- Mebuki e Kizashi, venham conosco – chamou um ANBU.

Os dois, com o uniforme shinobi e suas bandanas, seguiram o líder e os demais por uma trilha. O raio de busca era de no mínimo 20 km além dos limites de Konoha.

Seguiam caminho por entre as árvores quando Mebuki falou:

- Kizashi – o olhou pelo canto dos olhos.

- Sim? – Respondeu sem olhar para sua esposa.

- Como vamos acha-la? Será que aquele garoto já está sequestrado com ela?

- Claro que não, ele está longe daqui, não deve nem saber... e à respeito de achar nossa filha, vamos achar.

- Tá.

Continuaram correndo. Em certo ponto, se separaram em duplas e naturalmente o casal foi junto em uma mesma direção. Procurariam o quanto fosse necessário, desde que ainda houvesse esperança em estar novamente com Sakura. Nem ao menos suspeitavam que ela havia ido embora por vontade própria e que faria tudo por seu amado Uchiha.

No fim da tarde, a uma distância do Distrito Uchiha, procurando no local indicado, Kakashi estava sozinho por uns momentos. Estava agachado. Era uma pequena abertura entre altas árvores. O chão era coberto por grama suave e tanto a cor delas quando das folhas, era escura. Havia insetos, teias de aranhas em alguns lugares.

O ninja copiador parou em um galho analisando o trabalho de alguns ANBUS e lembrando dos últimos acontecimentos.

Os gêmeos já haviam voltado para a Cidade Imperial, eram necessários por lá e Tsunade já tinha provas suficientes para acusar os anciões de compactuar com o inimigo por um motivo tão imbecil.

O Uchiha ao qual temiam era apenas uma criança, se bem tratado, bem educado ali e protegido, certamente defenderia a vila, ao menos até saber sobre a verdade de seu clã.

Ainda assim duvidavam que ele se voltasse contra Konoha.

Andando pelo terreno, abaixou-se ao conseguir ver uma cor peculiar. Era um fio de cabelo rosa.

“Sakura, eles passaram por aqui”, pensou ele. Virou-se para voltar andar alguns metros, onde estariam dois ninjas ANBU, já que um outro fora levar um novo relatório para Tsunade.

O ninja copiador parou no lugar, sentiu a aproximação de chakras, infelizmente, muito familiares. Ocultou o próprio e empoleirou-se em um galho, atrás de uma das ramas. Levou a mão à bandana e a levantou, já com o sharingan ativado e olhou para a direção da qual sentia alguém chegar.

Grande foi sua surpresa quando viu Orochimaru, com apenas quatro de seus seis discípulos. Nenhum deles pareceu perceber sua presença, embora olhassem para todos os lados para se assegurar de que não eram seguidos. Em questão de segundos, passariam por Kakashi, mas àquela distância, já se podia ouvir um pouco da conversa.

- Orochimaru, o que vamos fazer? – Perguntou Sakon – agora que não sabemos mais onde pivete está e mataram dois de nós... fora que Kimimaro tá doente.

- Vamos deixar isso pra lá, pelo menos por um tempo.

- Até quando? – Perguntou Kidoumaru.

- Até eu fortalecer vocês, encontrar quem possa nos ajudar e curar Kimimaro. Agora, só preciso de um corpo por enquanto, aí vou buscar algum com habilidades e só depois ter o sharingan – terminou de falar enquanto passavam perto de onde Kakashi se escondia.

Os olhos do ninja se arregalaram ao máximo. Então era por isso que ele queria sequestrar o garoto. E o mais impressionante eram que os anciões o ajudaram, ou ao menos tentaram. Além disso, eles estavam deixando o Uchiha de lado, então não estavam com ele, menos ainda com Sakura, já que vinham do lado oposto ao qual algumas pistas indicavam sua passagem. Quem a levou?

Deveria contar tudo para a Hokage e claro, encontrar a ambos rapidamente.

Quando os ninjas se foram, Kakashi deu as costas e correu, passando pelos ANBU que o olharam se afastar sem sequer conseguir perguntar o que encontrara.

Começara a escurecer quando entrou pelo distrito Uchiha e procurou o caminho mais curto possível para a casa da Hokage. Passou por aldeões, saltou em grandes latas de lixo para tomar impulso e conseguir subir até os telhados das casas. Já lá em cima, observou a direção que tomaria. Buscou o prédio com o olhar e assim que o avistou, começou a correr novamente saltando de telhado em telhado até chegar.

Naruto caminhava pela rua, ainda com muito movimento, à caminho de casa. Seu treinamento acabara mais cedo e por mais cansado que estivesse já havia ido ao Ichiraku comer, ainda tinha dinheiro da última missão com seu time. A missão foi levar Sasuke e a mensagem da Hokage à Cidade Imperial. Isso foi recompensado por Tsunade, que nem sequer avisou que haveria pagamento.

Olhava para cima, para as estrelas estáticas num azul profundo, apenas pensando no que não fez. Não protegeu Sakura como prometeu à seu amigo-rival, não iria melhorar tão rápido assim, mas ao menos deveria ter dado conta de não deixar que levassem a kunoichi, mesmo que para isso, apanhasse e armasse um escândalo. Isso certamente chamaria atenção da vila inteira e mesmo que ele sozinho – ele sentia que poderia com eles – não desse conta, iria ao menos alarmar sobre os sequestradores.

De repente, um vulto passa de um telhado a outro, próximo de onde o garoto caminhava e o reconheceu pela máscara.

“Onde o Kakashi-sensei tá indo com tanta pressa?”, pensou ele e vendo o grisalho se afastar, correu, seguindo-o.

Já na porta do prédio, se identificou e soube que Tsunade ainda estava em sua sala e depois sairia para uma visita ao hospital de Konoha, para verificar a situação como todos os dias antes de voltar para casa.

Ao ver o sensei entrar, Naruto presumiu que era para falar com a Hokage, de modo que correu por um caminho onde poderia se esgueirar até a janela do escritório dela. Sabia que o jounin não lhe contaria sobre a conversa e tinha a sensação de que estavam escondendo mais coisas do que disseram a ele.

Shizune interceptou Kakashi próximo à sala de Tsunade e perguntou o assunto.

- É urgente, sobre as buscas e sobre Sasuke – respondeu Kakashi.

- Ah, e-está bem... venha.

A ninja virou-se para abrir a porta e colocou apenas a cabeça para observar sua ama.

- O que é? – Perguntou Tsunade com a cabeça baixa preenchendo papeis, sem sequer olhar para ela.

Shizune ficou surpresa, mas se recuperou rapidamente e falou:

- É Kakashi, ele tem informações urgentes – respondeu, fazendo Tsunade olhá-la com raiva.

- Então, o que está fazendo que ainda não o mandou entrar?! – Gritou, socando a mesa.

- Sim, senhora.

Ela se afastou dando passagem ao ninja. Ele entrou fechando as portas atrás de si e sentou-se à frente dela.

Uma vez percebendo o chakra de Kakashi lá dentro, Naruto se aproximou mais da janela. Estava apoiado no beiral. Ele conseguia essas proezas, afinal, ele era o ninja hiperativo número um de trás pra frente de Konoha.

- O que me traz?

O loiro ouviu a voz de Tsunade-sama e gelou com o tom frio dela. E dentro da sala, o jounin começou a falar:

- Orochimaru não está com Sasuke e provavelmente também não está com Sakura.

- Como assim, não está?!

Kakashi contou tudo o que ouviu, a loira foi juntando as peças, assim como ele havia feito. Depois que ele terminou de falar, Tsunade passou alguns minutos em silêncio encarando os papeis em sua mesa com o olhar perdido. Ok, os anciões passaram dos limites.

- SHIZUNE!

Naruto quase caiu da janela com esse grito.

Shizune estava sentada e quase caiu da cadeira. Levantou. A moça passou pela porta com toda a pressa do mundo. Pelo modo com que a chamou, a Hokage estava realmente irritada.

- Sim, Tsunade-sama.

- Convoque uma reunião com os anciões o mais rápido possível e intensifique as buscas por Sasuke e Sakura, podem estar juntos ou não. Não podemos deixar que o garoto fique longe daqui, agora, sua proteção é uma prioridade!

- Hai!

Assim que sua assistente saiu, a loira olhou para o jounin a sua frente que a encarava com seus olhos mostrando dúvida.

- O quê? – Perguntou de forma seca.

- Eles podem estar juntos? Não havia pensado nisso...

- É – disse ela e se levantou para começar a caminhar pela sala –, eles podem estar juntos, levando em conta que ele fugiu da cidade... – colocou os braços para trás e segurou uma mão com a outra – só espero que estejam bem e longe do caminho daquele...

- Entendo. É melhor eu partir para procurar também.

- Alguma ideia de pra onde foram?

- Pra algum lugar naquela direção na qual achamos fios de cabelo e algumas pegadas... nada mais que isso, mas vou seguir por ali e ver se encontro algo.

- Vai precisar de ajuda. Chame Jiraya. Diga a ele que eu tomo conta de Satoru.

- Jiraya está cuidando dele ainda?

- Sim, o tem como um filho agora – um pequeno sorriso apareceu nos lábios da Hokage, mas logo se foi – agora vá e mande-o trazer Satoru aqui.

Kakashi assentiu e saiu da sala. Partiriam aquela noite mesmo. E enquanto isso, Tsunade ficava pensando em mais um de seus problemas: falar com os anciões. Iria expor suas verdadeiras intenções na frente de toda a vila ou deixaria para conversar entre quatro paredes para que o povo não se revoltasse com o fato de terem permitido e ajudado no ataque de Orochimaru?

Ela tinha que pensar nos aldeões, eles deveriam e mereciam saber a verdade, mas ao mesmo tempo, poderia se armar uma revolta geral. O que fazer?

Por sua vez, o Uzumaki estava ainda em estado de choque com tudo que ouviu. Desceu do prédio tentando não ser visto e pensando em ir ao balanço que fica em frente à pedra com as faces dos hokages.

Mas tinha que fazer algo. Poderia ou não? Deveria levar em conta o que seu mestre falou e não colocar em risco a vida de todos de Konoha e a própria, além de não piorar a situação?

É, ele tinha a opção de ir, mesmo que ninguém deixasse.

-

- Satoru! Sai logo daí – pedia Jiraya em frente à porta do banheiro, estava com as mãos entre as pernas, se mexendo de um lado para o outro – quero usar o banheiro!

- Já vou sair... to me enxugando – respondeu o menino.

A porta se abriu, ele estava com roupas confortáveis, descalço. Um short largo azul e uma camiseta cinza comprida. Os cabelos castanhos molhados sendo enxugados com sua toalha azul.

- Até que enfim – disse o senin e correu para o banheiro.

Após alguns minutos saiu, depois de ter lavado as mãos e foi servir o jantar. Satoru havia posto a mesa.

Estavam no meio da refeição quando alguém bateu à porta. Ao abri-la, viu Kakashi parado e já com uma mochila nas costas.

- O que é isso? Por que essa mochila e a essa hora?

- Por uma missão.