Destino escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 6
Capítulo 6 - O pacto


Notas iniciais do capítulo

Olá, sociedade!

Mais respostas, revelações e afins neste capítulo beeeeeeeem instigante!

Have fun!



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Mia continuou olhando para Castiel esperando que ele dissesse alguma coisa que fizesse sentido. Que ele explicasse o que estava acontecendo de verdade ali. Mas ele permaneceu em silêncio olhando para aquele quarto e Mia entendeu que deveria fazer o mesmo se quisesse descobrir a verdade. Foi quando um barulho chamou a sua atenção e ela olhou para a cama que havia no quarto. Uma pequena caixa de música tinha começado a tocar. Mia sentiu que aquele som era familiar e só então percebeu que tinha uma garotinha deitada na cama. E que aquela garotinha era ela quando criança. Prestes a completar 10 anos de idade.

– Eu sou ela... - deduziu Mia.

De alguma forma que ela não sabia explicar, ela havia esquecido daquela noite. A noite em que os seus pais morreram. Virou-se para Castiel e indagou:

– Isso é real?

– Sim. Mas não podemos influir no seu percurso. O que aconteceu não pode ser mudado. - respondeu o anjo.

Mia ficou olhando para aquela cena e começou a se lembrar do que aconteceria a seguir. Foi então que a garotinha acordou assustada com os latidos de vários cães em volta da casa. O som era real e estrondoso. Como havia sido naquela noite. Ela levantou da cama e foi até a porta do quarto. A abriu devagar e chamou:

– Mamãe? Papai?

Houve um longo momento de silêncio que pareceu uma eternidade. A garotinha, permanecia em pé na porta e como não ouviu mais nenhum latido começou a entrar novamente no quarto. Foi quando os latidos começaram de novo e Mia fez o mesmo gesto que ela, criança, tinha acabado de fazer: pressionou as mãos nos ouvidos para não ouvir o barulho ensurdecedor do que parecia uma dezena de cães entrando na casa com uma fúria assustadora. A garotinha correu e se encolheu em um canto do quarto próximo da cama. Mia olhou para Castiel sentindo que aquilo era demais para ela e perguntou:

– Por que você está me mostrando isso? Faça-os parar!

– Eu não posso... - lamentou ele.

Mia olhou na direção da garotinha. Ela havia levantado ao ouvir os cães subindo as escadas e ido até a porta novamente. Em seguida ouviu os seus pais gritando e pedindo por ajuda. A garotinha saiu do quarto e Mia a seguiu junto com Castiel. Mia se perguntava por que tinha esquecido aquela noite. Que tipo de filha esqueceria uma coisa daquelas? Então lembrou que na época ela disse para a polícia que cães gigantes tinham matado os seus pais e eles interpretaram como “ataque de animal”. Ela foi à vários especialistas que a ajudaram a vencer aquele trauma, e de alguma forma, ela acabou bloqueando as lembranças mais dolorosas como uma forma de se proteger. E agora estava prestes a vivê-las de novo.

A garotinha corria em direção ao quarto dos pais no final do corredor enquanto Mia a seguia apreensiva e com os olhos cheios de lágrimas. Olhou para o chão. Havia marcas de garras por onde os cães tinham passado. Os pais de Mia tinham parado de gritar e a porta do quarto batia freneticamente até que a pior lembrança veio à tona.

Mia parou junto com ela pequena e viu dez cães enormes e negros deixarem o quarto de seus pais, passarem por elas numa velocidade enorme fazendo com que elas caíssem no chão. Ao se virar, viu aqueles cães infernais desaparecerem no ar. Infernais? Mia então, lembrou da conversa que ouviu entre Sam e Dean sobre os Cães do Inferno que eles tinham que matar.

A garotinha levantou devagar e foi andando em direção ao quarto dos pais. Mia preferiu ficar aonde estava. Não queria ver aquela cena de novo, agora que lembrava de tudo. Ouviu a garotinha chorar ao encontrar os pais...

Mia sentiu a mão de Castiel em seu ombro. Sua cabeça parecia rodar, assim como o chão embaixo de seus pés. Seus pais tinham sido mortos por Cães do Inferno. Se virou para ele e perguntou com uma voz trêmula:

– Por quê...? Por que isso aconteceu com eles?

Castiel demorou um pouco para responder por não saber como Mia receberia aquela revelação, mas sabia que ele tinha que dizer. Então revelou:

– Porque eles fizeram um pacto. Um pacto com um demônio.

– O quê...? – perguntou Mia e deu-se conta de que já não estava mais na sua antiga casa.

Olhou em volta. Era noite. Ela e Castiel estavam em uma estrada de terra em um lugar extremamente deserto. Examinando melhor a área, ela percebeu que não era exatamente uma estrada. Era uma encruzilhada.

– Que lugar é esse? – quis saber ela voltando-se para Castiel.

– É onde tudo começou. – respondeu o anjo.

– Tudo o quê? - quis entender ela.

Mia olhou novamente para a encruzilhada e viu que no centro dela havia um casal. Em seguida um homem vestido de preto surgiu. Ele tinha os olhos vermelhos e cabelos pretos...

– Quem é ele? - perguntou Mia.

– Crowley. – respondeu Castiel.

Mia esforçou-se para enxergar melhor. Estava muito escuro. Mas pode ver que o casal era os seus pais e perguntou:

– O que eles estão fazendo?

– Um pacto. – contou o anjo.

– Que tipo de pacto? – perguntou Mia sem tirar os olhos do centro da encruzilhada.

– Seus pais queriam muito ter você. Mas nenhum dos dois podiam. Crowley ofereceu isso a eles. - explicou ele.

– Ofereceu? - repetiu Mia sem entender o que aquilo significava exatamente.

Castiel esperou alguns instantes enquanto observava e tentava prever qual seria a reação de Mia. Então, ele continuou:

– Em troca da alma deles.

Mia assistiu em choque Crowley selar o pacto beijando o seu pai e em seguida, e demoradamente para provocá-lo, a sua mãe.

De repente ela estava sozinha com Castiel novamente. Respirou fundo tentando conter a vontade desesperadora de chorar e perguntou:

– Em troca da alma deles?!

– Quando se faz um pacto com um demônio em uma encruzilhada, ele te dá o que você deseja. E você tem dez anos para aproveitar o que pediu... Mas quando o contrato termina... a dívida é cobrada. - explicou Castiel.

Mia tentava juntar as peças daquele quebra-cabeças que começava a fazer sentido.

– Espera aí... Então o que eu sou exatamente? Um tipo de filha do mal?! – perguntou ela assustada com a possibilidade da resposta ser positiva.

Castiel se aproximou tentando tranquilizá-la e respondeu enquanto olhava nos seus olhos:

– Não há nada de maligno em você, Mia. Os seus pais não pediram uma criança, eles pediram a chance para ter essa criança. A cura para a infertilidade deles. Mas de alguma forma, isso te tornou especial. E te deu uma sensibilidade sobrenatural...

– Parece ótimo... – ironizou Mia enquanto enxugava as lágrimas. – Você está falando dos sonhos que eu tenho? - deduziu.

Castiel fez que sim com a cabeça, mas Mia percebeu que não era só isso. O que poderia ser pior do que aquilo? Então, ela começou a entender tudo. A conversa entre Sam e Dean sobre os temidos e invisíveis Cães do Inferno e a lembrança de seus pais sendo mortos...

– Eu posso vê-los. – afirmou Mia.

E de repente, os dois estavam de volta ao Hotel. Mia olhou para Sam e Dean visivelmente assustados e perguntou:

– Quanto tempo nós ficamos fora?

– Um ou dois segundos... – respondeu Sam.

– O que aconteceu? O que ele te mostrou? – quis saber Dean.

Mia sentou no sofá sentindo que suas pernas ainda estavam meio trêmulas e então respondeu:

– Que eu posso ver os tais Cães do Inferno. Que meus pais fizeram um pacto com o Crowley e que eu vi tudo acontecer... Que eu sou o motivo pelo qual o Ric está morto. Que meus pais estão mortos também por minha culpa...

– Não! – interveio Castiel – Nada do que aconteceu foi sua culpa. Você não pode pensar assim, Mia. Tem certas coisas que podemos mudar e outras não. É o destino.

– Então... Qual é o meu destino nisso tudo? – quis saber Mia olhando para todos na sala. – Eu sinto que eu descobri muita coisa, e quer saber, talvez vocês estivessem certos. Eu não estava pronta para isso. Meus pais não podiam ter filhos e fizeram um pacto para conseguirem me ter, mesmo sabendo que só teriam dez anos depois que eu nascesse... Que tipo de pessoa faz um pacto desses?

Sam olhou para Dean lembrando do pacto que o irmão havia feito há muito tempo para trazê-lo de volta.

– Um tipo bem desesperado. – respondeu Dean também lembrando do passado.

Mia sentiu novamente aquele silêncio constrangedor e tentou disfarçar sua vontade de chorar por tudo aquilo que tinha descoberto e relembrado. Também sentiu que eles continuavam escondendo alguma coisa e questionou:

– Tem mais alguma coisa que eu deveria saber? – e como todos continuaram em silêncio, ela tentou novamente – Vamos lá, me contem. Eu acho que depois do que eu vi, eu aguento qualquer coisa. – todos continuaram em silêncio e ela tentou mais uma vez – Sam? Dean? Anjo?

Castiel se aproximou e então começou a contar:

– Demônios andam pela Terra há milhares de anos, Mia. Fazendo pactos, destruindo vidas, comprando almas... Mas existe uma forma de fechar as portas do Inferno. Para sempre.

– Cas... – interrompeu Dean achando que ele não deveria envolver Mia naquilo.

– Que forma? – quis saber Mia.

– Existe várias tábuas com a Palavra de Deus, e uma delas fala sobre Demônios. – continuou Castiel - Tem uma lista com três testes designados por Deus para se fechar as portas do Inferno... E o primeiro teste é...

– Matar um Cão do Inferno. – deduziu Mia.

Então ela levantou e caminhou pelo quarto. Agora tudo fazia sentido. Por que ela tinha que ir com eles, por que Crowley queria matá-la... Era isso. Ela pode ver os Cães, só ela naquela sala podia...

– Eu sei o que você está pensando. – disse Dean. – Em como seria bom mandar todos os demônios para o lugar onde eles deveriam estar e onde não poderiam mais machucar ninguém. Mas se você se envolver nisso buscando vingança, provavelmente acabará morta...

– Não. – disse Mia sentindo-se mais segura – Eu posso fazer isso. Eu quero fazer isso. E não por vingança, Dean. Eu quero fazer por justiça. Porque é o certo a se fazer.

– Mesmo assim, Mia. É muito arriscado. Crowley sempre está um passo a frente, Lawrence pode ser uma armadilha... - alertou Sam.

– Eu não deixarei nada acontecer a você... – prometeu Castiel olhando para a garota com certo carinho.

Depois de pensar um pouco e ponderar todos os riscos que aquilo envolvia, Mia deu-se conta de que ela não tinha muito a perder mesmo. E aquilo parecia o certo a se fazer. Fechar o Inferno. Mandar os demônios para a fornalha. Para sempre. Onde eles não poderiam mais machucar as pessoas, selar pactos, comprar almas, nada disso. Então se encheu de coragem e respondeu:

– Então... Eu topo! Vocês me dão cobertura, Castiel me protege com suas asas e eu mato quantos Cães do Inferno forem preciso!

– Hey, vai com calma, garota. Crowley é muito esperto, isso não vai ser tão fácil assim... Nunca é. - alertou Dean.

– Não importa. Não importa quão difícil seja... Eu quero fazer isso. E eu posso. Nós podemos. – garantiu Mia.

– Então é melhor nós pegarmos a estrada agora se quisermos chegar em Lawrence a tempo. – sugeriu Castiel.

– Ok. Então vamos! – respondeu Mia sentindo a dor pela morte dos pais e Ric, porém mais conformada e fortalecida diante da chance de mudar as coisas.


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Notas finais do capítulo

Eitcha! Garota decidida, não?

Mas será que isso vai dar certo, sociedade?

Gostaram?

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