Skyfall - Fic Interativa escrita por Duquesa de Káden


Capítulo 6
A Farmácia mais Badalada de Seattle


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que ia ser o último capítulo de apresentação de personagens, mas chegou tanto personagem nesses últimos dias que eu quase tive um colapso. O próximo capítulo é o fim das apresentações no oficial então, i promise.
Boa leitura para vocês, hunters.



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01 de fevereiro, ano 2013.

Os últimos três dias haviam sido os piores de sua vida. Já não bastava a dureza que era dormir com um olho fechado e o outro aberto, vinte e quatro horas dentro de um carro alimentando-se apenas uma vez por dia, isso quando achavam alguma mercearia ou algum posto de gasolina que não estivesse vazio ou lotado de mortos-vivos. A única parte boa nisso era Rafael que, apesar de não falar muito, sempre fazia o possível para mantê-la confortável. Exatamente como estava fazendo agora.

Melissa era mulher, isso era óbvio, e se tem uma coisa bastante característica em uma mulher é o modo como o seu metabolismo parece pregar peças nos piores momentos. Foi isso mesmo que você leu. Bastou que ela sentisse aquele conhecido líquido viscoso vazando pelo meio de suas pernas para começar a ficar branca, pálida feito papel, para depois corar e ficar vermelha que nem um tomate maduro. E tudo só piorou quando Rafael começou a olhá-la de rabo de olho, completamente desconfiado.

– Eu estou bem. – ele não perguntou, mas Melissa resolveu responder quando aquele olhar começou a deixá-la apavorada. Teria sido mais fácil se ela tivesse confessado, mas o que iria dizer? “E aí Rafa, dá para parar num supermercado antes que eu ensope a sua poltrona de sangue?”. – Só com dor de cabeça.

– Não dá para sobreviver a um inferno desse com dor de cabeça. – Rafael rebateu, trocando a marcha do carro com aquele jeito meio bruto dele – Vou parar numa farmácia.

A cantora quase teve um colapso quando ele disse isso.

– Ahn... N-não, não precisa.

Ele olhou-a novamente com aquele jeito medido, uma das sobrancelhas levemente arqueada. Estava começando a ficar verdadeiramente desconfiado. Melissa abriu um amplo sorriso falso, tão falso que até ela percebeu e logo murchou toda no acento, voltando a olhar pela janela.

– Vou aproveitar para pegar remédios. Antibióticos, analgésicos, vamos precisar de tudo o que conseguirmos levar.

Não fazia mal, eles já haviam entrado em Washington e, segundo os boatos, as coisas lá estavam bastante amenas. Era até crível, uma vez que Melissa não havia visto mais nenhum errante pela estrada desde que entraram no estado. Finalmente tudo aquilo iria acabar e ela poderia continuar vivendo, de cabeça erguida, como sempre fez.






– Ele enfiou uma tesoura no meu ombro!

Já fazia três dias que Meg dirigia aquele carro. Ela nunca parava. Tinham suprimentos o suficiente naquele porta-malas para mais uma semana, não deram de cara com nenhuma horda por todas as cidades que passaram e Seattle estava mais próxima do que nunca, mas parecia que nada disso tinha importância com Sasha resmungando daquele jeito por todos os malditos três dias.

– Dá pra parar de latir pelo menos por um minuto? – indagou Ross com um cinismo tão venenoso que fez o loiro grunhir – Eu estava me divertindo. Você deveria fazer o mesmo se não quiser parecer um velho ranzinza.

– Se divertir? Você chegou lá fazendo um massacre com o som ligado no último volume, só faltou comprar uma placa em neon escrita “ME DEVORE” e pregar na traseira do carro. – Sasha ia avançar em Ross quando Katharine se enfiou entre os dois, evitando que aquela tesoura se fincasse ainda mais fundo no ombro do loiro – Isso não foi o combinado!

– Pare de tentar bancar o herói. – a voz de Ross era irritantemente suave e calma – Acha que todo mundo tem que fazer o que você quer? Acha que é um astro? – ele sorriu de lado, a maldade escorrendo pelos lábios – Por que está fazendo isso? Você quase nos matou para salvar o Greal e agora ele está morto, e o mais interessante é que você nem conhecia o cara. – o sorriso aumentou. Era um jogo psíquico, Sasha sabia disso, mas não conseguia ficar menos nervoso. – O que você está escondendo, Sasha Shook?

– Chega. – foi a voz de Megan, sempre firme e um tanto quanto fria, sempre confirmando uma liderança que somente ela sabia que tinha. – Chega, Ross.

Mesmo não sendo muito curvado a ordens, foi simplesmente imperioso que ele se calasse naquele momento, quase como se fosse um reflexo. Meg tinha ciência da situação, sempre mantia os seus dedinhos ágeis no controle de tudo. Já fazia um bom tempo que Ross havia entrado para a sua lista negra.

– Precisamos ir a uma farmácia. – disse Katharine, reassumindo a liderança que geralmente a pertencia – Se não tirarmos essa tesoura daqui logo e cuidarmos a ferida pode infeccionar.

Sasha olhou bem nos olhos de Katharine, como se analisasse aquelas palavras. Ela observou que ele estava transtornado, quase desorientado – uma sensação muito difícil de se encontrar naquele rosto sempre risonho – e não pôde evitar considerar o quão Ross estava certo dizendo aquelas coisas. Balançou a cabeça, tentando fugir desse devaneio, pois ninguém nunca deve ouvir um cara como Ross, e só assim percebeu o que Sasha estava prestes a fazer. Não pôde impedir, só deu para ouvir o grito abafado do loiro quando ele arrancou a tesoura do ombro pelo cabo sem o menor cuidado e entregou a ela.

– Eu não sobrevivi ao Texas para morrer por causa da porra de uma infecção.

Meg soltou um risinho pelo nariz.

– Vou levar a gente para uma farmácia. Calado, Ross. – o moreno cruzou os braços sobre o peito ao ter o resmungo cortado antes mesmo que ele abrisse a boca.

Meg olhou-o pelo retrovisor do carro. Aquele olhar cortante que poderia fazer um atirador de elite sair correndo chamando pela mãe. Mas não Ross. Ele olhou-a pelo reflexo e sorriu o mais puxado e sedutor dos seus sorrisos. Aquele sorriso de lado, o olhar quase maroto, como se dissesse: “Você quer jogar?”. E sim, Meg iria jogar.



Alley Coller era o tipo de garota difícil de se encontrar no meio de um apocalipse zumbi. Já havia sido uma garota muito bonita, costumava parar o trânsito com os seus longos cabelos chocolate, os olhos verdes-outono e as coxas grossas, mas agora estava reduzida a pó, areia e cinzas desde a blusa listrada até o all star que devia ter uma parte branca – isso sem esquecer a calça jeans que tornou-se marrom.

Garçonete em um famoso restaurante de Nebraska, começou a trabalhar desde os doze anos junto aos pais e nunca esteve perto de uma arma. Nunca, até ter que pegar uma para sobreviver ao que o Sr. e a Sra. Coller não sobreviveram. Sabia que por eles estava viva. Por eles não havia fraquejado, fora corajosa desde que saiu daquele estado e atravessou milhões de tempestades de areia para chegar em Seattle, e sempre que a coragem faltava, ela tocava os brincos dados pelos avós e lembrava-se do que disseram.

“É uma alusão à esperança.”

Alley estava tocando aqueles brincos naquele exato momento, enquanto segurava a foto dos pais entre os dedos e tentava suprimir as lágrimas para que não manchassem aquele pedaço de papel. O escuro sempre fora um inimigo antigo, das noites em que haviam bleckouts e ela corria para a cama dos pais, se enfiando entre eles. Estava no escuro agora, mas não tinha mais onde se enfiar. A única coisa que podia fazer era ter esperança.

– Alley, você ‘tá aí?

Ouviu a voz dócil lhe chamando e logo abriu um sorriso, sufocando as lágrimas. Não podia ver quase nada a sua frente. Havia anoitecido e os garotos lhe disseram para não acender as luzes da farmácia – era a primeira vez que a luz atraía algo ruim.

– Eu estou aqui, Cameron.

Ouviu um resmungo baixo e sorriu ainda mais ao imaginar a expressão emburrada da garotinha.

– Não me chame de Cameron.

– Desculpe, Cammy. Você já terminou de ler o seu livro?

– Está escuro, não consigo ler. – ela suspirou, como se achasse isso um verdadeiro infortúnio – Eles estão demorando. Você acha que aconteceu alguma coisa?

– Eu acho que não. Mas, mesmo se tiver acontecido, o seu irmão é um cara muito cabeça, ele sabe se virar. – Alley rolou os olhos quando se lembrou do “empecilho” – Mesmo com o idiota do Klaus atrás dele para estragar tudo.

Cameron riu.

– O Klaus não é idiota, ele é legal. Ele é o único que brinca comigo de “Fui a Feira”.

– Provavelmente ele é o único cara de 27 anos que ainda brinca de “Fui a Feira”.

Cameron riu novamente, mas foi interrompida por Alley, que pediu silêncio. Havia escutado um ruído do lado de fora da farmácia. Em meio segundo, já havia pegado a Beretta e corrido silenciosamente até uma das janelas.

– Fique abaixada. – ela sussurrou.

Abriu as persianas com o dedo midinho, esforçando-se para enxergar alguma coisa do lado de fora por um espaço tão pequeno. A única coisa que viu foi a luz do farol de um carro parado e, logo depois, também pôde ouvir a voz de uma mulher. Quando percebeu que ela iria abrir a porta do local, se jogou para trás das prateleiras onde estava Cameron e arrastou-se com a garotinha para os fundos quando acenderam as luzes.

– É um assunto pessoal, Rafael, o que você queria que eu dissesse? – Cameron a olhou um pouco assustada, mas Alley levou o indicador aos lábios e sussurrou um silencioso “Shii”.

– Eu acho que a definição de assunto pessoal mudou um pouco desde que pessoas mortas começaram a andar por aí. – era a voz de um cara. Aparentemente, ele estava meio irritado. – O que você acha? Que isso é um evento especial? Eu já tive uma irmã, sabia?

– Por que você está tão nervoso? – a voz da mulher pronunciou-se novamente, um pouco mais calma, como se quisesse fazer a sua paciência ser contagiante – Não aconteceu nada, eu não...

– Você podia ter me avisado que ligou o seu holofote para atrair zumbis, não acha?

Ela se calou. Alley não conseguia ver os rostos, somente um tênis all star e um coturno através das grandes prateleiras. Pôde ouvir um suspiro, mas não soube exatamente de qual dos dois ele veio.

– Desculpe. – a mulher falou, sendo absolutamente franca no que dizia.

– Tudo bem. – o tal Rafael respondeu sem nenhum resquício de nervosismo na voz – Pode pegar o que quiser. Eu vou dar um pulo na ala dos medicamentos.

Ambos se dispersaram, indo para lugares opostos. Alley trancou a respiração quando viu o coturno e as passadas rígidas chegando perto, chegando perigosamente perto, e o seu corpo praticamente se afundou na parede junto a Cameron. Tudo o que conseguia fazer era rezar para que aquele casal em crise, ou seja lá que merda eles fossem, tivessem bom coração e não a matassem quando vissem que não estavam sozinhos. No entanto, novamente a porta abriu, dessa vez com bastante agressividade. Primeiro viu um par de sapatilhas vermelhas, depois outro all star (mais empoeirado que o da mulher de antes), outro par de sapatilhas vermelhas e botinas de exército.

– Ora, ora, o que temos aqui. – uma masculina se pronunciou irônica e arrastadamente.

– Abaixe a arma, Ross. Nós não queremos confusão. – outra voz masculina gralhou em seguida, num tom aborrecido.

– Quem são vocês?

– Nós fazemos as perguntas. – dessa vez fora uma voz feminina, meio autoritária e estritamente cuidadosa – Eu vi o seu carro lá fora. Bem conservado, placa da Califórnia... Você chegou um pouco longe para um mero taxista, não? Está sozinho?

– Por que eu responderia isso para um bando de desconhecidos?

Alley sentiu que era um bom momento para dar no pé pela porta dos fundos aproveitando o crescente clima de tensão que crescia ali dentro. Fez sinal para Cameron a seguir e silenciosamente começou a andar, meio agachada, com o braço rente na parece.

– Porque é educado responder perguntas, e é aconselhável ser educado com alguém que está apontando uma arma para a sua cabeça. – ela ainda podia ouvir a voz daquela mulher, pensando justamente que o “casal” que havia chegado ali primeiro parecia bem mais amigável.

– Meg, precisamos dos antibióticos rápido. Sasha está perdendo muito sangue.

– Ross, já sabe o que fazer.

Nesse momento Alley estava com o pé no corredor que dava direto para a porta dos fundos da farmácia, mas a mulher que estivera brigando com o tal Rafael no começo de toda aquela confusão acabou esbarrando nela acidentalmente, quase derrubando o que tinha nas mãos. Provavelmente ela iria gritar, mas quando viu o olhar assustado de Cameron segurou a língua nos dentes obrigando-se a ficar calada. Bastou somente aquele gesto para que Alley e a desconhecida se tornassem cúmplices naquele perigoso jogo de esconde-esconde.

A porta se abriu pela terceira vez e as meninas puderam ouvir todos os “clicks” das armas sendo destravadas acontecerem mutuamente. Cameron correu para a porta e tudo o que Alley pôde fazer foi segui-la para tentar impedir aquele desastre, mas foi vista antes mesmo que pudesse segurar o braço da garotinha e levá-la de volta para onde era razoavelmente seguro. Ao ver-se só, Melissa também resolveu se enfiar na confusão. Preferia estar em perigo comunitário do que sofrer de solidão no lugar mais seguro da Terra.

– Carter!

A pequena jogou-se nos braços do irmão mais velho, que estava paralisado com todas aquelas armas apontadas para ele. Um cara meio punk estava do seu lado, com um taco de baseboll cheio de pregos soltos que deviam doer se fossem usados, mas nada valiam perto de armas de fogo e, quem diria, até de um lança-granadas. Melissa quase brotou atrás de Rafael – sentia-se estranhamente protegida perto dele – enquanto os dois desconhecidos se tornaram o motivo pela completa união daqueles grupos.

Melissa, Rafael, Alley, Cameron, Carter, Klaus, Megan, Katharine, Ross e Sasha num mesmo recinto.

Chance zero de sobrevivência.


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Notas finais do capítulo

Obrigada Alley Coller, Paula Padilla e Yuki Uchiha pelos personagens divinos. Quem tá feliz que a masculinidade invadiu a fic aê levanta a mão o/ #apanha'.
Bem pessoal, agora falando sério, é o seguinte. Eu estou começando a sentir excesso de personagens. Vai ficar muito pior quando o grupo inteiro se juntar então eu já vou logo avisando que peoples gonna die, certo? Está muito cedo para isso, é verdade, mas se o seu personagem morrer, paciência, ainda haverão outras temporadas com velhos e novos sobreviventes.
Também aceito votação. Gongar um personagem que você odeie pode salvar o seu u.ú
Beijos gurizada, até amanhã.