Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 8
A fuga




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Adella parecia, em seu físico, uma garotinha inocente, simpática, mas quando escutei sua história, isso já não era mais válido. Ainda não conseguia entender como ela superou a morte de seus conhecidos matando outras pessoas. Mas de uma coisa eu sabia, Adella não era inocente, mas sim, forte.

-Bom, acho que já chega por hoje. –Adella disse se levantando e caminhando até Sebastian que dormia na pedra.

-Concordo. –Me levantei a seguindo.

-Levanta pulguento! –Adella deu um chute não tão forte na barriga de Sebastian. O que me fez rir. Apesar dela não sorrir, dava para ser uma ótima comediante.

Ainda tonto de sono, Sebastian tentou se defender.

-Fique sabendo que não tenho pulgas. –Disse enxugando a baba que escorria de sua boca.

-Cala a boca babão. –Adella retrucou.

Fui até Sebastian, que esfregava seus olhos, estendi minha mão para ajuda-lo a se levantar, e por incrível que pareça, consegui. Adella que caminhava na frente, parou na entrada da floresta esperando Sebastian se transformar em lobo. Ele ia dar um susto nela, mas quando chegou o mais perto, ele parou, olhou para cima, e disse.

-Vocês ouviram isso? –Sebastian perguntou.

-Só estou ouvindo os pássaros... –Respondi.

-Deve ser suas pulgas dando uma festa... –Adella me fez rir mais uma vez.

-É sério gente. Sem brincadeiras agora. Ouviram? –Sebastian disse olhando para a copa das árvores.

Tentei me concentrar, mas nada, nada fazia barulhos ou algo do tipo.

-Ainda não ouço nada. –Eu disse.

-Também não estou escutando nada. –Adella disse.

-Vamos sair logo daqui, não estou com bom pressentimento... –Sebastian disse se transformando em lobo.

-Ok. –Eu disse.

Subimos em cima de Sebastian, desta vez, Adella foi na frente, e eu atrás. As orelhas de Sebastian estavam atentas a qualquer coisa. Não estava correndo tanto, apenas tentando identificar o que estava acontecendo ali. Eu e Adella olhávamos para um lado e para outro, atentas igualmente. Adella segurava seu relógio com força, Sebastian estava com seus sentidos aguçados e preparados, e eu, desprotegida, não havia água perto dali, estava totalmente vulnerável. Até que ouvimos uma voz masculina.

-Olhem só quem está aqui... Sebastian, saudades de você! –Um homem surgiu em nossa frente junto a duas garotas. Sebastian rosnou, o que me fez ficar preocupada.

-Quem é a novata? –A garota que estava de mãos dadas ao homem perguntou.

-Não te interessa Demetra. –Adella respondeu.

-Não se deve falar assim com a namorada dos outros, pirralha... –A outra garota disse.

-Você não controla o que eu falo ou deixo de falar Ella... –Adella respondeu séria. Sebastian ainda estava parado, pronto para qualquer coisa que acontecesse.

-Temos uma nervosinha aqui... –O homem falou.

-A nervosinha aqui esta quase atacando vocês. –Adella retrucou descendo de Sebastian. E disse logo depois para eu descer também, e foi o que eu fiz.

-Vamos abaixar o nervosismo dessa pirralha? –A garota chamada Ella disse.

-Vamos. –O homem e Demetra concordaram.

-Corre Selene. –Adella sussurrou para mim. Eu fiquei insegura, e ela continuou. –Fica tranquila que nós iremos te encontrar.

-Você tem certeza disso? –Sussurrei de volta.

-Corre! –Ela gritou. E Sebastian deu uma patada em Ella.

Sai correndo sem rumo, eu não fazia ideia para onde eu estava indo, corria e o que eu via era só arvores, pedras, pássaros, mais nada. Aquilo só me fazia ficar com medo. Já estava escurecendo, já havia corrido demais, estava cansada, com medo, e preocupada. A preocupação não era de eu estar totalmente perdida, e sim, preocupada com Adella e Sebastian, eu sei que são fortes e perigosos, mas eu não sabia nada daquelas pessoas, não sabia do que elas eram capazes de fazer. Ao passar um tempo pensando e andando, a escuridão já havia tomado posse do céu, a Lua brilhava, o vento cantarolava uma melodia nada amigável ao passar entre as copas das árvores, animais da noite faziam barulhos, apenas a Lua iluminava o meu caminho. Parecia que estava sendo vigiada, ou algo do tipo. Os pequenos galhos de árvore espetavam meus pés descalços. Ouvi algo rugindo, e como já estava com medo, comecei a correr. E aconteceu o inesperado. Eu apenas olhava para frente quando estava correndo, e sem perceber, caí em uma espécie de armadilha. A queda foi longa, era um buraco com bastante profundidade. Me machuquei demais, a dor era insuportável, estava toda ralada, sangrando, e creio que havia quebrado uma de minhas pernas. Estava tudo acontecendo rápido demais. Lágrimas escorriam dos meus olhos, eu gritava pedindo por ajuda, a dor aumentava. A noite estava ficando mais fria, nenhum sinal de vida. A dor parecia estar dando alguma trégua, então resolvi me mexer, mas errei. Aquilo doía demais, me arrastei até o canto do buraco, e me encostei. Minhas pernas estavam esticadas, minha respiração aumentada, meus braços sangravam, as lágrimas escorriam, e eu gritava. Passaram-se horas, não aguentava mais, o que me restava era ficar quieta, e dormir, o que era impossível. Olhei para o céu, de onde eu estava, apenas dava para ver o céu e as estrelas. A dor aumentava a cada vez que me lembrava de meu pai, da minha casa, de Sebastian, de todos, era como se algo me devorasse por dentro e por fora. Eu não controlava mais quando chorar, quando gritar, quando suspirar. Não havia nada para eu fazer, minha voz já estava rouca, não saia direito, meus olhos já estavam se transformando em uma cachoeira, tudo estava desabando em meus pensamentos. Eu imaginava o que aconteceria se algum estranho me encontrasse, poderia ser um tanto quanto mal, mas em pequenas hipóteses, poderia ser do bem. Mas naquele estado, eu só pensava em coisas negativas do que poderia acontecer comigo. Uma das coisas que estava passando em minha mente era a hipótese de morrer. Morrer era o mais viável naquela situação, sede, fome, dor, tudo isso e mais outros fatos, ajudavam com a tal hipótese. Eu não tinha ideia de como sobreviver naquele buraco escuro e vazio; não havia comida, água ou qualquer coisa para auto sobrevivência. E a cada pensamento, mais a hipótese de morte me vinha na cabeça.


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Notas finais do capítulo

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