- Preciso que façam buscas até terem algum rastro de Haruno Sakura – disse Tsunade apontando para quatro grupos que se retiraram ao instante – vocês – apontou para quatro outros ninjas – levem mensagem à outras vilas para nos avisarem sobre qualquer passante suspeito, especialmente, se levar junto de si uma garota com cabelos rosa. É preciso que saibamos e diga que daremos recompensa.

- Hai! – Disseram os quatro mensageiros e se foram também.

Ainda era cedo. Os primeiros raios de sol apenas tinham tocado o chão da vila e Tsunade já estava de pé investindo na busca de sua pupila. Certamente, Orochimaru o fez com a intenção de atrair o Uchiha, portanto, deveriam procurá-la ou então, dar Sakura como morta.

A segunda opção era pouco provável, ao menos por enquanto. O senin das cobras sabia que, se queria que Uchiha Sasuke se entregasse sem qualquer resistência, deveria saber que uma das únicas pessoas com quem o garoto se importa, estava com ele. Sabia um pouco do comportamento do shinobi para com a rosada ali, então usaria tudo que pudesse à seu favor. Ao menos era em algo assim que a Hokage queria acreditar. Que ele não fizesse nada pior por os dois adolescentes serem colegas de time.

- Hokage-sama, não acha que está exagerando na busca pela kunoichi? – Perguntou uma jounin, recebendo imediatamente um intenso olhar de ódio de Mebuki.

O pai de Sakura saíra com a primeira busca, ela seria a seguinte, para o caso – que acreditavam ser impossível – de a pequena voltar.

Com a pergunta, Tsunade olhou e suspirou profundamente.

- Ela é uma kunoichi, mas ainda é nova, está estudando para ser ninja médica e o motivo principal para tudo isso é que Orochimaru quer atrair uma pessoa em particular, ela será usada apenas como isca e ficará viva não sabemos por quanto tempo...

- Quem ele quer atrair?

- Uchiha Sasuke por serem colegas de time e provavelmente atrairá Naruto por conta de sua condição de jinchuuriki, ele não pode sair daqui. A kyuubi fora da vila pode ser arriscado. Podem tentar tirá-la dele – terminou Tsunade com as mãos entrelaçadas embaixo do queixo e os cotovelos sobre sua mesa.

Deu um profundo suspiro depois que, de olhos fechados, ouviu a porta se mover. Eles tinham ido embora fazer suas tarefas e cumprir suas obrigações.

“E também, quero proteger quem me deu coragem para aceitar o posto como Hokage, o filho do Yondaime...”, pensava ela, agora esfregando as têmporas. “O que seria do legado de Minato? Naruto tem muito o que crescer... eu deveria ser imparcial, mas não sou. É apenas mais um shinobi, mas eu me importo... Tsunade, você estará em sérios problemas se continuar assim”, se censurando mentalmente por seu comportamento.

Uma Hokage não deveria se portar assim em situações como essa. O time sete era composto por sua pupila, pelo filho do Quarto Hokage e ainda por cima, o Terceiro prometeu proteger o jovem Uchiha.

Isso inegavelmente mexia sim com ela. Não podia quebrar uma promessa, além de ter que honrar seu manto como líder de Konoha, se não cumprisse, Itachi poderia muito bem causar um enorme estrago se quisesse. Não tinha notícias sobre o ninja renegado desde aquela última vez em que tentou atacar Naruto dentro da vila, quando Orochimaru ainda não a havia invadido.

Mas, tinha certeza de que se soubesse, daria sinal de vida... e isso não seria bom.

Enquanto isso, com Jiraya, Naruto teimava em sair em busca de sua amiga. Era justamente isso que temiam que acontecesse, mas o sábio dos sapos já sabia sobre Akatsuki atrás do menino e era sensato à ponto de negar, ao menos naquele momento.

Satoru apenas olhava recostado no tronco de uma árvore na campina. Às vezes até achava graça que o loiro emburrava e se virava de costas para o sensei.

- Eu quero ajudar à achar a Sakura-chan!

- Ajude ficando aqui, já temos problemas com Sasuke e com ela, não sabemos o que a Akatsuki quer, então você ficará aqui.

Pronto. Emburrou mais uma vez, mas de um momento a outro, virou-se para Jiraya com fogo nos olhos.

- Eu não tenho medo desses covardes! Não quero ficar de braços cruzados, tenho que fazer alguma coisa. Eu derroto todos eles se deixar... quero salvar meus amigos, eles são uma família pra mim, mesmo que o Sasuke me olhe com cara de desprezo e a Sakura-chan se irrite e me bata, dattebayo!

Com a última parte, o senin não pôde evitar o riso que escapou de seus lábios. Recordava bastante de quando crescia e Tsunade batia nele também. Por motivos extremamente diferentes. Que ele saiba, Naruto não espiona garotas nas casas de banho ou cachoeiras.

Ele então se abaixou, ficando apoiado em um joelho apenas. Tinha o semblante sério. Pôs uma mão no ombro do Uzumaki que desfez o bico e o olhou, esperando por algo.

- Você precisa entender que deve ficar mais forte primeiro, pra depois proteger quem você ama.

- Eu sei disso, mas eles precisam de ajuda agora.

- E vamos ajudar. De alguma forma, nos vamos ajudar os dois – sorriu e rapidamente voltou a ficar sério – tá bom, agora, voltando praquele exercício.

- Ahh!

Cidade Imperial

Kakashi acabara de sair pelos portões da cidade. Ainda estavam destroçados. Se dirigiria à Konoha com uma carta assinada pelo próprio Tatsuo-sama.

O senhor feudal do país do fogo nada poderia saber, ou diria que o estavam excluindo do assunto. Não se importava com as promessas do mundo ninja, só queria dinheiro e proteção em troca de fazer acordos com os outros países.

Na situação atual, sua ajuda seria irrelevante, já que por uma graça de Kami, Tsunade era amiga do imperador, obviamente um cargo bem acima na hierarquia.

O ninja copiador apenas poderia imaginar o que a Godaime faria. É lógico que as dimensões disso seriam muito piores.

Imaginava que Kento e Sasuke pudessem ter passado pela vila, mas que certeza tinha? Absolutamente nenhuma. E se tivessem voltado pra ficar por lá? A vila poderia estar em perigo. Apertou o passo pelo caminho que os gêmeos ensinaram da última vez, passando longe de onde vira Orochimaru e seus seguidores. Não precisava de confusão agora, precisava chegar em Konoha o mais depressa possível. Mal sabia ele o engano em que estavam os ninjas da vila e a própria Godaime.

Já àquela hora da manhã os três já haviam recolhido suas coisas e acabaram de sair de onde passaram a noite, tentando não deixar vestígios de sua passagem. Seguiram calados, observando o mapa e tudo ao seu redor para o caso de haver bandidos ou algum conhecido indesejado aparecer. Na verdade, agora todo mundo era indesejável. Qualquer um que encontrassem poderia traí-los, dizer sua localização ou direção e era um risco que não estavam dispostos à correr.

Durante o dia, pararam para almoçar e só muito mais tarde para jantar e já dormir. No dia seguinte, a mesma coisa. Só não sabiam que estavam sendo seguidos e talvez não gostassem muito das companhias ou as estranhassem. Mas, em Konoha, um ANBU conseguiu rastros deixados por ele assim que buscaram em uma distância considerável de Konoha, além do Distrito Uchiha, onde os três passaram sua primeira noite.

Era o meio da tarde quando o agente chegou com seu relatório, alguns fios de cabelo, alguns rosa pertencentes à Sakura e outros castanhos, de quem, eles não conheciam.

- Deve ser de algum seguidor de Orochimaru – disse ela, com um tom de voz um pouco mais relaxado. Estava um pouco aliviada com o fato de que talvez trouxessem a menina de volta – ainda há agentes trabalhando na área?

- Sim, Hokage-sama. Apenas trouxe relatório da tarde e pretendo voltar ao trabalho de busca.

- Como souberam onde procurar?

- O único local pelo qual poderiam entrar seria o Distrito, e então procuramos numa distância além dele em várias direções... embora eu não saiba como os seguidores de Orochimaru chegaram até a casa dos Haruno sem que ninguém os visse. Há segurança na vila, mas parece que ainda não é o suficiente – respondeu o mascarado.

- Está bem, muito obrigada, pode voltar ao trabalho.

Assim que o ANBU saiu, Kakashi entrou, interrompendo sua leitura da papelada que ainda estava sobre sua mesa, coisa que o ninja anterior também fez... interromper.

- Ah, Kakashi, você voltou. Alguma notícia sobre o treinamento de Sasuke? O trouxe com você? – Perguntou tentando olhar para trás do ninja como se o garoto estivesse se escondendo ali.

- Hm, não... não sei como te dizer isso, Hokage-sama – disse ele sério e de modo lento.

- O quê? Não gostei do seu tom de voz e nem como falou...

Ela endureceu o olhar e então, Kakashi se aproximou para entregar um pergaminho com a mensagem de Tatsuo. Mensagem à qual Tsunade leu e apertou até amassar o papel.

O ninja copiador podia ver uma veia marcada em sua testa. Ela estava de olhos fechados, mas quando os abriu, se poderia imaginar o que se passava em sua mente e ele tinha dúvidas sobre quem seria o primeiro a receber seu castigo, mas rezava mentalmente para que não o escolhesse.

- COMO É POSSÍVEL QUE O LOCAL MAIS SEGURO, A CIDADE IMPERIAL, DEIXE DOIS GAROTOS FUGIREM POR CAPRICHO?! – Berrou ela descendo um punho fechado com toda a força no centro da mesa.

Ela foi partida ao meio e ainda assim, a Hokage conseguiu deixar uma enorme rachadura no chão, onde ainda mantinha o pulso cerrado.

Shizune estava do lado de fora, com mais papeis de missões completas que carregava para a vistoria da Hokage. Ainda iria entrar enquanto ouvia gritos, mas assim que ouviu o estrondo da mesa e ouviu o chão tremer pelo impacto, desitiu.

- ESTAVAM SENDO ATACADOS E SASUKE É ÓTIMO NINJA, MAS AINDA ASSIM... COMO NÃO PUDERAM IMPEDIR QUE DOIS MENINOS FUGISSEM?! SE AQUI AS COISAS ESTÃO DIFÍCEIS E NÃO CONSEGUIMOS MANTER A TOTAL SEGURANÇA POR SERMOS ATACADOS POR OUTRO SENIN... ELES DEVERIAM CONSEGUIR MANTÊ-LO LÁ! ERAM APENAS LADRÕES.

A loira andava de um lado para outro na sala soltando fogo pelas ventas, quase literalmente, pensando no que fazer exatamente. Não podia sair mandando ninjas para fora da vila. Precisaria deles se seu ex colega de time infelizmente presumisse que o Uchiha estava lá, isso é, se já não o levou pelo distrito também. Espalmou a própria testa.

“É, concentrar chakra para salvar os ouvidos é muito bom”, pensou Kakashi, sem atrever-se a se manifestar diante disso, já que não sabia o que se passava na mente dela e parecia que não queria dividir. Mesmo assim, ainda ouvia cada palavra em um tom perfeitamente alto, como se ela estivesse apenas falando no meio de uma multidão. Certamente os ninjas dos limites da vila também a ouviram.

- SHIZUNE!

- Sim, Hokage-sama – entrou correndo e com receio de que sobrasse para ela algum resquício de raiva de sua ama.

- Reúna um grupo de ninjas para vasculhar ao redor de Konoha, ver se há algum sinal de vida daqueles pirralhos, envie ninjas às vilas mais próximas para ver se estão lá... quando tudo isso acabar, Tatsuo-sama vai se ver comigo.

Shizune apenas olhava para a ninja médica que parecia uma leoa enjaulada. Estava um tanto assustada como toda vez que Tsunade grita. Ela sempre fica fora de si, deveria estar acostumada, mas ainda assim é difícil.

Tsunade parou e olhou fixamente para Shizune com sua melhor expressão assassina.

- O QUE ESTÁ ESPERANDO?!

- Já vou, já vou... – saiu correndo da sala.

- Está dispensado, Kakashi.

- Peço permissão para procurá-los.

Ela se sentou em sua cadeira e respirou fundo para se acalmar.

- Vá até a área que os ANBUS estão, quem sabe dali você consiga alguma pista que nos ajude a achar ao menos um dos três.

- Hai – respondeu ele e desapareceu, deixando Tsunade sozinha com sua indignação à respeito do trabalho de segurança do amigo imperador.

Ele devia para ela. Não uma dívida qualquer... uma dívida de jogo. Uma das poucas vezes que ganhara, foi dele e em troca de dinheiro, pediria qualquer coisa. Pediu um favor que não foi cumprido.

Ela pensou em voz alta:

- Depois eu me acerto com você...