A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 16
Catherine


Notas iniciais do capítulo

Hiiii
Johry!!
Cara, como esse nome de shipper tá estranho .-.



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Sem se lembrar de ter dormido, quando acordou, sentiu o coração acelerar, e não se lembrava de onde estava. Não ousou abrir os olhos, para tentar não despertar suspeitas de ele estar alerta. Mas sabia que não estava no Instituto. Então, onde diabos teria se metido?

John sentiu algo parecido com a consistência de uma toalha molhada sendo levemente esfregada em seu rosto. Sua respiração começou a ficar forte, e ele começou a temer se alguém poderia escutar as batidas de seu coração. Mas, no final, acabou se obrigando a abrir os olhos.

E o que viu não desacelerou seu coração, só aumentou as batidas do órgão. Mas todo o medo que lhe cercava foi embora de sua mente naquele momento.

Mary estava o olhando, com uma certa curiosidade. Ela parecia um fantasma, com os olhos brancos e negros realçados pela maquiagem escura, os pequenos e cheios lábios vermelhos deixavam sua pele branca. O cabelo caía em uma cascata pelos ombros, com as mechas escuras misturadas ao claríssimo loiro. John pode ver uma coroa dourada, que parecia ser feita de espinhos entrelaçados.

– Você dormiu do nada - ela disse, num murmúrio.

Em resposta, John deu um leve sorriso, e desviou o olhar para o lugar onde estavam. Pôde sentir a toalha molhada em sua testa, retirando a sujeira. E, olhando para o armário grande e escuro, começou a se lembrar direito de onde estava e como havia parado lá. Ele ficou tenso.

– Você esta bem? - Mary perguntou, retirando a toalha de seu rosto. John se voltou para ela.

– Vou morrer?

Mary hesitou por um momento, a expressão passando de curiosa para algo que ele não soube explicar direito, mas passava pela dor.

– Não quero que isso aconteça - ela finalmente disse, largando a toalha suja de sangue e fuligem no chão - mas meu pai quer conversar com você.

John não disse nada, só a ficou encarando. O rosto claro, arredondado... Ela era de outra época, como ele havia pensado no dia em que recebeu Mary nos braços. Dava para perceber, no modo em que ela agia, de como ela falava. Mas pensava como uma garota normal, de hoje. Ela pensava como uma rebelde e determinada.

Sem a resposta, Mary estendeu a mão e acariciou sua bochecha, e John sentiu um arrepio percorrer o corpo com o toque gelado dela. Não estava frio lá, diferente dos lugares em que já estiveram. Ela deveria estar quente, parecer uma pessoa viva. Mas tinha tudo para o contrário.

– Você quer tomar um banho? - Ela perguntou, endireitando a postura e retirando a mão de seu rosto.

– Para morrer? - John retrucou, franzindo a testa.

Mary lhe olhou por um tempo, séria.

– Morrer com dignidade - ela se levantou, alisando o vestido. John percebeu que ainda estava levemente suja de sangue e poeira. Ela se virou novamente para ele. - Eu vou fazer de tudo para que você se salve. Perséfone, minha madrasta, está aqui, e, por mais que ela seja chata comigo, é bem prestativa com os outros. Você deveria pensar mais positivo. Tem a filha favorita e a mulher pacífica de Hades do seu lado.

– Ter pensamentos positivos na terra dos mortos - John disse, se sentando na cama. Percebeu que estava com a roupa normal, o casaco preto e a camisa azul rasgados.

Ela levantou uma sobrancelha, de um modo desafiador, sem mais nenhuma expressão. Tudo aquilo que John podia dizer que era sentimental, havia fugido de seu rosto.

Ela se virou e foi até um penteadeira, balançando um pequeno sino dourado. Segundos depois, a porta se abriu e uma garota, com cerca de 17 anos, entrou. John deu um salto com a aparência dela. Era pálida como um morto, a palidez azul. Tinha cabelos pretos, e olhos azuis. Estava vestida como séculos atrás, com o vestido longo e armado branco e cinza. Ela não pareceu notar John, foi direto para a atenção de Mary.

– Roupas para o rapaz, Catherine. Ele vai falar com o meu pai. Um banho também, por favor - Mary disse, de um jeito extremamente formal.

– Sim, senhorita Laurence - a garota, que deveria ser Catherine, respondeu. Ela saiu do quarto, sem deixar fechar a porta, ela voltaria logo.

Mary se largou no pequeno banco da penteadeira prateada, que fazia contrate com as paredes pretas do lugar.

– O que foi aquilo? - John perguntou, se levantando da cama. Seus joelhos tremeram, mas ele não se deixou cair.

– Aquela era Catherine, minha criada. Daqui a pouco ela vai levar-te para tomar um banho.

John continuou olhando para ela, com os olhos em fendas.

– Duas perguntas.

– Claro - ela respondeu, se virando para encarar John.

– Por que falou nela no passado?

– Ela está morta. Mas eu gosto dela, então de alguma forma continuou viva. Mas não respira, não come, não faz nada, a não ser obedecer ordens.

– Ela vai me dar um banho?

Por trás da mão que tapava a boca, John percebeu que ela estava rindo da pergunta. Era como se ele fosse uma criança inocente.

– Não, ela vai preparar o seu banho. Poderia te ajudar a se vestir, mas duvido que queira isso.

Como que quase resposta, a figura silenciosa e cadavérica, que correspondia por Catherine, apareceu. Ela carregava um pequeno monte de roupas pretas cuidadosamente dobradas nos braços, e estava olhando para John.

– Pode ir, ela não vai morder-te - ele escutou a voz de Mary. Ela tinha um leve tom de divertimento, mas, quando olhou para ela, seu rosto estava sério.

Hesitante, ele seguiu Catherine. Ao sair do quarto de Mary, John se sentiu desesperado e sozinho. Ele sabia que era uma espécie de crime estar vivo e na terra dos mortos, e que a única certeza de ele voltar a ver a luz do Sol era Mary. Isso o deixava louco, sem noção. Nunca dependeu tanto de uma garota.

Quando chegou ao quarto, Catherine lhe mostrou uma banheira atrás de um biombo preto, com desenhos em prata. Era um quarto simples, com um armário em um canto e uma pequena estante baixa em outro, com toalhas á mostra. John pode ver as roupas que Catherine carregava em cima dela. Ele se despiu e tomou um rápido banho, vendo que a água estava com uma coloração vinho. Ele pegou uma das toalhas e se secou.

John viu, após ter colocado as roupas, um espelho grande, postado atrás da porta. De lá, podia ver o seu corpo inteiro, e a roupa escura que estava usando. Era simples, como havia pensado. Calça jeans e camisa social preta. Ele se achava estranho vestido daquele jeito, parecia um cara normal. E não desejava isso de jeito nenhum.

Sem os sapatos, John saiu da sala, tentando voltar ao quarto de Mary. Sua estela estava lá, e ele precisava dela. A cada passo que dava, tinha a sensação de que seus pés queimariam no piso de bronze, que brilhava estranhamente com a iluminação de tochas, mas era frio como gelo. Estava com passos rápidos, e, ao chegar na frente da porta do quarto da garota, foi puxado para trás, sem dó nem piedade, para a morte certa.


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Notas finais do capítulo

Sorry, ainda não tenho nada pra por aqui. Mas estou trabalhando nisso!!



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