– 12º Esquadrão –

–Esse lugar me dá arrepios. – Disse a baixinha.

Era um laboratório grande, o lugar era mal iluminado, não tinha um cheiro muito agradável e haviam muitos tubos cheios de líquidos e partes de seres humanos boiavam lá dentro. Estavam no Departamento de Pesquisa e Tecnologia, Mayuri estava interessado nos poderes de Yuzuke, então resolveu fazer alguns exames.

–Deite-se na mesa, vou aplicar-lhe a anestezia, garanto que não sentirá nada. – Disse o cientista segurando uma agulha e um bisturi, com um sorriso maléfico em seu rosto.

–NANIIIIIII? – Disse o rapaz em desespero.

–Hey, isso não é preciso, era para ser apenas exames! – Exclama Ichigo.

–Estou apenas brincando, apenas brincando. Vocês acham que eu dissecaria uma pessoa que não é nossa inimiga apenas pela ciência? – Sorri o taichou falsamente. -Eu quase consegui, foi por pouco... – Ele pensou.

–Mayuri-Sama, a câmara está pronta. – Diz Kurotsuchi Nemu.

Yuzuke entra na câmara, meio desconfiado, meio desconfortável, não sabia ainda o porquê era preciso tudo aquilo.

O Taichou então inicia suas pesquisas afim de descobrir algo de diferente no rapaz. – Preciso descobrir como ele soltou um legítimo Cero pelas mãos. – Era a única coisa que o cientista conseguia pensar.

O exame então se inícia, a câmara começa a brilhar com uma forte luz branca, fazendo com que ninguém que estava presente conseguisse olhar diretamente naquela direção. Barulhos estranhos ecoavam no ar e os líquidos presentes nos tubos começavam a entrar em fervura. Se não conhecesse Kurotsuchi Mayuri podia até achar que estava desintegrando o rapaz para seus próprios experimentos, ou melhor, quanto mais se conhecia do cientista, mais motivos surgia para duvidar de suas atitudes, pelo menos ele era fiel ao Gotei 13. O brilho some e tudo volta ao normal.

–Omoshiroi… – Interessa-se o taichou ao observar os resultados do exame.

–O que revelou? – Pergunta Rukia curiosa.

–Esse rapaz... ele... - Disse Mayuri impressionado.

–Ele...? - Perguntam todos extremamente curiosos.

–Ele... Não tem nada demais. - Termina o cientista.

–NANIIIIIIIII? - Dizem todos chocados e bravos.

–Venha, vamos embora desse lugar. - Diz Rukia ainda nervosa, arrastando seus companheiros para fora.

–Isso é incrível, nunca vi nenhum diagnóstico parecido... - Pensa Kurotsuchi Mayuri. -Nemu, fique aqui eu vou levar o relatório ao comandante. - Diz o cientista.

–Hai!

Após sair do esquadrão, o grupo para e tentam decidir que rumo tomar.

–Para onde vamos agora? - Pergunta Ichigo.

–Eu preciso ir ao quarto esquadrão. - Diz o rapaz meio confuso ainda com o que tinha ocorrido.

–Por falar nisso, como você foi parar no portão norte? - Questiona Rukia.

–Eu não sei, apenas senti que deveria ir. - Responde Yuzuke.

–Estranho. - Comenta Renji.

Os quatros andam em direção à Divisão Médica.

–Hey Yuzuke, aonde você vai ficar? - Diz Ichigo curioso.

–Aonde vou ficar...? - Questiona o rapaz sem entender bem a pergunta.

–É, quer dizer, onde você vai dormir, comer, essas coisas... - Continua o substituto de shinigami.

–E-eu não sei... - Diz o rapaz cabisbaixo.

–Você pode ficar na minha casa. - Diz Rukia quando todos param na frente do esquadrão.

–Rukia?! - Espantam-se Ichigo e Renji.

–Você tem certeza disso? Eu não sei se Kuchiki Taichou iria gostar... - Diz Renji tentando fazer a amiga mudar de ideia.

–Com o Nii-Sama eu me entendo. - Persiste Rukia.

–Mas Rukia... - Continua ele.

–ELE VAI FICAR NA MINHA CASA E PONTO! - Diz a garota com uma voz autoritária.

Todos ficam espantados com a reação da baixinha, inclusive Yuzuke.

–Bom, quer dizer... se ele quiser, é claro. Diz Rukia sem graça tentando disfarçar o mico que acabara de pagar.

Yuzuke balança a cabeça sinalizando à Rukia que aceita seu convite.

–Eu preciso ir, tenho que relatar sobre o ataque no portão norte para o Taichou. - Diz Renji tomando seu rumo.

–Tudo bem, nos vemos amanhã. - Diz Ichigo.

–E eu preciso entrar para conversar com Unohana Taichou. - Diz Yuzuke adentrando o esquadrão.

Por um momento o silêncio toma conta de Ichigo e Rukia que ficaram do lado de fora esperando. O substituto de shinigami estava incomodado, abria e fechava seus punhos para tentar aliviar, mordia fortemente seus lábios e olhava para o horizonte tentando se distrair, mas cede à curiosidade.

–Rukia... Você tem certeza disso? - Pergunta ele agora aliviado.

–Sim, pelo menos até o comandante decidir o que fazer. - Disse a garota. - Você sabe, não sabe Ichigo? Eles estão mantendo Yuzuke aqui só porque é do interesse deles, porque ele é diferente, seu poder é parecido com o de um arrankar. Mas quando ele já não for mais útil... não sei o que acontecerá, ele não é um shinigami para se manter aqui e os hollows são inimigos da Soul Society. - Termina a garota abaixando sua cabeça, o tom de sua voz soava triste.

O rapaz de cabelos vermelhos mal sabia, mas por trás de toda aquela atenção que estava recebendo, havia um interesse maior em seus poderes. Ichigo melhor do que ninguém conhecia as rígidas leis da Soul Society. Se eles quase mataram Rukia, que é uma shinigami de família nomeada e que assume uma posição importante em seu esquadrão, o que seria de Yuzuke, que não sabiam ainda nem de que espécie era. Rukia sentia-se mal ao imaginar o rumo que as coisas poderiam tomar, não conseguiria aceitar a ideia de vê-lo sendo expulso ou morto apenas por ter origem diferente, sentia um aperto no coração só de pensar em vê-lo longe, estava começando a se apaixonar.