-Vanessa-

-Obrigada Lea! – agradeci à senhora que cuidava de nos, terminando a torrada, quando Charles apareceu nas escadas. – Bom dia, bela adormecida! – disse ironicamente, e subi para o dormitório escovar os dentes.

Charles continuava o mesmo magricelo, alto, e com a pele da cor do café com leite. Era criativo, assim como eu, e meu companheiro de expulsões. Atraia raios, e era disléxico e tinha déficit de atenção, assim como eu. Nos éramos bons amigos, os melhores, na verdade.

Escovei meus dentes e peguei minha mochila, era nosso primeiro dia em mais uma escola, essa já era a sétima escola em que nos matriculavam, fomos expulsos de todas as outras, por motivos que eu juro que não tivemos culpa, na maioria. Ben esta conosco desde a quarta escola, Greene School, aonde fomos expulsos por causar uma explosão de eletricidade no laboratório, o que gerou congelamento da escola inteira, Ben esta conosco desde então.

Ben é um sujeito estranho, mas gostamos dele. Ele é branquelo e tem cabelos castanhos, enrolados e mal penteados, usa roupas largas, como um cantor de RAP, e ele também tem um problema nas pernas, o que o faz andar torto e engraçado. Ele sempre precisa de apoio quando corre.

-Nessie, vamos! –ouvi Charles gritar.

Desci correndo as escadas e quando cheguei, Ben e Charles estavam na porta.

-Ola garotinha. – ele disse, bagunçando meu cabelo. – Ansiosa?

-Não, indiferente, talvez fosse a palavra apropriada. – disse dando-lhe um soco no braço e bagunçando meu cabelo do jeito que gosto que fique. – E você?

-Nem um pouco... – ele começou a andar e tropeçou no calçamento, Charles o segurou. – Obrigado!

-Você sabe o caminho para o Golders Colege, não é? – Charles perguntou.

Ben balançou a cabeça afirmando.

Caminhamos por um bom tempo, ate finalmente avistarmos um edifício branco e verde, rodeado por arvores.

-Ate que não é feio. – Bem resmungou. – Gostei das arvores! – e deu um pulinho, se apoiando em Charles. Rimos da situação.

Assim que entramos no colégio, a primeira coisa que pensei foi: “Esse lugar é quente demais!”.

A primeira aula foi de Ciências, matéria que me dou bem, sempre tirei boas notas nela, a única também, depois de artes.

A segunda aula foi de matemática, resultado: dormi a aula toda. Acordei com Charles me tacando bolinhas de papel amassado.

Mas a pior foi a quinta aula, Geografia, não pela matéria, mas sim pela professora, Srta. Loray. Ela era linda, chata e irritante, sua voz era doce demais, Charles e Ben só faltavam babar nela. Ou melhor, Ben babou, e ainda soltou um “Bééé” quando ela entrou o que me fez rir.

-Como hoje o tema é clima, eu gostaria que me falassem um lugar que pertença ao clima frio.

Instantaneamente eu ergui a mão. Mas não sabia o que iria falar, mas algo dizia a resposta pra mim, uma voz muito semelhante a minha. “Frio, Vanessa, essa você sabe responder. Pois é de lá que você vem, apenas lembre-se.”

-Sim...? Desculpa você deve ser a aluna nova, qual seu nome?

-Vanessa.

-Muito bem Vanessa, você quer responder?

-Se levantei a mão, é meio obvio... – disse caçoando e ouvi Charles abafando um risinho.

-Pode responder então. – ela disse rispidamente, me encarando.

-O Canadá possui o clima frio.

-Explique o por que.

-Por que ele se localiza no hemisfério norte, que é mais frio. – disse sorrindo.

-E por que o hemisfério norte é mais frio?

-Por que este situado perto do Polo Norte. – eu simplesmente não sabia como respondi essa.

-Muito bem.

-“Dez pontos para a Corvinal!” - sussurrei para Ben e Charles, que abafaram risinhos.

-Com licença Srta. Loray?

-Claro Sam!

-Posso pedir para a inspetora desligar o ar?

-Realmente esta congelando aqui dentro, vá!

-Mas... Srta. Loray, o ar não esta ligado! É a temperatura ambiente. – disse um garoto.

-Eu não estou sentindo frio, a temperatura esta reconfortante para mim. – disse indiferente.

-Er... Nessie... – Charles me chamou assustado.

-O que foi Charles?

De repente Charles provocou um choque, passando eletricidade para o garoto da frente, que levou um choque enorme, e logo em seguida ouve uma descarga elétrica.

-CHARLES! –gritei desesperada.

As luzes piscaram na sala e uma aluna gritou, outra se queixou da baixa temperatura.

Ben parecia desesperado também, e estava mastigando umas folhas do caderno, olhei para Charles e ele me olhou assustado, as lâmpadas explodiram e os alunos saíram correndo e gritando para fora da sala. E eu cai.