Hesthia, Ainda Há Esperança escrita por Luiza Rabelo


Capítulo 10
Adella não é o que parece


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! D:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/319479/chapter/10

  -Não faria isso... Faria? –Perguntei a olhando com piedade.

  -Não me olhe assim... –Adella disse se virando.

  -A minha pirralha favorita não faria isso, não é? –Sebastian disse abraçando Adella.

  -3...2... –Adella contava regressivamente para Sebastian se afastar dela, e ele se afastou. –Não conto com uma condição...

  -E qual é? –Sebastian questionou.

  -Nunca mais me abraçar. –Ela disse.

  -Ok, esquentadinha!

  -Está melhor? –Althea perguntou.

  -Sim! Completamente curada. –Respondi.

  -Interessante seu poder... –Althea disse.

 Eu apenas sorri e me levantei da água.

  -Bom, obrigada pela assistência, e por ter me encontrado... Provavelmente, agora, eu já estaria morta. –Eu disse a abraçando. –O Spott reage bem com gestos de carinho? –Perguntei indecisa do que ia fazer.

  -Sim. Ele ama que esfreguem a mão em seu pescoço. –Althea disse.

  -Own, você é muito meigo Spott! Obrigada por tudo. –Eu disse fazendo carinho em seu pescoço, e o beijando em sua “testa”.

  -Ele não é capaz de amar não, é? –Sebastian perguntou a Althea.

  -Está com ciúmes? –Althea disse rindo.

  -Não, poxa, é que... Sim, estou... –Sebastian confessou.

  -Para né Sebastian. –Eu disse ainda fazendo carinho no pescoço de Spott e olhando para Sebastian.

  -Ele ganhou beijo na testa, nem eu tenho isso. –Reclamou.

  -Sebastian... Vem cá. –Eu disse séria.

  -Pra quê? –Perguntou.

  -Anda. –Eu disse ainda séria.

 Ele veio, e beijei a testa dele.

  -Satisfeito? –Perguntei ainda séria.

  -Não foi com carinho... –Ele sussurrou pensando que eu não escutei.

  -O que disse? –Me fiz de boba.

  -Que eu estou muito satisfeito. –Ele disse alto e em bom tom. O que me fez rir.

  -Chega de baboseira não é...? –Adella disse.

  -Sim, já está ficando tarde de mais, melhor irmos. –Concordei.

  -Sabem como se chega em seu acampamento? –Althea perguntou.

  -Sim. –Sebastian disse.

 Me despedi de Spott, e de Althea, agradeci mais uma vez, e Sebastian se transformou novamente em lobo. Subimos em cima dele, e fomos, Althea e Spott também foram só que em rumo ao acampamento deles.

 Sebastian, ainda estava correndo em direção ao acampamento e eu resolvi conversar com Adella.

  -Como foi a luta de vocês com aquelas pessoas? –Perguntei.

  -Só digo uma coisa, eles terão de ter muito tempo para se recuperar dos arranhões, e dores que causamos neles. –Adella respondeu.

  -Então a briga foi boa? –Perguntei.

  -Maravilhosa. –Adella respondeu com um tom malicioso.

 Como o caminho era longe, conversamos mais um pouco sobre a luta. Ouvi Adella várias vezes suspirar, mas não era um suspiro de prazer pela luta, e sim, um suspiro mais demorado, com mais sentimento, por mais que eu podia estar errada, eu acreditava que por um momento, Adella poderia ter se apaixonado. Por quem? Não sabia. Aquilo me deixou feliz por ela. Mas como não tinha nada confirmado me mantive com as perguntas, e deixei para fazê-las outra hora.

 Desta vez, eu estava com a cabeça levantada, e não precisei ver que Sebastian estava diminuindo a velocidade. Wrath estava sentado no mesmo lugar de sempre, me olhando, eu apenas o vi, e não o olhei mais.

 Eu não confiava tanto em Antonella quanto eu confiava antes. Mas como ela podia fazer qualquer coisa comigo, achei melhor evitar pensar nisso.

  -Selene! Eu fiquei preocupada com você! Está bem? –Antonella disse correndo até mim, que já ia descendo de Sebastian junto com Adella.

  -Oi! Sim, estou bem. –Respondi dando um sorriso falso.

  -Aonde você estava esse tempo todo?

  -Como você deve saber, encontramos com um pessoal nada agradável no caminho, e Adella achou melhor eu fugir, e ela disse que iria me encontrar, com segurança, eu sai correndo a mata a fora, mas achei que estava ficando escuro demais, e eu já estava com medo, e comecei a correr, e sem prestar atenção, eu cai em uma espécie de armadilha, e como ela era muito funda, acabei quebrando uma de minhas pernas. Passei os dois dias mais longos de minha vida dentro daquele buraco. Estava quase morrendo até que eu desmaiei, e nesse tempo, outra liga me encontrou, e me deu assistência. Só não sei o nome. Mas me pareciam amistosos. Enfim, me deram comida, água e consegui me repor um pouco. Até que Althea encaminhou Austin até aqui para chama-los e me ajudar. Logo depois, me levaram até o rio, onde me curei. E agora, acabamos de chegar de lá. –Contei sem dar os detalhes.

  -Que aperto, não?! –Antonella disse.

 A cada palavra dela me fazia pensar que ela estava sendo mais falsa comigo. Pra mim, ao ela ter falado “Que aperto, não?!” eu completei a frase com “Por que não morreu de uma vez?!”. Creio que quando conheci Antonella, eu estava inofensiva demais, mas agora, eu percebi que nem sempre as pessoas são como a gente pensa.

  -Quer peixe Selene? –Sebastian perguntou.

  -Claro! –Respondi.

Sebastian pegou o jeito de tostar o peixe, e estava parecendo que ficou melhor do que o meu. Quando comi, sim, provei minha teoria, estava maravilhosamente melhor do que o meu.

  -Meu Deus! O que você pôs aqui? –Perguntei saboreando.

  -Segredo. –Ele disse me fazendo sorrir. E logo voltei a comer o peixe.

  -Mas afinal, de quem era a liga que me socorreu? –Perguntei.

  -De Ulisses, se chama Chronos. E por sorte, eles não são nossos inimigos. Nós meio que fazemos uma parceria nas lutas. –Sebastian respondeu.

  -Mas por que eles são a única liga que estão de acordo?

  -Nossos fundadores tiveram nada a ver com a briga, então continuamos na paz, desde o início das ligas individuais. Nunca matamos nenhum deles, e eles, nenhum de nós. –Respondeu.

  -Legal... –Eu disse.

 Acabando de comer, eu fui para minha cabana, trocar de roupa. Fui colocar o tal “pijama”. Levei alguns longos minutos para conseguir coloca-los, afinal, eu não queria ficar dependendo de Antonella. Após ter colocado, nem sei de minha cabana, apenas coloquei minha cabeça para fora, e dei boa noite a todos.

 Na cama fiquei pensando em tudo o que passei naquele buraco, se não fosse pela liga que me encontrou, eu estaria morta naquela hora. Refleti sobre isso alguns minutos, e logo o sono chegou.

 Acordei com o cheiro de peixe se expandindo em todos os lugares. Parecia que teríamos peixe para o café da manha. Demorei um pouco para vestir o vestido que Antonella me dera, o vermelho de bolinhas brancas. Ele ficou muito meigo. Ajeitei meu cabelo, que aparentemente parecia que um peixe elétrico havia encostado em mim. E sai.

  -Bom dia gente. –Falei no geral.

 Todos me responderam menos Wrath. Não liguei muito para isso, e fui logo pegar o peixe. Estava muito bom, claro, quem fizera ele foi Sebastian. Adella, que estava comendo seu peixe, disse.

  -Selene, preciso que você venha comigo até um lugar que não é longe daqui.

  -Ok... –Respondi.

 Terminando de comer, Adella me chamou para ir. Fomos caminhando, e entramos na floresta fechada. Até que eu resolvi perguntar.

  -Nunca se apaixonou?

  -De que diabos de lugar veio essa pergunta Selene? –Adella perguntou.

  -Bom, não sei. Curiosidade... –Eu disse.

  -Não. –Ela disse insegura.

  -Tem certeza? –Perguntei.

  -Sim... Quer dizer, não... Enfim, tenho certeza que nunca me apaixonei. –Adella tentou retomar a postura.

  -Se enrolar nas frases é o começo de uma paixão... –Eu disse sorrindo e olhando para ela.

  -Eu não estou apaixonada Selene. –Ela disse séria. Pra variar.

  -Aah! Para Adella! Confessa! Confessa de que gosta de Austin. Está na cara! –Eu disse chegando ao ponto.

  -Austin? Para, você está louca. Deve ter sido a queda do buraco. Deixou fortes sequelas... –Adella disse tentando fingir que eu estava errada.

 -Anda Adella. Fale a verdade. Está na cara que você gosta dele. Só seus suspiros de ontem já me respondiam tudo. –Eu disse.

  -Mas eu não... –Ela hesitou. –Uhh... está na cara mesmo? –Entregou os pontos.

  -Bom, eu sei quando alguém está assim, porque eu já fiquei assim também... –Eu disse.

  -Eu gosto dele já faz quatro meses, e nada. Nunca veio conversar comigo. Creio que não sou o bastante para ele... –Adella se confessou mostrando que lá, bem no fundo mesmo, ainda havia uma chama de sentimento viva.

  -Adella, não pense assim.

  -E como vou pensar então?

  -Pense em mostrar mais seus sentimentos do que se trancar em um só, no qual, eu acho que é o de vingança. Deixe-me ver seu sorriso como este. –Eu disse sorrindo para ela. Ainda continuávamos andando até onde ela queria ir.

  -Eu não sorrio. –Ela disse com sua mesma expressão.

  -Aah, para Adella, deixe disso e sorria. –A encorajei.

  -Não. –Se recusou.

  -Quer que Austin goste ou não de você? –Questionei.

 Apenas essa frase, foi para ela tentar sorrir. Ela começou esticando o canto de sua boca, com dificuldade.

  -Vamos Adella! Força! Mostre algo além de sua vingança. –A encorajei.

 Ela conseguiu “sorrir” de lado.

  -Agora falta o outro lado. –Eu disse.

 Foi bem devagarinho, mas no final de tudo, ela conseguiu. O sorriso dela era lindo. Creio que fui a primeira a ver aquilo após a morte dos pais dela.

  -Adella, você precisa sorrir mais. Seu sorriso é, definitivamente, lindo. –Eu disse.

  -Você acha? –Perguntou desfazendo-se do sorriso.

  -Não só eu acho, quanto Austin também vai achar. –Nós duas sorrimos.

 Era tão bom ver ela sorrindo. Parecia que Adella estava se libertando de um sentimento de vingança e se abrindo para outros.

  -Viu?! Não é tão ruim... –Eu disse.

  -Não me lembrava de que era bom sorrir assim. –Confessou.

  -Mas agora sempre irá sorrir. Mas mudando de assunto... Por que estamos aqui? –Perguntei.

  -Para isso. –Entramos em um vão que dava para um tipo de casa abandonada.

  -O que é isso?

  -Eu realmente vi que você e Sebastian se amam, e resolvi fazer com que Antonella não controle suas mentes. –Adella respondeu.

  -E com quem vai conseguir isso? –Questionei.

  -Com a bruxa anciã. –Respondeu.

  -E ela cobrará alguma coisa?

  -Sim, precisará de Nectuns, mas eu já consegui.

  -E o que são Nectuns?

  -São moedas de ouro.

  -Por que você pagaria isso para mim?

  -Porque você é a única do grupo que me trata bem, e que eu gosto. –Confessou.

  -Own! –Eu disse a abraçando.

  -Abraço não! –Ela disse.

  -Temos que treinar agora o abraço... –Eu disse rindo.

 Entramos na casa, era velha, abandonada, sem luxo, tudo feito de madeira, haviam coisas quebradas em alguns cantos da casa. Também havia uma velha, que parecia muito simpática, e pelo que parece já conhecia Adella. Ela vestia trajes velhos, sua pele era branca, seus olhos castanhos, se apoiava em uma bengala feita de madeira, era incrivelmente bem feita, seus cabelos brancos longos caiam sobre seu ombro.

  -Oi meu anjinho, como vai? –Perguntou.

  -Vou bem. Bom, essa é Selene, é nova no grupo. –Respondeu.

  -Olá Selene!

  -Oi! –Eu disse.

  -O que quer para hoje? –A bruxa perguntou.

  -Queria duas poções para não deixar as pessoas que possuam o poder de controlar mentes controlar as de Selene e de Sebastian. –Adella pediu educadamente.

  -Entendi. Mas eu vejo que você está um pouquinho diferente... Não está mais séria... –A velha notou.

  -Selene vem me ajudando a superar as coisas que aconteceram comigo.

  -Você é ótima. Me espanta ver Adella tão mudada assim. –A bruxa disse a mim.

  -Adella não é tão séria quanto parecia. Ela só precisa se soltar um pouco... –Respondi com um sorriso.

 A bruxa sorriu igualmente, e pegou dois pequenos vidros que estavam esquecidos no fundo de um pequeno armário que se dependurava na parede. Ela veio até mim com os dois vidrinhos e me entregou. Notei que estava escrito “Lágrimas de Unicórnio”.

  -O que é um unicórnio? –Questionei.

  -É uma espécie de cavalo mágico, que possui um grande chifre em sua testa. –A bruxa respondeu.

  -E por que tirariam lágrimas de um unicórnio para fazer essa poção?

  -Como eu disse, são mágicos. Eles basicamente servem como escudo para qualquer coisa. E é extremamente difícil capturar a lágrima do mesmo. As lágrimas são como escudo, o sangue como cura. –Respondeu novamente.

  -E como conseguiu as lágrimas?

  -Calma ai Selene. Uma boa bruxa, nunca conta seus métodos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou? Comente (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hesthia, Ainda Há Esperança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.