- Que missão é essa, Kakashi?

- Buscar Sasuke.

Jiraya estava na porta de casa com Kakashi. Já era hora do jantar quando o jounin apareceu já com uma mochila nas costas.

- Mas assim às cegas? Nem sabemos onde está.

- Eu sei a direção. Deve haver alguma vila, qualquer local naquela direção pra onde eles tenham ido.

- Eles... ? Ah, verdade, Kento estava com eles.

- Não, não só ele. Tenho a suspeita de que Sakura está com eles.

O senin enrugou a testa. Por que uma garota iria fugir com alguém que era alvo de ataques de um shinobi poderoso e obcecado como Orochimaru? Podia até gostar dele, mas era a maior loucura imaginável.

- Hm, está bem. Mas vou levar Satoru – disse dando passagem à Kakashi e virando-se para ir ao quarto.

A pergunta de Kakashi o deteve:

- Ele ajudará em algo?

- Sim. Ele é ótimo espião – virou-se para o grisalho e sorriu – provavelmente já até sabe o que conversamos aqui – retomou seu caminho pela sala até o corredor.

Antes de entrar no corredor que dava para os quartos, chegou à porta da cozinha, onde conseguiu ver Satoru parado com uma expressão séria, havia deixando sua comida quase intacta.

O jovem levantou o olhar para Jiraya, que endureceu a própria expressão. Precisavam dele, mas ele não podia deixar esse garoto aqui sozinho, ainda mais tendo habilidades tão boas.

- Não vai mais comer?

- Temos uma missão – respondeu Satoru.

- Termine de comer. Não vai durar duas horas de estômago vazio.

Esperou até que o garoto voltasse à comer, o que fez com velocidade, para ir ao próprio quarto. Lá vasculhou o guarda-roupa por longos minutos buscando uma mochila e suas vestes habituais. Se trocou rapidamente, tomou seu pergaminho e colocou-o nas costas. Saindo, viu Kakashi na sala e Satoru já trocado. Pediu ao garoto que pegasse ao menos uma muda de roupa enquanto ele pegaria um pouco de comida e dinheiro.

Colocou tudo dentro da mochila, a qual Satoru quis carregar, e então partiram em busca dos shinobis desaparecidos.

Chegaram ao Distrito Uchiha. As casas, lojas, ruas, tudo escuro. Nenhuma alma viva passava por ali. Deveria haver vigilância justamente por ser um lugar abandonado, mas não era o caso.

- Que lugar é esse? – Perguntou Satoru de trás de Jiraya, sua voz soava entre curiosa e temerosa.

Aquele lugar lhe dava arrepios. Era quieto demais e afastado do calor do centro de Konoha.

- É o Distrito Uchiha – esclareceu Jiraya que seguia Kakashi – pra que lado vamos?

- Continuem me seguindo.

- Espera... – pediu Jiraya em um sussurro.

- O que foi?

Jiraya não respondeu. Apenas chegou até uma árvore, deixando Satoru e Kakashi confusos. Andou ao redor do grosso tronco e com um soco, forte, fez alguém cair. Esse alguém era Naruto.

O garoto caiu de lado. Sentiu dor em seu braço esquerdo, mas não foi nada demais. Conseguiu se sentar reclamando de dor e quando estava completamente recostado na árvore, olhou para seu mestre.

- Eu já não pedi pra você ficar aqui?

- Ah, mas eu quero ir... quero muito fazer algo pelos meus amigos. Ficar aqui sem treinar não vai adiantar em nada, além disso a vila não tá mais tão segura. Eu sei de tudo, eu ouvi tudo... aqueles dois velhotes querem se livrar do Sasuke com medo de que ele fique contra a vila sem motivo, mas eu sei que não vai.

O senin pareceu pensar por alguns segundos. Adiantaria não levar Naruto? Ele acabaria fazendo alguma besteira se ficasse.

O sábio dos sapos suspirou e assentiu.

Após alguns minutos, chegaram ao local onde Kakashi havia encontrado o cabelo da kunoichi.

- Ok, alguém tem um mapa? – Pediu Jiraya,

- Aqui tem dois – Kakashi retirou de sua mochila e os desdobrou, um era um mapa detalhado do país do fogo e o outro era em menor escala, mostrando terras um pouco além de seus limites – nessa direção... temos... – o ninja copiador, acompanhado por mais três pares de olhos, foi olhando o caminho que traçava no mapa detalhado com seu próprio dedo, o que serviria só para ver por onde andariam.

Pegando o outro mapa, a direção em que iriam, se os três ninjas estivessem em linha reta, chegariam à Suna, mas no caminho, ainda haviam algumas localizações. Quem sabe ainda estariam perto o suficiente para não precisar cruzar a fronteira sem avisar o Kazekage.

- Será que estão em Suna? – Perguntou Kakashi.

- Mas o que eles iriam fazer lá? Sasuke e o Gaara juntos no mesmo lugar... não sei não – comentou Naruto.

O loiro ainda não havia tido tempo de saber como estava Gaara, se ainda tinha aquela mágoa, coisa que Naruto não obteve e agradecia por isso.

O grupo se colocou mais uma vez em movimento, entre as árvores da espessa floresta. No caminho, as únicas coisas que Naruto poderia pensar era na confusão que Sasuke arrumaria se realmente estivesse em Suna e que se acontecesse algo à Sakura, ele seria o próximo à ataca-lo.

Em Konoha

Tsunade esperava a hora da reunião para entrar na sala onde os anciões deveriam espera-la. Caminhava lentamente pelo corredor, de um lado a outro de cabeça baixa e enfim, não podia esperar mais. Foi até a porta daquela sala.

Essa conversa talvez decidisse o futuro de Konoha, traria um novo recomeço.

Bateu à porta apenas para anunciar sua presença e entrou sem esperar resposta. Parou assim que pôs os pés na sala.

Lá dentro, numa grande mesa no centro do local, havia uma chaleira e três copos cheios, apenas aguardando a dona de um deles para que os outros pudessem ser degustados. A cada lado da mesa, um sofá e em cada um deles, um dos anciões.

Eles a encararam com sua melhor expressão assassina, embora imaginassem que Tsunade não os temeria.

- O que você quer a essa hora da noite? – Perguntou a senhora, Koharu Utatane, de forma ríspida.

- Não fale assim comigo. Não acredito que puderam se tão baixos – respondeu ela aumentando o tom de sua voz.

- Do que está falando? – Perguntou Homura Mitokado.

Ele não entendia o motivo da raiva aparente na voz de Tsunade. Ela começou a antar lentamente até a mesa com um olhar assassino.

Parou em frente à mesa, olhou para os dois anciões que estavam a cada lado. E respirando fundo, socou a mesa fazendo voar copos, chaleira e tudo o mais que ali havia, além de partir a mesa em dois.

Seu punho alcançou o chão e ela se manteve agachada, parecia se recuperar do ataque de fúria que tivera.

- Vocês quiseram entregar Uchiha Sasuke para Orochimaru. O que deu na cabeça de vocês?! – Perguntou, ainda de cabeça baixa encarando o chão.

- Como ousa dizer... ? – Koharu tentou revidar, mas foi brutamente interrompida.

- Não ousem mentir pra mim – se levantou - sou a Hokage e minhas decisões são lei. Quem manda aqui sou eu. Tentem dar ordens à mais algum ninja da minha vida e vamos ver à quem vai obedecer. Querem apostar? – Cruzou os braços sobre o peito e sorriu maliciosamente.

- Como soube disso? – Perguntou o senhor.

- Chamei dois investigadores imperiais, fora o fato de uma testemunha de tudo isso e informações. Agora me digam: por que quiseram se livrar daquele garoto? Ouvi dizer que ele se voltará contra a vila... por quê? O que vocês fizeram? – Alguns segundos de silêncio se passaram – respondam!

- Foi pelo bem da vila – Homura começou a contar.

- Huh?

- Foi pelo bem da vila, para que os Uchihas não tentassem dominar Konoha.

- Por que fariam isso?

Tsunade se sentou de braços cruzados à ponta do sofá ao lado direito da sala, olhando diretamente para Homura. A expressão da Hokage delatava sua dúvida e também que não estava acreditando na história.

- Pelo poder que tem, o Sharingan. A quantidade de Uchihas estava próxima à quantidade dos demais habitantes de Konoha, mas ainda que estivessem em menor número, eles teriam o controle de quem olhassem em seus olhos ou no mínimo derrotariam rapidamente quem os tentasse impedir. Além disso, a maioria deles fazia parte da polícia de Konoha justamente por suas habilidades.

- Tá, e daí? – Estava cada vez mais impaciente.

- E daí, Tsunade-sama, que, temendo essa possível dominação de Konoha... de-decidimos eliminá-los – terminou o ancião sem demonstrar o menor arrependimento.

A única sensação realmente visível nele era seu medo à reação da Godaime. Mas ela estava de olhos arregalados, surpresa, deixando seus braços caírem ao lado de seu corpo e sua boca ficar entreaberta. O que mais deveria esperar desses velhos? Recuperou-se do estado de choque e perguntou:

- E a quem ordenaram o serviço?

- O irmão dele – disse Koharu – Uchiha Itachi.

Ao ouvir aquele nome, Tsunade entendeu porque Itachi agora vivia como ninja renegado, e também entendeu o motivo daquele garoto de apenas treze anos buscas vingança, mas estava se vingando da pessoa errada. “Provavelmente Itachi assumiu a culpa perante ele pra que Sasuke não atacasse a vila”, pensou ela.

- Vocês queriam ele longe para que não descobrisse sobre o passado – concluiu ela.

- Sim, isso mesmo e não nos importamos com o que Orochimaru faria com ele...

- Apenas levando-o daqui, estaria tudo certo.

Tsunade se levantou rapidamente gritando:

- Não! Não estaria tudo bem. Orochimaru queria o kekkei genkai dos Uchiha, sabe-se lá pra quê. Talvez pra destruir a vila, como vocês mesmos queriam evitar enviando Sasuke a ele – deu meia volta indo em direção à porta, mas parou no caminho e voltou-se para eles – não quero mais saber de graças. Ele irá voltar e está sob minha proteção e... ah, não preciso dos conselhos de vocês.

- Não pode nos despedir! – Gritou a senhora.

- Somos os mais velhos e mais experientes da vila.

- Não disse que faria isso. Vocês é que devem ser os conselheiros, justamente pelas condições atuais... suas idades. Só que lhes aviso que muita coisa vai mudar por aqui. Mais uma que me aprontarem e estarão destituídos do cargo de conselheiros, sem mordomias, sem reconhecimento algum e ainda pagarão por seu crime mais cedo, só preciso falar com o senhor feudal...

- Nos fará pagar? – Perguntou a anciã com temor em sua voz.

- Claro! Mas não será agora.

Dito isso, saiu fechando a porta e deixando ambos idosos com seus pensamentos, esperando que não piorassem as coisas.

Três dias depois, rumo à Suna

Enquanto isso, os três shinobi avançavam e estavam quase chegando à Suna. Faltava pouco.

- Como vamos entrar? Não podemos entrar a essa hora e com essa pressa toda – disse Kento.

- Temos que entrar em conseguir abrigo. Onde vamos, Sasuke-kun?

Os três pararam a metros de onde começaria o deserto. Demoraram muito para continuar devido a especulações alheias sobre o que três crianças estariam fazendo tão longe de casa sem um sensei para acompanha-los. A desculpa que davam era a de que sua missão era apenas uma mensagem para entregar em uma aldeia distante, mas a essas alturas já estavam nos limites de seu país.

- Eu não sei, tenho que pensar...

- Acho melhor dormirmos aqui hoje, o deserto costuma ser frio à noite – comentou Kento – além disso, já temos com o que nos proteger do sol o mínimo possível – olhou para as sacolas com capas e chapéus que haviam comprado em um vilarejo pelo qual passaram.

Sakura olhou para Sasuke, que mantinha uma mão entrelaçada com uma dela e ambos sorriram um para o outro e depois para Kento.

Procuravam um canto para dormir. Da floresta restava apenas algumas árvores e antes da areia, uma campina. Estava calor, passariam a noite o mais próximo da campina que poderiam, sem ser vistos. Fariam como as noites anteriores: revezamento para dormir.

O primeiro a ficar acordado seria Sasuke.

Depois de jantarem, apagaram a pequena fogueira que foi feita para cozinhar e o Uchiha deu um beijo de boa noite na testa de Sakura, que ficou deitada próxima a ele e desejou boa noite à Kento, que se deitou do outro lado da lenha queimada. Adormeceram quase imediatamente.

Seria uma noite tranquila, se Sasuke não houvesse sentido uma presença odiada por ele.

“Ele tem prazer em me torturar e perseguir... sabe ocultar o próprio chakra, mas quer que eu saiba que está aqui? Pra me deixar com medo? Mas não vai...”, pensou ele lentamente se levantando com uma kunai em mãos e sharingan ativado. Quando procurou ao redor, seu olhar vermelho se encontrou com um muito parecido ao seu.