Loki: O Resgate escrita por Tenebris


Capítulo 3
Revolta




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Loki esmurrou uma caixa perdida em seu caminho. Gritou. Ele se sentia idiota. Ridículo. Como uma garota poderia afetá-lo tanto assim? Ainda mais sendo filha de um inimigo.

Entretanto, ao abrir-se, ao contar o que realmente sentia para ela, Loki não pôde evitar sentir-se bem. Foi com desespero que considerou que talvez gostasse de Julia. Loki pouco conhecia o amor em si... Conhecia e dominava a trapaça, a frieza, o interesse e a vingança. O que conhecia era o amor que supostamente sentia sobre os pais. Sentiu-se mais confuso e parou de pensar no assunto.

Preferia aproveitar o momento, ao invés de gastá-lo tentando decifrar sentimentos. Estava resolvido. Ele não alteraria em nada seus planos. Continuaria a atacar os Vingadores. Continuaria tentando dominar Midgard e reinar soberano sobre ela.

Só que iria fazê-lo sem machucar Julia.

Outro mês se passou. E Julia foi se dando conta de que cada vez com mais frequência se pegava pensando em Loki. Se ele estaria sendo sincero ou não em seu último encontro, já que ela repassava o momento em sua cabeça como que para vivê-lo novamente mais vezes do que admitiria.

Luiza não fazia objeção quando Julia lhe contava sobre Loki, em especial sobre seu último encontro, mas sempre lhe recomendava calma e prudência.

Julia, se pudesse ter seu pedido realizado, gostaria de entender Loki. Tinha certeza que pelo menos grande parte de seu fascínio por ele se dava por Loki ser inconstante, imprevisível. Ela nunca sabia o que ele realmente pensava. Não sabia o que o levava a agir. Não sabia se ele estava sendo sincero ou mentiroso. E por não poder prevê-lo, por não saber o que ele realmente sentia e o que queria fazer, ela pensava nele. O tempo todo.

       

Com Loki não foi diferente. Ele também não parava de pensar na garota que não tinha medo dele, que o desafiava e que vinha atrás de respostas. Precisava vê-la urgente. Adiou todos os planos e ataques que planejara, até pensar em um plano perfeito.

Felizmente ou não, Julia estava novamente em uma reunião dos Vingadores.

Pepper estava viajando para Washington e Julia não podia ficar sozinha na Torre Stark. Então, estava com o pai e os outros em um avião da SHIELD.

Julia estava presente apenas de corpo, pois sua mente estava longe dali. Vagava entre todas as suas aspirações, entre todos os seus medos. As conversas eram apenas ruídos distantes e as pessoas eram vultos incômodos.

- Já faz seis semanas que ele não ataca. Deve estar planejando um ataque de proporções gigantescas. – Steve Rogers murmurou.

- Algum registro de atividade recente em algum portal, Thor? – Indagou Tony.

- Não. Ele não foi pra Asgard, e ninguém de lá veio até aqui. Heimdall está nos informando. – Thor respondeu, andando de um lado para outro pela sala.

Quando Julia se deu conta que Loki era o assunto da história, passou a prestar atenção.

- Não se sabe o que ele planeja... E os registros de atividade Chitauriana? – Perguntou Bruce Banner.

- Não conseguimos detectar nada relevante. Achamos que nenhum portal foi aberto. A ponte Einsten Rosen continua lacrada. – Respondeu Natasha, mexendo no computador central.

Os Vingadores estavam tentando se preparar para um possível ataque iminente de Loki, visto que esse estava calmo demais.

Julia podia denunciar o esconderijo de Loki, mas não sabia se ainda era o mesmo. E, mesmo que quisesse, não conseguiria. Não sabia se era certo ou errado, mas não podia denunciar Loki. Era uma dívida. Ele a salvara, e agora ela o salvaria. Antes de qualquer coisa, ela honrava essa dívida. E, além disso, até agora Loki não tinha matado ou atacado ninguém. Estava quieto.

Loki pensou em fugir por um tempo.

Ele era fraco demais. Não sabia lidar com o sentimento que crescia dentro dele. Ao invés de lidar com isso, preferia ignorar. Fingir que não existia. Deixar que sumisse. Ele podia passar um tempo em Asgard, Jotunheim ou Vanaheim. Não via meio de conciliar o afeto por Julia e a vontade que sentia em se vingar dos Vingadores e dominar a Terra.         Esse paradoxo o atordoava.         Precisava falar com Julia rápido. Não na Terra. Em Asgard. Ele se sentiria mais confortável lá. Só precisava de um plano. E ele o teria, em breve.                   No dia seguinte, Julia precisou ir com o pai para a Stark International. Não havia nenhuma reunião na SHIELD, então ela poderia acompanhar o pai ao trabalho.         O dia transcorreu normal. Tony tentava ensinar um pouco de astrofísica e física nuclear para a filha, enquanto construía um protótipo de novos propulsores para a armadura.         Julia sentou-se a um canto, em um fofo sofá vermelho, enquanto o pai ouvia AC/DC e trabalhava na engenharia mecânica.         De repente, o silêncio fora quebrado. Tony ligou o comunicador e disse apressadamente:         - Está bem, Jarvis. Chame os Vingadores. Menos o Banner! O Banner não! Quero preservar o que restar da Torre Stark.         - O que houve, pai? – Julia perguntou, levantando-se assustada.         - O de sempre. Loki está atacando a Stark International.           Julia pensou ter ouvido errado, mas largou o livro no chão assim que processou a notícia. Tony saiu correndo e se atirou pela janela, ligando a armadura. Julia nunca se acostumaria àquele jeito louco do pai, e disparou corredor a fora.         Ela não sabia muito bem o que tentava fazer, mas tinha de impedir Loki. Ir falar com ele. Era a vez dela de usá-lo. Se Julia se interpusesse no caminho de Loki, ele não a feriria. E poderia ser a única chance de fazê-lo parar o ataque.         O problema era que Julia não sabia como achá-lo. A Stark International era grande demais, e os Vingadores estariam no meio da batalha. Mesmo assim tentou. Pegou o elevador e desceu até o térreo.         A confusão se dava no pátio logo na entrada da empresa, onde era possível ver Loki, alguns Chitauris, Tony, Natasha, Steve e Clint. Apesar do pânico geral na empresa, com todos tentando ficar o mais longe possível da batalha, Julia saiu correndo pela porta da frente, a fim de que Loki a visse.         Não demorou muito, e ele a avistou. Estava parada logo na porta da frente da empresa, os cabelos eram fustigados pelo vento e ela o fitava com olhar de raiva.         O plano estava dando certo.         Loki sorriu e se multiplicou, deixando um holograma em seu lugar enquanto o verdadeiro saía andando até onde Julia estava. Os Vingadores estavam ocupados em deter os Chitauris, que pareciam ter aumentado de tamanho e força. Sequer notaram Loki caminhando.         Julia entrou e ficou parada no térreo da Stark International. Estava deserto. Todos que lá estavam, desde funcionários até clientes e fornecedores, haviam fugido.         Então ela parou, e observou Loki vindo lentamente na sua direção. Ele andava tão displicente e imponente que parecia o mesmo vilão idiota. Não parecia o mesmo que a salvara.         Loki também parara na frente dela, observando-a com curiosidade.         - Está louco? – Julia gritou. – O que está fazendo aqui?         Loki fez menção em responder à pergunta, mas Julia o interrompeu bruscamente. Estava desesperada, sem saber o que sentia por vê-lo diante de si.         - Quer saber? Não responda. Não quero saber. Só saia daqui agora. Está destruindo o que é meu.         Loki gargalhou:         - Seu? O que? A Stark International?         - Saia daqui... – Julia repetiu. A raiva por Loki crescendo novamente.         - Saio. Saio, mas com você. Preciso... Conversar. – Disse Loki. Ele estava constrangido, então abaixou o cetro e encarou o chão sem de fato ver.         Julia não mudou a expressão, senão para expressar uma incredulidade. Loki queria falar com ela?         - Onde? – Ela indagou.         - Não aqui. Em Asgard. Venha comigo. – E Loki estendeu a mão para ela. Sua mão tremia ligeiramente, e por duas vezes Loki puxou-a de volta, como se hesitasse em levar Julia consigo. Tinha no dedo indicador um belo anel de jaspe verde, que começou a brilhar.

Julia estendeu a sua mão, ao encontro da de Loki. Mas, antes de fazê-las se tocarem, perguntou:

- Então prometa que vai mandar os Chitauris pararem de atacar a Stark International.

Loki repreendeu-a com o olhar, mas prometeu que pararia.

As duas mãos se tocaram.


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