Sorrisos e Sussurros. escrita por Jajabarnes


Capítulo 20
Não é um bom sinal.


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela demora. Divirtam-se!



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O dia estava radiante, uma manhã agradável e convidativa. Talvez fosse assim mesmo, ou talvez eu estivesse nas nuvens ainda. Flutuava num sono leve até ser trazida à realidade por toques suaves e úmidos em meu rosto. Quando viu que eu acordei, Caspian encerrou a seção de beijos com um último em meus lábios.

–Desculpe acordá-la. - sussurrou, a voz rouca, a ponta dos dedos tocando minha face. - Só não queria que acordasse e não me encontrasse aqui.

–Entendo. - sussurrei de volta. Estava quase amanhecendo.

–Vejo você no café?

–Com certeza. - respondi pouco antes de Caspian se inclinar para mim e beijar-me outra vez. Senti o calor de seu corpo envolver o meu num abraço apertado. Caspian não queria sair dali, eu também não queria que fosse, mas seria melhor – e até bom – manter apenas entre nós os segredos que compartilhamos esta noite, tirando a chance de qualquer pessoa pensar o que quer que seja. Caspian levantou-se, vestiu-se e saiu, mas não sem antes tornar até mim para mais um beijo e um sussurro dizendo o quanto me amava.

Fiquei deitada, ainda nua, enrolada nos lençóis quentes. Quando chegou a hora, levantei-me para me trocar. Escolhi um vestido verde bebê que tinha uma faixa na cintura num tom suave de rosa, as mangas eram curtas e o decote canoa era discreto. Encontrei com Lúcia a caminho do salão, ela estava animada e fui ouvindo-a falar até chegarmos lá. Caspian estava sentando na cabeceira, Pedro ao seu lado direito e não pude deixar de notar o brilho apaixonado que meu noivo dirigiu-me enquanto eu me aproximava para tomar assento ao seu lado, levemente corada, pude confessar.

Caspian segurou minha mão sobre a mesa enquanto conversava com Pedro que não parava de tagarelar a respeito de uma certa viagem que ele, Edmundo e Eustáquio estavam pensando em fazer, bem ao estilo “mochileiro”. Edmundo devorava uma torta ao lado de Pedro, calado, Eustáquio estava com uma cara inchada de sono e Lúcia estava mergulhada numa interessantíssima conversa com Jake.

Faltavam duas semanas para o casamento, e algo me dizia que teríamos longos dias. Naquele mesmo, após o café, Caspian se retirou quando um soldado veio chamá-lo, ele levou Pedro e Edmundo consigo. Eustáquio foi junto de curioso. Enquanto isso, Lúcia, Jake e eu fomos até a biblioteca. Eles dois ainda mais entretidos e eu ali, segurando vela. Quando chegamos, passei um bom tempo perdida entre as prateleiras buscando algo interessante para ler e quando achei, sentei o mais afastada que pude dos dois, mergulhando na leitura.

Era outro livro de Crônicas, dessa vez, a respeito da Era de Ouro. O escolhi por que achei que seria bom relembrar de coisas já esquecidas, como um balanço entre o passado e o presente. Estava tão concentrada que só ouvi meu nome sendo chamado quando Eustáquio estava quase me chacoalhando. Ergui os olhos meio atônita.

–Sim?

–Puxa, finalmente! Onde você estava? - ele foi questionando de pé a minha frente. Logo balançando a cabeça, mudando de assunto. - Caspian pediu para chamá-la. Estão esperando vocês na sala do trono. - olhou para Jake e Lúcia que continuaram entretidos na sua conversa, também não dando papo algum à Eustáquio. - Eu disse que estão esperando vocês na sala do trono! - não surtiu efeito. Ele perdeu a paciência e bateu pé antes de gritar, assuntando até a mim. - COM LICENÇA! - sem entender nada, Lúcia e Jake o encararam assustados. Eustáquio pigarreou recuperando a postura. - Estão esperando vocês na sala do trono. - disse formalmente antes de sair andando tranquilamente. Nós três trocamos um olhar e partimos antes que ele voltasse.

A conversa de Jake com minha irmã cessou depois da delicada interrupção e seguimos em silêncio até a sala do trono. Os guardas abriram as portas para que entrássemos. Caspian estava sentado em seu trono e meus irmãos, junto com Eustáquio, de pé ao seu lado direito, à frente dos três haviam quatro novas figuras sendo que um deles estava mais a frente do que os outros, como se os liderasse. As atenções voltaram-se para nossa entrada e nos acompanharam até os alcançarmos. Automaticamente, meu olhar encontrou o de Caspian e permaneceu nele inocentemente, sem se dar conta, como se não houvesse mais ninguém ali. Ele sorriu de leve e eu retribuí, só quando chegamos até ele e o líder tomou a frente mais uma vez foi que lembrei de sua presença. Reconheci as roupas coloridas imediatamente. Eram calormanos. Permaneci junto de Jake, meus irmãos e primo, aguardando que ele falasse, como se não tivesse notado nada. Nem temido nada.

–Rainha Lúcia e Rainha Susana, alteza, e Jacob Walsh. - Pedro nos apresentou, indicando. - Este é Tariq, o Tisroc.

–Que ele viva para todo o sempre! - ecoaram os três lá atrás e fizeram uma reverência. O primeiro fez o mesmo em seguida para nós, falando depois que retribuímos o cumprimento.

–Fico imensamente honrado em conhecê-los. - falou animado, sorrindo. - Sempre ouvi falar muito o quanto as Rainhas narnianas são magnificamente belas, mas não fizeram jus à vossa beleza, Majestades. - falou galantemente diplomático trazendo nos olhos esverdeados um brilho ressaltado pelo sorriso fino e torto. Eu forcei um suave sorriso, nervosa. Lúcia foi mais social.

–Exagero seu, alteza, mas minha irmã e eu ficamos muito lisonjeadas. - garantiu.

–Bem – chamou Caspian pigarreando, parecendo muito incomodado. - O que o senhor dizia antes, Tariq?

–Há duas semanas, meu pai, o antigo Tisroc, que ele viva para sempre, deixou este mundo, e à mim, a pesada responsabilidade de usar a sua coroa. - começou. - Antes, eu via o quanto seu governo seguia caminhos errados, criando inimigos em vez de aliados, mas nunca pude fazer nada a respeito. Se podia, não fiz e peço mil perdões por isso. Por não ter evitado todo o transtorno que meu pai causou. Depois que fui coroado, meu primeiro ato foi tentar desfazer esse erro. Foi isso o que me trouxe aqui. Venho, humildemente, perante os Reis e Rainhas de Nárnia, oferecer meu voto de paz, para que este voto firme-se em uma aliança para ambos os reinos. - concluiu solene. Ok, espera, volta a fita. Calormânia, querendo paz com Nárnia, assim tão fácil, a troco de nada?

Caspian trocou um olhar com Pedro e este conosco, detendo-se um pouco em mim, ele sabia o quanto a Calôrmania ainda me afligia. Mas tínhamos em mãos uma chance que jamais tivemos. Quando retornamos à Nárnia, soubemos por Caspian das ameaças feitas pela Calôrmania, embora nunca mais tenhamos recebido uma dessas, a situação não deixava de ser um tanto estranha. O Tisroc olhava para Caspian aguardando por uma resposta. Caspian pensou um pouco e então se pronunciou.

–Precisamos de um minuto para debater, alteza. Se não se importar.

–De forma alguma, espero quanto for preciso. - garantiu Tariq com um gentil sorriso.

–Com licença. - disse Caspian, pondo-se de pé e sinalizando para que o acompanhássemos. Os visitantes ficaram na companhia dos guardas enquanto nos reuníamos no gabinete.

–Sou só eu, ou vocês também estão achando isso muito estranho? - disse Edmundo quando entramos.

–Você não está só nessa, sem dúvida. - assegurei. - Lúcia?

–Apesar de ser uma oportunidade tentadora, pode muito bem estar camuflando uma armadilha. - respondeu.

–Pedro, o que você diz? - questionou Caspian.

Meu irmão inspirou.

–Acho que devemos abraçar a chance. - disse por fim.

–Pedro, você conhece os calormanos, sabe que não são confiáveis. - Edmundo disse.

–E se cairmos no que quer que eles estejam planejando? - completou Caspian. - Há pouco tempo ainda recebíamos ameaças e de repente uma proposta de paz sem mais nem menos? Isso é mais que estranho, chega a cheirar mal.

–Mas há pouco tempo quem governava era o pai de Tariq, não? - apostou Lúcia. - Talvez ele só esteja tentando fazer a coisa certa.

–Difícil ter certeza, Lú. - falei. - O Tisroc anterior pode ter morrido, mas não levou o conselho inteiro consigo e este, sem dúvida alguma, é o mesmo que está com Tariq agora. Coisas como tradado de paz ou guerra são decididas em conselho quase que unanime.

–Susana está certa. - apoiou Edmundo. - É assim que a Calormânia funciona desde sempre, vimos muita coisa lá. Tariq não arriscaria assim o apoio de seus lordes, se aventurando em propostas de paz. E logo conosco?!

Caspian assentiu, passando a mão no queixo. Pedro também concordou.

–Por isso mesmo digo que devemos aceitar. Nunca baixamos a guarda para a Calormânia e não faremos isso agora, mas esse tratado será útil, evitará mais guerras entre os dois reinos, acabará com a tensão das ameaças. E não há como ser uma armadilha em si, estaremos tratando das cláusulas pessoalmente com Tariq. - argumentou.

–Certo. - decidiu Caspian por fim. - Aceitaremos a proposta e faremos a notícia ser espalhada, todos os reinos devem saber do acordo, assim a Calormânia não terá como infligi-lo. Deixará de ser uma possível armadilha e se tornará proveitoso para Nárnia. - fez uma breve pausa. - Estamos todos de acordo?

Concordamos antes de voltar para a sala do trono onde nossos visitantes aguardavam. Eles conversavam entre si em tom baixo e logo recuperaram a postura quando perceberam nosso retorno. Aguardaram enquanto reassumíamos nossos lugares ao lado de Caspian.

–Embora tenha nos surpreendido, Tariq – começou Caspian. - Sua proposta é de nosso interesse. A rixa entre Nárnia e Calormânia se estendeu por muito tempo, já está na hora de pormos um fim nisso.

O rosto de Tariq se iluminou.

–Excelente, Majestades! Excelente! - esfregou as mãos uma na outra. - Trouxe comigo um perfeito modelo...! - sinalizou para que um de seus acompanhantes lhe trouxesse alguns papéis, mas Caspian ergueu a mão e ele se calou.

–Não insulte nossa inteligência, Tariq. - alertou. - Eu disse que era hora de acabarmos com os conflitos não que aceitaríamos suas condições impostas.

–Oh, mas é claro – Tariq disfarçou. - Não quis parecer...

–Nos reuniremos dentro de alguns instantes – Caspian continuou. - Na presença dos Reis e Rainhas e nossos concelheiros para definir as cláusulas do acordo. - terminou tranquilamente.

–Peço que se possível, Majestade, adiemos essa reunião para que meus concelheiros cheguem de Tashbaan. - disse Tariq, humilde. Caspian trocou um olhar com Pedro e este falou.

–Pois bem, que eles venham o mais rápido possível. - permitiu Pedro, em nome de todos.

–Enquanto isso, o senhor e seus acompanhantes serão bem-vindos à corte. - Caspian disse cordialmente.

–De perfeito acordo. - Tariq fez uma suave reverência.

[…]

–Ele nem se deu ao trabalho de vir acompanhado de seus concelheiros! - chocou-se Edmundo. Estávamos de volta ao gabinete.

–Sem dúvida achou que aceitaríamos suas condições, quem ele pensa que somos? - Lúcia indagou.

–Ele nos subestimou. - disse Pedro, concentrado, apoiado na mesa com ambas as mãos. - Isso não é um bom sinal.

–Ficaremos de olhos nele e em sua comitiva. - falou Caspian, parado ao meu lado, abraçando-me lateralmente. - Tariq não está inspirando confiança. Devemos descobrir as intenções da sua vinda.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Bem, como a fanfic foi bem adiantada nesse tempo em que estive ausente, as postagens ficaram mais rápidas e, adianto, tem uma grande surpresa mais adiante. Preparem os corações! heuheuheuheu
Reviews!
Beijokas!!