A Caçadora escrita por Messer


Capítulo 18
Café


Notas iniciais do capítulo

Café, nada melhor que café. Ou menta. Menta também é muito bom. Café com menta
Tipo, hortelã é horrível. Nada pior que isso :@
Verdade, eu tenho que voltar para o hospício .-.
Mas daí não vou poder escrever para vocês!



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Mary estava com os ombros encostados em John, para pegar o calor do corpo. Não fizeram nada, não falaram nada. Aquela tempestade de neve estava acabando com os dois.

Ela não sabia o que fazer. Talvez já tivessem se passado alguns dias desde que entraram no Mundo Inferior. Por mais forte que pudesse ser uma nevasca, não iria impossibilitar as linhas de metrô em uma ou duas horas. 

Ela estava seguindo os movimentos de Quione pela estação com os olhos, vendo a loba correr e voltar. Ela nunca a vira ficar quieta. Talvez até fosse legal ver a loba zanzar pra lá e cá, se não fosse o fato de estar fazendo cerca de 0 graus.

A respiração deles se condensavam, e só não se abraçavam para conservar o calor humano por vergonha. Na verdade, Mary nunca havia chego tão perto assim de um garoto por tanto tempo. Aliás, foi ela quem fez isso, de chegar perto dele. Ela podia sentir as mãos entrelaçadas tremendo e ficando cada vez mais frias. Não podia arrancar mais nenhuma saia de seu vestido, estava com somente duas. E seda nunca foi um material que esquentasse muito.

- Você está muito frio - ela disse, chegando mais perto dele. Não iria ajudar muito, já que sua pele era fria como a de um cadáver já naturalmente. Talvez fosse esse o fato de estar sempre com casacos para se esquentar.

John olhou para ela, fazendo nuvens com a respiração. Com a mão livre, colocou sobre o pescoço meio escondido pelo tecido da garota.

- Você não é quente - ele disse franzindo as sobrancelhas. - Não fale nada de mim.

Mary bufou e olhou para o lado, levemente irritada.

- Eu estava me preocupando com você.

Depois desse comentário, ambos ficaram calados, mas sem se distanciar um do outro. Logo, Quione apareceu com um copo descartável, que serviria para café ou chá, mas estava vazio e limpo. Ela o soltou na frente dos dois.

Mary prendeu a respiração e arregalou os olhos, olhando diretamente para o copo acabado. Ela parecia ter visto diamantes no lugar dele. Soltando da mão de John, ela pegou o copo na mão e se voltou para Quione.

- Onde você achou isso?

A loba deu um latido e começou a andar, e, se levantando cambaleante, ela seguiu o animal de estimação. Parecia encontrar a saída de tudo isso. John se colocou a caminhar atrás das duas, com os braços envolvidos no corpo.

- Onde ela vai nos levar? - Ele perguntou apenas para ser ignorado. Nenhuma das duas deu algum sinal de que ele estava ali.

Depois de alguns minutos passando pela fria estação de metrô, eles pararam em frente de uma sala fechada. Talvez fosse onde os funcionários ficavam, pelo jeito que era. Tinha uma porta de vidro e nada mais. Levantando um pouco as saias do vestido, Mary chutou com tudo a porta, transformando-a em pequenos pedaços de vidro.

- Você acabou de arrombar a estação de metrô? - Disse John, incrédulo. Ele estava com os olhos arregalados e o queixo caído.

Mary o olhou com uma sobrancelha arqueada. Não parecia em nada se arrepender do que acabou de fazer.

- Não tem ninguém aqui.

- E as cameras? - Disse ele, apontando para uma em cima de uma viga, logo a sua frente.

- Névoa. Isso vai os enganar. Era o que lhe fazia não ver o mundo de verdade, mas você sabe que ele existe, então, ela não lhe engana mais.

Ele continuou encarando-a.

- Você quer morrer de frio ou não? - Ela disse, irritada e entrou na sala. Sem hesitar muito, ele a seguiu.

Era realmente uma sala para funcionários. Uma copa, para ser mais exato. Havia uma mesa, quatro cadeiras, uma geladeira, um armário e um fogão. No chão, espalhados, estavam vários copo idênticos aos que Quione lhes levou. John não entendeu muito, até ver Mary se encaminhando para uma máquina que ele não havia notado. Era uma cafeteira.

A garota pegou dois copos e apertou uns botões na máquina. Logo, estava com dois copos cheios e fumegantes de café preto. Ela entregou um a John.

- Café. A segunda melhor coisa nesse mundo.

- Qual a primeira? - Ele perguntou curioso, enquanto se sentava em uma cadeira e bebericava o café. A sala, apesar de ainda ser fria, estava muito mais confortável do que onde estavam.

- Menta - Ela respondeu. - Menta é a primeira melhor coisa nesse mundo. Ou talvez café e menta empatem em primeiro lugar.

John deu uma leve risada silenciosa. Ela era tão... Misteriosa, mas, as vezes, era tão clara quanto um livro aberto. Era estranho esse tipo dela. Quando percebeu, ela o encarava, com os olhos quase azuis. Antes, quando a viu no Mundo Inferior, estava brancos e negros. Pelo jeito, era fácil saber o que se passava na sua mente.

- O que foi? - Ele perguntou, segurando o café com as duas mãos para esquentá-las. A bebida estava deliciosamente quente.

- Por que você foi atrás de mim? - Ela murmurou, com a testa franzida. 

John encarou-a, atentamente. Estava com olheiras, a pele pálida. Os cabelos claros se soltavam do penteado, e o colar de espada repousava no tecido leve, frio e preto de suas roupas. Ele tomou um gole do café, que já não estava tão apetitoso assim.

- Não sei - ele sussurrou, sem conseguir falar direito. Realmente não sabia. Havia ido naquele bar, mas só se sentou e não conseguiu tomar nada. A única coisa que lhe via em ente era ela entrando naquele buraco escuro e que cheirava a morte. - Eu pensei que você estava em perigo, então... eu fui atrás de você.

Mary respirou fundo e olhou para o lado, como se recebesse uma notícia ruim e tivesse que aceitá-la. Então, tomou um gole do café, sem conseguir sustentar o olhar claro de John.

- Obrigada - ela disse, quase imperceptivelmente, mas ele pode escutar. Com um leve sorriso em uma ponta dos lábios, ele voltou a bebericar o café, com uma sensação estranha se espalhando pelo seu corpo.


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Notas finais do capítulo

Calma, calma.



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