A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 17
Times Square


Notas iniciais do capítulo

Oi! Desculpe pela demora!! E tipo, tem alguém lendo isso? Eu estou dando quase o melhor de mim para escrever isso .-.



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Mary estava com um livro na mão lendo-o. O grego antigo era a única coisa que ela realmente conseguia ler bem. Entendia alguma coisa de latim, mas nunca gostou muito da língua. Era, digamos... Meio complicada. Pelo menos, no ponto de visão de Mary, muito mais difícil do que os símbolos do grego.

Seu pai tinha um vasto acervo de livros em grego antigo. Ele não lia, mas, por ser um deus, tinha uma biblioteca grande. Os dedos de Mary formigavam só com a possibilidade de um dia entrar na biblioteca de Atena. Aquilo sim, deveria ter muitos livros.

Depois do que lhe pareceu meia hora, ela se cansou de esperar John. Foi atrás do garoto. Ele não podia demorar tanto assim, podia? Mary deixou o livro com a capa vinho em cima da penteadeira e arrumou o vestido. Depois que ele saiu, foi direto tomar um banho e se livrar de toda a sujeira que estava colada em seu corpo.

Ela deixou a porta do quarto aberta atrás de si. Pôde sentir Quione perto, a loba esbarrando nas longas e pesadas saias de seda preta. Os sapatos dela faziam barulho no longo, silencioso e solitário corredor.

Depois de tentar cada porta, Mary conseguiu girar a maçaneta de uma. Lá dentro, viu a sala, e, pelo que pode perceber havia sido usada há muito pouco tempo. E percebeu que foi por John. Seu casaco rasgado estava jogado no meio da sala. Ela deu meia volta e correu até o quarto, desesperada. O que seu pai havia lhe feito?

Ela pegou a estela que estava em cima da cama e a amarrou na perna com uma faixa de tecido que encontrou dentro de uma gaveta. Sem se preocupar ou lembrar mais nada, ela começou a correr em direção à sala do trono, e, a cada passo que dava, parecia que o chão iria pegar fogo com as tochas.

Quando chegou, Mary arfava. E o que ela viu fez seu coração gelar.

John estava de pé, em frente a Hades, sentado em seu trono de ossos fundidos. O deus tinha um olhar duro de reprovação, e, Mary sabia que iria matar o garoto. Sem aguentar, ela correu com a maior velocidade que pode em direção a John. Ele levou um susto quando viu a garota, e ela pode identificar um olhar de esperança. Seu pai tinha uma fúria enorme impressa nas feições pálidas. Mas nem mesmo isso lhe fez recuar.

Aliviada, ela passou os braços por seu pescoço e enterrou a cabeça no seu ombro, sentindo o cheiro de metal, e ela identificou o de sangue misturado. Armas e sangue, ela pensou. Um guerreiro.

Se soltando dos braços que lhe envolviam, Mary se voltou para seu pai, que estava mais do que furioso. Ela sentiu uma bela pontada de arrependimento e pareceu segurar o mundo em suas costas.

– Eu não sabia que você estava nesse ponto. - Perséfone quebrou o silêncio. Mary piscou várias vezes e olhou para a deusa, percebendo, pela primeira vez, sua presença.

Depois de pensar um pouco, Mary se tocou. Era inverno. Dava para ver, a deusa estava pálida e usava um vestido florido, mas desbotado. Ela era realmente linda no mundo lá fora, na natureza. Mas aqui, até mesmo seus cabelos negros pareciam perder a cor.

– Estando ou não a esse ponto - disse Hades com uma voz fria e mortal -, ele invadiu meu território. E é um mortal. Você sabe o que isso significa, Mary.

– Mas eu não posso deixar - ela disse, com a voz rouca. A expressão do pai não mudou em nada.

– Não, Mary. Eu já permiti demais.

– Mas querido - Perséfone se manifestou -, ele é tão corajoso! Veio aqui só para ir atrás dela! Não devemos matar um heróis desses.

Hades olhou incrédulo para Perséfone.

– Mas Perséfone! Ele invadiu meu reino atrás da minha filha!

Ela revirou os olhos, entediada.

– Posso não ser Afrodite, mas isso aqui é amor. Ela vai lhe odiar se você fazer isso.

– Então que me odeie.

– Ah, desisto.

A deusa sumiu em uma transformação de flores. Mary engoliu em seco, logo que estavam sozinhos. Ela podia sentir a tensão de John, mesmo não encostando nele. Ele estava morto. A não ser que...

– Pai, me perdoe.

Então ela se virou e agarrou John com a maior força que conseguiu, com Quione junto dos dois. Sentindo sombras apertarem-nos e lhes envolverem, ela pode escutar o protesto do pai, que estava, realmente, furioso. Mary pensou sentir o chão tremer em um terremoto, mas não ficou tempo suficiente para saber. Logo, a barreira do som se quebrou, deixando os seus ouvidos com um apito.

Estavam no meio de Manhattan, em plena Times Square. Mas a avenida só era identificada elos prédios e propagandas. A neve caia sem brechas, e ninguém conseguia enxergar mais de três metros à frente. Mary percebeu que John estava tremendo, e se soltou de seu corpo.

– O que você fez? - Ele disse, em um tom assustado. Sua voz parecia se perder aos poucos pela neve.

Mary se abaixou e arrancou duas das saias de seu vestido longo e pesado, e os cortou no meio com as mãos. Ela o colocou em volta dos ombros de John, que estava com os dentes batendo. Não iria funcionar muito, mas era o que tinha.

– Nós temos que sair daqui - ela disse, arrumando o tecido em seu corpo. - Precisamos voltar para o Instituto.

– E você a cha que quero ficar aqui? - John retrucou e agarrou seu pulso, puxando a garota para a estação de metrô. Ela o seguiu sem hesitar muito.

Os dois ficaram parados, sozinhos esperando qualquer vestígio do transporte. Mas nada apareceu. Depois de meia hora em silêncio, uma voz feminina e irritante soou nas caixas de auto falante informando que o metrô não iria passar por um problema nas linhas.

- Ótimo - praguejou John. Ele estava com os tecidos bem presos no corpo, os dedos enterrados neles. - Agora, como vamos para casa?

- Teletransporte? - Murmurou Mary, cansada. Ela se deixou cair no chão, com os fios dos cabelos, que estavam arrumados em um coque, se rebelarem do penteado. Seu vestido pesado nada ajudava para reter o calor.

John se abaixou e se aproximou dela, sentando ao seu lado. Ele estava misterioso, vestido socialmente de preto. Bonito, até, de uma forma de fazer o coração de Mary se apertar e ela mal conseguir respirar.

- Você consegue? - Ele sussurrou, olhando para ela, com a testa levemente franzida.

- Sim, mas não posso dizer para onde vamos.

John voltou a encarar os trilhos de metrô, aparentemente desapontado. Mary não podia fazer nada. Do jeito que estava, era capaz de voltar para o Mundo Inferior por engano. 

A garota estava encarando os detalhes do tecido do vestido negro, que parecia ondular em diversos tons quando se movia. Era estranho tudo aquilo. Mas não podia fazer nada. Ela nunca pode. Era realmente esquisito uma rebelde vestida como uma dama do século XVIII.

Então, sentiu o aperto quente e áspero da mão de John se entrelaçar na dela.


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Notas finais do capítulo

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