Alvo acordou cedo no outro dia, pois havia uma grande algazarra na sala comunal da Grifinória. Ele se vestiu e desceu. Havia um amontoado de alunos parado em frente ao quadro de avisos. Alvo foi até lá.

-O que houve? –perguntou a Carlos.

-Teremos aulas de duelos! –respondeu Carlos fascinado. –Hoje!

Alvo achou aquela ideia ótima. Nunca fora tão bom assim em duelos. Eles se arrumaram depressa; desceram para o café, um tanto que desanimados por terem duelos apenas após a última aula; Alvo, no entanto, estava feliz por isso. Não queria dar vexame na frente de toda a escola. Só restara uma dúvida: quem era o professor?

-Para mim é o Denóires. –disse Carlos, enquanto eles subiam as escadas para a aula de Transfiguração. –Ele é o professor de Feitiços, deve saber todos.

-Também não é pra tanto. –retorquiu Rosa, ela ainda comia uma torrada que trouxera do Salão Principal. –Acho que é um professor novo.

-Mas não vimos ninguém novo na mesa dos professores...

Eles chegaram até a sala e sentaram-se bem à frente. Logo a Prof.ª Claepwack, uma senhora muito irritada, chegou.

-Bom dia, alunos! –disse ela. Havia algo estranho em sua voz: animação. Ela não estava nem um pouco irritada. –Tenho ótimas notícias! Este ano eu fui nomeada diretora da Casa da Grifinória!

Alguns poucos alunos bateram palmas.

-Ela chama isso de boa notícia? –perguntou Carlos aborrecido.

-... E quero que fiquem sabendo... Não irei favorecer a minha casa. Pelo contrário, se for preciso até tirarei pontos. E também esperarei grandes feitos de vocês, nas aulas, e nos jogos de quadribol, ouviu Sr. Potter?

-Sim, professora. –respondeu Alvo depressa. Ela se virou abruptamente para o resto da turma e continuou:

-Fico feliz em ver que todos conseguiram ir para a segunda série. Hoje vamos aprender a transformar animais em cálices de água, portanto, eh... Callum, me ajude aqui!

-É Carlos, professora. –corrigiu Carlos, indo até a mesa da professora que lhe entregava uma caixa. Carlos começou a distribuir ratos que estavam dentro da caixa.

-Isso é nojento... –disse Rosa, olhando o rato com certo desprezo.

-Muito bem, muito bem! –disse a professora. –É bem simples, basta tocar no animal três vezes com a varinha e dizer claramente: “Vera Verto!”, agora vejam:

Ela tocou a varinha três vezes no seu rato, disse as palavras, e no segundo seguinte o animal se transformara em um cálice de água. Depois, toda a turma teve de fazer igual. Rosa, para variar, não precisou de duas chances. O bom foi que a Prof.ª Claepwack lhe deu pontos por isso. Alvo tentou duas, três, quatro vezes, mas não aconteceu nada, na quinta, com muito esforço, seu rato virou um cálice de água.

-Muito bem, estão dispensados! Connor, por favor, recolha os ratos que sobraram.

Mas Carlos continuou andando. Rosa parou olhando-o feio:

-Você não ouviu a professora? –perguntou.

-Ouvi ela mandar um tal de Connor recolher os ratos. –retrucou Carlos. –Se ele quer que eu recolha, pelo menos me chame pelo meu nome.

Mas Rosa não parou de dar sermão, até que Carlos resolveu voltar. A próxima aula que teriam era Poções. Após Carlos voltar, eles desceram para as masmorras. A turma da Sonserina também esperava lá.

-E aí, Potter! –disse Scorpius. Alvo nem notara que ele descera junto com eles, por que sempre que estava com os grifinórios, Scorpius não dava nenhuma palavra e na maioria das vezes passava despercebido. –Vai participar do duelo? Não deve ser difícil para você, não é? Venceu Bob Rondres... Aliás, como foi que isso aconteceu? Ah, me esqueci! Seu irmão estava lá!

-Pensei que não estivesse falando com os Marotos, Malfoy. –disse Alvo, sem se dar ao trabalho de lhe olhar nos olhos. –A conversinha com o Tiago não foi o suficiente?

A simples menção do nome Tiago fez Scorpius se calar.

O professor de poções, Prof. Villera, um homem um pouco velho, de pouquíssima memória que vivia trocando as poções, acabara de abrir a porta da masmorra. Alvo, Carlos e Rosa sentaram-se no fundo.

-Ei, Alvo! –gritou Grace Poàzh. –Senta aqui com a gente!

-Nem vem! –respondeu Dennis. –Alvo já é nosso amigo há um tempão!

Alvo detestou ver a cara de Malfoy quando ele viu que os dois brigavam para ver com que Alvo sentaria.

-Ah, claro... –comentou em voz alta. –O famoso Potter tem que passar por isso todo o dia...

-Não liga. –disse Carlos. –Ele só está bravo porque achou que ele seria o famoso só porque o pai é professor.

-Bem, vamos nos acalmar! –disse o professor. –Sei que todos querem um pouco da atenção do Sr. Potter, mas...

-Minha atenção? –exclamou Alvo indignado. Ele não queria dar a atenção dele para ninguém.

-Calma, Al... –disse Rosa, apontando para o professor que sorria.

Ótimo! Agora toda a turma o encarava. Era tudo o que Alvo precisava!

-Hoje nós faremos uma Poção para... Para Fazer Inchar.

-Mas esta nós já aprendemos ano passado, professor! –disse Rosa.

-Ah, claro... Então, eh... Página vinte e oito: Elixir da Euforia.

Alvo abriu na página e começou a preparar sua Poção. Lá na frente, Grace Poàzh ainda discutia com Holly Dovscoll e Mia Sobith sobre a vida dele.

-... E a cicatriz? Como você explica?  Acho que o Malfoy está certo, foi o irmão dele que lutou com o cara... –dizia Mia.

-Ah, mas o irmão dele estava na Sala Comunal da Grifinória com a gente na hora, você viu! –retrucou Holly. –E o Scorpius não estava lá com eles, estava? Se o Alvo diz que foi assim, eu acredito...

Mia Sobith era uma menina do segundo ano, que dividia o dormitório com Rosa, Annie, Clarissa e Holly. Rosa vivia reclamando de Mia, Alvo nunca vira razão para isso antes, mas agora já pensava do mesmo jeito que a prima. Rosa parecia que lia seus pensamentos, por que falou:

-Essa é a Mia, não dá bola... E ah, você está... Hum... Cortando a quinta folha de Helária.

Alvo, que passara os últimos instantes de olho na conversa de Mia e Holly, só agora se dera conta de que havia despejado os pedaços de cinco folhas de Helária, em vez de três. Sua poção estava num verde esquisito e borbulhava.

-Tudo bem... –disse Rosa, e lhe passou instruções para refazer a poção.

Quando a aula acabou, eles foram para o almoço.

-Hoje, como já viram, teremos uma atividade especial! –disse Neville. Mas não estava com o mesmo sorriso de sempre. Alvo suspeitou que fosse por que perdera o cargo de diretor da Grifinória. –Hoje, após as aulas, será realizado um Clube de Duelos! Os alunos a partir do segundo ano que se interessarem devem comparecer ao Salão Principal na hora. Bom apetite!

-Vocês vão participar, não vão? –perguntou Tiago aos Marotos. –Alice? Alice, você vai participar?

-Ah, eu estou contando nesse “vocês”? –perguntou ela, animada.

-A partir de agora “vocês” significa Marotos. –respondeu Tiago. –Então, vai?

-Claro! –disse Alice. –Isso é muito legal! Geralmente vocês me deixam por fora dessas coisas.

-Eu acho uma grande injustiça! –protestou Fred. –Já tenho idade para ir ao Clube de Duelos!

Tiago deu um soco na própria testa.

-Me esqueci que você ainda não está no segundo ano... –disse. –Mas não se preocupe, daremos um jeito. Agora... Que tal uma pequena diversão?

Ele apontou para Louis que estava sentado na mesa da Corvinal, e logo depois berrou:

-EI, LOUIS! LOUIS!

-O que você está fazendo? –perguntou Alice.

-Olhe e aprenda! –resmungou Tiago. –Louis, a professora... Hum... A diretora da Corvinal que ver você.

-Eu? –perguntou o menino confuso, e saiu correndo do Salão Principal.

Tiago e Fred fizeram um gesto de vitória.

-Idiota. –disse Tiago. –Eu nem sei quem é a diretora da Corvinal... Quem é, Rosa?

Rosa que estava atracada em uma coxinha de galinha, parou abruptamente de comer:

-Hum... A Prof.ª Vôcosby... –disse ela, engolindo a comida. –E o Denóires é da Lufa-lufa.

Denóires era o professor de Feitiços e também o professor de quem Alvo mais gostava. Era um senhor um tanto que gordo, de cabelos e barba compridos, que este ano estavam um pouco mais curtas. Alvo o achava bem parecido com Hagrid, até no jeito. Na aula de hoje, ele não parara de bajular Alvo, o que o deixava um pouco constrangido, mas valia a pena para ver a cara de Malfoy.

-E então, o nosso grande Alvo aqui, terá o prazer de nos mostrar como fazer o feitiço Diminuendo, o que é muito fácil, não Potter? Já que você derrotou Bob Rondres e saiu apenas com uma cicatriz...

-É foi realmente uma pena... –disse Scorpius.

-Pena é ele ser da Grifinória. –cochichou Denóires para Alvo. –Assim eu não poderia tirar pontos da sua Casa, não é?

Quando a aula de Feitiços acabou, Denóires fez questão de acompanha-los até a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

-O que faz aqui, Denóires? –perguntou Draco ríspido.

-Vim acompanhar meu aluno. –disse Denóires, dando tapinhas no ombro de Alvo.

Draco olhou Alvo de cima a baixo como se olhasse algo muito nojento. Depois, parou o olhar na cicatriz do garoto, mas ele fez questão de escondê-la com a franja. Denóires deu uma risada satisfeita.

-Ótimo. –disse Draco, seco. –Tenho certeza de que Potter consegue achar seu lugar sozinho.

E puxou Alvo para dentro da sala. O garoto entrou, mas continuou olhando para os professores.

-Escute bem, Malfoy... –alertou Denóires. –Guarde o que estou lhe dizendo: o que fizer com o meu garoto, eu farei com o seu.

-Seu garoto? –riu Draco. –O senhor não é pai do Potter.

-Enquanto o pai dele estiver fora, eu prometo que exercerei bem o meu papel. –disse, dando uma piscada para Alvo e indo embora. Draco se virou abruptamente para Alvo:

-Sente-se, Potter. Agora!

Se na aula de Feitiços o professor ficava bajulando Alvo, na de Defesa Contra as Artes das Trevas era exatamente o contrário. Draco não parava de fazer comentários sobre Alvo durante a explicação:

-E essas são as maneiras de curar queimaduras... –disse ele. –Acho bom que preste atenção na aula, Potter, pois sabemos que você tem um atrativo com criaturas perigosas que nem ao menos sabe lidar. Ah, isso serve para o Sr. Wea... Cattér e para a Srta. Granger.

-Srta. Weasley. –rosnou Rosa.

-Ah, é verdade, seus cabelos já estão ficando mais vermelhos... Uma grande pena... –disse ele com azedume. –E Sr. Cattér, por favor, copie o que ditei duas vezes, não preciso lhe lembrar que você não conseguiu passar por um filhote de dragão no ano passado...

-Dois tempos... –disse Carlos com amargura.

Quando a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas terminou, Carlos fez questão de bater palmas. Depois eles se dirigiram para o Salão Principal.

-E quem é ele para falar da cor do seu cabelo? –perguntou Annie Elóick. –Até parece que a melhor amiga do filho dele não tem cabelo ruivo...

-E quem será o professor de Duelos? –perguntou Dennis. –Meu pai disse que teve um Clube de Duelos no segundo ano dele também. E ele participou junto com o seu pai, Al!

Alvo não respondeu. Já estava se acostumando com a ideia de que os alunos que eram filhos dos que foram colegas de seu pai ficassem anunciando isso com alegria, mas ele ainda achava isso extremamente chato.

Quando entraram no Salão Principal tiveram uma grande surpresa. As quatro longas mesas das Casas foram retiradas. No lugar delas, apenas outra fora colocado no meio do Salão, como um palco, com uma escadinha para a pessoa subir. Os alunos rapidamente se amontoaram em volta da mesa, esperando pelo professor. Alvo viu Tiago e Matt entrarem em uma espécie de paredão para esconder Fred.

-Foi o único jeito de trazê-lo... –disse Tiago a Alvo. Logo atrás deles vinham Daniella, Suzanna e Alice, que não estava com cara de quem realmente queria saber de duelos.

-Seria melhor se a gente tivesse aulas particulares... Não na frente de toda essa gente... –disse Alice.

-Com medo de fazer uma trapalhada e dar vexame, é? –perguntou Fred. –Desde que fique longe do meu tornozelo, está tudo bem...

Conforme os minutos foram passando, a euforia dos alunos era tanta que só Tiago já havia corrido até a porta para ver se o professor chegara umas nove vezes. Até que...

-Bom dia! –saudou-os o novo professor. Alvo conhecia aquela voz. –Eu sou Teddy, Teddy Lupin e...

Mal ele saiu da porta e o Salão Principal prorrompeu em aplausos. Teddy corou, e quando isso acontecia, seu cabelo mudava de cor. Foi exatamente isso o que aconteceu, e todos ficaram muito surpresos.

-Uau! –exclamou Dennis. –Como foi que você fez isso?

-Ah... –disse Teddy, enquanto seus cabelos voltavam a cor normal. –Isso? É que sou... Metamorfomago.

-Meta o quê? –perguntou Clarissa.

-Hum... Eh, eu tenho a capacidade de mudar qualquer coisa no meu corpo. Ás vezes não controlo, e meus cabelos mudam a cor sozinhos. Mas, bem, vou me apresentar. Sou Teddy Lupin, tenho vinte anos, pode ser que alguns já me conheçam, fui monitor-chefe há alguns anos e... Ah, claro! Sou primo do Alvo Potter, da Rosa Weasley, do Tiago Potter e do... Fred? O que está fazendo aqui? Neville disse que era só para alunos do segundo ano em diante...

-Nós já falamos com o Neville, Teddy. –disse Tiago, piscando o olho.

-Ah, sim... Entendi, ok... –disse Teddy, retribuindo a piscada. –Bem, então vamos aprender a duelar aqui, e...

TAPUM!

Teddy havia tropeçado na escada e caído de cara no chão. Todos os alunos fizeram força para não rir, estavam muito gratos por terem um professor de Duelos, exceto os sonserinos que forçavam risadas.

-Só podia ser parente do Potter! –disse Scorpius em voz alta. Os alunos da Sonserina caíram na gargalhada.

-Algum problema com o Teddy? –perguntou Tiago, virando-se para encará-los. No mesmo instante os alunos se calaram. –Ótimo...

Ele ajudou o primo a se levantar, e esse, com o cabelos novamente azul, corou violentamente.

-Bem, eh... Continuando. Tem muitos alunos que não sabem duelar, o que não é motivo para vergonha, não, não...

-Fácil você dizer isso, -comentou Scorpius. –já está acostumado a passar vergonhas.

-E eu já estou acostumado a bater nos garotos que me irritam, sabia Malfoy? –ameaçou-o Tiago. Scorpius balançou a cabeça e se calou.

-Eh... Não é muito difícil, o duelo. –continuou Teddy. –São feitiços simples. Alguém poderia me dizer algum?

Vários alunos ergueram a mão. Teddy apontou para Rosa.

-O Expelliarmus. –disse ela.

Teddy sorriu.

-Ah, um feitiço muito útil se você quer duelar com alguém! –disse Teddy. –Bem simples e fácil de lembrar o que é ótimo quando se tem cinco segundos para lançar o feitiço antes que um professor chegue e te dê uma detenção. Falo isso por experiência própria, já passei um duelo inteiro só com este feitiço, e, ah! Aí vai um conselho, jamais trave um duelo na frente da sala do Guelch. Acreditem, é horrível...

Os alunos pareciam estar gostando de Teddy, exceto os da Sonserina, é claro. Mas essa raiva deles só aumentou quando Teddy botou Joshua Mocker para duelar com Tiago.

-Não se preocupe, Joshua. –disse Tiago, subindo ao palco. –Prometo que não farei você passar tanta vergonha na frente de seus amigos.

Alvo viu Teddy piscar para Tiago. Eles contaram até três e empunharam as varinhas. Antes que Joshua pudesse dizer alguma coisa, Tiago berrara:

-Estupefaça!

Um jato de luz vermelha saiu da varinha de Tiago e bateu com força em Joshua, o fazendo voar para fora do palco, e arrancando exclamações e alguns aplausos dos alunos. Teddy correu para o garoto, que estava inconsciente.

-Ennervate! –murmurou o professor.

Joshua acordou.

-O que aconteceu? –perguntou.

-Você foi... Hum... Estuporado pelo... Tiago. –disse Teddy, que se segurava para não rir junto com os demais alunos.

Após Joshua ser reanimado e após muitos protestos do pessoal da Sonserina, Teddy teve de lhes ensinar feitiços mais simples.

-Eh, devo ter me esquecido de dizer, mas... Este feitiço está proibido. Só devemos usar feitiços para desarmar. –disse, embora houvesse vestígios de um sorriso em seu rosto. –Mas, por hoje é só! Nos vemos semana que vem, na mesma hora!

 Ninguém queria que a aula acabasse. Todos gostaram muito de Teddy, com exceção dos sonserinos que procuravam defeitos para colocar no novo professor. Alvo achou que foi uma boa aula. Teddy, apesar de um pouco atrapalhado, era um bom professor, e ótimo em duelos.