Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo
A noite passava rápido, parecia que a morte queria ter um encontro mais rápido comigo. Lágrimas caiam a todo instante, o tom de minha pele não era totalmente mais branco, e sim com manchas de sangue. Horas se passaram de muito choro, dor, e saudade. O dia amanheceu, os pássaros cantavam, borboletas voavam por cima, o céu estava azul, tudo parecia feliz, e eu era o detalhe que estragava a felicidade. Eu gritava, mas nada aparecia, aquilo já estava se tornando o inferno, um ponto de tortura, a sede e a fome já estavam chegando a um estado insuportável, a dor aumentava cada vez mais. A situação estava se tornando agoniante.
O dia passou, e eu tinha a impressão de que a morte estava por perto. A noite chegou, tentava gritar, não conseguia, meus lábios estavam secos, ressecados, e rachados, os mosquitos já me rodeavam, a perna piorou. Passei mais uma noite em claro.
-Socorro... –Eu tentava emitir. –Me ajudem. –Eram as únicas coisas que me tentavam sair de minha boca.
O segundo dia foi o mesmo do anterior, só que piorava, tosses, ameaça de vômitos, a respiração já estava diminuída. O coração já não batia normalmente, e com tudo isso, já não tinha como escapar. As lágrimas já não caiam, estava tudo ressecado, eu enxergava tudo embaçado, a morte estava mais próxima do que eu pensava. As horas corriam, tudo diminuía, com exceção da dor, que só se expandia. A tarde, já com dificuldade para respirar, meus olhos começaram a se fechar, eu lutava contra, mas não tinha mais forças, e logo, tudo se tornou somente escuridão.
-Ela está acordando! –Uma voz feminina disse.
-Devemos apaga-la? –A voz de um garoto surgiu.
-Melhor não.
Abri meus olhos lentamente, tossi e todo meu corpo doeu. Percebi que não estava mais no buraco. E logo tentei me esforçar para falar.
-Á..gua. –Minha voz saiu falhada.
-Austin, corra! Pegue a água! Anda! –Uma mulher disse. Não tinha visto quem era, e nem queria, a única coisa que me importava era a água.
A mulher me deu a água na boca, eu estava sem força para e não conseguia fazer nada. Aquilo que ela me deu não era o bastante, então pedi de novo, e me trouxeram mais. Até que recuperei uma pequena força para falar.
-Me ajudem, por favor. –Eu disse tossindo, e quase vomitando.
-Claro! Mas diga, qual liga você é? – A mulher perguntou.
-Hesthia.
-Austin, sabe onde é?
-Sim. –Ele respondeu.
-Então corra lá, e os chame. –A mulher mandou, e ele foi. –Simon, me ajude a coloca-la sentada.
O tal homem Simon, me pegou no colo, meu corpo estava mole, e minha perna doeu mais. E me colocou encostada numa árvore. E percebi que aquela liga não era muito igual a nossa. Havia uma mulher com asas, um bicho gigante e medonho, era meio que uma mistura de tudo, uma menina com o cabelo meio azul, e o homem, Simon, que era o mais normal. A menina com o cabelo azul estava me trazendo um balde com água, e peixe. Eu comi desesperada, pedindo por mais, e enquanto a garota me trazia mais, a mulher com asas me perguntou.
-Como foi parar lá?
-Eu estava fugindo. –Respondi.
-Fugindo de quê? –Simon questionou.
-Eu estava com alguns integrantes do meu grupo andando na floresta, perto da praia, e encontramos com outros integrantes de outra liga, as pessoas que estavam comigo, creio que não iam com a cara deles, começaram a lutar, e um deles, disse para eu fugir, e foi fugindo que cai no buraco. –Eu disse comendo.
-Mas por que eles mandaram você fugir? –A mulher com cabelos azuis perguntou.
-Ou era porque eu sou novata, ou é porque, eu, na terra, sou inofensiva. –Disse.
-Seus poderes são relacionados a que? –A mulher com asa me perguntou.
-A água. –Respondi.
-Desculpa por não ter nos apresentados. –A garota de cabelos azuis disse. –Eu sou Adhorat, ela, -Adhorat apontou para a mulher com asa. –É a Althea. Este, como você ouviu, é o Simon. E aquele, -Apontou para o bicho esquisito. –É o Spott, nosso hipogrifo. E temos mais um integrante, que é um garotinho que foi até o seu grupo, que se chama Austin. –Terminou.
-Espera, espera. Aquele bicho esquisito ali, é um o que? –Perguntei confusa, sem mover minha perna.
-É um hipogrifo, ele é a mistura de grifo e cavalo. –Althea tentou me explicar, mas aquilo não fazia sentido.
-Enfim, meu nome é Selene. –Eu disse.
Austin surgiu do meio das árvores, e disse.
-Os trouxe o mais rápido que consegui. –Estava ele com Sebastian e Adella.
Os dois, Sebastian e Adella, estavam exaustos, e Sebastian, quando me viu, sem se importar que alguém visse, ele veio correndo até mim e me beijou. Ele estava desesperado. E perguntava o tempo todo.
-Você está bem? Aonde você esteve? Passamos noites em claro te procurando.
-Não, eu não estou bem. Eu estava morrendo quando me encontraram na armadilha que cai, e por favor, sem querer ser ruge, poderia sair da minha perna quebrada? Tá doendo demais, e eu estou me controlando pra não chorar. –Eu o respondi.
-Quer que te levamos a um riacho perto daqui? –Adella perguntou.
-Por favor. –Pedi.
-Qual é o mais perto daqui? –Sebastian perguntou.
-Nós iremos te guiar. Mas acho que não vai dar para ela ir em suas costas não... –Simon disse, já sabendo que Sebastian era um lobo.
-Por que não? –Perguntou.
-Porque você vai meio que galopar, e a perna dela está muito frágil, ela não irá aguentar a dor. –Respondeu.
-Sugere que a levamos como? –Sebastian questionou.
-Spott! –Simon chamou o hipogrifo. –Voando.
Aquilo não parecia uma boa ideia, nunca tinha voado, e não era de meu interesse naquele momento.
-Você terá que se segurar bem forte no pescoço dele. –Althea alertou. –Eu irei voando junto a você. Austin, Simon e Adhorat, fiquem aqui para proteger o acampamento.
-Ok.
Sebastian me pegou no colo na horizontal, e me colocou no Spott. Me ajeitei, e segurei forte em seu pescoço.
-Segura firme viu? –Sebastian disse.
-Ok. –Tentei sorrir com a dor.
Sebastian se transformou em lobo, Adella subiu em cima dele, e com um impulso, Spott começou a voar, Althea guiava os dois que caminhavam na terra. A vista era linda, por um momento, a dor deu uma trégua, e me deixou saborear aquele momento. Parecia que dava para tocar as estrelas, a Lua brilhava. Aquilo, era bom, mas passou rápido, o caminho não era longe, e logo a vista se foi. Spott aterrissou, e logo Sebastian, Adella, e Althea já estavam lá. Como já era noite, não dava para perceber os detalhes do lago. Sebastian se transformou em humano, me pegou de novo e me levou até o lago, a água estava gelada, mas sabendo que era para meu próprio bem, lancei meu poder Zona de Cura, e a dor se foi. Até que Adella disse.
-Antonella não vai gostar nada quando souber que vocês dois estão juntos...
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