Satoru estava na sala as Hokage junto à Jiraya. Contou a eles o que sabia. Kabuto planejava entregar o jovem Uchiha de bandeja à Orochimaru, já que pensava que o ninja era seu servo mais leal. Em contrapartida, antes que o senin estivesse com todo o poder que desejava, Kabuto tentaria pegar seu DNA para guardar uma parte e se apoderar de outra, para depois matá-lo se apropriando até do kekkei genkai de Sasuke, assim que o sennin utilizasse seu corpo.

O jovem sabia disso porque Kabuto o enviava por informações para o plano de seu mestre, e à partir disso, se aproveitar. Também teria que ajudá-los com Sasuke assim que esse chegasse, como era o plano inicial e ao sofrer uma mudança, ele apenas vigiaria para saber onde estava o genin. Logo depois, quando o plano de Kabuto estivesse em ação, ajudaria a deter o quinteto do som o máximo de tempo que pudesse, antes que tivessem a chance de salvar Orochimaru.

Com esse relato, Jiraya e Tsunade estavam com os olhos abertos até onde podiam, surpresos que alguém pensava que poderia destruir seu velho colega buscando a mesma coisa que Orochimaru buscava, como se não Kabuto conhecesse a sede de poder do sennin.

- Você tem certeza disso? – Perguntou a Hokage.

- Tenho.

- Agora tenho certeza que foi um bom plano tirar Sasuke de Konoha, ao menos por hora, ele estará à salvo...

- Tem mais uma coisa... – interrompeu o garoto.

- O quê?

- Antes que ele me apanhasse – apontou para Jiraya – eu espionei uma conversa dos velhotes...

- Que velhotes? Os anciões de Konoha? – Perguntou Jiraya.

- Sim.

- E, há alguma coisa que queira nos contar? – Perguntou Tsunade.

- Eles planejam interferir no seu plano. Entregar o garoto à Kabuto em troca de que ele e o quinteto parem de atacar Konoha e acho que o senhor já contou isso a ela, não é Sr. Jiraya? – Satoru olhou o sennin que assentiu - mas não foi a primeira vez que vim à vila conversar com eles.

- Não? – Perguntaram os dois adultos em uníssono.

- Não. Eu já havia avisado a eles de todos os ataques de Orochimaru, inclusive do rapto dele, que seria aquela noite antes de o enviarem longe. Por isso eles ordenaram a troca da guarda aquela hora, para que o grupo pudesse entrar com facilidade, sem lutas e sem chamar atenção.

- Até agora, não entendi o porquê esse garoto é tão perigoso – disse Jiraya pensativo com uma mão no queixo.

Realmente, ainda era difícil imaginar uma razão para ele iria se vingar da vila. Ao menos os dois ainda não tinham ideia, mas era uma ideia que Satoru tinha. Na verdade, ele sabia de tudo. Era o informante principal do inimigo e ao ser descoberto espionando em uma vez anterior a tudo isso, quando Orochimaru já estava interessado em roubar os olhos de Sasuke, foi levado aos anciões.

- Eu sei o real motivo.

- Sabe? Conte-nos.

- Só conto quando souber algo sobre a minha família ou este segredo vai ficar comigo. Já dei informações sobre os dois velhos, quero saber o que me interessa.

Tsunade suspirou e se levantou. Ficou de costas para ambos pensando em como dizer isso à ele. Certamente Satoru se viraria contra Orochimaru, até mesmo contra Kabuto e quem sabe, se unisse a eles, já que tinha o dom da espionagem. Embora fora pego duas vezes, foram só duas vezes, insignificantes perto de quantas ele tinha espionado a vila e outras organizações.

Foi pego por Jiraya, afinal é um ninja rank S. E foi pego por um ninja rank B que circulava pelo prédio.

Agora era sua hora de saber a verdade.

- Bem – começou Tsunade virando-se para eles ainda apoiada no beiral da janela – você... está sozinho agora.

- Como assim sozinho?! Depois de eu contar tudo, vocês vão me deixar sem saber de nada? – Se levantou dando um soco na mesa.

- Não, não é isso! – Respondeu Tsunade se aproximando dele – não foi isso que quis dizer, não vamos deixar você. Está sendo de grande ajuda e será recompensado como pudermos, mas é que... segundo informações, você era membro de uma família que foi atacada por Orochimaru e os outros, para que ele conseguisse novos corpos e continuasse com seus experimentos...

- O quê?

- É isso mesmo, há anos ele atacou sua família, você era pequeno e alguém conseguiu te tirar de lá e quando seus avós maternos foram procurar por você, nunca o encontraram. Pediram ajuda a várias pessoas sem sucesso. Anos depois, Kabuto te encontrou e aqui estamos. Há quanto tempo está com Kabuto.

- Há seis anos. Ele me ensinou tudo que sei – sentou-se novamente olhando para qualquer coisa – como eu não consigo me lembrar?

- Você era pequeno...

- Posso saber quem eram meus parentes?

- Se você quiser, pode sim... eles trabalhavam no mercado negro, a sua organização era um negócio de família, da parte do seu pai.

-

Em algum lugar no bosque

- Mas que droga, perdemos dois...

- Calma chefe, vamos conseguir o garoto – disse Sakon tentando acalmar Orochimaru.

- Espero que sim. O caminho pelo qual eles vieram, verifiquem se há sinais que indiquem como se vai até a Cidade Imperial.

- Hai – disseram os ninjas restantes e saíram.

Estavam parados em um lugar afastado de onde acontecera a luta anterior contra os ninjas da folha. O único que ficou ali ao lado de Orochimaru fora seu pupilo. Kimimaro estava recostado a uma árvore e olhara seu chefe e protetor.

- O que pensa em fazer quando tiver o corpo do Uchiha? Digo, quando tiver a linhagem sanguínea dele...

- Já que serei capaz de derrotar qualquer um, voltarei à vila. Como ninguém poderá me derrotar, eu continuarem com a minha busca pelo poder, experimentando a mistura de DNA para criar ninjas perfeitos. Se der certo, farei comigo também. Antes queria fazer isso pra tornar Konoha uma potência, mas acabei tendo prazer em fazer esse tipo de experimentos – respondeu sorrindo.

- Alguma dessas suas experiências deram certo quando fazia na vila?

- Sim, duas... duas crianças que sobreviveram ao contrário de muitas outras. Essas eram fortes, só espero que ainda estejam vivas para eu coletar seu DNA e estudar como foi essa adaptação, se evoluíram ou não.

- Hm, entendi.

- Eu preciso de cobaias pra testar algumas coisas enquanto o Sasuke cresce junto a nós. E também ver se descubro uma cura pra você – olhou seriamente para o pupilo.

- Sério? – Perguntou Kimimaro surpreso.

- Sim, eu vou deixar você curado e mais forte – voltou o rosto para as árvores ao redor –, hm, espero que aqueles idiotas voltem logo. Verifique o que estão fazendo e se há algum rastro do caminho à Cidade Imperial, pode ir, mas cuidado.

- Está bem.

Kimimaro saiu correndo pelo bosque até onde intuía estar o que sobrou do grupo do som.

Orochimaru ficou ali imaginando o que seu aprendiz estaria fazendo em seu covil, como faria para invadir a Cidade Imperial e como traria o seu novo corpo à força com ele.

-

Alguns dias se passaram e então o time Asuma e o restante do time 7 já estavam em Konoha e os senseis foram convocados para uma reunião com a Hokage, junto aos irmãos Hayato e Isao.

Dariam início à investigação porque, por mais que a Godaime soubesse quem eram os precursores de tais ataques, queria descobrir quais dos ninjas ajudaram com o plano, caso houvesse mais algum ninja duplo, e também como e porquê.

Ela divulgaria o resultado das investigações em pouco tempo, junto à um segredo que fora revelado pelo jovem Satoru no dia em que ele descobriu o que foi feito de sua família.

Agora, Satoru sabia que ele não havia sido abandonado, que seu passado não foi apagado e que os culpados eram justamente aqueles que o acolheram de pequeno. Embora Orochimaru não o aceitara, Kabuto sim porque viu no pequeno sua habilidade de tirar e encontrar informações, porque ele soube antecipadamente que seria mandado embora para morrer de fome, já que o sennin das cobras disse que ele não serviria de nada. Como soube? Se escondendo e ouvindo atrás de portas, provavelmente uma coisa que aprendeu ainda com seus familiares.

O time Asuma, descansava e voltavam às suas atividades normais, estando sempre em alerta para alguma nova fase da missão. Já Naruto e Sakura, continuavam preocupados e a kunoichi jurava que o plano de Tsunade-sama poderia não funcionar, ainda sem saber todos os detalhes que o antigo espião de Kabuto contara a líder de Konoha.

- Se Orochimaru foi capaz de entrar aqui sem ninguém saber, pode sim achar o caminho da cidade – disse ela andando até o restaurante de Ichiraku.

Naruto e ela estavam passando mais tempo juntos, o Uzumaki não desgrudava mais dela. No entanto, notava o quão preocupada ela estava com isso e discordava para confortar a amiga, mesmo sabendo que ela poderia estar certa do que falava.

- Ah, que nada, Sakura-chan. Kakashi-sensei e os irmãos disseram que ele tá seguro – sorriu ele colocando as mãos na nuca para parecer relaxado.

- Será mesmo, Naruto? – Olhou para ele, tentando saber se o que ele dizia era o que realmente achava.

- Claro que sim. Além do que, o Sasuke é um cara forte, eu reconheço isso. Ele vai conseguir escapar se acharem ele.

- Mas você disse que não iam achar ele, baka.

- Mas, ah, não vão, só falei SE acharem ele. Não fica brava comigo Sakura-chan...

- Tá bom, vamos comer logo que eu tô com fome...

A frase dela foi interrompida pelo estômago do shinobi a seu lado que rugiu de fome. Ela riu, a primeira vez que o fazia com vontade, o que alegrou Naruto. Quando um dos amigos estava em perigo, a preocupação era iminente aos outros, embora alguns, como Sasuke, não demonstrassem tanto.

Chegando ao Ichiraku Ramen, se sentaram e Naruto pediu o de sempre, e Sakura o mesmo.

- Outra vez aqui, Naruto... mas dessa vez trouxe a namorada, ein? Jantar romântico?

- O quê? Não, não... ela não é minha namorada, mas eu queria – essa última parte ele disse entredentes, mas Sakura conseguiu ouvir.

- Que que foi, Naruto?

- Ah, não, nada. Juro.

Foram servidos e assim passaram algum tempo ali. Naruto distraía sua amiga das preocupações com o Uchiha, enquanto este estava trancado novamente em seu quarto.

Cidade Imperial

Sasuke se encontrava sentado na cama. Já havia jantado e conforme passavam os dias, se acostumava a viver ali, mas ainda queria sua liberdade. Estava disposto a sair dali e fugir para longe, se esconder. Queria enfrentar Orochimaru, mas com aquele grupo atrás dele o tempo todo, só poderia sozinho se usasse o selo. Não estava disposto a fazer isso e agora, por diminuir a escuridão em seu coração, não funcionaria. Ainda não havia dominado o selo.

Para onde ele poderia ir? Konoha não, era muito arriscado. Queria evitar colocar mais pessoas em risco, inclusive sua flor de cerejeira. Será que algum outro país o abrigaria?

Não sabia. Estava certo de que logo o encontrariam. Primeiro, deveria sair do palácio e seria esta noite.