– Vamos chegar à Konoha em quatro dias - disse Asuma olhando o mapa em suas mãos sem parar de andar.

– Quatro dias?! - Gritaram os ninjas.

– Nossa, só de pensar nisso já me cansa - continuou Shikamaru com as mãos atras da nuca.

– Você já nasceu cansado - responde Ino arrancando risada dos outros - não reclame, dependendo da velocidade, chegaremos antes.

Shikamaru revirou os olhos. Não interessa, seria uma volta muito longa e entediante, com certeza. Todos estavam quietos e qualquer brincadeira ou comentário morria logo.

Começaram a correr assim que Asuma-sensei guardou seu mapa. Foram em tal velocidade, totalmente calados. Naruto não sentia seus pés de tão rápido que corria e o único pensamento em sua cabeça era resolver logo aquele mistério para então trazer seu amigo são e salvo para casa.

Nenhum deles conseguia imaginar o plano por traz de toda aquela invasão inicial dos subordinados de Orochimaru. Hayato e Isao foram informados de tudo antes de partir e conversavam entre si para decidir o que fazer. Mal sabia o grupo que a questão mais irritante e desafiadora já foi resolvida por apenas um descuido do ninja traidor: quem passava informações e facilitava a invasão.

Cidade Imperial

Sasuke estava na academia ninja da cidade sentado em uma das cadeiras da sala de aula com um pergaminho de estudos aberto à sua frente. Havia treinado um pouco lá fora, faria o possível para distrair sua mente dos acontecimentos essa manhã.

Se lembrava de tudo que se passou até ali, as palavras malditas de Itachi, tudo o que viu em seu clã no dia mais horrível de sua vida, e cerrou os punhos amassando o papel que segurava. O ódio quase o consumia, mas não era apenas por seu irmão, era também por si mesmo. Por se tornar um fraco sem emoções, por importar com os outros, se permitir chegar à tanto, à ponto de firmar um laço com alguém, do tipo que nunca deveria ter formado ou que deveria ter sido cortado quando teve chance.

Era tarde demais e querendo ou não, ainda sentia o sangue aquecer seu rosto ao se lembrar do tempo com Sakura, da noite em que viram aquela estrela e ele se deixou levar, por um impulso invisível e mais forte do que ele. Sabia que não era coisa de momento, ainda mais quando se pegava distraído preocupado com ela, seus companheiros e o que seria dali pra frente. Sofria por antecipação, talvez até à toa.

"Mas eles sabem se cuidar e o baka do Naruto prometeu cuidar dela. AH! Como cedi a isso e me deixei levar por eles? Mas que merda! Agora eles estão correndo perigo, eu deveria ter ido embora, teria poupado todos", pensava o jovem que se sentia mal. Se deu conta de que aquilo tudo dentro dele era mais forte do que se lembrava e do que estava acostumado.

Era fato que ele queria ainda se manter frio, mas depois do que se iniciou entre ele e Sakura, as palavras desafiadoras de Naruto quanto à proteção da menina e a respeito da amizade deles, isso seria difícil, mesmo que o fizesse com a única vontade de manter a calma e a paciência até que tudo estivesse resolvido.

Será que deveria ficar ali? Ficar parado, ser deixado para trás realmente resolveria tudo? Não poderia aquele sannin louco vir atras dele e descobri-lo em seu novo esconderijo? "Tudo é possível", era a única resposta que encontrava, sem saber como chegou à ela. Ele sabia que aquele plano era falho, sim e poderia ir por água abaixo à qualquer momento se aquele quarteto e o ninja dos cabelos brancos, ou mesmo Orochimaru encontrassem seus amigos ou soubessem onde ele estava.

Fechou os olhos e balançou a cabeça em negação, deixando de lado o pergaminho que lia. Não podia ser... estava sendo envolvido por todos os sentimentos existentes e independente do que aconteceu, não podia acreditar. Estava um pouco atordoado mesmo gostando de sentir o calor dos sentimentos quando perto de quem importava, mas agora a solidão que sentiu por muito tempo tomou mais um significado, a partida dessas pessoas acidentalmente queridas. Abriu os olhos surpreso com a ideia que passou por sua cabeça, agora talvez realmente estivesse entendendo porque Naruto prezava tanto os amigos, mesmo que essa solidão não lhe desse saudade alguma de se abrir para a vida.

De certa forma sempre se importou com os outros, fosse por obrigação de serem do mesmo time, ou por simples capricho de sentimentos.

Aquilo tudo que não percebia à tanto tempo, não tão intensamente para ser notado, veio à toda forte demais e em pouco tempo. Mal pôde se acostumar com o que deixou aflorar pela Haruno e agora, isso. Abaixou a cabeça pensativo, encarando o chão.

Tinha um pressentimento ruim desde a partida dos dois times e os investigadores e nada tirava de sua cabeça que alguma coisa passaria. Começou a refazer mentalmente o plano de Tsunade-sama se dando conta de suas falhas e em poucos minutos, já tinha uma base do que fazer.

Então, entrou Kento com um ruído irritante da porta, fazendo Sasuke olhar para ele com cara de poucos amigos.

– Hey, garotinho! - Saudou Kento.

Aquele imbecil interrompeu seus pensamentos. "O que ele quer aqui?", pensou ele semicerrando os olhos.

– Sente falta de seus amigos?

– Por que quer saber?

– Por que é tão desconfiado?

Sasuke não respondeu. Kento lhe deu nos nervos e então se levantou para sair dali. Não sabia se poderia confiar em alguém além de Chie e Tatsuo-sama naquele lugar, embora não pudesse dizer a eles o planejado. Chegou à porta e girou a maçaneta para abri-la.

– Você não pode ir, vai colocar a vida deles em risco e por a perder tudo o que estão fazendo por você - disse Kento simplesmente como se lesse os pensamentos do menino - especialmente a vida da sua linda menina.

O jovem ninja se virou para Kento que o fitava com um sorriso debochado. A única coisa que o Uchiha fez foi sorrir antes de sair de lá.

Em algum covil

Um dia já havia se passado e já estava anoitecendo novamente, fazendo um ser cheio de maldade se enfurecer com a demora. A paciência já o havia abandonado desde a falha de seus pupilos.

"Tanto trabalho para treiná-los, esses incompetentes não conseguem nada e agora, o outro some!", pensava ele andando de um lado para o outro.

Estava treinando com os "incompetentes", como ele os chamou mentalmente, e resolveu atirar shurikens em direção a eles por pura e simples raiva, sem nem prestar atenção à mira. Felizmente, para eles, errou todos, mas cada uma delas passou de raspão próximo ao rosto de todos e um deles passou entre as pernas de Sakon fazendo um pequeno corte em sua calça. Ele congelou. O único que não foi alvo de sua ira que se seguiu por vários dias, foi Kimimaro.

– Kabuto!!

– Sim, Orochimaru-sama - Kabuto apareceu depois de alguns minutos, adentrou um grande salão onde se encontravam seu chefe e o quarteto do som treinando.

– Onde está Satoru?! Era para ele já ter nos dado a posição de Uchiha Sasuke! - começou a andar de um lado a outro para tentar se acalmar, em vão - isso está se tornando cada vez mais complicado. Quanto mais tempo passar com aqueles vermes, mais vai se ligar a eles e deixar de lado sua sede por vingança e poder.

– Talvez fosse melhor averiguarmos - Kabuto colocou-se em pose pensativa - Será que os conselheiros de Konoha poderiam nos enganar não honrando o acordo?

– Se aqueles velhos idiotas estão planejando isso, vão pagar. Não sei se eles seriam tolos de deixar o garoto longe quando devem entregá-lo à mim.

De repente uma ideia vem á sua mente.

– Bom, sabemos que Sasuke-kun foi levado da vila e que eles ainda não retornaram. Você vai atras de Satoru e verifique o que o atrasou, eu e o quinteto, vamos interceptar os ninjas assim que os avistarmos em uma das estradas para a vila...

– E descobrir onde deixaram Sasuke - completou Kabuto sorrindo maliciosamente ao ajeitar os óculos.

Vila da Folha

O jovem sem memória foi vigiado constantemente por Jiraya. Foi levado para os aposentos dele e passava a noite no sofá. Havia sido um longo dia descrevendo o local onde fora encontrado, contando o que soube de Kabuto, revelando apenas algumas coisas que faziam ele e Orochimaru em seus esconderijos. Não diria tudo, até porque não confiava totalmente naquele cara.

Ao se deitar para dormir, Jiraya se passava pela sala quando foi parado por uma pergunta de Satoru.

– Quem é ele? - Perguntou o jovem apontando para um retrato. Já tinha essa curiosidade na noite anterior, mas não teve coragem de perguntar, até agora - é seu filho?

Jiraya se aproximou do rapaz e do retrato para o qual ele apontava. Nele estavam ele e um homem de olhos azuis e cabelos loiros arrepiados que aparentava ser mais novo, ambos sorridentes e abraçados. Sorriu nostálgico.

– Huh, quase...

– Ah, o considera...

– O certo seria "considerava".

O rapaz se encolheu.

– Sinto muito. Eu diria que sei como é perder alguém, mas não me lembro se isso já aconteceu - ri amargamente.

– Está tudo bem - disse Jiraya seriamente - agora, boa noite. Amanhã vamos conversar mais e já vamos buscar informações de sua família.

O sannin se dirigia à seu quarto quando, novamente, foi detido por outra pergunta.

– Então, posso confiar que vão me ajudar a recuperar a memória e minha família?

– Mas é claro que sim, não seja tão desconfiado. Você vai nos ajudar a trazer a paz para Konoha, é o mínimo que podemos fazer em troca. Se não pensa assim, encare como um contrato - virou-se e se fechou em seu quarto.

–

Em algum lugar de uma longa estrada para Konoha, já tendo amanhecido, os ninjas se puseram em movimento novamente. Não haviam descansado muito, apenas o suficiente para o corpo não reclamar. Correram por mais algumas horas o mais rápido que podiam.

Uma das seis figuras que os seguiam, estava mais à frente dos outros e rapidamente notou a falta de um membro do time Kakashi, o mais importante e o kanji das bandanas na testa dos gêmeos. Arregalou os olhos. Já sabia onde estava seu objetivo.

Ordenou de imediado que seu grupo se virasse na direção oposta à que os shinobis de Konoha estavam, mas a presença deles já havia sido notada pelos quatro jounins que pararam bruscamente à frente deles, sendo seguidos mais tarde pelos outros.