Sorrisos e Sussurros. escrita por Jajabarnes


Capítulo 19
Levou-me ao céu.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, saudades? Eu também!
Capítulo unicamente Suspian.
Divirtam-se enquanto a coisa não piora mwahahahahahaha



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Chegara o dia do baile. Ainda não era o Grande Dia, mas daqui para frente ele chegaria rapidinho. Acordei ansiosa e empolgada naquela manhã, logo sendo dominada por um frio na barriga. Passei a manhã agitada. Não vi Caspian durante o dia, sempre nos desencontrávamos e isso só piorava meu estado.

A tarde, ou boa parte dela, foi dedicada à minha preparação. Eu havia acabado de sair do banho quando Lúcia adentrou meus aposentos deslumbrante em seu vestido azul, de mangas compridas justas nos braços e abertas no punhos. Seu cabelo estava graciosamente preso numa trança elaborada e meio frouxa tendo duas mexas soltas, uma de cada lado do rosto e sua coroa, no pescoço havia uma gargantilha de veludo azul bem escuro e o pingente era uma safira em forma de gota contornada com pequeninos diamantes. Lúcia estava simplesmente linda.

–Nossa! - falei. - Se não conquistou Jake antes agora com certeza conquista!

Lúcia riu e corou.

–Não tente disfarçar, eu sei que você está nervosa. - fechou a porta. - Onde está seu vestido? - Apontei para a poltrona. Lúcia sorriu de lado. - Você está nas minhas mãos agora.

Com as mãos ágeis ela puxou um dos cobertores de cima da cama jogando-o sobre o espelho imenso e comprido e em passos rápidos ela me levou à penteadeira enorme, virou a cadeira de costas para o espelho menor e fez-me sentar. Começamos a conversar enquanto eu sentia eventuais puxões de cabelo. Terminado o cabelo, Lúcia partiu para a maquiagem e brigava toda vez eu tentava dar uma opinião.

–Sou quem está no comando. - lançou-me uma piscadela quando pintava meus lábios.

–Não lembro de ter votado nisso. - resmunguei, provocando-a.

–Ah, Susana! Pare de falar, me fez borrar de novo!

Parei de importuná-la quando ela começou a ficar zangada. Maquiagem terminada, calcei os saltos e ela ajudou-me com o vestido vermelho. Quando terminou, Lúcia recuou alguns passos para me olhar. Sorriu radiante, com os olhinhos brilhando de orgulho por seu trabalho.

–Espere aí, não se mexa! - em passos apressados ela me empurrou para frente do espelho coberto e foi até ele retirar o cobertor, pondo-se a aguardar ao lado mordendo o lábio inferior.

No espelho encontrei meu reflexo numa leve surpresa. A palidez de minha pele estava destacada em contraste com o tecido vermelho escuro. O vestido tinha um decote canoa generoso e suas alças caíam dos ombros, o corpo era justo e a saia levemente rodada com uma pequena cauda. Em meu pescoço repousava um colar adornado, de ouro, cheio de diamantes. O conjunto de joias ficava completo com o par de brincos de comprimento médio. Em meu rosto, os lábios estavam levemente pintados de vermelho, era quase como se não estivessem. Meus cabelos foram presos num coque frouxo e alto com várias mexas soltas formando suaves cachos.

–E agora, para finalizar. - Lúcia se aproximou já com minha coroa em mãos. Curvei-me levemente para que ela pusesse a coroa dourada sobre minha cabeça. - Pronto! - falou animada. Sorri.

–Obrigada, Lú... - falei, mas não consegui completar seu nome, tossindo levemente por causa do perfume que ela bombou em mim. Um suave perfume de lavanda.

Uma batida na porta.

–Entre! - autorizou ela.

–Podemos ir, ou preferem adiar o baile para dar tempo de terminarem? - Pedro entrou acompanhado de Edmundo. Lúcia e eu trocamos um olhar, rolando os olhos.

–Já estamos prontas. - respondeu.

Pedro ofereceu o braço a mim e Edmundo à Lúcia, juntos seguimos para o salão. Meus irmãos estavam encantadores em seus trajes de gala, com direito à capa e tudo, Pedro em tons de verde e Edmundo em cinza, ambos com suas coroas. Fui informada de que Jake já estava no salão e encontramos com Caspian do lado de fora. Ele estava divinamente vestido em seu traje de gala e com a coroa dourada acentuando os traços do rosto. Parecia inquieto, mas logo pareceu aliviado quando me viu, abrindo um sorriso lindo. Apesar dos joelhos trêmulos, meu impulso foi correr até ele, mas não o fiz, resisti em matar a saudade que já me consumia. Parece que não nos víamos há uma eternidade.

Edmundo, Pedro e Lúcia puseram-se de frente à porta esperando o anúncio. Atrás deles, Caspian me ofereceu o braço.

–Está tão linda, Su... - sussurrou e a sinceridade em sua voz junto com o olhar intenso, me fez corar. Caspian depositou um beijo em minha testa ao tempo que ouvíamos o arauto nos anunciar e as portas se abrirem diante de nós.

A festa começou e eu estiva toda sorrisos ao lado de Caspian após oficializarmos compromisso perante todos, recebíamos os cumprimentos dos convidados enquanto a música tocava e muitos casais já dançavam. Não pude desconsiderar a carranca de Jacob. As partituras continuavam desaparecidas, Jake estava inconformado e nada do que eu dizia o fazia melhorar. Na oportunidade que tive, falei à Lúcia que o chamasse para dançar. Ela hesitou, mas foi e como suspeitei, a surpresa fizera bem à Jake causando o aparecimento de um ainda tímido sorriso em sua face.

Dançaram mais duas músicas, tempo em que Caspian e eu cumprimentávamos os últimos convidados. Quando os faunos preparavam-se para uma nova música, Caspian tomou-me pela mão e levou-me até o meio do salão. Os demais casais retiraram-se para junto dos outros convidados que passaram a nos observar. Em compasso com a melodia, Caspian e eu bailávamos pelo centro do salão numa sincronia notável, ininterrupta.

–Dá para imaginar que em algumas semanas, quando dançarmos num baile novamente, já estaremos casados? - perguntei.

–Dá sim. - Caspian concordou, rindo. - Imagino isso e muito mais a todo momento.

Sorri.

–Pretende compartilhar seus imaginações comigo? - perguntei inocentemente, mas logo dando-me conta ao passo que Caspian corou, dando um leve pigarro.

–Acho que não seria adequado antes do casamento.

Corei violentamente e Caspian riu.

Apesar de estar um pouco envergonhada, seria hipocrisia negar que existia as imaginações do mesmo tipo em mim, mas Caspian estava certo, não seria adequado. Tentando controlar o frio na barriga, continuei a bailar com meu noivo até o fim daquela música. Juntamo-nos à Jake e meus irmãos em seguida. Eustáquio fez o mesmo.

–Você está exagerando. - dizia Jake quando chegamos.

–Não, não, não! Eu vi sua mão boba!

–Ed, por favor! - pediu uma Lúcia escarlate. Pedro escondeu o riso atrás de um gole de vinho. Logo apareceu um servo para servir à Caspian e a mim.

–O que está havendo? - questionou Caspian.

–Jake com uma mão boba cheia de dedos pra cima da Lúcia! - acusou Edmundo deixando Jake quase roxo e Lúcia perdeu a cor para corar novamente.

–Já disse que não estava com mão boba! - Jake bateu pé.

–Pensa que sou cego. - debochou Ed.

–Edmundo, pare, não vê que Lúcia está prestes a sair correndo?! - briguei de forma brincalhona. Levei o cálice aos lábios. - Além disso, sabe que Jake é de confiança.

–Exato. - apoiou o mesmo. - Não há motivos para que me comporte da maneira que você está insinuando, Edzinho. Lúcia e eu somos apenas bons amigos.

Engasguei-me com o vinho, deixando escapar uma risada que ficou oculta nos pigarros que dei para limpar a garganta. Recuperei a postura de imediato, mas vi Jake lançar-me um olhar mortal. Pedro e Caspian entenderam, mas mantiveram a vontade de rir abafada. Lúcia pediu licença e arrastou-me para uma das sacadas do salão para conversar.

–Você viu?! Amigos! Somos apenas amigos! - reclamou.

–Lú, paciência. - apaziguei. - Pedro e Edmundo estavam muito perto, Jake tinha que se manter seguro. Não quer dizer que ele queira apenas a sua amizade.

Ela bufou.

–Queria ter coragem para falar com ele sobre isso.

–A coragem vai chegar e, talvez, não parta de você a iniciativa. - pisquei para ela, tomando um gole de vinho. Um brilho novo surgiu nos olhos de Lúcia.

–Você sabe de alguma coisa! - acusou.

–Não sei de nada! - garanti.

–Sabe sim! Pare de mentir para mim, Su! - exigiu eufórica.

–Lúcia, por favor, fale mais baixo. - pedi aos sussurros.

–Sou correspondida, não sou?!

–Shh!

–Correspondida? - Caspian chegou fazendo Lúcia parar de súbito, com um sorriso incontido nos lábios.

–Não! - pulou ela, sem tirar os olhos de mim. - Não é nada, Caspian. Com licença.

E ela saiu quase saltitante.

–Correspondida. - ele lançou-me um sorriso torto. Ergui as mãos em sinal de rendição.

–Não olhe para mim, eu não disse nada! - garanti. Caspian riu de leve, mudando a expressão nos segundos seguintes.

–Jacob estava procurando você. - resmungou, olhando o horizonte.

–Ele disse o que queria?

–Não.

–Acho que ele pode esperar. - sorri para ele, tomando um gole de vinho. Caspian sorriu de volta, aproximando-se até depositar um beijo casto e demorado em meus lábios. Deixamos os cálices sobre o parapeito e permanecemos abraçados olhando o horizonte. Pareceu passar-se uma eternidade, mas nenhum de nós dois demonstrou vontade de sair dali.

Depois de um tempo, contra nossa vontade, acabamos concordando em voltar ao baile, afinal, era nosso baile de noivado e devíamos aproveitá-lo ao máximo. Estava tudo tão animado e feliz que parecia que nada poderia acontecer para estragar. E realmente não aconteceu. A festa entrou pela noite e nos divertimos à beça. Não demorou para os músicos embalarem a todos no ritmo da música alegre, contagiante e dançante dos faunos. O baile praticamente transformara-se numa daquelas festas em volta da fogueira que aconteciam nos bosques, só que sem a fogueira, claro.

Perdi a noção do tempo e só fui atrás dela quando alguns convidados chegaram até onde Caspian e eu estávamos para despedidas, elogios sobre a festa e desejos para nosso futuro.

–Estava magnífica! - disse Cornélius, quando veio se despedir.

–Se o baile de noivado já foi assim, como não será a festa de casamento?! - apoiou Ripichip.

–Será inesquecível, Rip, nosso casamento pedirá uma festa inesquecível. - disse Caspian segurando minha mão. Sorri.

–Sem dúvida será, Majestades. - Rip fez uma reverência, seguido de Cornélius que pediu licença para se retirar.

Logo os outros foram deixando o salão. Lúcia não estava se aguentando em pé de tanto sono e partiu para seus aposentos não sem antes dar um abraço apertado em mim e em Caspian. Edmundo também saiu naquela hora e foi acompanhando Lúcia. Jake encarregou-se de levar Pedro em segurança até o quarto do mesmo, meu irmão exagerou um pouco no vinho. Então restamos apenas Caspian e eu. Ele se ofereceu para acompanhar-me até meus aposentos pouco antes dos servos entrarem para limpar o salão.

Seguimos de braços dados pelos corredores desertos e escurecidos, a princípio em silêncio, até que Caspian começou a falar.

–Su, sobre ontem, queria me desculpar pelo meu comportamento. - ele não precisou de mais palavras para que eu entendesse que se referia ao assunto das partituras.

–Não precisa se desculpar, Cas. - falei. - Acredito que eu reagiria da mesma forma se fosse ao contrário. - afaguei-lhe o braço, acabando por sentir os músculos sob o tecido, decidi falar logo para não me distrair demais. - Ainda não sei se agi certo por ter ido procurar com ele em vez de ficar com você.

–É claro que fez certo. - assegurou quando chegávamos à porta de meu quarto. - Certo, eu queria que tivesse ficado comigo, mas Jacob estava desesperado. Na hora fiquei enfurecido, mas depois me coloquei no lugar dele. Eu agiria da mesma forma ou pior se fosse comigo e cheguei à conclusão de que ele estava certo – paramos em frente à porta. - Devo ser menos egoísta.

–Caspian – cantarolei. - Você não é egoísta. - minhas mãos pousaram em seu peito quando ele se aproximou de mim.

–Eu sou sim – sussurrou com o rosto muito perto do meu, olhando profundamente em seus olhos. - O que aconteceu ontem me fez ver que não aguento vê-la na companhia de outro homem que não seja eu...Salvo seus irmãos, claro... Quase tive um colapso nervoso quando soube que você passava horas sozinha com Jacob na sala de música. Eu senti... Ciúmes... - suas mãos subiam e desciam por meus braços. Não consegui impedir um sorriso.

–Você não tem com o que se preocupar, Caspian, nada me faria trocar você. - sussurrei encarando seus olhos nos quais surgiu um brilho novo de repente, um brilho de desejo que fez meu coração acelerar.

–Estou tão feliz, Su, tão feliz – sussurrou, a voz rouca. - Feliz por hoje, feliz pelo casamento que se aproxima, feliz por finalmente ter você ao meu lado. - Tocou meu rosto – Não vou mais me despedir de você. - A ponta dos seus dedos percorriam cada traço junto com os olhos, até chegar à meus lábios. Corei.

Vi um pequeno sorriso se formar nos lábios dele antes de tocá-los nos meus. Começou singelo, mas nosso pecado foi não interrompê-lo logo permitindo-o tornar-se mais intenso. Senti borboletas voarem dentro de mim quando Caspian puxou-me contra si subitamente, abraçando-me firme no momento em que o beijo tornava-se mais sedento ainda. Suas mãos subiam e desciam por minhas costas e meus dedos mergulhavam em seus cabelos. O beijo de Caspian fazia-me perder a linha de raciocínio. Ofegantes, buscamos ar, aproveitando para nos afastarmos enquanto era tempo e esse foi um dos breves momentos em que o raciocínio fora posto nos eixos.

Ainda com a respiração irregular, Caspian deixou um beijo em minha testa.

–Boa noite, meu amor... - sussurrou com a voz mais rouca ainda e pude notar o quanto se esforçara para dizer.

Não consegui fazer o mesmo. Apenas deslizei por seus braços, dei-lhe as costas, abri a porta do quarto e hesitei antes de fechá-la. Caspian ainda estava parado no corredor, ofegante e com o olhar injetado de paixão. Encaramo-nos por segundos antes de ele decidir de uma vez e em passadas largas entrar no quarto tomando meus lábios de volta nos seus tão intensamente quanto antes.

Perdi o raciocínio outra vez e sabia que demoraria a recuperá-lo totalmente. Ouvi a porta ser fechada quando Caspian me levou contra ela. A chave fez um estalo ao ser girada, soltei seu manto e cinto. Aos poucos fui sentindo o peso do vestido sendo tirando de mim com os dedos ágeis de Caspian desatando os laços. Ele afastou-se de mim rápido para tirar a camisa que ficou ali mesmo, pelo chão. Suas mãos firmes em minha cintura conduziram-me até a cama sem que o beijo fosse quebrado. Nossas coroas foram deixadas sobre o criado-mudo, o coque se desfez quando os lábios de Caspian tocaram meu pescoço, uma de suas mãos permanecia firme em minha nuca enquanto a outra deslizava por minhas costas nuas. Logo, senti o vestido aos meus pés, Caspian deitou-se sobre mim na cama e não demorou para que despertasse-me uma avalanche imensurável de sensações. Sem que saíssemos de sob os lençóis, naquela noite, Caspian levou-me ao céu.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Aguardo reviews, ein?!
Beijokas!!