Destino escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 5
Capítulo 5 - O Rei do Inferno




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– Mia! Acorda! Mia! - gritou Sam.

Mia abriu os olhos e viu que Sam a sacudia levemente tentando acordá-la. Estava numa cama. Cama? Estava confusa e com muito medo. Seu coração batia num ritmo frenético enquanto ela tentava se situar. Sam parou de segurá-la e se afastou um pouco. Mia olhou em volta. Estava em um quarto de Hotel. Havia mais uma cama, vazia ao seu lado, um pequeno sofá e uma TV mais a frente, uma mesa com algumas cadeiras e o que parecia ser uma pequena copa.

– Como eu vim parar aqui? - indagou ela confusa.

– Nós paramos neste Hotel de madrugada. O Cas te trouxe e te colocou na cama. Você não estava conseguindo dormir direito no carro e todo mundo precisava descansar um pouco. Está tudo bem. Não precisa ficar assustada. - explicou o Winchester mais novo.

Ele se afastou um pouco e sentou em uma poltrona do lado da cama. Mia viu que tinha uma sacola atrás dele.

– O que é isso? – perguntou ela ainda suando por conta do pesadelo.

– Eu comprei algumas roupas para você. Shampoo, escova de dentes, sabonete... E também comida. Você precisa se alimentar. Você pode tomar um banho e depois comer alguma coisa. – explicou Sam.

Só então Mia deu-se conta de que estava morrendo de fome. E um banho também cairia maravilhosamente bem naquele momento. Sentia-se suja e lembrou que tinha caído em uma cova há algumas horas.

– Cadê o Dean? - quis saber a garota.

– Ele saiu. Foi comprar uma torta que eu esqueci de trazer. Eu sempre esqueço... Ele fica bravo. – respondeu Sam sorrindo e observando Mia se recompor. – Você está bem?

– Defina “bem”. - pediu ela.

– Você estava se debatendo enquanto dormia. Muito. E gritando “Faça-os parar”. – contou Sam – Com o que você estava sonhando exatamente? - perguntou.

– Bem... eu acho que eram com cachorros... – tentou lembrar Mia.

– Cachorros? - repetiu Sam intrigado.

– É. Mas não do tipo York Shire fofinhos... Eram cachorros diferentes. Bizarros, na verdade. Eram negros, como Rottweilers, só que com cinco vezes o tamanho deles... Talvez mais. E eles vinham pra cima de mim. Eram horríveis e tinham um bafo pior ainda. Eles tinham uns olhos... vermelhos e umas garras... – Mia parou de contar o pesadelo ao ver o jeito que Sam a olhava visivelmente preocupado e impressionado. Começou a levantar da cama e pegou a sacola com as roupas. – Foi estranho. - resumiu ela.

– Defina “estranho”. – pediu Sam.

– Não era como um pesadelo. Parecia mais uma lembrança... - respondeu ela.

Mia ouviu um barulho como o de asas batendo e se virou. Era Castiel. Enquanto se aproximava dela ele foi dizendo:

– Eu ouvi os seus gritos e vim o mais rápido que pude.

Ela não entendia por que toda aquela preocupação. Era como se ele tivesse que cuidar dela. Como um anjo da guarda faria.

– Está tudo bem. Sam me acordou. Foi só um sonho ruim. Mais um. Acho que eu nunca vou ter uma noite tranqüila mesmo. – disse Mia enquanto Sam se levantava e voltava para a sala. – A propósito, aonde você foi? Pro Céu? Você vai pra lá de vez em quando ou fica por aqui direto? - quis saber a garota encarando o anjo com certa curiosidade.

Mia sentia que tinha sido uma pergunta idiota, mas por algum motivo que não entendia, começava a sentir-se completamente idiota perto de Castiel. Principalmente com ele a olhando daquele jeito. Como se ela fosse quebrar. Por que ele estava fazendo aquilo? Só então percebeu que a feição dele mudou como se tentasse encontrar uma resposta para a pergunta que ela tinha lhe feito, mas não soubesse responder.

– Ok. Não precisa me dizer nada. Eu vou tomar um banho. – dispensou ela indo em direção ao banheiro. Abriu o armário para pegar o creme dental e quando o fechou viu o reflexo de Castiel no espelho. Seus ombros se sacudiram um pouco devido ao susto. – Bem que o Dean falou que você gosta do susto do espelho. - reclamou a garota.

Castiel permanecia imóvel a observando. Aquilo era muito constrangedor. Então ela se virou e questionou em tom de brincadeira:

– Eu corro perigo tomando um simples e relaxante banho? Você acha que tem algum demônio aqui dentro? Talvez no box?

– Não. Eu já olhei lá. – respondeu Castiel tranquilamente.

Mia mordeu os lábios pensando naquela resposta e em como o anjo era ingênuo. Resolveu esquecer isso e continuou:

– Então por que está parado aí me olhando? Sabe, às vezes uma garota precisa de um pouco de privacidade. Tipo, como agora. É uma necessidade humana, sabe? Se não se importa...

Antes de Mia terminar a frase, Castiel tinha desaparecido em um segundo. Ela ficou alguns minutos encostada no gabinete pensando em como aquele anjo era encantadoramente estranho e sem noção. E como tudo aquilo era estranho. E em como eles pareciam querer ajudá-la de alguma forma, mas ao mesmo tempo, em como pareciam estar escondendo algo que ela precisava saber. Algo muito grave. Lembrou de Cas e Dean dizendo que ela ainda não estava pronta para saber a verdade e de como Sam parecia preocupado com ela e com seus pesadelos. Afastou todos estes pensamentos e decidiu que apenas tomaria um banho. Sem pensar em nada daquilo. Uma coisa de cada vez.

Meia hora depois, ela saía do banheiro secando os cabelos em uma toalha. Tinha vestido as roupas que Sam havia comprado. Aparentemente ele tinha acertado o tamanho. Penteou os cabelos e calçou seu adorado All Star preto. Foi até a pequena copa e pegou um suco e um tipo de pão doce. Sentou ao lado de Sam na mesa e viu que ele folheava uma espécie de diário.

– Obrigada, Sam. Eu me sinto bem melhor agora. - agradeceu ela e pegando uma foto que estava dentro do diário, disse – Hey! Por que você tem uma foto do Javier Bardem?

– Não é o Javier Bardem. – protestou Sam pegando a foto de volta e dando um sorriso discreto – É o meu pai e o do Dean. Seu nome era John Winchester.

– E aonde ele está agora? – interessou-se Mia.

– Ele se foi. – respondeu Sam com uma expressão triste.

– Assim como os meus pais. – contou ela.

– Os seus pais também morreram? Eu sinto muito, Mia. - lamentou Sam.

– Está tudo bem, Sam. Foi há muito tempo. Eu era pequena e graças a Deus não me lembro do que aconteceu exatamente. - relatou ela.

Sam queria saber mais sobre a morte dos pais de Mia, mas ao mesmo tempo tinha receio em perguntar e trazer lembranças dolorosas à garota. Ela terminou de tomar o suco e virou o rosto seguindo o barulho da TV. Castiel estava sentado no pequeno sofá visivelmente interessado no que estava passando.

– O que ele está assistindo? - indagou Mia.

– Provavelmente, O Sexto Sentido. – respondeu Sam. E ao ver que Mia voltou a olhar para o anjo com um sorriso no rosto e um brilho diferente nos olhos, disse – Sabe, mais complicado do que se envolver com um caçador seria se apaixonar por um... anjo.

Mia voltou-se para Sam e respondeu de imediato como se ele tivesse dito uma piada absurda:

– Eu não estou apaixonada por ele. – garantiu ela. Então parou e pensou no que havia dito – Eu não estou apaixonada por ele, ok? – repetiu como se quisesse convencer não só Sam, mas também ela mesma. Voltou a olhar para o anjo e continuou – Ele é esquisito, antiquado, meio nerd, não tem noção de privacidade, aliás, ele é completamente sem noção, me assusta toda vez que aparece e me deixa confusa toda vez que some, e ele só tem aquela roupa. – ao ver que Sam tentava disfarçar um sorriso, Mia perguntou – O quê foi?

– Ok, me fala sobre o sonho que você teve. – pediu Sam tentando mudar de assunto. – E o sonho com o seu professor? Como foi?

– Por que está tão interessado? - estranhou ela.

– Você acha que eles podem significar alguma coisa? – indagou Sam. Mas ao perceber que Mia estava estranhando o interesse dele, tentou deixá-la à vontade e confessou - Bem, você vai achar estranho, mas eu já tive sonhos que eram premonições. Há muito tempo.

– Sério? E você descobriu o motivo? – interessou-se Mia.

– Bem, eu tinha sangue de demônio no meu corpo... – contou Sam tentando captar a reação da garota que tinha ficado um tanto pálida. – Não significa que isso tenha acontecido com você também. Nem que eu seja... você sabe... do mal. - esclareceu ele.

– Você acha que de alguma forma eu também posso ter... Sangue de demônio? – perguntou Mia receosa.

– Não. Claro que não... - tranquilizou Sam.

Dean abriu a porta e Mia sentiu-se aliviada com a possibilidade de mudar de assunto e foi perguntando:

– Você trouxe a torta?

Dean fez que sim com a cabeça e deu um leve sorriso colocando uma sacola em cima da mesa. Mia levantou, foi até a copa e pegou pratos e talheres, mas Dean preferiu comer com as mãos. Sentou-se com os irmãos Winchesters e começou a comer a tal torta. O silêncio a estava matando. Detestava silêncios constrangedores e percebeu que Sam olhava para Dean que olhava para Sam e que os dois pareciam preocupados. Provavelmente com ela. Tentou puxar assunto:

– Sabe, eu deveria estar fazendo uma prova uma hora dessas... Ai meu Deus! Ric! Eu não falei com Ric desde ontem! Ele deve estar doido atrás de mim! – lembrou e correu para pegar o celular dentro da bolsa.

– Quem é Ric? – perguntou Dean – Seu namorado?

– Não. Ele é meu melhor amigo. – explicou Mia enquanto via dezenas de ligações não atendidas – Nossa... que estranho. - murmurou um pouco preocupada.

– O que foi? – perguntou Sam.

– Nem quando ele beijou um garoto pela primeira vez ele me ligou tanto assim... Deve ter acontecido alguma coisa... – preocupou-se ela enquanto ligava para o amigo.

– Mia, você não pode dizer para ele onde você está. – orientou Dean.

– Ele sempre atende no primeiro toque... – estranhou Mia enquanto a ligação só chamava. Quando parecia que ia cair na Caixa Postal, ele atendeu e ela foi dizendo num ritmo acelerado – Ric! Oh... eu sinto muito por não ter te avisado. Eu precisei resolver algumas coisas e..

– Olá, Mia. – respondeu a voz do outro lado. Uma voz que não era do Ric. – Seu amigo está meio indisponível no momento. Mas eu tenho certeza que ele não está preocupado com o seu sumiço. Deixa eu adivinhar, você está com os Winchesters, não está?

– Quem é você? – perguntou Mia fazendo Sam, Dean e Castiel se voltarem para ela. – Cadê o Ric? Eu quero falar com ele?

– Sinto muito, querida. No momento não vai dar. Como eu disse, ele não está disponível. - respondeu a pessoa do outro lado.

– O que você fez? – preocupou-se Mia.

Crowley passou por cima do corpo de Ric e foi até a janela do quarto de Mia.

– Ele não colaborou muito, sabe? Ele tinha uma única e simples missão: te trazer de volta para nós termos uma longa conversa. Mas ele nem conseguiu fazer com que você atendesse as vinte e três ligações dele... Então, eu tive que quebrar o pescoço dele. Foi inevitável. Oh! Mas não se preocupe, eu não estraguei o seu tapete, embora o ache um tanto antiquado para uma mocinha de vinte e quatro anos.

– Você o matou? - temeu a garota.

– Mia, desliga o telefone. – ordenou Dean se levantando.

– Você matou o Ric? – perguntou Mia enquanto seus olhos começavam a arder e sua voz ficava trêmula.

– Sim. – respondeu Crowley friamente – E eu mataria outras pessoas próximas a você, mas parece que não te restou muito, não é? Os seus pais já morreram, você não tem irmãos, namorado, outros amigos... Ah! A propósito, eu gostaria de te dar um conselho. Se eu fosse você, eu seguiria. Fuja dos Winchesters. As pessoas costumam morrer se sacrificando para salvar a pele deles.

– Você é o Crowley... – concluiu Mia.

– Oh! Vejo que eles também andaram falando de mim. - deduziu o demônio.

– Mia, desliga a droga do telefone, agora! – gritou Dean.

– Mia, seja uma boa garota. – prosseguiu Crowley ao ouvir a voz de Dean do outro lado. - Obedeça o Dean. Obedeça o Sam. Obedeça até este anjo patético que deve estar aí também com você. Mas de vez em quando, pare e se pergunte se você realmente pode confiar neles. Entregar a sua vida na mão deles...

– Vai pro inferno! – gritou Mia.

Crowley sorriu do outro lado e finalizou:

– Vejo você em Lawrence, Mia.

Ela ficou com o celular encostado no ouvido ainda por alguns instantes e lentamente abaixou a mão. O aparelho caiu no chão em seguida. Só então deu-se conta do que Crowley tinha dito. Ele havia matado Ric. Por nada. Por causa dela. Era sua culpa. Ric estava morto e o Rei do Inferno sabia para onde ela estava indo e com quem. Olhou para todos na sala. Estavam assustados e esperando alguma reação dela.

– Mia, você não pode acreditar em nada que ele tenha dito. Demônios brincam com as pessoas. - disse Sam tentando tranquilizá-la.

– Você não precisa ter medo de nada. Eu protejo você. - acrescentou Castiel se aproximando.

– Me protege? – perguntou Mia sentindo uma raiva crescer dentro dela. – E quem protegeu Ric? - questionou.

– Ric estava destinado a morrer para te proteger... – disse o anjo.

– Destinado? E eu? Sou destinada a o quê? A morrer para proteger vocês? – tentou entender ela enquanto começava a andar para trás em direção a porta.

– Mia, ninguém está pedindo isso. Isso não vai acontecer, ok?! – disse Dean.

– Eu sei o que vai acontecer, Dean. Eu vou sair por aquela porta e eu vocês vão me deixar ir. - avisou Mia.

– Nós não podemos deixar. – lamentou Dean.

Mia suspirou se sentindo completamente sem saída. No fundo sabia que não teria como sair com dois caçadores e um anjo dispostos a mantê-la ali. Tinha que tentar outra opção.

– Então, por favor, me contem a verdade... Eu não aguento mais não saber o que está acontecendo comigo e por que eu estou indo com vocês para Lawrence. Por favor... – implorou ela enquanto lágrimas corriam pelo seu rosto.

Sam e Dean olharam para Castiel. Mia percebeu, se virou e se aproximou mais dele. Castiel a olhou e ficou com uma expressão de dor ao vê-la daquele jeito. Sentiu que se importava com ela. De um jeito que não sabia que existia.

– Por favor... – pediu Mia.

Castiel passou a mão pelo rosto de Mia enxugando uma de suas lágrimas, a olhou nos olhos e recomeçou:

– Eu tenho tentado proteger você de muitas coisas. E de algumas lembranças dolorosas.

– Então pare. Eu não preciso ser protegida. Eu preciso da verdade. – esclareceu Mia com firmeza.

Houve um momento longo de silêncio e Mia sentiu que talvez aquilo não levaria a lugar nenhum. Ele não ia contar nada e Sam e Dean pareciam também não saber de muita coisa. Quando estava quase se conformando com aquela situação, Castiel tocou a sua testa e ela automaticamente fechou os olhos sentindo seu corpo entorpecer.

Quando os abriu, viu que não estava mais no Hotel. Estava em um quarto. Em um quarto de criança. Olhou para Castiel ao seu lado sem entender o que estava acontecendo e perguntou:

– O que é isso?

– A verdade. Eu vou te mostrar a verdade. - avisou o anjo.


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Notas finais do capítulo

A verdade, sociedade... Se preparem...

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