Digimon Adventure 03 - Em Busca Do Espaço Zero escrita por Sillycone br


Capítulo 5
O Poder de se Acreditar


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco, mas cheguei com tudo!

Durante a semana, perdi um arquivo com mais de 3000 palavras e tive que recomeçar do zero. Mas adorei o resultado, e espero que vocês gostem!

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E mais um detalhe! Como ninguém comentou nada a respeito das trilhas sonoras no meio da Fic, eu achei melhor não colocar nenhuma nesse capítulo. Enfim, obrigado pela paciência e boa leitura!



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“Ei, Takeru.” – chamou Patamon – “Nós ainda nem pegamos a lenha. Não acha que já está na hora de voltar?”

O rapaz estava tão aéreo que nem prestou atenção. Ele estava tentando organizar seus pensamentos, na esperança de entender o que estava acontecendo.

Desde a batalha contra Reapermon, estava incomodado com alguma coisa. Estava revoltado, sim, com Hibiki e a maneira como ele usava a Ankoku Shinka para fazer seu Digimon evoluir. O loiro já era conhecido por não perdoar aqueles que brincam com o poder das trevas.

Mas outra coisa o estava incomodando. Por mais de uma vez naquela noite, ele e Patamon correram risco de morte. Ele já havia passado por essa situação várias vezes, mas aquela foi diferente. Já não era possível esconder aquele sentimento de culpa que se acumulou em seu coração.

Só havia uma palavra que podia resumir o que ele estava sentindo. Um nome que se repetia em sua cabeça o tempo todo. Um pensamento que despertava o maior de seus medos: o de nunca mais poder vê-la outra vez.

“Hikari...” – murmurou o rapaz.

Decidiu então que não poderia esperar amanhecer. Correu de volta para o acampamento, com Patamon se esforçando para acompanhar o ritmo do parceiro. No meio do caminho, eles trombaram com alguém e os três caíram no chão. A pessoa se levantou e estendeu sua mão, ajudando Takeru a se colocar de pé novamente.

“Francamente... Você não olha por onde anda não?” – resmungou Hibiki, limpando a sujeira de sua jaqueta preta.

O loiro congelou por um segundo. Seus olhos, por instinto, buscaram algum sinal de Dorumon pelas redondezas, como se estivesse esperando por um ataque.

“Ei, calma aí, campeão!” – pediu o Cavaleiro, meio que lendo os pensamentos de Takeru – “Estou sozinho. Não consigo dormir bem há meses. Sempre faço uma caminhada noturna para clarear as ideias. Então, se me der licença...”

Com aquelas últimas palavras, Hibiki fez menção de ir embora.

“Espere!” – pediu Takeru – “Tem algo que eu preciso lhe perguntar.”

“Que você precisa?” – repetiu o outro rapaz – Você não precisa. Você quer me perguntar, certo?

Mais uma vez, a percepção de Hibiki deixou Patamon e seu parceiro sem saber o que dizer.

(...)

“Hikari?” – repetiu o Cavaleiro Negro, com os olhos verdes fixos em Takeru. – “Porque você quer saber daquela garota?”

Ele e Takeru faziam uma pequena caminhada pela floresta. Os dois estavam de pé diante de uma grande área desmatada, com árvores caídas e bases de troncos cortados.

“Ela estava na sala de informática, assim como você.” – informou o loiro – “Em algum momento, vocês devem ter se encontrado.”

“Eu nunca disse que não sei de quem se trata.” – revelou o rapaz de vestes negras  – “Não foi isso que eu perguntei. Quero saber o que aquela garota significa para você.”

A resposta acabou pegando Takeru de surpresa. Patamon estava apoiado sobre a cabeça do parceiro, escutando a conversa atentamente.

“Ela é... Uma amiga.” – respondeu o garoto.

“Claro...” – concordou o outro, de maneira indecifrável – “Engraçado. Pensei que o ruivinho de cabelo espetado é que fosse o namorado dela, já que ele só consegue é falar dessa garota.”

“Não é nada disso!” – irritou-se Takeru –“Pare de agir como se você já soubesse de tudo! Você não os conhece! Não tem o direito de sair por aí tirando conclusões erradas! Além do mais a Hikari nunca...”

Suas palavras morreram ao observar a expressão que Hibiki tinha no rosto. Uma risada perversa, assim como a que Miyako fazia toda vez que Daisuke falava alguma coisa sobre Hikari.

“Você não precisa me dizer nada.” – afirmou Hibiki, desfazendo o sorriso – “Está estampado na sua cara como um farol. Você se importa com ela. Pra mim é o suficiente. A garota e uma Tailmon passaram pelo portal antes de mim. Eu sinto muito, mas não sei dizer para onde ela foi.”

Takeru suspirou de alívio, ficando com o rosto corado. Pelo menos, estavam na pista certa.  Patamon sorriu e tocou a cabeça do parceiro com a pata.

“É Hibiki, não é?” – perguntou o digimon – “Muito prazer. Eu sou Patamon.”

“Hibiki Yuuki.” – disse o rapaz, simplesmente – “Mas vocês já devem saber disso. Estudamos na mesma classe. Ou melhor dizendo, estudávamos...”

E finalmente Takeru lembrou o porquê de reconhecer aquele nome. Imaginando se seria uma boa idéia, ele tomou coragem e perguntou:

“Sobre isso... Você saberia dizer o que aconteceu? Digo, com o mundo real? Porque tudo estava tão estranho?”

O rosto de Hibiki tomou um aspecto mais sombrio.

“Não é um assunto fácil de explicar.” – respondeu ele – “Eu acho que você vai preferir se sentar.”

Patamon desceu da cabeça de seu parceiro e ficou apoiado em seus braços. Takeru e Hibiki se acomodaram sobre dois troncos partidos, até que esse último começou a falar:

“Grande parte é minha culpa. Eu estive sendo chantageado. Tive problemas em conciliar minhas obrigações na vida real com as exigências que Reapermon me fazia. Por isso, não consegui para ele um resultado satisfatório.”

“O que você quer dizer com isso?” – perguntou Patamon.

“Eu caço digimons.” – disse Hibiki, sem rodeios. – “Coleto dados que mais tarde são enviados e absolvidos por aquele cretino. Ele mesmo poderia fazer isso, mas prefere não sair de seu “trono”. O problema é a forma como o D-Virus funciona. Se um Digimon que possui o vírus morre, ele simplesmente é apagado. Eu nunca vi um deles retornar como um Digitama. Portanto, fica cada vez mais difícil saciar a sede de poder dele...”

Os três ficaram em silêncio, sabendo que não havia nada mais a ser dito sobre aquele assunto.

“Eu não sei como ele conseguiu.” – o rapaz continuou, com os olhos verdes fixos no loiro – “Mas tenho quase certeza que Reapermon tem algo a ver com o que você me perguntou. Para ele, foi a solução perfeita: uma oportunidade de expandir seu império maligno e ao mesmo tempo forçar Dorumon e eu a ficarmos aqui, livres para fazer o que ele quiser.

“Espere!” – pediu Takeru – “Expandir seu império? O que exatamente isso significa?”

“Você não percebeu?” – disse o Cavaleiro – “Ele está nos Digitalizando. Transformando matéria em dados digitais. Se isso acontecer, os digimons vão ficar livres para circular pelo mundo. Reapermon estará livre para absorver quantos dados ele quiser.

Takeru e seu Digimon prenderam a respiração. Então era isso, o equilíbrio entre os dois mundos estava em perigo mais uma vez. O olhar de Hibiki passou a ficar sério. 

“Ainda assim, converter um ser vivo para a forma de dados é um processo muito demorado.” – disse o rapaz – “Por isso tudo parece congelado. Na verdade, o fluxo do tempo é que foi alterado. É um mistério para mim por que Dorumon e eu não fomos afetados. Pode ser que tenha a ver com os dados que absorvemos dos digimons que derrotamos. Ou pode ser... Que tenha algo a mais...”

O cavaleiro interrompeu sua narrativa, como se soubesse um pouco mais do que estava disposto a falar.  O loiro resolveu que não seria uma boa idéia pressionar ou outro a prosseguir com a explicação.

“Como podemos acreditar no que você disse?” – questionou Takeru – “Nós vimos o que você é capaz de fazer. Sabemos que você esteve por aí, matando digimons a serviço de Reapermon. Você espera que simplesmente confiemos cegamente no que você está dizendo?”

“E tem mais!” – lembrou Patamon – “Você e o Dorumon são fortes! Estavam lutando de igual para igual com o tal de Reapermon!”

“Isso não é verdade!” – contestou Hibiki – “Ele só estava brincando com a gente! Nós não tínhamos a menor chance desde o início!”

Aquele último argumento não fez o menor sentido. O Cavaleiro estava escondendo algo.

“Porque você estaria seguindo as ordens dele? – exigiu Takeru -- E porque você quer tanto assim derrotá-lo, que até o poder das trevas você usou?”

O rapaz de vestes negras desviou o olhar por um segundo. Ele pressionou as mãos, sem coragem de encarar o loiro e seu parceiro Digimon nos olhos. Parecia estar escolhendo a melhor forma de responder àqueles questionamentos sem se comprometer.

“Eu não tive escolha...” – disse Hibiki, por fim. – “Ele tem algo... Que eu preciso proteger. Uma coisa importante... Para mim...”

Não conseguiu continuar. Fechou os punhos e começou a tremer de raiva. Takeru reconheceu na hora aquela postura: a de impotência. A sensação de não ter força suficiente para superar um problema muito grave.

“E o que ele tirou de você? O que pode ser importante que faz você ficar desse jeito?” – quis saber Patamon.

Os garotos ficaram em silêncio por um tempo. O loiro achou que Hibiki não queria demonstrar fraqueza. Portanto, não se atreveria a revelar o segredo por trás daqueles acontecimentos. Tomando o seu Digimon sobre os braços, Takeru fez de conta que ia retornar ao acampamento, quando finalmente o cavaleiro murmurou:

“Ele... levou a minha amiga.”

(...)

Na manha seguinte, Veemon e os outros digimons saíram para procurar comida. Daisuke e os outros estavam conversando alegremente, sentados sobre a sombra das árvores. Aparentemente, tinham tido uma noite de sono tão boa que nem repararam que Takeru e Patamon haviam retornado sem a lenha para a fogueira.

“Então foi isso que aconteceu...” – disse Daisuke, refletindo sobre o que Takeru havia acabado de lhe contar.

“Quer dizer que esse tal de Reapermon está por aí seqüestrando garotas?” – perguntou Miyako, com um pouco de medo. – “E o que eu faço? Eu posso ser a próxima!”

“Impossível...” – discordou o líder dos Digiescolhidos. – “Ele só deve estar atrás de garotas gentis, como a Hikari. Não tem com que se preocupar.”

“O QUE VOCÊ QUER DIZER COM ISSO?” – vociferou a garota, cuspindo fogo pela boca.

“Motomiya! Peça desculpas agora!” – exigiu Ken, se colocando de pé.

Todos se assustaram com a atitude do garoto. Geralmente ele era tímido e não se pronunciava muito nas conversas que eles tinham. Vê-lo agir daquela forma para defender Miyako era algo realmente raro.

“Ce... certo. Me desculpe...” – disse Daisuke.

Com o rosto vermelho de vergonha, o moreno voltou a se sentar e não disse mais nada.

“Pensar que o nosso mundo está correndo perigo...” – afirmou Iori, tentando mudar o assunto. – “Mesmo com Takeru explicando, ainda é difícil para mim acreditar nas palavras daquele garoto.”

“Eu não acho.” – argumentou o loiro. – “Pelo menos enquanto esteve falando comigo e Patamon, ele foi sincero. E também nós o vimos atacando o Reapermon diretamente. Não sei o que houve antes de chegarmos aqui, mas por enquanto ele e Dorumon estão por conta própria.”

Naquele momento, Veemon, Hawkmon e Armadimon apareceram carregando diversos tipos de frutas. Wormmon e Patamon ajudaram a montar uma mesa improvisada com galhos e folhas. Quando tudo estava pronto, eles fizeram um pequeno intervalo na discussão para comer.

De repente, uma explosão gerou tremores que se espalharam por toda a floresta. Um impacto poderoso fez com que os garotos se jogassem no chão.

“De onde veio isso?” – quis saber Miyako, abraçando Hawkmon com tanta força que quase o deixou sem ar.

Takeru espiou o acampamento onde teoricamente Hibiki e Dorumon tinham passado a noite. Como ele suspeitava, não havia mais ninguém por ali.

“O que está acontecendo?” – disse o loiro, colocando o chapéu sobre a cabeça e correndo na direção dos tremores.

(...)

“Não adianta, Hibiki.” – exclamou Dorumon – “O digivice não está reagindo!”

O cavaleiro negro e seu digimon estavam fugindo de um Orgemon, um Digimon ogro que tinha a forma de um humanóide com corpo verde, chifres e uma cabeleira branca. Seu braço direito carregava um tipo de osso resistente que ele usava para abrir caminho no meio das árvores.

Está demorando mais do que eu esperava...” – pensava o rapaz – “Não imaginei que um simples Reload tomaria tanto a minha energia...

Haouken!” – exclamou Orgemon.

E com isso, uma onda de energia roxa foi disparada contra o rapaz e seu Digimon. Dorumon empurrou seu parceiro bem a tempo, quando o golpe passou pela cabeça deles e explodiu em um ponto distante, abrindo um buraco no chão.

Hibiki e seu parceiro demoraram muito para se levantar, dando a chance que seu perseguidor precisava para pular para o meio deles. O garoto recuou com um salto, enquanto o dragão roxo arriscou uma cabeçada no peito de Orgemon.

O ataque não teve nenhum efeito. Dorumon gritou de dor, enquanto era atingido no ar pela clava que o outro digimon carregava nas mãos. O parceiro de Hibiki se chocou contra uma árvore e perdeu a consciência instantaneamente.

“Dorumon!” – gritou o garoto.

Mas não houve resposta. Naquele instante, Takeru e Patamon chegaram à cena. Eles assistiram Orgemon se aproximar lentamente do adversário caído, movendo o osso em suas mãos de forma ameaçadora.

“Espere aí, feioso!” – chamou o cavaleiro.

O Digimon ogro parou e se virou na direção dele.

“Eu já acabei com bichos feios...” – continuou o rapaz –“Mas puxa! Hoje vai ser o meu recorde. Acha que é forte, grandão? Porque não tenta me pegar?”

Orgemon urrou, ficando enlouquecido de raiva. Quando Takeru pensou que o Digimon iria sair correndo, algo inexplicável aconteceu. O céu ficou escuro no meio do dia e o som de risadas começou a ser escutado de todas as direções da floresta.

Então era aqui que você estava...” – disse o Digimon ogro, com uma voz grave que era conhecida de todos. “E vejam só! Está em uma situação complicada, não é? Porque não chama logo seus amigos para lhe salvar?

“Eu não preciso disso.” – afirmou Hibiki, com convicção.

É mesmo?” – perguntou aquela voz, com um claro tom de ironia – “Porque se você alguém não vier te salvar logo, meu escravo vai acabar te matando...

Então, Orgemon começou a andar de uma forma estranha, como se estivesse possuído por alguma força externa. O Cavaleiro Negro observou a aproximação do inimigo, encarando o monstro corajosamente sem sair do lugar.

 “Eu não tenho medo de você” – declarou o rapaz. –“Não posso morrer agora. No momento em que eu fraquejar, tudo acaba. Não posso me dar a esse luxo. Tem uma pessoa que depende de mim e eu não descansarei até que ela esteja em segurança.”

Takeru, que assistia à cena escondido atrás de algumas árvores, lembrou da conversa que eles tiveram na noite anterior. Hibiki estava se referindo à amiga que, segundo ele, tinha sido levada por Reapermon.

“Portanto, eu não fraquejarei.” – Afirmou o cavaleiro – “Eu não desistirei! Eu vou resgatar a Kiara! É uma promessa! Enquanto eu mantiver acesa a luz em meu coração, você não pode me derrotar! “

Aquelas últimas palavras atingiram direto o peito de Takeru. Hibiki estava certo. Desde que chegou, o loiro estava tão preocupado com o que poderia ter acontecido com Hikari que se esqueceu da coisa mais importante. Como ele próprio costumava dizer, o importante é não se esquecer da luz que há dentro de você.

A luz que há dentro de você...” – repetiu o loiro em seus pensamentos.

Interessante!” – exclamou Orgemon, com a voz alterada pelas trevas. –“Vamos por a sua teoria em teste!

E com isso, o digimon ogro ergueu a clava no ar a alguns metros da cabeça de Hibiki.

Quando ele estava a instantes de desferir o golpe final, algo o interrompeu. Uma luz, vinda do meio do peito de Takeru, cujo brilho afastava a escuridão para longe.

 “O que é isso? De onde vem esse poder?

As palavras de Hibiki ainda ecoavam na mente do loiro, fazendo com que ele tomasse o D3 em suas mãos.  O corpo de Patamon começou a se iluminar com uma luz dourada.

Eu quero acreditar.” – pensava Takeru – “Preciso acreditar! Acreditar na luz que sempre está comigo!

“Patamon Shinka!” – “Angemon!”

A forma de Patamon mudou. Ele ganhou o corpo de um humano, com seis asas brancas e uma faixa azul que cobria partes do seu braço e das pernas. Carregava em suas mãos um cajado dourado. Um capacete de metal cobria os olhos e a testa, deixando seu cabelo longo solto sobre as costas.

A luz que envolvia o parceiro de Takeru irradiou como o sol. As risadas malignas que ecoavam pelas árvores desapareceram. O céu do Digimundo se iluminou com a cor azul e tudo voltou ao normal.

Então ele conseguiu, não é?” – pensava Hibiki – “Angemon? Parece que as coisas vão ficar interessantes...

A voz grave e sua influência foram eliminadas. Só o que restou foi Orgemon, que aparentemente recuperou o controle sobre seu corpo e bateu no peito, como um animal selvagem.

“Orgemon!” – disse o anjo – “O poder das trevas já se enfraqueceu. Afaste-se do garoto imediatamente!”

Mas o Digimon ogro não lhe deu atenção. Com um movimento de sua clava, ele chegou bem perto de atingir o Cavaleiro Negro no rosto. Por sorte, Angemon chegou voando e interceptou o golpe com seu cajado celestial. Orgemon urrou, furioso, até que o parceiro de Takeru berrou:

Holy Rod!

E então, diversos golpes foram desferidos com seu bastão dourado, dando a Hibiki a oportunidade de correr até onde Dorumon havia caído. Ao mesmo tempo, Daisuke e os outros chegaram ao local, atraídos pelo som de combate.

“Takeru! Está tudo bem?” – gritava Miyako – “Vimos algo brilhando por aqui e decidimos vir checar... Espera um pouco, aquele não é Angemon?”

O Digimon sagrado trocava golpes com o ogro, tentando encontrar uma maneira de parar a luta. Quando foi atingido por uma nova onda de energia roxa, o anjo percebeu que não tinha alternativa.

“Seu coração já foi consumido pelas trevas, demônio!” – exclamou Angemon – “Você não me deixa outra escolha!”

 De forma ágil, ele usou a ponta de seu bastão para desarmar o oponente. Em seguida concentrou uma luz dourada no punho direito e gritou:

Heaven's Knuckle!”

O anjo atirou uma rajada de energia contra o seu adversário. O golpe deixou um buraco aberto no lugar onde antes estava o peito do monstro. Orgemon tremeu por alguns momentos e seu corpo se desfez na forma de dados.

Todos ficaram olhando, estupefatos, Angemon regredir para a forma Seichouki, indo parar nos braços de seu parceiro.

“Eu juro que não queria Takeru...” – garantiu o Patamon – “Mas dava pra sentir claramente. Ele não ia parar. Eu tive que...”

O loiro abraçou seu parceiro Digimon, os dois com lágrimas nos olhos e incapazes de se expressar com palavras.

“Foi exatamente por isso que eu disse...” – silabou Hibiki, se aproximando de Dorumon. – “Esse mundo não é mais lugar pra vocês...”

(...)

“Porquê não?” – perguntou Daisuke, sem entender. – “Nós podemos te ajudar!”

“Não é questão de escolha.” – declarou Hibiki, de forma imperativa. – “Como eu já disse, não sei onde sua amiga está. E vocês não podem vir com a gente. Ponto final.”

Os Digiescolhidos estavam reunidos em algum lugar da floresta, juntamente com seus parceiros Digimons. Hibiki alternava olhares entre os membros daquele grupo, focando principalmente em Takeru e Patamon. Depois da luta com Orgemon, os dois não disseram mais nenhuma palavra.

“Mas você é muito cabeça dura mesmo, não é?” – disse Miyako, com os braços cruzados – “Não percebe que se a gente não tivesse aqui, você e o dinossaurinho ali estariam fritos agora?”

A garota recuou alguns passos no momento em que o rapaz de vestes negras lhe dirigiu um olhar ameaçador.

“Vocês é que não estão entendendo.” – continuou o Cavaleiro – “Esse cara nos pegou desprevenidos. Não vai acontecer de novo.”

“Você não pode garantir isso...” – afirmou Iori – “Dorumon não conseguiu nem digivolver para lutar contra o inimigo, não foi? Quem garante que isso não vai ocorrer de novo?”

Havia verdade naquelas palavras, o que fez com que Hibiki hesitasse por algum tempo.

“Você também está procurando por alguém, não é?”– questionou o líder dos Digiescolhidos, estendendo a mão – “Podemos procurar a Hikari e a Kiara juntos! O que me diz?”

E então, para a surpresa do grupo, o Cavaleiro Negro ergueu Daisuke no ar com uma força exagerada e o arremessou contra o tronco de uma árvore próxima de onde eles estavam.

“Daisuke!” – gritou Veemon.

Dorumon fez menção de impedi-lo, mas o garoto não parou por aí. Ele segurou o rapaz de cabelos espetados pela gola de sua jaqueta vermelha, encarando-o furiosamente.

“Onde... Você ouviu... Esse nome?” – silabou Hibiki, demorando-se em cada palavra.

“Hibiki, solte-o!” – pediu o dragão roxo – “Ele não sabe de nada! Só deve ter escutado a gente falando sem querer! Hibiki!”

Mas era como se as palavras do Digimon não alcançassem o parceiro humano. Finalmente, depois de alguns minutos tensos, o rapaz de vestes negras afrouxou a pressão sobre o líder dos Digiescolhidos, dando alguns passos para trás.

“É bom que seja isso mesmo.” – o Cavaleiro ameaçou –“Porque se eu descobrir que vocês estão de alguma forma ajudando aquele canalha a manter Kiara prisioneira, não se preocupem em implorar por misericórdia. Encontrarei vocês onde quer se escondam.”

E dizendo aquilo, Hibiki virou de costas para eles, começando a caminhar.

“Não se atrevam a se colocar no meu caminho.” – alertou o garoto – “Eu não sou do tipo que tem pena de quem merece morrer.”

Logo depois, ele foi embora. Não olhou uma única vez para trás. Dorumon observou o parceiro se afastar com um olhar triste, baixando suas pequenas orelhas. Em seguida, o Digimon fez uma reverência a Daisuke, dizendo:

“Por favor, perdoem o Hibiki. Eu sei que ele tem um jeito estranho de dizer isso, mas ele só não quer que mais ninguém se machuque por nossa causa.”

“Mais alguém se machuque?” – repetiu Ken, atento à conversa. – “Espere... Quem foi que se machucou por causa de vocês? ”

Dorumon ergueu a cabeça e levou as patas na boca. Ele se apressou e se colocou ao lado do Cavaleiro Negro, consciente que teria problemas se dissesse mais alguma coisa.

(...)

 Continua!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Não esqueça do comentário! Para nós, Autores, é muito importante!

Eu poderia discutir aqui sobre o tamanho dos capítulos, mas depois da reformulação, acho que está tudo ok.


Aguardo ansiosamente o Feedback de vocês, e espero vê-los em breve!
Até o próximo capítulo!