Me despedi pouco depois da Manu, e segui meu caminho toda pensativa, meu mestre tinha me dito que eu me saí bem com os meus poderes, fiquei feliz com isso, com poderes tão legais e eu sabendo utiliza-los, era uma verdadeira alegria.

Mudei de assunto em minha cabeça, Esme foi o que veio em mente, ela pensava que ninguém jamais ia perceber que ela tem alguma coisa com o Hanzel, era só olhar para o seu sorriso, mas também tinha algo a mais, uma certa tristeza, ela tinha me contado sobre a Alice, pelo fato de elas não se derem muito bem, mas eu não deixaria jamais que minha amiga ficasse triste, então sempre farei tentativas de dar um up na auto-estima dela.

A essa altura eu já tinha chegado em casa, peguei minhas chaves e entrei, e me deparei com o Flávio conversando com meus pais, eu levei um susto, aquilo não era normal, nem tinha percebido a minha presença, então eu disse:

– Flávio o que faz aqui?

– Oi Lily, eu vim conversar com os seus pais porque me preocupo com você.

– Como assim?

– Eu encontrei este livro no quarto de Esme. – Ele pegou o livro que nos levava ao nosso querido novo mundo, eu mordi o lábio, será que ele descobriu alguma coisa? Ele prosseguiu:

– Eu o folheei e achei extremamente interessante, até que li um trecho, algumas paginas depois de um conto sobre 6 bruxas. – Flávio olhou para mim, com certeza ele tinha descoberto alguma coisa:

– Estava escrito que essas bruxas só poderiam ser derrotadas, em uma luta em outro mundo. Lendo isso eu fui sugado para dentro do livro, e fui parar em uma rua comercial, e ouvi um burburinho de que três adolescentes estavam por lá, alguns sabiam os nomes, Manuella, Lilian e Esmeralda. – Ele engasgou ao falar os nomes.

– Filha, por que se misturou nisso? – Minha mãe disse preocupada, sua preocupação me lembrou que na verdade eu é que deveria estar preocupada, ninguém poderia descobrir aquilo, se não a pessoa correria perigo, Flávio tinha estragado tudo.

Percebi que uma corrente de choque percorria minha mão, não eu não queria machucar ninguém, mas a raiva fazia isso, eu suspirei, pensando apenas no amor que eu sentia por cada um ali presente, e assim a corrente se dissipou.

– Você não vai mais visitar esse mundo. – Disse meu pai.

– Vocês não entendem, ninguém podia descobrir, vocês não podem participar de nada disso, mas agora estão correndo muito perigo, antes a prioridade das bruxas para praticar o mau, eram os moradores de Farfa, agora junto deles estão vocês. – Eu subi correndo para o quarto e bati a porta, não chorei, eu só tinha raiva dentro de mim, mas mesmo assim controlei meu poder, dei um leve sorriso, pelo menos nisso eu me sai bem.

Ouvi passos na escada, utilizei meu poder para ver por trás da porta, era Flávio, eu sai da cama e abria porta, antes de ele bater, fiz a cara mais raivosa que eu pude, ele disse:

– Resolveu sair daí?

– Não, eu só abri a porta para você.

– Como, eu não tinha batido na porta ainda.

– Isso não interessa a você, eu ouvi passos na escada e abri.

– Muito estranho.

– Se veio me convencer a não voltar ao mundo de Farfa esta perdendo seu tempo.

– Mas Lily, é muito perigoso, aquelas bruxas tem poder.

– E eu tenho poderes. – Era melhor contar tudo, se não eles não achariam que eu e minhas amigas seriamos capazes de derrotar aquelas bruxas.

– Poderes?

– Sim, eu tenho 3, Esme e Manu também.

– E quais são os seus?

– Eu dou choques, - mostrei minha mão com correntes de choque – controlo os 5 elementos, - ascendi uma leve chama em meu dedo – e como percebeu quando eu abri a porta, eu vi que era você, porque tenho o poder de ver através das coisas.

– Caramba, isso é legal, só eu não tinha entendido você lá embaixo, seus pais entenderam que enquanto eles corressem perigo você não desistiria deles, e agora percebo que isso também me inclui, e que vocês são suficientemente poderosas para fazer isso.

– Sim, é verdade, e também estou fazendo isso pelos habitantes de lá, aquelas bruxas não deixam mais que eles tenham paz a anos, e agora que vocês se envolveram nisso, isso pode prejudicar também o nosso mundo.

– Atitude muito bonita a sua.

– Você não devia ter dito a eles, agora eles estão em perigo.

– Meu amor, por favor, me perdoa, eu não sabia...

– Isso não é o que faz a diferença.

– Olha, você não tem aquele poder de ver por trás das coisas? Então tente. Tente ver a sinceridade em mim. – Eu olhei para ele e utilizei meu poder, e achei incrível o fato de eu poder ver seus ossos, mas nada de sentimentos.

– Não, nada. – Parei de usar meu poder, e olhei em seus olhos, estavam lacrimejando, aquilo fez com que eu visse a sinceridade, eu o abracei dizendo:

– Não precisava chorar.

– Eu não estava chorando.

– Não precisa esconder de mim, sou sua namorada.

– Então estou perdoado?

– É claro que está, por mim, quero ver pela sua irmã.

– É, ela vai ser um problema, mas acredite, eu acredito que vocês vão vencer tudo isso.

– Muito obrigada pela confiança. – Eu lhe dei um beijo em sua boca, sinalizando o fim da conversa.