Sorrisos e Sussurros. escrita por Jajabarnes


Capítulo 16
Ouça o que digo.


Notas iniciais do capítulo

Hey, amores! Voltei. Nem demorei muito, né? Que bom, espero que continue assim!
Divirtam-se!



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Caspian

Faltavam sete dias para nosso baile de noivado e surpreendentemente eu estava mais feliz do que ansioso. Naquele dia, orientei algumas servas a prepararem um café especial para Susana e eu em um dos jardins internos. Quando me aprontei, fui acordá-la. Esperei-a se arrumar, ofereci meu braço a ela e caminhamos até lá. Quando chegamos, ouvi vozes vindas de lá. Ao entrarmos, estavam todos lá comendo. Parei à entrada, chocado.

–Mas o que...?

–Bom dia, Caspian! - disse Eustáquio, sorridente. - Por que não disse que o café seria aqui?

Susana riu e acabei rindo por fim, indo juntar-me a eles.

O resto do dia transcorreu tranquilamente até o almoço. Não arrisquei e ordenei que o almoço fosse servido normalmente para todos. Logo após, cada um se retirou para suas atividades e eu parti para meu gabinete, passando pelo gigantesco salão de baile ouvindo a correria que estava lá devido os preparativos. Ouvi também a voz de Lorde Revillian gritando ordens sobre a posição dos castiçais ou algo assim.

Passara-se uma hora desde o almoço quando Ripchip solicitou permissão para entrar no gabinete. Sério, ele subiu em minha mesa.

–Diga, Rip. - falei.

–Senhor, há alguém que veio de muito longe e exige sua presença para atendê-lo. - respondeu cauteloso. - Ele o aguarda na sala do trono.

–De quem se trata?

Respirei fundo e saí da sala rumo a do trono sendo seguido por Rip. Disse a ele para que procurasse Pedro e dissesse a ele que reunisse os outros a mim para “recepcionar” a visita. Quando adentrei a sala do trono, ele estava altivo, com as mãos nas costas, o longos cabelos brancos contrastando com a veste de veludo azul. Observava os vitrais que contavam a história de Nárnia.

–Ramandú. - cumprimentei diplomático, quando os guardas fecharam a enorme porta dupla. Ele virou-se lentamente e eu assentei em meu trono.

–Majestade. - ele curvou-se um pouco ao ficar de frente para mim. A voz grave ressoando firme, tranquila. Suspeita demais.

–O que o trás aqui? - perguntei, já imaginando do que se tratava.

–Há algum tempo atrás, aportou um navio em minha ilha, Majestade. - disse ele, gesticulando para os espaços vazios nas paredes onde apareciam novos vitrais que contavam a história a medida que ia falando. - Peregrino da Alvorada era seu nome. Seus viajantes buscavam a Mesa de Aslam, da qual sou guardião, mas sua missão ainda não estava concluída e eu os recebi em meu lar. Minha filha e eu o ajudamos a concluir sua jornada, sem nada em troca, de coração aberto. Os viajantes partiram para a última etapa da jornada e concluída a missão só um rei regressou. Aportou outra vez em minha ilha e pediu a mão de minha filha em casamento. - o último vitral mostrava-me de joelho, pedindo a mão de Lilliandil.

Ramandú parou e voltou-se para mim.

–Por infortúnio, fui surpreendido por outro navio aportando em minha ilha há alguns dias. Reconheci sua origem e aguardei na Mesa de Aslam. - ele fez uma pausa. - Minha filha desabou aos prantos em meus braços. Seu noivo a recusara. A trocara por uma outra qualquer. - inquietei-me, mas ele não parou. - Foi rejeitada pelo homem que a levou de casa! Pelo homem que levou minha filha! Minha única filha! Ele a levou com a promessa de um futuro, de um casamento feliz! Com a promessa de “uma vida digna dela”! - usou as mesmas palavras que eu usara começando a transparecer sua ira. - Eu a entreguei acreditando nesse homem! Depositei nele minha confiança! Nós depositamos! E tudo o que recebemos foi um golpe pelas costas! Sem nenhum motivo aparente!

–Acalme-se, senhor. - pedi.

–Como pode me pedir calma?! O senhor ainda não é pai, Majestade, não pode saber a dor de um pai ao ver seu filho sofrendo tão amargamente como eu vi minha filha sofrer! Por sua causa!

–Não sei o que Lilliandil lhe contou, mas posso lhe explicar minha versão! - falei, tentando uma oportunidade. Não queria ser rude com ele, tinha grande respeito por Ramandú.

–Está insinuando que minha filha deturpou o acontecido?

–Estou dizendo que tive bons motivos para romper o compromisso! - insisti, um pouco mais sério.

–Você a traiu com outra e vai casar-se com ela! - vociferou.

–Lilliandil comportou-se de modo inadequado para uma futura rainha, não mostrou-se mais digna do lugar de minha esposa! - falei tão alto quanto ele. Não queria que Susana fosse envolvida pela fúria dele, mesmo sabendo que seria impossível.

–Estou farto de suas ofensas contra minha casa, Caspian! - gritou ele, avançando um passo.

–A única ofensa cometida foi sua filha ameaçar uma Rainha de Nárnia! - vociferei, pondo-me de pé.

–A ofensa foi cometida contra Lilliandil primeiro! Você sequer se deu ao trabalho de fugir da figura leviana dessa rainhazinha! - debochou do título em alto e bom som. - Humilhou minha filha da pior forma possível e depois simplesmente a despachou para acatar aos caprichos dessa mulher!

–Cuidado com o que diz, Ramandú! - ameacei com os dentes trincados.

–Está preocupado com o que digo, mas não se importou com o seu comportamento para com essa rainha. - acusou. - Nem com a humilhação pela qual ela fez Lilliandil passar!

–Por muitas palavras a menos homens já foram mortos! Você está falando de uma Rainha de Nárnia! - repeti, tentando que o título o intimidasse. - Não permitirei que ofenda minha noiva debaixo do meu teto!

–Maldita seja essa Rainha! - urrou. - Maldita seja ela e toda a sua descendência! - os vitrais feitos por ele explodiram pela fúria da estrela em milhares de pedaços coloridos. - Jamais permitirei que minha casa continue sendo humilhada perante todos dessa forma imunda! Não deixarei que vocês sejam felizes em cima do choro de minha filha!

–COMO OUSA VIR À MEUS DOMÍNIOS NOS AMEAÇAR?! - desafiei a plenos pulmões. Naquele momento, Susana chegou com os outros.

–SUA TRAIÇÃO ME DEU O DIREITO DE LIMPAR A HONRA DE LILLIANDIL! - vociferou de volta. Lutei para baixar o tom.

–Deixe Nárnia antes que seus atos façam a lei me obrigar a puni-lo. - tentei ao máximo me controlar, deixando o queixo firme. As mãos fechadas fortemente.

–Guardas! - Pedro chamou. Eles entraram.

–Tirem-no daqui. - falei.

Os guardas vieram para levá-lo para fora à força, mas Ramandú puxou os braços, gesticulando que não precisavam tocá-lo. Com a respiração nitidamente alterada, ele me lançou um olhar cintilante de ódio.

–Grave minhas palavras... Rei... Ouça o que digo... - grunhiu feroz. -Não deixarei que você seja feliz em cima do choro de minha filha... - lançou um rápido olhar para os outros, mas sua fúria logo voltou a se concentrar em mim. Com a voz firme e carregada de ódio, fez ouvir:

O sorriso de felicidade não vingará.

Plural será a sua dor.

Sobre o chão purpúreo cairá.

O sussurro em breve há de começar.


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Notas finais do capítulo

Ramandú, Ramandú, o que você está aprontando? Ou será que isso foi mesmo um feitiço?
Deixem comentários!
Beijokas!!