Loki: O Resgate escrita por Tenebris


Capítulo 4
Beijo




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Julia sentiu-se em um redemoinho de cores. Era um portal. Ela girava descontroladamente, como se passeasse por uma ponte de tempo-espaço. Então, fechou os olhos. Só conseguia sentir, além da tontura, que Loki ainda segurava suas mãos.

Subitamente, Julia sentiu que caía no chão. Como a vertigem ainda não tinha passado, ela deixou-se descansar no que parecia grama.

- Levante. – Disse Loki rispidamente.

Julia levantou-se e cambaleou. Sentiu que ia desmaiar.

Por fim, Loki sentou-se no chão de relva ao seu lado e ergueu Julia com as mãos, de modo a deixá-la sentada, com a cabeça apoiada nos ombros dele.

- Vocês, mortais... Sempre tão ridiculamente fracos.

E então olhou para ela. Julia recuperava a consciência de leve, entreabrindo os olhos. Loki sorriu. Como Julia era frágil... Como respirava irregularmente. Ele sentia a respiração dela, quente e leve, tocando seu pescoço, já que ela estava apoiada em seu ombro. 

Loki passou então um braço pelas costas dela, a fim de não deixá-la cair. Nunca sentira isso por ninguém antes: a vontade imensurável de proteger Julia e cuidar dela. Logo ele, que sempre via as pessoas como objetos descartáveis, descobria em uma mortal o que era ceder-se a alguém. Descobria que gostava de uma simples respiração.

Julia então despertou. A primeira pergunta que fez foi esta, desvencilhando-se dos braços de Loki:

- Isso é... Asgard?

- Sim. Meu lar. Ou pelo menos, era. – Loki estava amuado. Não gostou do modo como Julia tirou os braços dele de cima de si.

- Como vim parar aqui? – Ela indagou, tentando levantar-se.

- Com esse meu anel de jaspe verde. É um portal seguro e indetectável entre os Nove Reinos. É incrível quando se acha uma relíquia por acaso nas joias do cofre, não é mesmo? Fascinante...

Loki olhou para o próprio anel com ares de cobiça.

Julia então olhou ao seu redor. Estava em uma colina, observando praticamente todo o reino Asgardiano de cima. Ao centro, o palácio. E em volta todo o resto, com casinhas, árvores e templos. Tudo dourado. O céu resplandecia com uma claridade laranja ofuscante de fim de tarde. Atrás dela, havia uma pequena floresta com uma cabana aparentemente vazia.

Julia, ao conseguir se levantar, vacilou e tropeçou. Antes de tocar o chão, Loki levantou-se e a amparou.

- Acho que você quebrou um tornozelo na queda. – Comentou rindo de Julia.

- Não é engraçado. – Ela revidou, séria.

- Não se preocupe. Sabe que posso curá-la.

- Seja breve. O que quer conversar comigo? – Julia cortou-o rispidamente, tentando se equilibrar sozinha.

Loki se irritou. Depois de tudo que fizera por ela, até se oferecendo para curá-la, como ela podia tratá-lo dessa maneira? Resolveu então brincar com ela, tentando confundi-la:

- Está bem. Eu a trouxe aqui para mantê-la em cárcere. Quero as mais recentes armas feitas pelo seu querido pai para destruir qualquer um que ousar entrar no meu caminho!

O seu tom de voz, aumentando com o tempo, contribuiu para conferir veracidade ao relato de Loki. A verdade era que nem mesmo ele sabia por que a levara para lá. Não era para sequestrá-la. Dissera este fato somente para irritá-la e ver sua reação. Confundi-la como sempre gostava de fazer.

Julia mostrou-se ultrajada, até traída. Olhou para Loki com repulsa e tentou afastar-se, mas não conseguiu pelo pé ferido.

- Seu monstro! – Julia berrou, ao que Loki sorria. – Leve-me daqui agora. Pensei que estivesse sendo sincero aquele dia. Você não passa de um vilão estúpido e mimado que só pensa em si mesmo.

- Achou que eu iria simplesmente chegar entrando na Stark International perguntando por você? Não sou idiota. Precisava de um jeito de atraí-la.

Loki se aproximou dela, sustentando o olhar intenso de Julia.

- Mas quer mesmo saber por que eu lhe trouxe aqui nesse maldito lugar? – Perguntou ele, franzindo a testa e elevando levemente o tom de voz.

- Quero! – Julia gritou, aproximando-se igualmente de Loki.

- Tem certeza, garota? – Insistiu ele.

- Absoluta. Vamos, conte!

- Quer saber mesmo?

- Vamos. Não seja covarde.

- Está bem... – Disse Loki, dando-se conta de que os seus rostos estavam extremamente perto. O cabelo de Julia ondulava, e ele sentia a respiração dela bem perto. Continuava irregular, bem como as batidas de seu coração, que agora estavam suficientemente perto para Loki ouvir.

- O real motivo de eu trazê-la aqui... É este.

E a beijou.

Julia, completamente estupefata ao que acontecia, quase caiu para trás, mas Loki a segurou, colocando suas mãos nela e abraçando-a, trazendo-a para perto de seu corpo. Julia não iria cair. E os lábios se tocavam. Era um beijo urgente, mas tinha seu ritmo. Pareceu eterno nos poucos segundos que durou.

Julia não sabia o que sentia. Estava beijando o criminoso mais procurado dos Nove Reinos. O cara que já tentou destruir a Terra e acabar com os Vingadores. Mas esse cara que a beijava... Não... Este era o outro Loki. O verdadeiro. O que se importava com ela, e que estava pronto para segurá-la quando ela ameaçava cair.

Loki nunca sentira nada semelhante. Nunca desejara o bem para ninguém antes, mas agora sentia uma sensação plena transbordando em si. Ele sabia que era amor, mas custaria a admitir.

         Como ele podia continuar sendo assim, alguém que só almejava a guerra, mas que agora desbravava os sentimentos mais felizes? Como ele podia amar alguém, sendo que ainda aspirava destruição? Ele não sabia.   E não pensou em desistir dos planos malignos que o faziam querer se vingar de tudo e todos, mas pensou em fazer Julia feliz. Em protegê-la, e cuidar dela todas as vezes em que ela quebrasse o tornozelo e o xingasse.

Simplesmente se deixou ser levado pelo calor do momento e do beijo, pela chama cálida que seria capaz até mesmo de derreter seus genes de Gigante de Gelo.

 Completamente surpresa, Julia ficou sem reação. Afastou-se de Loki e o empurrou, mas não sem antes dar-lhe um sonoro tapa na cara. Loki manteve o sorriso irônico e perigoso, perguntando-lhe igualmente calmo, mas ainda com as mãos no local da agressão:

         - Por que fez isso?

         - Não sei... Eu estou nervosa... Não vê? – Afirmou Julia.

         Loki, ao invés de ficar bravo, achou divertido ver a garota naquele estado alarmado, mas continuou a demonstrar que estava furioso com ela.

         Julia então tentou se equilibrar e foi cambaleando até Loki com urgência:

         - Tire-nos daqui. AGORA.

         Ele apenas arqueou uma sobrancelha e, como não conseguisse convencê-la a ficar, estendeu-lhe a mão, resignado:

         Julia tocou no anel de jaspe verde, o qual já começava a emitir uma claridade. Temeu pela vertigem que se seguiria, mas permaneceu firme.

         Se tinha uma coisa que Julia tinha aprendido nessa viagem pela ponte tempo-espaço, era a não abrir os olhos. Ela os manteve bem apertados, e tentou não pensar no redemoinho temporal em que girava freneticamente.

         Quando caiu no chão, Julia observou que não havia mais nenhum Chitauri. Todos tinham sido destruídos pelos Vingadores, que estavam agrupados bem na frente de onde Julia e Loki tinham caído.

         - Resta saber onde aquele desgraçado... – Disse Tony, interrompendo-se imediatamente ao ver Julia caída no chão ao lado de Loki.

         Então todos os outros Vingadores também pararam, observando atônitos aquela cena. Antes que Gavião Arqueiro tirasse uma flecha da aljava, Loki desmaterializou-se e desapareceu.

         Tony e Natasha correram em direção à Julia.

         - O que aconteceu, Julia? Você está bem? – Perguntou Tony.

         - Estou... Só quebrei um tornozelo. Não consigo levantar...

         Nesse momento, Steve aproximou-se de Julia e carregou-a no colo.

         - O que Loki fez com você? – Perguntou.

         - Ele queria me sequestrar... Para conseguir armas nucleares. – Mentiu Julia, pensando somente na parte em que certamente ocultaria.

         Tony cerrou a mão em punhos, ativou a armadura e pegou Julia no colo, ligando os propulsores.

         - Onde você vai levá-la? – Indagou Barton.

         - Para casa. Chamarei um médico. E Loki há de pagar pelo que fez.


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