faz 11 anos então, sim.

– Esta bem, quando quiser, vamos.

– Assim que me resolver com aqueles tigres, nós vamos. Obrigada! - Por impulso o abraçou, estava tão feliz que iria descobrir sobre si mesma, o que restava a saber. Notando o que fazia e que o tigre macho estava paralisado, se envergonhou e o soltou, mudando o rumo da conversa - e, por que ainda não abriu o seu?

– Vou completar 25, a idade que aconselham para ler uma coisa dessas, pode perturbar quem não é maduro. Não que eu não seja... ah, você me entendeu - ele riu e arrancou risadas da mestre do estilo tigre.

Depois de segundos de silêncio...

– Então, quer treinar pra deixar a raiva ir embora?

– Já vou, pode ir e... obrigada por se preocupar comigo - disse Dishi fazendo com que ela corasse imperceptivelmente por sua pelagem alaranjada.

– Huh... vou interrogar os tigres, vai treinar, Po deve estar te esperando.

Ao sair, Dishi continuou pensando e refletindo sobre o que sua nova amiga disse sobre seu ídolo de kung fu, sobre a dor dele ao saber de seu passado e como chegou onde estava. Po era parte de algo muito maior do que qualquer outro, com certeza, o destino tinha ainda muitos planos para ele. Sabendo sobre tudo isso, levantou e resolveu seguir o exemplo para buscar a paz, como fez esse alguém que ele admirava e que era o maior guerreiro que a China já viu.

Por seu lado, Tigresa já estava chegando ao pátio pensando na nova chance que a vida deu para que soubesse sobre si mesma, sobre suas origens e agora seria mais fácil descobrir se tinha uma família de verdade. De repente parou suas trilhas.

"Será que estou sendo muito egoísta? Acho que não. Shifu foi egoísta com seu amor durante todos esses anos e eu pensava muito em impressioná-lo. Tenho que pensar mais em mim."

Foi direto aos prisioneiros e chegando lá, avistou o panda sentado à frente deles, conversando amigavelmente e comendo bolinhos com eles. Sem acreditar na cena que via, surpresa, pôs as patas nos quadris e deu um grito que os assustou.

– Mas o que é isso, Po?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Será que o Po vai apanhar por ser hospitaleiro com os prisioneiros? hahaha
Espero que tenham gostado, comentem o que acharam, se quiserem. Logo posto de novo. (:

Ficou muito longo ou chato?

Até mais. o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Verdadeiro Lar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.