A margem do rio começava a ser tocada pelos raios do sol. Ligeiramente quentes e que davam uma sensação de aconchego. Ao perceber o dia clareando, os dois times se puseram de pé para recolher as coisas, tomar um café da manhã e seguir em frente. Logo chegariam ao seu destino.

Saindo das barracas, dois jovens trocaram sorrisos e coraram. Todos, depois de preparar os alimentos e o local, formaram um círculo em volta da toalha onde estava disposto o café da manhã. Sasuke e Sakura sentados lado a lado de mãos dadas até pouco antes de começarem a comer, Naruto longe deles olhando apenas para o que comia, Ino começou a notar, estranhando o jeito desses três.

– Ino-chan, você perdeu... - cantarolou uma voz ao ouvido da jovem ninja, num tom que só ela pudesse ouvir.

Ela se virou com a cara mais terrível que poderia fazer, que demonstrava raiva. Aquele comentário foi desnecessário e quem disse, passaria a ser também.

Os outros ninjas distraídos, apenas ouviram um grito e olharam sem entender para Shikamaru, que estava caído de costas no chão com seu prato de comida no rosto.

– O que foi isso?

– Desculpe, foi apenas um acidente, Asuma-sensei - respondeu Ino um pouco sem graça.

"Da próxima, vai ser pior e por querer", se dizia mentalmente.

Depois, os jounins estavam dando uma olhada no mapa para verificar a rota, uma vez que foram os primeiros a terminar e nem deram importância à tensão que começava a surgir ali entre seus alunos. Eram apenas crianças, logo se resolveriam e se isso não acontecesse... bem, fariam com que se entendessem.

Na vila da folha

A Hokage estava em sua sala sentada à mesa com Shizune, a única em quem poderia confiar plenamente.

– Então é por isso que mandei aquelas mensagens urgentes e os afastei daqui. Até o retorno deles eu vou ter o relatório da ANBU em mãos e vou poder ter certeza do que dizer a Kakashi e Asuma sobre isso.

– Mas, Tsunade-sama... se for confirmado pelos agentes, seria horrível para a vila - Shizune tentou imaginar o que aconteceria à todos.

– Por isso temos que saber quem nos traiu, e rápido para podermos cortar as informações de Orochimaru - disse Tsunade olhando para a mesa vazia - só tendo um informante e algum tipo de oficial entre os nossos para se infiltrarem tão rápido, embora não tenham conseguido o que vieram buscar.

– Pelo menos isso, e ainda bem que fizeram escândalo.

– Sim. E eu adoraria saber o que queriam com Sasuke... - assumiu uma pose pensativa.

"Não posso deixar que isso aconteça novamente...", a sannin interrompeu os pensamentos e se antecipou a fazer um gesto para que a amiga se calasse. Tinha quase certeza que alguém estava ouvindo conversa atras da porta.

"Mas não é possível que até mesmo aqui, na minha guarda haja traidores!"

Foi rapidamente para a porta, abrindo-a. Não viu nada e nem ninguém, mas sabia que tinha algo errado. Se demorou observando o corredor e depois voltou-se para dispensar Shizune. Já não era seguro conversar ali.

Tsunade estava certa, realmente alguém. Alguém que era devoto a quem acreditava serem os verdadeiros líderes em Konoha. Ele estava atras da porta ouvindo a conversa e se informou o suficiente, antes de perder o equilíbrio por se chocar com o que ouviu. Será que os planos de seus chefes não dariam certo novamente?

Respirando agitadamente enquanto se afastava o máximo que podia daquela sala, ele chegou para contar o que escutou.

– E então, o que é que ela está planejando? - Disse o idoso a frente do rapaz.

– Seu plano é engenhoso e ela sabe da traição, apenas tem que confirmá-la e a ANBU está averiguando - respondeu, mais calmo.

– Pois bem, isso não vai interferir. Não pode - dessa vez quem respondeu foi uma senhora.

No caminho para a Cidade Imperial

Ino havia acabado de arrumar seus pertences, era só esperar pelos outros. Ela viu alguém sentado olhando para o rio, no mesmo local onde, na noite anterior, um forte laço foi firmado.

– Naruto?

– Oi, Ino-chan - respondeu, sua voz não soava com um tom alegre como de costume.

– Você está bem? - Agachou-se próximo a ele. Não era exatamente amiga do garoto, mas se preocupava com todos ali, mesmo que em especial com Sasuke.

– Claro, que sim - respondeu abrindo um sorrindo, não queria mostrar desânimo. Apesar de tudo estava feliz por ser quem é, estar onde estava e com quem estava, e fazendo cara de dúvida, acrescentou -, por que a pergunta?

– Você está calado, estranhei um pouco, mas acho que entendi o seu motivo.

Ambos olharam para onde se encontrava um casal sentado em um tronco caído.

– De certa forma, só espero que seja sério. Não sei bem o que achar disso... aaah, não sei. Só sei que estou feliz por ela - Naruto fez uma careta - E como você se sente?

Ino voltou a encarar o garoto, que estava com uma sobrancelha levantada também encarando os dois. Desejava profundamente que a kunochi não estivesse como ele.

– Não sei exatamente o que dizer... eu fiquei com raiva quando percebi, há uns minutos. Quis bater nela, mas ela está tão feliz e ele também não parece estar sendo tão frio com ela. Ela era minha rival para conquistar o Saskue e conseguiu, mas não posso deixar de enxergá-la como minha amiga...

"Se ele fizer uma lágrima cair de seus olhos, eu o mato." Naruto gostava de ver Sakura sorrindo e radiante de felicidade como nunca viu, mas se preocupou com a possibilidade de seu amigo magoá-la.

Ambos sorriram um para o outro, quando chegou mais dois à conversa.

– Hey, do que estão falando? - Perguntou Choji, sentando ao lado do Naruto.

– Nada de mais.

– Sei... - disse Shikamaru à distância, recebendo um olhar duro de sua colega de equipe.

Os quatro viram como Naruto se animava curioso sobre os pergaminhos. Todos queriam conhecer a Cidade Imperial.

Enquanto isso, no tronco caído, o jovem casal se encontrava de mãos dadas. Foram os primeiros a se preparar para a partida e queriam passar mais tempo juntos. Por tanto tempo ela esperou para ficar assim com ele... dava até medo que fosse apenas um sonho.

Por seu lado, o Uchiha ainda lembrava o que foi capaz de dizer a ela. Era difícil admitir que o fez, mas se sentiu orgulhoso e faria de novo sempre que estivesse de boa vontade e disposto a demonstrar o quanto ela era importante.

– Sasuke-kun - ele, que estava preste a beijá-la novamente, abriu os olhos -, não estou sonhando, não é? - Perguntou ela com a voz rouca. Não queria estar sonhando, não poderia. De novo?

Sasuke ainda ficava indignado quando ela fazia perguntas ou falava coisas duvidando dele. Ainda mais por ter interrompido o que ele pretendia fazer. Mas pensou que iria se acostumar até que ela estivesse confiante de seus sentimentos. Riu.

– Não, Sakura-chan, você não está sonhando.

Sakura se surpreendeu com o fato de ele tê-la tratado como "chan" e ainda sorria. Sasuke achou que isso demandaria tamanho esforço, mas fluiu muito mais fácil do que imaginava e se sentiu melhor ainda quando viu o sorriso dela se abrir depois do pequeno momento de choque.

"Talvez eu tenha conseguido porque foi com ela", pensava Sasuke. "Ainda não acredito nisso."

– Ah, Sasuke-kun! - Sakura gritou ao abriu os braços e o agarrou em seu abraço apertado, fazendo-o corar e com quem todos os olhares fossem para eles.

E depois do susto ele retribuiu. Abraçando-a com tudo o que sentia e fechando os olhos por um segundo. Nunca imaginou que chegaria a isso, e já não se imaginava sem ela. Sakura o salvou de um caminho provavelmente horrível e agora ele protegeria a ela e ao laço. Por tudo que significava, pelo que devia a ela e por tudo que sentia.

– Bom, crianças. Chega de esperar, vamos andando que temos algumas horas de viagem. Vamos chegar à cidade no meio da tarde e encontraremos o conselheiro do imperador– anunciou Kakashi interrompendo o momento dos dois e os olhares dos amigos.

– E vamos nos hospedar no palácio. Temos reunião marcada, onde vamos saber o que está escrito aqui - completou Asuma-sensei apontando para os pergaminhos.

Naruto foi o primeiro a se levantar e seguiu viagem próximo à Após algum tempo de viagem, pararam para almoçar.

Era aproximadamente 16 horas da tarde quando chegaram às fronteiras da cidade. Foram recebidos por guardas que rodeavam os muros e o portão.

– Quem são vocês e o que querem aqui?

Asuma apenas levantou o pergaminho. Foi o suficiente para que aparecesse uma figura magra com um chapéu uma roupa que lembrava a da realeza, só que com menos adornos. Passou pelos dos guardas e inclinou seu chapéu, tirando-o do rosto para encarar os viajantes.

– Ah, deixem eles... vejo que trouxeram um recado da Hokage Tsunade. Sou o conselheiro do imperador, Hai Chie.

– Boa tarde Chie-sama - começou Kakashi - temos uma reunião com o imperador e os demais do conselho.

– Isso confere. Por favor, vamos ao palácio para que descansem até a reunião de amanhã.

Com isso, adentraram aos portões e seguiam Chie pela cidade.