O Verdadeiro Lar escrita por Yui


Capítulo 11
Em Busca de Respostas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, vamos com a história...
Usei um termo "kiai" que no Kung Fu significa o som de energia que emana dos praticantes, por isso que quem luta grita, fala algo ou simplesmente solta um sussurro enquanto realiza golpes.

Boa leitura.



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- O que é isso, Po? - Perguntou novamente Tigresa.

Po tinha se assustado com o grito repentino dela, assim como os demais tigres. Ele fechou os olhos por um segundo desejando que ela não tivesse ouvido o que perguntou a eles. Já estava um pouco irritado com o que soube, agora assustado também. Sabia que iria apanhar.

Engoliu o bolinho que mastigava e se levantou, deixando a tigela vazia no chão e virando-se para encará-la.

- E então?

- Huh, eu... ah... estava antecipando... seu interrogatório hehe - respondeu Po nervoso, desviando constantemente seu olhar do dela - já vou indo treinar.

Ela o observou indo em sua direção, não deixaria passar a oportunidade de puni-lo por mentir. Ao passar do lado de Tigresa, Po tentou correr mas não teve tempo. Foi levado mais ao fundo no corredor por um forte soco no rosto, longe da saída, batendo de barriga na parede e caiu no chão de costas, ambos os impactos fazendo grande estrondo devido à força deles. Antes que pudesse se levantar, foi pego pela perna e jogado de volta a onde estava sentado antes.

- Isso foi por mentir, se não tivesse feito isso, não teria apanhado - esclareceu ela - mais tarde conversamos. Quanto à vocês, me digam, que história é essa de eu ser esse tal guerreiro.

Os três tigres estavam em choque com a atitude dela com o amigo.

"Como uma tigresa que parecia tão frágil poderia ser tão forte?", mas talvez isso explicasse a eles, em parte, porque era mestre em kung fu. Depois de alguns minutos o mais velho falou.

- Você é o único tigre jovem que vemos em anos. Muitos anos mesmo.

- Tá, e o que isso diz quanto a eu ser esse guerreiro? - Demorando para obter sua resposta, ela rosnou impaciente.

- Bom, é uma possibilidade, gatinha - disse com um sorriso malicioso, recebendo em resposta um rosnado dela e um olhar enfurecido de Po.

- Não há nada que comprove... enfim, há mais uma coisa que quero saber.

- O que quiser, linda - o tigre estava passando dos limites debochando assim.

- Se me der mais algum apelido a ela, eu entro na cela e garanto que você não diga mais uma palavra - ameaçou o panda com o cenho franzido surpreendendo aos quatro felinos. E quando ele notou, ficou sem graça e desviou o olhar.

- Quanto tempo temos até que Hui Nuan chegue à Gongmen?

- Gongmen? - Repetiu Po voltando a encará-la.

- É o centro da China.

- Depois que Hui Nuan caiu a primeira vez, o atual imperador cuidou do país e o restaurou - disse o segundo tigre.

- Foi tão ruim assim o que ele fez? - Perguntou Po.

- Sim, segundo nos dizem. Éramos pequenos, tinhamos uns 4 ou 5 anos, não nos lembramos de muita coisa antes de entrar para as tropas. Vocês não tem muito tempo se querem derrotá-lo, ou tentar - disse o terceiro tigre, o mais novo deles e riu.

Tigresa rosnou para eles, fazendo-os calarem e puxou Po para o pátio.

- Po, vá treinar, tenho que resolver uma coisa com Dishi - ordenou ela esquecendo da conversa que teria com o panda. Deveria o quanto antes buscar aquela senhora que escrevia o futuro dos jovens do seu povo, antes de partir para o ataque ao tirano Hui Nuan.

- Mas você já não resolveu?

- Vá treinar - disse pausadamente adentrando o salão de treinamento seguida por Po que a observava preocupado.

-

Enquanto os outros estavam distraídos voltando ao treinando depois do almoço, Tigresa e Dishi saíram pelas portas do Palácio de Jade, correndo à toda velocidade, como podiam para chegar à montanha e ver aquela senhora. Seria uma hora de corrida na velocidade que estavam.

Já haviam saído do vale e estavam há metros de distância. Tigresa sentia seu estômago revirar quando pensava que poderia descobrir tudo sobre si e entender o que aconteceu para que seus pais a deixassem.

- Você tem certeza que ela está lá?

- Absoluta.

-

Mestre Shifu pensava a cada minuto se deveria dizer a verdade a sua filha adotiva. Temia pela vida dela, mesmo sabendo que ela não estava sozinha. Tinha medo de perder mais um filho, não seria do mesmo jeito, mas igualmente doloroso, ainda mais depois do jeito que a tratou durante todos esses anos.

Buscou por Tigresa no salão de treinamento onde viu quatro dos Cinco Furiosos e o Dragão Guerreiro parados se entreolhando e falando, mas antes de entrar, pôde ouvir o que diziam.

- Vocês não notaram que Tigresa não voltou? - Disse Víbora preocupada.

- Não queria dizer nada, mas Dishi também não tá aqui - disse Louva-a-Deus.

- Hm, dois tigres, um macho e uma fêmea somem juntos... não queria dizer nada, mas isso me parece...

- Nem termine, Macaco - disse Po em um tom de voz firme e seco.

Víbora bateu a cauda na nuca de Macaco por sua atitude. Insinuando que Tigresa, sua irmã, faltou ao treinamento para sair com o novato, ainda mais na frente do panda? Não deixaria ele continuar. Ela também lançou um olhar para Louva-a-Deus e Garça para que nem pensassem em continuar a graça do amigo e eles lhe devolveram uma expressão falsa de surpresa.

Shifu entra atraindo a atenção de todos.

- Onde está ela e o tigre?

- Nós não sabemos, mestre - responde Garça.

- Busquem Tigresa pelo palácio, preciso falar com ela.

Os mestres se curvaram e correram a realizar a tarefa. Buscaram pela mestre por toa a área do palácio, Salão dos Heróis, Pessegueiro Sagrado, cozinha, pátio e nada. Víbora foi até o quarto dela e entrou. Avistou sobre a cama um pedaço de papel escrito. Correu levando o pequeno bilhete a Shifu.

"Não demoro para voltar, Dishi e eu vamos encontrar uma vidente nas montanhas que escreve o futuro e nos orienta sobre o passado. Longa história, explico depois.

Tigresa"

Shifu, descrente com a saída repentina de sua filha, ficou sem entender. Ela não era disso, bastava pedir. Ele chegou até a pensar que esse tigre a estava influenciando demais. Agora restava esperar porque não sabia exatamente que montanhas seriam essas e tentar segui-los seria insanidade sem uma direção.

Ainda precisava dizer a ela o que sabia, mesmo que receoso. Ficar adiando, tornaria mais difícil para ele dizer a verdade.

-

Perto das montanhas Tigresa sentia seu estômago remexer e seu coração quase pular para fora do peito. Correram tanto até ali e com aquela velocidade, chegaram em uma hora e meia... nem ligava para o cansaço e começou a subir a montanha, cada vez mais entusiasmada com o que aconteceria. Estava imaginando o que a senhora diria.

"Agora sim vou entender porque fui deixada, não deve ter sido por nada", pensava ela com esperança de conhecer sua origem.

- Será que ela está aí? - Perguntou Tigresa apreensiva.

- Sei que sim, é a casa dela.

Metros acima do solo verdejante da floresta que cercava a montanha, eles avistaram um corredor entre as formações rochosas. Tinha uma abertura alta e sua entrada estava bem iluminada por tochas. Ao fundo do corredor, uma porta de madeira.

Dishi notou a tensão de Tigresa que estava imóvel e bateu à porta por ela.

Alguns minutos depois, a porta começou a se abrir e uma voz feminina os convidou a entrar.

Entraram com hesitação, mas já estavam ali, que poderiam fazer? Se viraram e quem fechava a porta era uma cabra idosa de roupas coloridas e óculos, se apoiava em uma bengala de madeira para andar. A senhora se virou para eles e encarou Tigresa,

- A senhora?

- Olá - sorriu a cabra.

- Vocês duas se conhecem?

- Sim, foi ela quem previu a derrota de Lord Shen por um guerreiro preto e branco...

- Que é o Po - completou Dishi entendendo o que acontecia ali.

- É bom rever você, como está o Dragão Guerreiro?

- Está bem - Tigresa sorriu ternamente para ela

Fala Macia soltou uma pequena risada ao ver o colar de Tigresa, mais precisamente, seu pingente. A felina acompanhou o olhar da idosa e segurou o pingente com força ainda sustentando o sorriso que havia formado.

- Não é por isso que viemos aqui - voltando a ficar séria.

- Eu sei que não... mas então, por quê?

- Eu... quero saber... quero receber meu pergaminho. Sei que sou do mesmo povo que ele, todos os tigres tiveram origem lá, mas... eu não tive contato até Dishi chegar - olha para ele, que sorri - e agora eu sei que posso entender porque fui deixada e o que sou hoje, saber o porque me tornei quem sou.

- Seu pergaminho? Não posso dá-lo a você.

- Por que não?! - Rosna Tigresa, estava sentindo um misto de raiva e tristeza.

- Porque foi escrito quando você nasceu. Foi deixado com seus pais assim que eu pude dizer sobre o seu destino. Depois disso, não escrevi mais.

- Por que deixou de escrever?

- Basta saber que por um longo tempo, não houve mais filhotes. E há alguns anos eu parti, sabendo que deveria esperar pela profecia do Dragão Guerreiro ser realizada e que vocês fossem deter Shen - respondeu Fala Macia com o rosto triste devido às últimas palavras, por mais que fosse dominado pela dor e mágoa, e cego por poder, o pavão poderia ter mudados se não tivesse sido teimoso.

- Mas não há nada que a senhora possa fazer para ajudá-la? - Suplicou Dishi à velha cabra.

- A única coisa que posso dizer é para ter paciência. Saberá de tudo, inclusive do seu pergaminho em breve, uma mudança vai ajudar você e Po a descobrirem a verdade - sorriu amplamente para a felina que prestava atenção, com o semblante um pouco frustado.

Tigresa olhou para o chão pensando no que a cabra lhe disse "como assim uma mudança? E o que Po tem a ver com isso, com meu passado?"

"Vocês estão muito mais ligados do que imagina", pensava a Fala Macia como se lesse os pensamentos de Tigresa.

- E quanto a você - acrescentou a idosa para Dishi - orgulho, inveja e raiva podem fazê-lo se tornar quem nunca quis ser.

Ele engoliu em seco e Tigresa os fitou sem entender.

Se despediram e desceram a montanha num silêncio absoluto e incômodo. Eles estavam à caminho de casa e Tigresa pensava, pensava e pensava repetidamente no que quis dizer a cabra.

Dishi fazia o mesmo, para ele a senhora estava errada e não queria admitir para si mesmo o que ela disse. Conseguiria o que queria, aquilo que passou a desejar desde que chegou ao Palácio de Jade, sem perceber que estava indo contra a linha que o destino escreveu e sem ver que estava ficando cego. Não estava assim por poder como seu tio, mas por algo que julgava mais valioso do que a China.


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Notas finais do capítulo

Vish, o negócio tá ficando feio. hahaha
Deixem seus comentários com suas opiniões sobre o que está acontecendo e espero que tenham gostado.

Até mais. o/



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