Laogevities - Santuário De Almas escrita por Letícia Godoy


Capítulo 2
Capítulo 1 - Uma infância Obscura


Notas iniciais do capítulo

Começando a história propriamente dita, não sei se vão se identificar com ela, mas mesmo assim a postarei, pois é algo muito pessoal.



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Uma voz me chama todas as noites, e eu tenho o mesmo sonho durante dez anos. Neste sonho eu consigo ver minha família de novo, meus pais que desde aquela noite em nossa casa eu jamais voltei a ver. Acho que é um sonho típico de todo órfão que se sente sozinho, eu nunca entendi o porquê daquilo tudo, só me lembro que o meu pai disse para minha mamãe que era seguro me deixar dentro daquela passagem no chão de nossa sala, e depois  escutei gritos de dor, não sei se era realmente de dor, mas eram angustiantes. Em seguida veio o  silêncio total...Fiquei por horas ali dentro até que uma mulher me encontrou.

Não me lembro como ela era, talvez fosse bonita, mas eu era só um menino assustado querendo entender o que tinha acontecido. Não me lembro de mais nada, muitos psicólogos disseram que isto foi um mecanismo de defesa de minha mente para esquecer os traumas daquele dia, disseram que minha casa pegou fogo e que sobrevivi por um milagre, mas algo me dizia que não era só isso... Um intuito forte me fazia acreditar que tinha uma razão por trás de tudo aquilo, que por alguma razão meus pais estavam com medo de algo ou alguém, muito medo!

Jamais me abri com ninguém, sempre fui fechado e ficava sempre concentrado nos estudos, estes eram minha vida. Talvez fossem a única coisa da qual eu tinha absoluta certeza, tanto que eu nunca conseguia dormir. Não sabia que isto era um problema, mas sempre que me deitava na cama não conseguia fechar os meus olhos, às vezes ficava horas virando de um lado ao outro escutando os outros ressonando enquanto os meus olhos continuavam parados... Ao longo dos anos desisti de dormir, comecei a estudar também à noite, a fome do saber me consumia por completo. Física, química, matemática... Tudo o que era exato e me fazia chegar mais próximo da verdade interessava-me, até que comecei a notar algumas coisas estranhas que estavam começando a acontecer comigo...

Eu nunca sentia cansaço físico por mais noites que ficasse sem dormir, e as poucas horas que eu conseguia dormir dias ou outro me faziam mal, eu acabava acordando mal humorado e sem ânimos. E foi assim que tive minha primeira visão.

─ Você está bem Christopher? ─ Perguntou-me durante uma das aulas de matemática a senhora Coboushe, minha professora enrugada e magra estava parada a minha frente e eu nem mesmo conseguia piscar, parecia que o meu corpo estava tendo algum tipo de acesso, eu olhava para o nada e não conseguia me mover, nem um dedo... De repente diante de meus olhos a cena mais impressionante que eu já vira passou-se com uma velocidade incrível! Nela eu encontrava uma mulher... Talvez a mesma que me salvou quando criança, mas não estávamos no orfanato, era um laboratório fantástico com tecnologias avançadíssimas que até então eu acreditava que não existiam. Mas seria aquela visão real?

Quando acordei estava deitado em uma cama na enfermaria e havia algumas pessoas ao meu redor, principalmente a senhora Coboushe que me olhava aflita, sem entender nada me sentei na cama com a sensação de estar sendo encurralado por todos aqueles olhares curiosos.

─ O que aconteceu? ─ Perguntei confuso, pois só lembrava-me da mulher, do laboratório e de tudo o que eu havia visto naquela espécie de visão.

─ Você passou mal, não sabemos ainda, mas tudo indica que você teve um surto por excesso de cansaço e estresse. ─ Explicou-me a velha professora que agora trazia em seu rosto enrugado uma expressão de alívio e bondade. Ela não era de todo má, mas eu realmente nunca havia gostado de ninguém naquele lugar.

─ Eu não me sinto cansado, e muito menos estressado. ─ Bradei de maneira desafiadora, pois de fato era a “minha” verdade.

─ Disseram que você não dorme há dias, quem sabe meses... Você precisa de um tratamento adequado... ─ Quando a escutei falar de tratamento me levantei de um salto olhando-a com certa raiva, logo a interrompi bruscamente.

─ Eu não sou nem um louco para quererem me tratar, talvez a senhora mesmo precisasse de um tratamento! Com licença! ─ Peguei minhas coisas e sai da enfermaria, estava irritado demais por tudo o que havia acontecido. Ao mesmo tempo me sentia confuso por não conseguir me lembrar de como havia vindo parar naquele lugar, era uma sensação muito estranha de vazio... Igual a sensação que eu tinha quando tentava me lembrar do que havia acontecido depois de ter sido tirado de dentro daquela passagem.

─ Christopher volte aqui! Você precisa de ajuda!

Não a escutei. Voltei para o meu “canto” no dormitório e todos me olhavam de maneira estranha, logo comecei á raciocinar um pouco... Como eu poderia sonhar se de fato eu não dormia? E mesmo assim eu conseguia sonhar... Todas as noites o mesmo sonho... Talvez não fosse realmente um sonho, poderia ser igual aquela visão, eu simplesmente via, não precisava de fato dormir para ver. Eu acabara de achar a solução para o mistério de meus sonhos. Não era um sonho! Era uma visão!

Eu precisava sair dali... Eu precisava, mas ainda tinha somente quinze anos e não sabia ainda para onde ir, ou quem procurar... Teria de ficar a espera de um milagre, o que de fato eu não acreditava que iria acontecer.


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Notas finais do capítulo

TO BE CONTINUED...



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